Um belo texto de Sor Amada de Jesús acerca da vida espiritual, a vida de oração. Nada melhor do que o silêncio para falar com Deus. E essa era de trevas em que vivemos, onde tudo contribui para evitarmos "falar com Deus", é preciso um pouco de inspiração.
A vida interior poderia consistir só nesta palavra: Silêncio! O silêncio prepara os santos; ele os começa, os continua e os acaba. Deus, que é eterno, não diz mais que uma só palavra, que é o Verbo. Do mesmo modo, seria desejável que todas as nossas palavras digam Jesus direta ou indiretamente. Esta palavra: silêncio, quão formosa é!
1º Falar pouco às criaturas e muito a Deus.
Este é o primeiro passo, mas indispensável, nas vias solitárias do silêncio. Nesta escola é onde se ensinam os elementos que dispõem à união divina. Aqui a alma estuda e aprofunda esta virtude, no espírito do Evangelho, no espírito da Regra que abraçou, respeitando os lugares consagrados, as pessoas, e sobretudo esta língua na qual tão frequentemente descansa o Verbo ou a Palavra do Pai, o Verbo feito carne. Silêncio ao mundo, silêncio às notícias, silêncio com as almas mais justas: a voz de um Anjo turbou Maria...
2º Silêncio no trabalho, nos movimentos.
Silêncio no porte; silêncio dos olhos, dos ouvidos, da voz; silêncio de todo o ser exterior, que prepara a alma para passar a Deus. A alma merece tanto quanto pode, por estes primeiros esforços em escutar a voz do Senhor. Que bem recompensado é este primeiro passo! Deus a chama ao deserto, e por isso, neste segundo estado, a alma aparta tudo o que poderia distraí-la; se distancia do ruído, e foge sozinha Àquele que somente é. Ali ela saboreará as primícias da união divina e o zelo de seu Deus. É o silêncio do recolhimento, ou o recolhimento do silêncio.