Como prometido, publico a excelente conferência do Rev. Pe. Rioult
em capítulos, para seres melhor refletidos e considerados, sobretudo
por aqueles que tem preguiça de ler texto longo, ou textos mais
complexos. Meus comentários iniciais não são imprescindíveis e,
portanto, ficarão no texto completo. Os números em rosa são as notas de tradução; em verde, os comentários da tradutora.
CAPÍTULO VII
Outra confissão de peso nesse Cor Unum[74]: Mons. Fellay absolve sua declaração doutrinal... para ele, está muitíssimo bem e não tem nada de escandaloso; e eis como a justifica:
1) seria semelhante à de Mons. Lefebvre de 1988, portanto, boa;2) tendo sido modificada em 13 de junho pelos Romanos, tornou-se inaceitável.
Estas duas justificativas são falsas e mentirosas: mais uma vez, basta ler:
1) seria semelhante à de Mons. Lefebvre de 1988
Antes de tudo, a de Mons. Lefebvre é a mesma da operação suicídio. Não é portanto louvável tomar o que Mons. Lefebvre havia censurado. Ele mesmo disse ter ido longe demais.
Mons. Fellay pretende que:
- a declaração doutrinal não pretendia ser a expressão exaustiva de nosso pensamento sobre o Concílio[75]... [Mas, pouco importa se há coisas inaceitáveis: ela é má, mesmo não sendo exaustiva].- ela fosse clara ... Mas “vários membros eminentes da Fraternidade” não a compreenderam...[76] [Mons. Tissier, Dom de Cacqueray... é inquietante que Roma compreenda melhor que os membros eminentes da Fraternidade! Até mesmo Dom Laisney acha ambígua essa declaração].
- Cor Unum apresenta também essa declaração:
“Este texto quer significar às autoridades romanas que nós reconhecemos os princípios católicos relativos ao Magistério da Igreja, de modo que uma condenação de cisma seria injusta e inoperante”.
Zombam de nós: “Este texto quer significar”! Aqui não é uma questão de intenção subjetiva, mas de significado objetivo: do que diz este texto!
O diria um professor para um aluno que reclamasse de um zero à sua tarefa dizendo: “eu queria dizer...”. “Talvez seja isso que você quisesse dizer, mas não é o que se lê aqui! Então, zero, e volte para o seu lugar”.- e, depois, se essa declaração é “semelhante à de Mons. Lefebvre de 1988”, dela se afasta gravemente em relação a três pontos.
a) II e nota: referência inédita à profissão de fé de Ratzinger de 1989:
Para o Mons. Lefebvre:“É um fato muito grave. Pois pede, a todos os que se uniram ou que poderiam fazê-lo, para fazer uma Profissão de Fé nos documentos do Concilio e nas reformas pós-conciliares. Para nós, isso é impossível”. (Entrevista para Fideliter, n. 79[77], janeiro de 1991, p 4.). “Tal como está, esta fórmula é perigosa. Isso demostra o espírito dessa gente, com a qual é impossível nos entendermos”. (Entrevista para Fideliter, n. 70[78], maio de 1989, p. 16; cf. também Fideliter, n. 73[79], p. 12, e n º 76[80], p. 11).
b) III, 4: Aceitação pura e simples, nos mesmos termos da “hermenêutica da reforma na continuidade”.
Coisa a se enfatizada: este parágrafo não foi modificado pelos Romanos!
Mons. Fellay:“A inteira Tradição da fé católica deve ser o critério e a orientação para a compreensão dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, o qual, por sua vez, ilumina – isto é aprofunda e explicita ulteriormente – certos aspectos da vida e da doutrina da Igreja, implicitamente presentes nela ou ainda não formulados conceitualmente”[81].
Trata-se do Concílio à luz da Tradição com a Tradição à luz do Concílio[82].
Mons. Lefebvre[83]:“É-nos impossível entrar nessa conjuração, ainda que houvesse muitos textos satisfatórios neste Concílio. Porque os bons textos serviram para fazer aceitar os textos equívocos, minados, enganadores. Resta-nos uma só solução: abandonar essas testemunhas perigosas e aferrar-nos firmemente à Tradição, ou seja, Magistério oficial da Igreja durante vinte séculos” (7).
c) III, 7: Missa e sacramentos “legitimamente”, promulgados por Paulo VI, João Paulo II...
Termo gravíssimo!
2) tendo sido modificada em 13 de junho pelos Romanos, tornou-se inaceitável.Na verdade, os ajustes dos Romanos não altera a declaração a ponto de torná-la substancialmente diferente, porque eles nda mais fizeram do que explicitar o que Mons. Fellay já havia implicitamente concedido no mortal parágrafo III, 4, com o “Concílio à luz da Tradição e a Tradição à luz do Concílio”, e com o termo “legitimamente”.
O próprio Mons. Fellay, em seus discursos, tem minimizado os erros conciliares, para preparar os espíritos à reconciliação conciliar[84].
Foi o próprio Mons. Fellay a fazer cantar o Te Deum após o Motu Proprio que estabelecia o rito ordinário e extraordinário.
É preciso ser lógico com o significado das palavras e das ações... não?[85].
Continua... CAPÍTULO VIII (12/06/2013).
Fonte: Non Possumus.
Tradução (do Italiano): Giulia d'Amore di Ugento.
Sem revisão final.
Tradução (do Italiano): Giulia d'Amore di Ugento.
Sem revisão final.
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NOTAS (ORIGINAIS)
7 - Mons. Marcel Lefebvre, 18 de agosto de 1976 e 27 de agosto de 1976, primeira e segunda carta introdutiva do “J'accuse le concile”.
NOTAS DE TRADUÇÃO
[74] Cor Unum 104: Nota sobre la Declaración Doctrinal del 15 de Abril de 2012. Online (em espanhol). Explicando o inexplicável.
[75] Idem.
[76] Ibidem.
[77] Fideliter n. 79: Entrevista com Mons. Lefebvre. Online (em Português).
[78] Fideliter n. 70, de julho-agosto de 1989. Vide nota n. 62.
[79] Fideliter n. 73: indisponível na web.
[80] Fideliter n. 76: indisponível na web.
[82] O
que os reverendíssimos padres que ainda se aninham confortavelmente nos
Priorados sob a "direção" de dom Fellay pensam acerca disso? Bo! Mas o
silêncio deles grita até os Céus.
[83] Mons. Marcel Lefebvre: “Acuso o Concílio”. Observações a propósito do título. PDF.
[84] É
o já exaustivamente mencionado: “cozinhar o sapo”. Uma tática
modernista para dessensibilizar a razão e prepará-la para aceitar até o
contrário do que pensava antes. Vê-se isso claramente no livro 1984, de
George Orwell, com a manipulação histórica das guerras, por exemplo.
Temos visto também nos sermões do Prior de São Paulo, nas últimas Missas
que assistimos, quando começou com a historinha de que a proposta de
Bento XVI era a pomba de Noé... um sinal positivo e, portanto, bom.
[85] Bom,
isso parece óbvio, mas na prática não é, tendo em vista a quantidade de
pessoas que se deixaram enganar pelos sofismas e pelas ações do
Superior, escondendo-se atrás do falso conceito de “obediência” e
lançando mão de uma inusitada e hilária acusação de sedevacantismo contra quem se atrevesse criticar dom Fellay.
- PALE IDEAS: CRISE NA FSSPX - CAPÍTULO VII. Junho 2013.
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