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segunda-feira, 17 de junho de 2013

TRADIÇÃO: O indulto Agatha Christie

Saint Anthony Abbot
by Master of the Osservanza - 1425
Católica e tradicionalista! Ela e outros criaram um movimento que pediu e obteve do Papa permissão para celebrar APENAS a Missa em latim! Trata-se do


INDULTO AGATHA CHRISTIE



O “Indulto Agatha Christie” é como ficou conhecida a permissão concedida em 1971 pelo Papa Paulo VI para o uso da Missa Tridentina em Inglaterra e País de Gales. “Indulto” é um termo católico de Direito Canônico referindo-se a uma permissão para fazer algo que de outra forma seria proibido.

Após a introdução da Missa de Paulo VI para substituir o antigo rito em 1969-70, uma petição foi enviada ao Papa pedindo que fosse permitido o uso do rito tridentino por aqueles que desejassem na Inglaterra e no País de Gales.

A história diz que o Papa Paulo VI estava lendo silenciosamente a lista de signatários e, de repente, disse: “Ah, Agatha Christie!” e assinou a sua aprovação. Desde então tem sido conhecida, informalmente, em círculos tradicionais como Indulto Agatha Christie[1].


O Indulto Agatha Christie de 1971.


A) A petição de 1971 feita por conhecidos escritores, acadêmicos, artistas e historiadores residentes em Inglaterra, para que a Missa tradicional em latim fosse poupada[2].


Se um qualquer decreto privo de senso viesse ordenar a destruição completa ou parcial das basílicas ou das catedrais, obviamente que as pessoas mais ilustradas — quaisquer que fossem as suas convicções pessoais e o seu credo — se levantariam horrorizadas para se virem opor a uma tal eventualidade. Ora o facto é que as basílicas e as catedrais foram construídas para que aí fosse celebrado um rito que, até há poucos meses, constituía uma tradição viva. Referimo-nos à Missa católica romana. No entanto, de acordo com as últimas informações chegadas de Roma, existe um plano para obliterar essa mesma Missa até ao final do presente ano.

Um dos axiomas da publicidade moderna, e tanto daquela secular como daquela religiosa, é o de que o homem moderno em geral, e os intelectuais em particular, se tornaram intolerantes a todas as formas de tradição, estando ansiosos por suprimi-las e por substituí-las por outra coisa qualquer. Porém, à semelhança do que sucede com muitas outras asserções das nossas máquinas de publicidade, este axioma é falso. No que toca a reconhecer o valor da tradição, hoje, tal como em tempos já idos, as pessoas ilustradas encontram-se na vanguarda, e são as primeiras a fazer soar o alarme quando a mesma é ameaçada. Neste momento, o que estamos a considerar não é a experiência religiosa ou espiritual de milhões de indivíduos.

O rito em questão, no seu magnífico texto latino, foi também a inspiração para uma multidão de inestimáveis realizações no campo das artes — e não apenas de obras místicas, mas também de obras deixadas por poetas, filósofos, músicos, arquitetos, pintores e escultores de todos os países e de todas as épocas. E é por isso que ele pertence à cultura universal e não só aos homens de igreja ou aos que se podem dizer formalmente cristãos. Na civilização materialista e tecnocrática que mais e mais ameaça a vida da mente e do espírito naquela que é a sua expressão criativa original — a palavra —, parece algo de particularmente inumano vir privar o homem de algumas formas verbais numa das suas mais grandiosas manifestações.

Os signatários deste apelo, que é inteiramente ecumênico e não político(*) foram angariados em todos os ramos da cultura moderna, tanto da Europa como noutros lados. O seu desejo é o de chamar a atenção da Santa Sé para a tremenda responsabilidade em que, na história do espírito humano, iria incorrer acaso se recusasse a autorizar a sobrevivência da Missa Tradicional, ainda que esta viesse a sobreviver ao lado de outras reformas litúrgicas.


Signatários[3]

Harold Acton
Vladimir Ashkenazy
John Bayler
Lennox Berkeley
Maurice Bowra
Agatha Christie
Kenneth Clark
Nevill Coghill
Cyril Connolly
Colin Davis
Hugh Delargy
Robert Exeter
Miles Fitzalen-Howard
Constantine Fitzgibbon
William Glock
Magdalen Gofflin
Robert Graves
Graham Greene
Ian Greenless
Jo Grimond
Harman Grisewood
Colin Hardie
Rupert Hart-Davis
Barbara Hepworth
Auberon Herbert
John Jolliffe
David Jones
Osbert Lancaster
Cecil Day Lewis
Compton Mackenzie
George Malcolm
Max Mallowan
Alfred Marnau
Yehudi Menuhin
Nancy Mitford
Raymond Mortimer
Malcolm Muggeridge
Iris Murdoch
John Murray
Sean O'Faolain
E.J. Oliver
Oxford and Asquith
F.R. Leavis
William Plomer
Kathleen Raine
William Rees-Mogg
Ralph Richardson
John Ripon
Charles Russell
Rivers Scott
Joan Sutherland
Philip Toynbee
Martin Turnell
Bernard Wall
Patrick Wall
E.I. Watkin

B) A resposta de Roma: Tendo a petição sido transmitida ao Papa pelo Cardeal Heenan, arcebispo de Westminster, foi também a ele que veio endereçada a resposta favorável de Paulo VI. Ironia histórica foi o facto de a carta ter sido assinada por Mons.Bugnini, o homem que arquitetou a reforma litúrgica e que combateu sem tréguas a antiga liturgia.


SACRA CONGREGATIO PRO CULTU DIVINO[4]
E Civitate Vaticana, die 5 November 1971
Prot. N. 1897/71

Eminência,

Sua Santidade, o Papa Paulo VI, por carta de 30 de Outubro de 1971, concedeu faculdades especiais ao abaixo assinado Secretário desta Sagrada Congregação para transmitir a Vossa Eminência, enquanto Presidente da Conferência Episcopal de Inglaterra e País de Gales, os pontos seguintes relativos à estrutura do Rito da Missa:

1. Considerando as necessidades pastorais mencionadas por Vossa Eminência, autorizase os Ordinários da Inglaterra e do País de Gales a permitir que certos grupos de fiéis, em certas ocasiões, possam participar na Missa celebrada de acordo com os Ritos e os textos do Missal Romano precedente. A edição do Missal a ser usada nestas ocasiões deverá ser a que foi publicada de novo pelo Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos (27 de Janeiro de 1965), com as modificações apontadas pela Instructio Altera (4 de Maio de 1967).

Esta faculdade só poderá ser concedida se os grupos em questão apresentarem o seu pedido por razões de genuína devoção, e se uma tal autorização não perturbar ou prejudicar a geral comunhão dos fiéis. Por esta razão, a autorização limitar-se-á a certos grupos e a ocasiões especiais. Em todas as Missas normais de paróquia e nas demais Missas comunitárias, dever-se-á usar a estrutura do Rito da Missa prevista no novo Missal Romano. Dado que a Eucaristia é o sacramento da unidade, cumpre que o uso da estrutura do Rito da Missa prevista no precedente Missal não se torne sinal ou causa de desunião no interior da comunidade católica. É por isso que a existência de um acordo entre os bispos da Conferência Episcopal acerca de como tal faculdade deverá ser exercida haverá de ser uma garantia acrescida de uma unidade na prática a ser seguida neste âmbito.

2. Os sacerdotes que ocasionalmente desejem celebrar Missa de acordo com a edição acima mencionada do Missal Romano deverão fazê-lo com o consentimento do respectivo Ordinário e em conformidade com as normas prescritas pelo mesmo. Sempre que estes sacerdotes celebrem Missa com povo e desejem usar os ritos e textos do Missal precedente, serão aplicáveis as condições e os limites acima mencionados para a celebração por grupos particulares em ocasiões especiais.

Muito respeitosamente, Vosso em Cristo,

A. Bugnini (Assinante)
Secretário da Sacra Congregatio pro Cultu Divino


Vide:
http://www.lms.org.uk/resources/articles-on-the-mass/the_english_indult
http://pt.wikipedia.org/wiki/Indulto_Agatha_Christie
http://panoramacatolico.info/articulo/la-lista-agatha-christie-o-el-primer-indulto-a-la-misa-tridentina
http://missatridentinaemportugal.blogspot.com.br/2010/10/nova-sondagem-exclusiva-gra-bretanha.html
http://www.libertaepersona.org/wordpress/2013/03/lindulto-di-agatha-christie/





[1] Se sabe que terminada la lectura echó una mirada a los nombres de sus remitentes, más de ochenta representantes de la cultura del siglo XX. Uno de los primeros era el de la creadora de Hercules Poirot, y al verlo Pablo VI exclamó: “¡Oh, Agatha Christie…!”. Fue suficiente. Sin seguir sobre el resto, asintió y dio curso al indulto. Sin embargo, el entonces Prefecto de la Congregación del Culto Divino y la Disciplina de los Sacramentos, Mons. Bugnini, encargado de comunicar la respuesta Pontificia, anexó a ésta una nota personal sugiriendo que dicho permiso se mantuviera en la mayor reserva” (http://info-caotica.blogspot.com.br/2011/12/pedro-hispano-y-el-indulto-de-agatha.html)
[4] fonte: http://www.paixliturgique.com.pt
(*)  Irônico, não? os ecumênicos e a vanguarda intelectual, foram os primeiros a perceber o perigo da nova missa!

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