A conversão de Paul Claudel
Louis
Charles Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper foi um importante escritor
católico e também um diplomata, dramaturgo e poeta francês, membro da
Academia Francesa de Letras, a quem foi conferida a “Grã-Cruz da Legião
de Honra”.
Nascido
em Villeneuve-sur-Fère (Aisne, França), a 6 de agosto de 1868, em uma
família indiferente em matéria religiosa, Louis Charles, mais conhecido
pelo pseudônimo de Paul Claudel, desde cedo se deixou envolver pelo
materialismo, em voga na época em que viveu. Em 1881, seus pais se
mudaram para Paris, onde Paul e sua irmã, a escultora Camille Claudel, passaram a viver, em uma casa
de classe média.
O
primeiro choque ocorreu quando lhe caíram nas mãos as “Illuminations”
e, alguns meses depois, “Une saison en enfer” de Rimbaud.
Em
1886, Paul Claudel, que tinha 18 anos e até então era ateu,
converteu-se subitamente ao catolicismo, no Natal, ao ouvir o coro da
catedral de Notre-Dame de Paris Ele se emocionou ao ver que todos tinham
fé e rezavam para um Deus que até então ele não queria conhecer, e viu
que poderia contar com a ajuda do poder invisível, do amor ao Criador.
Claudel
tinha entrado na catedral para encontrar motivos artísticos para as
suas composições literárias e parara do lado direito, ao fundo, junto da
segunda coluna, onde se pôs a observar as pessoas. Subitamente teve fé,
acreditando em um Deus pessoal, transcendente, afável e paternal. Vinha
ao encontro de Claudel esse Deus que ele conhecera quando criança e na
mocidade desvairada nunca mais recordara. Este choque, maior que o de
Rimbaud, havia de repercutir em sua vida inteira.
Apesar
de ter pensado em dedicar-se à vida monástica, com os monges
beneditinos, ele acabou entrando para o corpo diplomático da França, em
que serviu de 1893 a 1936. Foi vice-cônsul em Nova Iorque, em Boston,
Praga, Frankfurt am Main e Hamburgo. Foi cônsul na China (1895-1909).
Em março de 1906, casou-se com Reine Sainte-Marie Perrin e teve filhos com ela, em um casamento feliz.
Foi
Ministro Plenipotenciário no Rio de Janeiro (1916) e em Copenhagen. Foi
embaixador em Tóquio, Washington e Bruxelas. O período de sua missão no
Brasil coincidiu com a Primeira Guerra Mundial, e ele supervisionou o
envio de alimentos da América do Sul para a França.
Ao
se retirar da vida pública em 1936, recolhido no seu castelo de
Brangues (Isère, França), intensificou os seus escritos. Morreu aos 86
anos, aos 23 de fevereiro de 1955 em Paris.
Sua
obra, profundamente marcada pela sua repentina conversão ao
Catolicismo, muitas vezes gira em torno de um dos principais temas do
Cristianismo: “a ação da graça e a correspondência humana”. Toda a sua
obra testemunha um Catolicismo ardente: na sua coletânea “Art poétique”
(Arte Poética), em versos livres, recria e torna perceptível o universo,
palco em que se joga o destino da alma humana. O seu génio dramático
está patente em “L'Annonce faite à Marie” (A Anunciação, 1912),
“L'Otage” (O Refém, 1911), “le Pain dur” (O Pão Duro, 1918) e “Le
Soulier de satin”, obra composta no Japão em 1929.
A conversão de Paul Claudel narrada por ele mesmo…
Nasci
a 6 de Agosto de 1868. A minha conversão realizou-se a 25 de Dezembro
de 1886. Tinha, portanto, 18 anos de idade. Mas, nesta altura, já a
minha personalidade estava muito desenvolvida.
Ainda
que os meus antepassados, em ambos os ramos, tinham sido crentes, dando
à Igreja vários sacerdotes, os meus pais eram indiferentes em matéria
religiosa. E, depois de termos mudado para Paris, afastaram-se
completamente da fé. A minha primeira Comunhão, anterior à mudança,
tinha sido boa. Mas foi, como para a maior parte da juventude, a
coroação e, ao mesmo tempo, o termo da minha prática religiosa.
A
princípio fui educado, ou antes, instruído, por um professor
particular; depois, em escolas laicas da província, e, finalmente, no
Liceu Luís-o-Grande. Com a entrada neste estabelecimento de ensino,
acabei de perder a fé, que me parecia incompatível com a pluralidade dos
mundos (!!!). A leitura da “Vida de Jesus”, de Renan, forneceu-me novos
pretextos para esta mudança de convicções, que, de resto, tudo quanto
via à minha volta facilitava ou animava.
Recordemo-nos
daqueles tristes anos à volta de 1880, quando estava em todo o apogeu a
literatura naturalista. Jamais o jugo da matéria pareceu mais forte.
Quem possuía um nome na arte, nas ciências ou na literatura, era
descrente. Todos os pretensos homens iminentes daquele século que
declinava se distinguiram particularmente pela sua hostilidade contra a
Igreja. Renan imperava. Na última distribuição de prémios a que assisti
no Liceu Luís-o-Grande, ocupava ele a presidência, e creio que recebi o
prémio das suas mãos. Vítor Hugo acabava de desaparecer numa auréola de
glória.
Aos 18 anos
Aos
18 anos, acreditava eu naquilo em que a maior parte das chamadas
pessoas cultas daquela época acreditava. O forte sentimento do
individual e do concreto obscurecera-se em mim. Aceitei a hipótese
monista e mecanista em toda a sua extensão. Acreditava que tudo estava
subordinado a leis”, e que este mundo era um íntimo encadeamento de
causas e efeitos, que a ciência não tardaria a esclarecer plenamente.
Além disso, tudo isto me parecia cheio de tristeza e de tédio. A ideia
kantiana do dever, tal como no-la expôs o Sr. Burdeau, nosso professor
de filosofia, nunca pude digeri-la.
Para
mais, vivia sem o freio da moral e ia caindo, pouco a pouco, num estado
de desespero. A morte de meu avô, cuja agonia durou meses inteiros,
devida a um cancro no estômago, a que eu assisti, inspirara-me um pavor
terrível, e à ideia da morte não me abandonou mais. Esquecera
completamente a religião e, com respeito a ela, a minha ignorância era
tão grande como a de um selvagem.
O primeiro brilho da verdade
O
primeiro brilho da verdade surgiu-me do encontro com os livros de um
grande poeta, a quem devo eterna gratidão e que tomou parte
preponderante na formação do meu pensamento: Artur Rimbaud. A leitura
das “Illuminations” e, alguns meses depois, “Une saison en Enfer” é um
dos acontecimentos capitais da minha vida. Estes livros rasgaram a
primeira brecha no meu cárcere materialista, e deram-me uma impressão
viva, quase física do sobrenatural. Mas o meu estado habitual de
ansiedade e desespero continuou a ser o mesmo.
A noite de Natal do dia 25 de Dezembro de 1886
Assim
se passavam as coisas com aquele pobre rapaz que, no dia 25 de Dezembro
de 1886, entrava na catedral de Notre-Dame de Paris, para ali assistir
ao ofício divino do Natal. Começava eu então a escrever, e tive a
impressão de que poderia, com superior diletantismo, encontrar nas
cerimónias católicas, um meio adequado e matéria para alguns trabalhos.
Nesta disposição de espírito, apertado e empurrado pela multidão,
assisti à Missa cantada, com moderada alegria. Como nada mais
interessante havia a fazer, voltei de novo à tarde para assistir às
Vésperas. Os meninos do coro da catedral, de roquetes brancos, e os
alunos do Seminário de S. Nicolau du Chardonnet, que os auxiliavam,
tinham justamente começado a cantar qualquer coisa em que mais tarde
reconheci o Magnificat. Eu estava de pé no meio da multidão, junto da
segunda coluna, perto da entrada para o coro, à direita, do lado da
sacristia.
E
ali se deu o acontecimento que domina toda a minha vida. Num momento, o
meu coração sentiu-se tocado, e tive fé. Tive fé com tal intensidade de
adesão, com tal exaltação de todo o meu ser, com uma convicção tão
poderosa, com tal segurança, que não ficava margem para nenhuma espécie
de dúvida. E, desde então, todos os livros, todos os raciocínios, todas
as eventualidades de uma vida agitada não conseguiram abalar a minha fé;
mais do que isso, nem sequer conseguiram tocar-lhe. Subitamente,
apoderou-se de mim o sentimento fremente da inocência, da perpétua
filiação divina: uma revelação inefável. Quando tento reproduzir, como
faço frequentemente, o decorrer dos minutos que se seguiram a este
momento excepcional, encontro sempre os seguintes elementos que,
todavia, representam um único raio, uma única arma, de que a Providência
divina se serviu para alcançar e abrir o coração de um pobre filho
desesperado : “Que felizes são, de fato, os que creem! E se fosse
verdade?
verdade!
— Deus existe ; está aqui presente ! É alguém ! É um ser tão pessoal
como eu! — Ama-me ! chama por mim!” Invadiram-me as lágrimas e os
soluços e o cântico tão delicado do “Adeste” aumentou ainda a minha
comoção.
…as minhas ideias filosóficas mantinham-se intactas
Doce
comoção, na qual, todavia, se misturava uma sensação de terror e quase
de espanto ! Porque as minhas ideias filosóficas mantinham-se intactas.
Deus desprezara-as, deixando-as tal qual estavam, e eu não compreendia o
que nelas deveria mudar. A religião católica continuava a surgir-me
como um amontoado de anedotas disparatadas. Os seus sacerdotes e fiéis
continuavam a inspirar-me a mesma antipatia, que ia até ao ódio e à
náusea. O edifício das minhas opiniões e conhecimentos mantinha-se, e
não via nele defeito nenhum; limitara-me, apenas, a sair dele. Tinha-me
sido revelado um novo e terrível ser, com terríveis exigências para um
jovem artista como eu, e não via maneira de o satisfazer com nada do que
me rodeava. O estado de um homem, a quem de repente se arrancou da sua
pele para o introduzir num corpo estranho, no meio de um mundo
desconhecido, é a única comparação que posso encontrar para exprimir
este estado de completa desordem. O que mais repugnava às minhas ideias e
ao meu gosto, era o que precisamente se vinha a mostrar verdadeiro ; e,
a bem ou a mal, tinha de me acomodar a isso. Ah ! Pelo menos não seria
sem que eu procurasse opor a maior resistência possível.
A luta foi nobre e radical. Não omiti nada…
Esta
resistência durou quatro anos. Ouso afirmar que foi uma defesa heroica.
E a luta foi nobre e radical. Não omiti nada. Utilizei todos os meios
possíveis de resistência. Uma após outra, tive que depor as armas. Foi
grande a crise da minha existência, esta agonia do pensamento, da qual
Artur Rimbaud escreveu : “A luta do espírito é tão brutal como as
batalhas entre os homens. Oh! noite dura! O sangue derramado arde sobre o
meu rosto !” A juventude que tão facilmente abandona a fé, não sabe que
tormentos custa recuperá-la. A ideia do inferno, a própria ideia da
beleza, todas as alegrias que, a meu ver, teria de sacrificar para
regressar à verdade, retraiam-me de tudo. Finalmente, caiu-me nas mãos
uma Bíblia protestante que certa amiga alemã oferecera uma vez a minha
irmã Camila. Foi na noite daquele dia memorável de Notre-Dame, depois de
ter voltado para casa, ao longo das ruas molhadas pela chuva, que então
me pareciam tão estranhas. Pela primeira vez, ouvi ressoar no coração a
voz, tão suave, e ao mesmo tempo tão inflexível da Sagrada Escritura,
que jamais se viria a extinguir. Apenas através de Renan conhecia eu a
história de Jesus Cristo. E, fiando-me neste impostor, não sabia sequer
que Ele se tinha proclamado o Filho de Deus. Cada palavra, cada linha,
na sua majestosa simplicidade, revelava a mentira das afirmações
descaradas daquele apóstata e abria-me os olhos. Como o centurião
romano, reconheci verdadeiramente que Jesus é o Filho de Deus. A mim,
Paulo, se dirigiu Ele, entre todos, e prometeu-me o seu amor. Mas, ao
mesmo tempo, não me deixou outra alternativa além da condenação, se o
não seguisse. Ah!, Eu não precisava que me explicassem o que vinha a ser
o inferno; já tinha passado nele a minha “temporada”! Aquelas poucas
horas tinham chegado para me demonstrar que o inferno está em qualquer
parte em que não esteja Cristo. E que me importava já a mira o resto do
mundo, em face deste novo e maravilhoso ser que acabava de me ser
revelado?
Assim falava em mim o homem novo. Mas o velho resistia com todas as forças e não queria entregar-se
Assim
falava em mim o homem novo. Mas o velho resistia com todas as forças e
não queria entregar-se a esta nova vida que na sua frente se abria. Será
preciso confessar que o sentimento que mais me impedia de manifestar a
minha convicção era o respeito humano? A ideia de revelar a todos a
minha conversão e de dizer aos meus pais que não comeria carne às
sextas-feiras; o facto de ter de me afirmar coma um dos católicos tão
ridicularizados, causava-me suores frios. E, momentaneamente
revoltava-me até contra a violência que me tinha sido feita. Mas sentia
sobre mim uma mão firme.
Não conhecia nenhum sacerdote. Não tinha um único amigo católico.
O
estudo da religião passara a ser para mim o interesse dominante. Coisa
curiosa! O despertar da alma e das qualidades poéticas deu-se em mim ao
mesmo tempo, e desfez os meus preconceitos e os meus receios infantis.
Por essa época, escrevi o primeiro esboço dos meus dramas : “Cabeça de
ouro” e “A cidade”. Embora andasse ainda afastado dos sacramentos, já
tomava parte na vida da Igreja. Podia, enfim, respirar, e a vida
penetrava-me por todos os poros. Os livros que mais me ajudaram, naquela
época, foram, em primeiro lugar, os “Pensamentos de Pascal, obra
inestimável para todos os que buscam a fé, muito embora a sua influência
possa também às vezes ser perniciosa. Além disso, as “Investigações do
espírito sobre os Mistérios” e as “Considerações sobre os Evangelhos”,
de Bossuet, bem como os seus restantes tratados filosóficos; a “Divina
Comédia”, de Dante; e, finalmente, as maravilhosas narrações de Catarina
Emmerich. A Metafísica de Aristóteles purificou-me o espírito, e
introduziu-me nos domínios da verdadeira inteligência. A “Imitação de
Cristo” pertencia a uma esfera demasiado elevada para mim, e os seus
dois primeiros livros pareceram-me de uma terrível dureza.
O grande livro que se me abriu e no qual eu fiz os meus estudos, foi a Igreja.
Mas
o grande livro que se me abriu e no qual eu fiz os meus estudos, foi a
Igreja. Louvada seja por toda a eternidade esta grande e majestosa Mãe,
em cujos joelhos tudo aprendi ! Os Domingos passava-os em Notre-Dame, e,
sempre que me era possível, ia também lá durante a semana. Era nessa
altura tão ignorante na minha religião como o poderia ser em relação ao
Budismo. E agora desenrolava-se, perante mim, o drama sagrado, com tal
magnificência, que ultrapassava toda a força da minha imaginação. Ah !
Esta já não era, certamente, a linguagem mesquinha dos “devocionários”.
Era a poesia mais profunda e gloriosa, eram as atitudes mais sublimes
que jamais tinham sido concedidas a seres humanos. Nunca me conseguia
saciar por completo com o espetáculo da Santa Missa, e cada movimento do
sacerdote gravava-se profundamente no meu espírito e no meu coração. A
leitura do ofício de Defuntos, da liturgia do Natal, o drama da Semana
Santa, o cântico celeste do “Exultet”, ao lado do qual as harmonias mais
inebriantes de Pindaro e Sófocles me pareciam incolores, tudo isto me
sufocava de alegria, gratidão, arrependimento e adoração ! Pouco a
pouco, lenta e penosamente, abriu caminho até ao meu coração o
pensamento de que a arte e poesia são também coisas divinas. E o prazer
da carne não é indispensável para elas, mas antes prejudicial. Como eu
invejava os cristãos felizes que via comungar ! Só me atrevia, porém, a
misturar-me com aqueles que, em todas as sextas-feiras da Quaresma,
vinham beijar reverentemente a coroa de espinhos.
Entretanto,
passavam os anos e a minha situação tornava-se insuportável.
Intimamente, dirigia-me a Deus com lágrimas; e, contudo, não me atrevia a
abrir a boca. E, apesar disso, as minhas objecções tornavam-se cada vez
mais fracas, e mais dura a exigência de Deus. Oh! que bem conheci este
momento e com que firmeza me ficou gravado na alma! Mas como é que tive
coragem para lhe resistir? Três anos depois, li as obras póstumas de
Baudelaire. E vi que o poeta, que eu preferia a todos os poetas
franceses, tinha reencontrado a fé nos últimos anos da vida, e se havia
debatido com as mesmas angústias e com os mesmos remorsos que eu.
Enchi-me de coragem, e, uma tardinha, aproximei-me do confessionário de
S. Medardo; minha paróquia. Os minutos que esperei pelo sacerdote foram
os mais amargos da minha vida. Encontrei-me com um ancião, que me
pareceu muitíssimo pouco abalado com a história, que a mim, todavia, me
parecia muito interessante. Falou (para meu grande aborrecimento) nas
“recordações da minha primeira e santa comunhão”. Ordenou-me
terminantemente que revelasse a família a minha conversão. E hoje não
posso deixar de lhe dar razão. Humilhado e mal disposto, saí do
“confessionário” e só lá voltei no ano seguinte. Agora, estava
completamente vencido, submisso e extenuado. Ali, naquela mesma igreja
de S. Medardo, encontrei um sacerdote novo, compassivo e fraternal, o P.
Ménard, que me reconciliou com a Igreja. Mais tarde, conheci lá outro
santo e venerando sacerdote, o P. Villaume. Tornou-se o meu diretor e
meu querido Padre espiritual, cuja poderosa proteção, lá do céu, sinto
agora continuamente. A segunda comunhão recebi-a, como a primeira, no
dia de Natal, a 25 de Dezembro de 1890, em Notre-Dame.
Este é um resumo de várias fontes, leia tamém este "Biografia e testemunhos" da
Quadrante, bem detalhado e muito interessante.
Frases de Paul Claudel:
“Fala de Cristo apenas quando te perguntarem! Mas vive de tal maneira que te perguntem”.
“As crianças não devem receber a religião; têm que pegá-la do meio ambiente, como se pega o sarampo.”
“O dever está sempre acima de tudo.”
“O sinal de que não amamos alguém é que não lhe damos todo o melhor que existe em nós.”
Giulia d’Amore
Fontes de pesquisa: