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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Onde está o Homem?

ESTO VIR!

dom CURZIO NITOGLIA
12 de agosto de 2011



"A omissão dos bons aumenta a audácia dos maus" (Leão XIII).

"Para restarmos livres dentro, chegando a certo ponto da vida, devemos tomar sem hesitação o caminho da prisão. [...] Não morro nem se me matam". (G. Guareschi)

Procuro o homem


● A modernidade e a pós-modernidade destruíram primeiro a Religião (o Humanismo e o Renascimento com o cabalismo[1]; e o neo-paganismo/Protestantismo com o subjetivismo espiritual); depois a reta Razão (o Cartesianismo e o Idealismo com o relativismo e subjetivismo filosófico); daí a Sociedade Civil (a Revolução Inglesa, americana e francesa com o Democratismo, segundo o qual a Autoridade vem de baixo); depois a família e a propriedade privada, sobre a qual se rege a família (o Comunismo materialista e coletivista); finalmente, o próprio indivíduo (Niilismo pós-moderno com o ódio destruidor contra Deus e o ser "criado à Sua imagem e semelhança", isto é, o homem dotado de um intelecto e de vontade, e elevado gratuitamente à ordem sobrenatural, que o torna "Divinae naturae consors", II Petri[2]). Pio XII, em 1953, disse que a Revolta contra Deus teve um crescendo rossiniano[3]: começou primeiro com "Cristo sim, Igreja não; depois Deus sim, Cristo não; enfim, Deus está morto".

● O Niilismo filosófico enfureceu contra o que torna homem o homem: a razão, o livre-arbítrio, a verdade e a moralidade objetiva; desencadeando as paixões e os instintos desordenados que todo homem, depois do pecado original,  tem em si mesmo, mas que pode educar e orientar para o bem, com o esforço ascético e a vida espiritual ajudados pela Graça divina. A subversão niilista serviu-se da psicanálise, das drogas, da moda, da música, da mídia (televisão e cinema) e da imprensa, especialmente a frívola, sensacionalista e 'rosa'[4].


● Por este motivo, hoje, após meio século de Revolução niilista ('Escola de Frankfurt' & 'Estruturalismo francês'), explodida em toda sua virulência no famoso 'Sessenta e oito'[5], mas surgida já nos anos Vinte, na Alemanha, e que se refugiara nos anos Trinta nos EUA, para regressar à Europa em 1945. O verme roedor se manifestou com toda sua força convulsiva durante a Revolução religiosa por antonomásia (o Concílio Vaticano II, 1962-1965, "satânico em sua essência", como a Revolução francesa, da qual emprestou o trinômio: 'Liberdade', aplicado à religião [Dignitatis Humanae]; 'Fraternidade', aplicado ao diálogo ecumênico [Unitatis redintegratio e Nostra Aetate]; e 'Igualdade', aplicado à própria estrutura da Igreja – que foi instituída por Jesus monarquicamente sobre uma única pessoa, Pedro – através da colegialidade episcopal [Lumen Gentium]).

● Nos últimos anos, uma forma de 'feminismo virulento', que não tem nada de feminino e maternal, atirou-se contra a mulher, enquanto mãe e fêmea, e do homem, enquanto pai[6] e macho, impulsionado pelo ódio contranatural em relação à diversidade dos sexos como Deus os criou ("Deus os fez macho e fêmea", Gn 1,27)[7]. Na verdade, hoje o homem "entendido como macho [e pai] é fraco, cansado, desmotivado, passivo, sozinho e triste"[8].


'Homo' e 'Vir'


● O 'Vir' é o homem (homo) ou o macho virtuoso (virtus), forte (a força é uma Virtude espiritual e um dom do Espírito Santo, não se trata de pura força física, muscular ou, pior ainda, de violência). O 'Vir' é o homem capaz de assumir riscos, de lutar contra um agressor injusto ou rebelde e de acolher o honesto peregrino, o pobre indefeso. Ele tem uma Fé, tem valores, que foram negados e 'destruídos' pela modernidade e a pós-modernidade, e age com empenho, coragem, determinação, ignorando o respeito humano para defendê-los [aos valores – NdTª.].

● Infelizmente, devemos constatar que a Revolução religiosa (Vaticano II) e a estudantil ('68) conquistaram (gramscianamente[9]) primeiro o espírito, a mentalidade ou a cultura da Sociedade e, em seguida, também a hegemonia ou o poder político, e inverteram ou subverteram completamente a mentalidade e a maneira de agir também do indivíduo singular. Se se prestar atenção, poucos hoje (no mundo moderno, que ainda não contaminou o árabe, o qual está sofrendo o último assalto por parte do judaico-americanismo, a partir de 2001, que se tornou particularmente paroxístico na Primavera de 2011) ainda têm um 'ideal', um 'Credo', uma 'Fé', ou, se os têm, não estão dispostos a lutar por eles. Falta o homem entendido como 'Vir'[10], a espinha dorsal, a capacidade de dar-se, de sacrificar-se, de assumir as responsabilidades, de afirmar as ideias não 'politicamente corretas'. Se 'tira a campare'[11], prefere-se vegetar por 100 anos em um hospício ao invés de viver 50 deles como verdadeiro homem, ou seja, 'Vir'. A vida não deve custar fadiga. Mas o que custa nada, vale nada. Oras, "se um homem não está disposto a arriscar-se por suas ideias: ou suas ideias não valem nada ou, então, ele não vale nada", dizia Ezra Pound[12], que se arriscou pela guerra do sangue e da civilização contra o ouro e foi trancado em um hospital psiquiátrico por democratiquíssimos americanos, que utilizam as mesmas armas de Stalin[13] para reprimir quem pensa como 'Vir'. Tudo é tolerado, exceto a coerência, a fidelidade, as ideias claras, a força de vontade.

"Se um homem não está disposto a se arriscar por suas ideias,
ou suas ideias não valem nada ou, então, ele não vale nada"


● Um dos paradoxos da Sociedade globalizada, nascida da Segunda Guerra Mundial, é o ódio pelo 'Virtus' ou 'Fortaleza' – que é uma Virtude ou capacidade de agir moralmente bem – enquanto se glorifica abertamente a 'violência' ("abusar da força física de modo descontrolado e instintivo", N. Zingarelli), desde que democraticamente cumprida. Veja-se, por exemplo, o bombardeio da OTAN sobre os civis líbios inocentes, em julho de 2011, pelo presidente [italiano – NdTª.] Giorgio Napolitano. Veja-se, também, o que está acontecendo na Inglaterra, nestes primeiros dias de agosto de 2011, a violência selvagem (por jovens pós-modernos, globalizados), à qual somente poucos cidadãos privados 'virtuosos' souberam responder, corajosa e fisicamente, com a legítima defesa ("vim vi, repellere licet; é lícito repelir a força pela força"). Atualmente, a legítima defesa é confundida com ofensa, e a omissão ou covardia com virtude. Em Turim[14] (11/08/2011), um joalheiro, que travou uma luta corporal com dois ladrões e que, quando estes puxaram um revólver, pegou o seu e abriu fogo contra um dos assaltantes, foi estigmatizado pela 'mídia' por 'excesso' defesa e será interrogado pelo magistrado, que quase certamente o indiciará. Estes comportamentos agressivos e violentos, contra os quais não se sabe mais – na maioria dos casos – reagir 'virilmente' (de Vir, Virtus), nos fazem prever um futuro próximo, inclusive e sobretudo na Itália, de guerra civil e globalizada. Lendo-se Il Cavallo Rosso (O Cavalo Vermelho), de Eugenio Corti[15], se apreende que, nos Gulag[16] soviéticos, quando um prisioneiro mostrava sinais de enfraquecimento físico e, portanto, de incapacidade de defesa, os outros prisioneiros o matavam para comer a carne, tão grande era a fome e a violência deles. Agora, me pergunto e digo, na sociedade atual, onde o niilismo triunfa, não estamos indo ao encontro de uma situação similar, dada inclusive a crise econômico-financeira que atinge os EUA, a Europa e a Ásia, e que talvez nos levará à fome?

● Assistimos ao fracasso da globalização, da integração, da mundialização cultural/religiosa/étnica, que geraram explosões de uma violência sem precedentes. Com a implosão das bolsas de valores, dos bancos, das finanças americanas, europeias e asiáticas, vivemos o fracasso do sistema filosófico do liberalismo econômico ou financeiro, que promete a prosperidade na terra. É o fim do mundo moderno e pós-moderno. O niilismo contemporâneo, com o seu irracionalismo e sensualismo passional e instintivo, fagocitou a modernidade; a destruição de toda lógica, valor e, até mesmo, do ser humano, perpetrada pela cultura contemporânea e pós-moderna, já produziu a este ponto seus frutos: a aniquilação de cada coisa, até mesmo do «deus quat-'trino'[17]»: o último interesse do homem contemporâneo. Quando lhe for tirado até mesmo isto, o que vai acontecer? É difícil sabê-lo nos mínimos detalhes e com certeza, mas é facilmente previsível, em termos gerais: a 'catástrofe', a verdadeira[18]. Certamente, o 'grilo falante' ou o 'profeta da desgraça' incomodam, mas se os matarmos, como o fizeram Pinóquio[19] ou os Irmãos piores[20], corre-se o risco de acordar com as 'orelhas de burro' ou com Jerusalém destruída.

Não se deve polemizar


● A 'polêmica' é a defesa vigorosa e convicta da verdade, que leva a confutar o erro. Hoje é obsoleta e ultrapassada. Está de moda o irenismo[21], ou seja, deixar de lado as diferenças, relevar os erros, para viver em paz ou 'tirare a campare'[11]. O conflito, sobretudo o filosófico/teológico é proibido. Estamos dispostos a ceder em tudo contanto que evitemos a 'cruzada'. Quando, para evitar um conflito, é imperioso sacrificar o que é necessário, então preferimos nos calar (na melhor das hipóteses), ao invés de afirmar verdades incomodas que poderiam atrair sobre nós a perseguição do 'mundo', ou seja, dos 'mundanos', que vivem contra as máximas do Evangelho e segundo aquelas do fomes peccati[22] e de satanás.


● O exemplo extremo dessa mentalidade foi a 're-excomunhão' de Mons. Richard Williamson, o qual, antes de assentir ao clichê exterminacionista, havia ousado pedir provas do extermínio planejado de seis milhões de judeus, através de câmaras de gás, pelo Terceiro Reich[23] germânico. Bento XVI chegou a afirmar e a escrever que um Bispo que questiona o clichê exterminacionista não pode exercer o episcopado. O próprio Bento XVI cala-se sobre o bombardeio da OTAN contra os líbios, apesar de o próprio Arcebispo de Tripoli[24], Mons. Martinelli, os haver denunciado publicamente como genocídio e crimes de guerra e tenha ido a Roma para informa pessoalmente ao Papa. O próprio Bento XVI, que visitou, em 27 de março de 2011, as 'Fosse Ardeatine'[25], não proferiu uma palavra, uma oração em favor dos 46 policiais do Alto Adige e dos poucos civis romanos (incluindo um de doze anos de idade) mortos traiçoeiramente por uma bomba comunista escondida dentro de uma lata de lixo, no dia 23 de março de 1944, na Rua Rasella. Mas, ai se mencionar Mons. Williamson! Ele é o mal absoluto: "blasfemou, o que precisamos para condená-lo? É réu de morte!"[26], pelo menos [de morte – NdTª.] civil e eclesial, se não física; estamos na Nova Aliança, caramba! Mas nunca se sabe, pois "a Antiga Aliança nunca foi revogada" (João Paulo II, Mainz, 1981). Então, "olho por olho, dente por dente"? Parece realmente que sim.

● Infelizmente, o panorama que, nos últimos anos, oferece de si mesmo também o mundo católico ligado à Tradição apresenta uma certa apatia, sonolência, 'menefreghismo'[27], 'pentitismo'[28]; busca do 'compromisso' a qualquer custo; incapacidade de dizer não ao erro ou à meia-verdade, de defender com assertividade e energia a verdade; logo, vem a enfatuação pelo 'diálogo por princípio' que ajuda a conhecer-se (como se para conhecer Satanás fosse necessário falar com ele, assim como fez Eva).

● O espírito do Cristianismo desvirilizado, ou sine virtute, sem fortaleza, está invadindo também o mundo da Tradição católica. Procura-se apresentar a Igreja, o Evangelho ou Jesus Cristo como uma entidade insegura, não forte, pronta a renunciar à verdade. Em vez disso, Jesus, o Evangelho e a Igreja vieram 'para trazer a espada'; não dialogaram com os Fariseus, mas os chamaram de 'raça de víboras', 'sepulcros caiados', que têm 'por pai o diabo'.

● Mesmo em relação à Autoridade, a quem normalmente se deve obediência, não é devido o servilismo[29]. Isso nos foi ensinado pelo próprio Jesus que, esbofeteado pelo servo do Sumo Sacerdote, lhe disse: "Se eu estiver errado me mostre onde está o meu erro, mas se eu disse a verdade, porque me bates?"[30]. A Autoridade pode até punir, mas com razão, não injustamente, e demonstrando o erro pelo qual se é punido. Se ela punir injustamente, está errada, e quem é punido tem razão. A força da Autoridade vem da verdade, da justiça e da verdadeira caridade sobrenatural. São Paulo, ferido na boca a mando do Sumo Sacerdote, exclamou contra ele: "Deus te ferirá, sepulcro caiado! Tu sentas [com autoridade] a julgar-me [com jurisdição] segundo a Lei, mas contra a Lei [injustamente e falsamente] mandas teu servo me bater" (At 23,3). São Paulo ensinava a verdade, e o Sumo Sacerdote mandou agredi-lo justamente por causa disto, porque nele próprio, que era também a Autoridade sumamente sacerdotal, não havia verdade. São Paulo não contesta que [o Sumo Sacerdote – NdTª.] tenha Autoridade: o sacerdote senta-se na cátedra de Moisés, com jurisdição, para julgar de acordo com a Lei da qual é intérprete; mas o Apóstolo lhe contesta o uso da Autoridade, que é deficiente porque feito segundo a falsidade e a maldade, e não segundo o direito e a verdade. Assim, hoje. Se quem se senta na cátedra de Pedro golpeia sem demonstrar o porquê ou, até mesmo, errando, usa mal de sua Autoridade, que está ao serviço da verdade e da justiça.

● Há quarenta anos que esperamos uma resposta ao "Breve Exame Crítico do Novus Ordo Missae"[31], apresentado a Paulo VI, em 1969, pelo Prefeito do Santo Ofício, o Cardeal Alfredo Ottaviani, mas nenhuma resposta veio, exceto sonoras bofetadas em quem gostaria de celebrar a Missa romana não-reformada. Bem, se pode até receber bofetadas, mas, se for injustamente, quem as dá ou manda dar será golpeado por Deus, mesmo que seja o Sumo Sacerdote do Antigo ou do Novo Testamento.


● Mons. Richard Williamson é escarnecido publicamente sem que ninguém o defenda. Agora, se ele é escarnecido injustamente, Deus vai golpear quem o escarnece e quem manda que o façam. "É terrível cair nas mãos do Deus vivo!"[32], nos adverte São Paulo. Todos terão que prestar contas a Deus, mesmo dos pensamentos mais ocultos; mesmo os sacerdotes e os Sumos Sacerdotes. Nem podemos nos esconder por detrás do dedo do princípio mal aplicado de que "o bem do todo é superior ao bem da parte"[33]. Isto não é 'espiritualidade sacerdotal', mas 'sadismo espiritual' ou 'zelo untuosamente sacerdotal' do sacerdócio do Antigo Pacto, o qual, neste sentido ('untuosamente'), ainda não foi totalmente revogado quanto ao modo não quanto à substância.

● Mas o que fazemos então com a Prudência? Bem, a Prudência é uma Virtude (exatamente como a Fortaleza) que nos faz entender o que é bem ou mal para nós, hic et nunc[34], para fazê-lo se é bem e não fazê-lo se é mal. Então, se eu sei que uma coisa é verdadeira e boa e não a digo ou não a faço, isto não é Prudência, mas erro, pecado, pusilanimidade. O prudente é alguém que sabe o que é verdadeiro e bom e age, consequentemente, de maneira totalmente coerente e radical. A moderação ou, pior, o moderatismo[35]; o não se expor, o não arriscar, o não assumir responsabilidades e dores de cabeça é covardia. Por exemplo, se me perguntam se é verdade que Cristo realmente ressuscitou e eu respondo que não sou um historiador ou exegeta: não sou prudente, mas renitente. Se me perguntam se a Revolução francesa, inglesa, soviética, espanhola produziram milhares e milhares de mártires e eu, para não ofender a sensibilidade[36] do homem moderno, respondo que não sou um historiador: não sou prudente, mas renitente. Se me perguntam se realmente houve um plano de extermínio de seis milhões de judeus por câmaras de gás, planejado nos mínimos detalhes pelo Terceiro Reich[23], por ódio antissemita e um certo legado da teologia católica da substituição, e eu, para não incorrer no odium iramque Judaeorum[37], digo que não sou um historiador, ou até mesmo se me é imposto de assentir para não ser perseguido, tenho o dever de dizer a verdade: "fornecei-me as provas, o onus probandi cabe a vós", mesmo que isso nos faça perder o Onlus incassandi. Oras, provas históricas, de arquivo, científicas, químico-físicas e de engenharia ainda não foram oferecidas, enquanto que razoáveis dúvidas sobre o tal neo-dogma holocáustico há milhões. A verdade não é o que agrada ou convém, mas aquilo que realmente é. A Prudência não é covardia, fuga, mimetização; mas significa fazer o bem e dizer a verdade que o auriga virtutum[38] nos fez ver e entender.

● Há um denominador comum que domina a vida do homem e do padre em crise: a falta de Virtus. Para agradar aos outros e ao mundo moderno, rendemo-nos e mostramo-nos remissivos, simpáticos, bonachões, agradáveis, complacentes, constantemente 'sorridentes' ao ponto de parecermos deficientes, excessivamente otimistas, entusiastas e em perpétua Aleluia.

Atenção, a Fortaleza pressupõe a capacidade de reconhecer os próprios limites, a própria vulnerabilidades de criatura ferida pelo pecado original; saber aceitar a possibilidade de uma derrota; a disposição de cair, mas de levantar-se com a ajuda de Deus. Um campeão de basquete dizia: "na vida falhei muitas vezes, por isso, finalmente, ganhei tudo"[39]. Tudo isto não é um 'super-homismo'[40], é "virtude, que se aperfeiçoa na enfermidade"[41] (São Paulo). Mas a vulnerabilidade não deve nos tornar tímidos, pusilânimes, covardes. Pelo contrário, ela deve nos predispor ao sacrifício até o martírio, a dar a nossa vida por Deus e pelo próximo, propter Deum[42]. Todavia, mesmo o mártir diante dos leões tem medo, mas o vence com a ajuda de Deus, para não renegar a Fé. O próprio Jesus, no Getsêmani, quis ter medo até suar sangue. Mas disse: "Pai, não seja feita a minha vontade, mas a Tua"[43], e tomou a Sua Cruz. O próprio Jesus nos ensinou a não escondermos o talento que nos deu, mas a colocá-lo a serviço de Deus e do próximo, arriscando-nos, expondo-nos, tomando partido, falando claramente. Arriscando pode-se errar, mas se não se arrisca nunca, por princípio, há a certeza de fracassar.


"Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais
resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra
homens de carne e sangue que temos de lutar, mas
contra os principados e potestades, contra os
príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal espalhadas nos ares".
(Ef 6,10-13).
Santa Joana d'Arc dizia que "Devemos primeiro lutar, para que Deus nos conceda a vitória".

São Paulo: "Será coroado apenas quem tiver lutado lealmente"[44].

O ditado popular: "São melhores as lágrimas da derrota honrosa, que a vergonha de ter-se emboscado".

Giovanni Guareschi[45] escreveu: "Para restarmos livres dentro, chegando a certo ponto da vida, devemos tomar sem hesitação o caminho da prisão" (Tutto Don Camillo, Milão, Rizzoli, 1998).






Que Deus nos ilumine e nos dê a força de terminar o que Ele começou em nós.

d. Curzio NITOGLIA
12 de agosto de 2011


Tradução: Pale Ideas


[1] NdTª.: O mesmo que 'cabala'.
[2] NdTª.: Latim: "Partícipes da natureza divina" (2Pd 1,4).
[3] NdTª.: O 'crescendo rossiniano' é uma particular aplicação do 'crescendo', a indicação dinâmica musical que prevê o aumento gradual da intensidade do som, utilizada especialmente pelo compositor Joaquim Rossini, de quem toma o nome. Por exemplo, na célebre O Barbeiro de Sevilha, no final do primeiro ato.
[4] NdTª.: A imprensa 'rosa' é um gênero que publica ou divulga informações ou trabalhos periódicos, principalmente para a parte feminina da população e é geralmente constituído pela literatura romântica e pelas fotonovelas (ou novelas), que privilegiam, muitas vezes de forma exagerada, o componente romântico das histórias. As revistas da imprensa 'rosa' ocupam-se das personalidades do mundo do entretenimento ou, mais genericamente, das vidas privadas das figuras públicas.
[5] NdTª.: Movimento de massa, social e político, controverso que destruiu a sociedade ocidental, justamente em 1968.
[6] NdA: Cfr. C. Risè, Il padre. L'assente inaccettabile, Cinisello Balsamo, San Paolo, 2004; M. Spataro, Quando il padre non c'è, Udine, Il Segno, 1997.
[7] NdA: Cfr. R. Marchesini, Quello che gli uomini non dicono. La crisi della virilità, Milano, Sugarco, 2011.
[8] NdA: Ibidem, p. 11.
[9] NdTª.: faz referência a Gramsci, político, cientista político, comunista e antifascista italiano.
[10] NdA: A atual propaganda judaico-maçônica investe também contra os 'governos fortes', os quais seriam intrinsecamente maus, enquanto que os 'fracos' ou permissivos são o non plus ultra para exportar a som de bombas 'democráticas'. Eis o paradoxo e a inversão do mundo contemporâneo: a fortaleza, que é uma virtude, é reputada como um vício, e o permissivismo, que é um vício, é estimado virtuoso. Tudo isto tanto a nível individual como social. Raimondo Popper (o criador do neoconservadorismo liberal/libertista e libertário) foi um dos teóricos do Estado permissivo, v. a sua obra La Società aperta e i suoi nemici (A Sociedade aberta e os seus inimigos), de 1945.
[11] NdTª.: Expressão italiana que, segundo o Dizionario Garzanti, quer dizer: "viver dia após dias, sem se preocupar com o futuro", despreocupadamente, sem compromissos. Em Português, corresponderia ao bom e velho "empurrando com a barriga".
[12] NdTª.: Ezra Weston Loomis Pound (1885-1972) foi um poeta, músico e crítico literário americano.
[13] NdTª.: Ioseb Besarionis Dze Djughashvili, também conhecido como Josef Vissarionovitch Stalin (ou José Estaline), ditador russo que comandou a União Soviética (1922-1953).
[14] NdTª.: Turim: cidade italiana, capital do Piemonte, onde se encontra o Santo Sudário.
[15] NdTª.: Eugenio Corti (1921), escritor e ensaista italiano. Escreveu a trilogia Il Cavalo Rosso (1983), o romance de uma geração, que acompanha a história europeia de 1940 a 1968, contada em primeira pessoa, acompanhando acontecimentos da vida pessoal do autor. Foi candidato ao Prêmio Nobel pela Literatura, em 2010.
[16] NdTª.: Gulag: sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão em geral que se opusesse ao regime ditatorial da União Soviética (Lenin e Stalin), que funcionou de 1918 até 1956. Foram aprisionadas milhões de pessoas: consideradas 'pessoas infames' e que deveriam passar por 'trabalhos forçados educacionais' para merecerem viver na chamada 'Pátria Mãe' (a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Alguns historiadores informam que os Gulag eram propositalmente, com relação às instalações, piores que os campos de concentração nazistas, tanto que o número de vítimas, nuns e noutros campos, continua a ser motivo para uma comparação quantitativa. A Coreia do Norte, e Cuba, considerados os último Estado comunistas, ainda mantêm disfarçados 'campos de trabalhos forçados (Gulag)' muito semelhantes no sentido de tratamento 'educacional' e 'adoecimento (pela loucura) e outras pestes', muitas vezes chamados também de Gulag. Segundo dados soviéticos, morreram nos Gulag: 1.053.829 pessoas, entre 1934 e 1953, fora os que morreram em colónias de trabalho. A estimativa dos não-comunistas é muito maior. Arquipélago Gulag (1989), provavelmente a mais forte e a certamente a mais influente obra sobre como funcionavam os Gulag no tempo de Stalin, foi escrita por Alexander Issaiévich Soljenítsin, um romancista, dramaturgo e historiador russo. Recebeu o Nobel de Literatura de 1970, e foi expulso de sua terra natal em 1974.
[17] NdTª.: Um trocadilho italiano: 'quattrino' é 'o dinheiro'; aqui se usou a expressão 'dio quattrino' para falar do 'deus dinheiro', mas também se enfatizou o 'trino' – trinitário.
[18] NdTª.: refere-se, jocosamente e não, à Shoah, que, em hebraico, significa 'catástrofe', não 'holocausto'.
[19] NdTª.: Aqui, há um exagero intencional, porque dom Curzio conhece bem a história de Pinóquio, do italiano Carlo Collodi.
[20] NdTª.: Dom Curzio refere-se aos sionistas. Em outros artigos, ele já fez esta referência, em contraposição a 'Irmãos maiores' ou 'Irmãos mais velhos', como os progressistas insistem em chamar os judeus.
[21] NdTª.: Irenismo. Atitude conciliadora para com os crentes de outras religiões.
[22] NdTª.: Latim: "inclinação ao pecado". O termo fomes peccati é usado pelo Doutor Angélico, São Tomás de Aquino, na Summa Theologiae, 3, 27, 3, quando escreve: "O fomes nada mais é do que a desordenada concupiscência do sentient apetite, especificamente a habitual desordenada concupiscência, uma vez que a real concupiscência da sensualidade é um movimento pecaminoso. Agora, a concupiscência da sensualidade é dito ser desordenada na medida em que é repugnante à razão, ou seja, na medida em que inclina alguém para o mal ou torna difícil fazer o bem".
[23] NdTª.: O nome Terceiro Reich (em alemão: Drittes Reich) refere-se ao período de governo que se estabeleceu entre 1933 e 1945, na Alemanha liderada por Adolf Hitler (Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores - NSDAP). O nome designa o Estado sucessor do Império Alemão (o Segundo Reich), que, por sua vez, sucedeu ao Sacro Império Romano Germânico (Primeiro Reich).
[24] NdTª.: Trípoli é a capital da Líbia. Em agosto de 2011, as tropas do Conselho Nacional de Transição (CNT), apoiadas pela OTAN, a atacaram e conquistaram, como a várias outras cidades litorâneas libanesas. Logo após a queda da cidade, o ditador Gaddafi, seus parentes e membros do seu governo fugiram. Para a comunidade internacional, Gaddafi não fala mais pelo povo líbio, tendo essa autoridade agora recaído sobre o CNT.
[25] NdTª.: Fosse Ardeatine. A matança das Fossas Ardeatinas foi o massacre realizado em Roma pelas tropas de ocupação nazistas, em 24/03/44, contra 335 civis e militares italianos, como represália a uma emboscada dos partisan (comunistas) realizada um dia antes, na Rua Rasella.
[26] NdTª.: Mt 26,65-66.
[27] NdTª.: Termo tipicamente italiano que denota desinteresse, má vontade, incúria, impertinência, impudência. Vem da expressão: 'me ne frego', algo como 'não me importo' (ou, o Inglês 'I don't care'). Há um 'dar de ombros', também tipicamente italiano, que geralmente acompanha as palavras.
[28] NdTª.: Mais uma expressão que não é usada costumeiramente no Brasil. O pentitismo é a 'prática de virar delator' (practice of turning informer). Refere-se à luta judiciária e governamental italiana contra a Máfia. Aqui tem a conotação de um arrependimento não virtuoso.  
[29] NdTª.: Servilismo: Espírito de servidão; qualidade de quem é servil. Bajulação. Falta de dignidade.
[30] NdTª.: Jo 18,23.
[32] NdTª.: Hb 10, 31.
[33] NdTª.: Dom Curzio alerta sobre o 'comunitarismo', que mal interpreta a teoria do 'bem comum' e, em nome, do culto à comunidade, destrói os indivíduos. "A comunidade (ou o 'bem do todo') não deve absorver, mas proteger os direitos do individuo e da família ('o bem da parte'). Aquela intervém apenas onde a família e o privado não conseguem".
[34] NdTª.: Latim: aqui e agora.
[35] NdTª.: Mais uma expressão genuinamente italiana: "Comportamento político que busca alcançar os objetivos através de um método gradual, que evite as transformações violentas e que evada as mudanças radicais".
[36] NdTª.: Também conhecido como 'respeitos humanos'.
[37] NdTª.: Latim: "ódio e raiva por parte dos Judeus".
[38] NdTª.: Latim: "cocheiro das virtudes". A Prudência foi considerada pelos antigos gregos e, posteriormente, por filósofos cristãos, principalmente por Tomás de Aquino, como a causa, medida e forma de todas as virtudes. É considerada o auriga virtutum ou o cocheiro das virtudes, pois as demais virtudes alcançam a perfeição quando guiadas pela Prudência.
[39] NdTª.: Michael Jordan.
[40] NdTª.: Referência ao Super-Homem (Ubermensch - 'Além-do-Homem') de Nietzsche, no livro Assim Falou Zaratustra, pelo qual o homem pode se tornar um 'homos superior', ou 'super-humano', através da transvaloração de todos os valores do indivíduo; da sede de poder, manifestado em superar o niilismo e em reavaliar ideais velhos ou em criar novos; de um processo contínuo de superação.
[41] NdTª.: 2Cor 12, 9.
[42] NdTª.: Latim: "por causa (amor) de Deus".
[43] NdTª.: Lc 22,42.
[44] NdTª.: 2Tm 2,5.
[45] NdTª.: Giovannino Oliviero Giuseppe Guareschi (1908-1968) foi um escritor, jornalista, caricaturista e humorista italiano. É um dos escritores italianos mais vendidos no mundo (mais de 20 milhões de copias), além de ser o mais traduzido, em números absolutos. A sua criação mais famosa é Dom Camilo, o 'vigoroso' pároco que fala com o Cristo do Altar Mor. Seu antagonista é o prefeito comunista da aldeia imaginária de Ponteratto, o combativo Peppone, que também é um mecânico. A profunda Fé católica, o apego à monarquia e o fervente anticomunismo fizeram de Guareschi um dos mais agudos críticos do Partito Comunista Italiano. Conta-se que João XXIII o teria encarregado de escrever o Novo Catecismo da Igreja Católica, mas que ele teria declinado, por não se achar digno de tal tarefa. A lista de obras é grande, mas vale a pena ler somente a saga de Mondo Piccolo (os divertidos – mas também seríssimos – casos entre Dom Camillo e Peppone, amigos-inimigos, na Itália do pós-guerra).
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