Pax
Caros leitores,
O seguinte texto continua a sequência de publicações catequéticas para a melhor formação das almas cristãs que estão em busca de aperfeiçoamento.
Santíssima Virgem, Sede da Sabedoria, rogai por nós!
Viva Cristo Rei!
Carla
"A Suma Teológica na forma de catecismo"
Por Pe Tomás Pègues
OP (1942)
PRIMEIRA PARTE
DEUS
Criador e Soberano Senhor de
todas as coisas
II
NATUREZA E ATRIBUTOS DE DEUS
Quem é Deus?
Um
Espírito em três Pessoas; Criador e Soberano Senhor de todas as coisas.
Que quereis dizer quando dizeis que Deus
é espírito?
Quero
dizer que não tem corpo como nós, que está, absolutamente, isento de matéria e
de qualquer elemento estranho ao seu ser.
Que consequências se derivam destes
princípios?
Resulta que
Deus é, no
sentido mais absoluto
e transcendental, o
Ser por essência
e as restantes coisas são seres
particulares, são tais seres e não o Ser.
Deus é perfeito?
Sim,
Senhor; porque nada lhe falta.
É bom?
É a
própria bondade, como princípio e fim de todos os amores.
É infinito?
Sim,
Senhor; porque coisa alguma pode limitá-lo.
Está em toda a parte?
Sim,
porque tudo quanto existe, Nele e por Ele existe.
É imutável?
Sim,
porque nada pode adquirir.
É Eterno?
Sim,
porque Nele não há sucessão.
Quantos deuses há?
Um
só.
Existem em Deus os referidos atributos?
Sim,
Senhor, e se não os possuísse não seria o Ser por essência.
Podereis demonstrá-lo?
Sim,
Senhor; Deus não seria o ser por essência, se não fosse o que existe per se,
ou como dissemos, por necessidade de sua natureza. O que existe per se
concentra em si mesmo todos os modos do ser; é, portanto perfeito e, sendo
perfeito, necessariamente há de ser bom.
É, além disso, infinito, condição indispensável para que nenhum ser tenha
ação sobre Ele e o limite, e se é
infinito possui o dom da ubiquidade. É imutável, porque, se mudasse, havia de ser
em busca de uma perfeição que lhe faltasse. Sendo imutável, é eterno, porque o
tempo é sucessão e toda sucessão revela mudança. Sendo perfeito em grau
infinito, não pode haver mais do que um; se houvesse dois seres infinitamente
perfeitos, nada teria um que o outro não possuísse, não haveria meios de
distingui-los e seriam, portanto um.
Podemos ver a Deus enquanto vivemos
neste mundo?
Não
Senhor; não o consente o nosso corpo mortal.
Poderemos vê-lo no céu?
Sim,
Senhor; com os olhos da alma glorificada.
De quantos modos podemos conhecer a Deus
neste mundo?
De
dois: por meio da fé e da razão.
Que coisa é conhecer a Deus por meio da
razão?
É
conhecê-Lo, mediante as criaturas, obras de suas mãos.
E conhecê-Lo pela Fé?
É
conhecê-Lo, sabendo o que Ele é, pelo que nos revelou de Si mesmo.
Qual destes dois modos de conhecimento é
mais perfeito?
Indubitavelmente,
o da fé, dom sobrenatural que nos mostra Deus com uma claridade como jamais o
pode conjeturar a
razão humana; e
ainda que, devido
à imperfeição de
nosso entendimento
percebemos esta claridade,
manchada de sombras
e obscuridades impenetráveis, é,
todavia, dela, como aurora do dia feliz da visão perfeita, que se constituirá a
nossa Bem-aventurança no céu.
As palavras e proposições que usamos
para falar de Deus expressam alguma coisa de positivo, determinado e real?
Sim, Senhor;
porque, se bem
que tenham sido
inventadas para designar
as perfeições das criaturas, podem empregar-se para
manifestar o que em Deus corresponde a essas perfeições.
Têm o mesmo sentido aplicadas a Deus e
às criaturas?
Sim,
Senhor; porém, com alcance diverso: quer dizer que, aplicadas às criaturas,
manifestam plenamente a natureza
e as perfeições
que expressam; porém,
usadas para designar perfeições divinas, se bem que em
Deus existe realmente quanto de positivo encerra o seu significado, não
alcançam expressá-lo de modo supereminente como está em Deus.
Por
conseguinte, Deus é
inefável, qualquer que
seja a nossa
linguagem e a
sublimidade das expressões que
usemos para falar Dele?
É
inefável: apesar disso, não pode ter o homem ocupação mais digna e proveitosa
do que a de falar de Deus e dos seus atributos, apesar do confuso e impreciso
de nossa linguagem, durante esta vida mortal.
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