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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Reflexão: O crime dos Protestantes

DO CRIME DO QUAL SE TORNAM CULPÁVEIS AQUELES QUE SE FAZEM PROTESTANTES


Herege Henrique VIII
fundador do Anglicanismo
P - De qual falta se torna culpável o católico que se faz protestante?
R - Ele se torna culpável de três delitos de grande gravidade: o primeiro contra Deus, o segundo contra a Igreja, o terceiro contra a sociedade.

P - Qual é o delito do qual ele se torna culpável diante de Deus?
R - Seu crime é o mesmo que aquele de Lúcifer, que se revoltou contra Deus por orgulho, e quis ser independente dele. Com efeito, o católico, ao se fazer protestante, se revolta contra o Deus que lhe obrigou, sob as penas mais severas, em se submeter a Ele, pela mediação da Igreja que Ele estabeleceu em seu lugar para governá-lo e instruí-lo. O desertor, não obstante, graças ao orgulho que o domina, prefere seu próprio capricho e seu sentido privado ao sentimento da Igreja que Deus lhe deu por guia e por mestra.

P - Perdoe-me, me parece que é precisamente o contrário que ocorre. Pois aquele que se faz protestante toma a Bíblia como regra de sua crença, e, por consequência, ele deixa a palavra do homem para se ligar somente à palavra de Deus!
R - Ó! Vossa simplicidade é enorme. É verdade que os protestantes falam assim, mas eis aí uma mentira descarada. Como pretendes que eles tomam a Bíblia por regra, se eles não sabem mesmo o que pertence propriamente à Bíblia? Se eles não compreendem a Bíblia? Se cada um força a Bíblia a dizer o que ele quer? Se eles encontram na Bíblia todas as extravagâncias que lhes passam pela cabeça? E, ademais, Jesus Cristo nunca disse: Leiam a Bíblia, mas ele disse: Que aquele que não escutar a Igreja vos seja como um pagão e um publicano.

P - Aqui, eu vos detenho. Seu eu entendi direito, Nosso Senhor disse em termos próprios: perscrutem as Escrituras; daí vem que os protestantes tomaram as Escrituras por regra de sua crença; e, com efeito, eles tem sempre esta passagem na boca.
R - Isso mesmo prova de forma maravilhosa o que eu acabo de vos dizer, a saber, que os protestantes não compreendem a Escritura e que eles a puxam em todo sentido.

P - Como assim?
R - Primeiro, temos de convir que neste lugar Nosso Senhor se dirigia aos doutores da lei para prová-los, pelas profecias do Antigo Testamento, que Ele era o Messias, mas nunca Ele pretendeu, como afirmam os protestantes, que a Escritura deve ser a única regra de nossa fé. Sem isso, visto que Jesus Cristo só falava aqui dos livros do Antigo Testamento, seguiria que somente o Antigo Testamento deveria ser a regra da fé cristã! Saiba, ademais, que Jesus Cristo não diz perscrutem as Escrituras no imperativo; mas,vós perscrutais Escrituras, ou seja, vocês tem o costume de consultar as Escrituras. Os próprios protestantes, ao menos aqueles que tem ciência e lealdade, o confessam. Basta ler o contexto, para compreender que Jesus Cristo não recomenda, neste lugar, a leitura da Bíblia. Mas por mais que você explique cem vezes este texto, os protestantes persistirão em reproduzir sempre a mesma inépcia. Isso se deve porque eles só buscam falsear as ideias daqueles que os escutam. Ademais, suponha mesmo que, contra toda verdade, a palavra latina scrutaminse tome por um mandamento, uma vez a necessidade de obedecer à Igreja estabelecida, uma vez sua infalibilidade reconhecida, o preceito seria equivalente àquele de um soberano que recomendaria o estudo do código civil, a fim de observá-lo e não para que cada um o interprete ao seu modo.

P - E, contudo, os protestantes pretendem provar sua doutrina pela Santa Escritura.
R - Os protestantes o pretendem, mas eles não terão êxito em suas tentativas. Eles pretendem provar suas extravagâncias pela Escritura, do mesmo modo que os escribas e os fariseus tentavam, eles também, provar, pela Escritura, a Nicodemos, que Jesus Cristo não era o Messias (Jo 7, 52). Examines a Escritura, eles lhe diziam, e vereis que nenhum profeta saiu da Galileia. O fato era falso, visto que vários profetas tinham saído da Galileia. Mas a mentira custava tão pouco a estes hipócritas quanto aos nossos modernos protestantes. Eu sou mesmo forçado a vos dizer que os protestantes fazem da Escritura o mesmo uso que faz dela o demônio para tentar Jesus Cristo, quando ele quis lhe persuadir, por meio de uma passagem truncada e tomada a sua maneira, de se precipitar do alto do templo. Está escrito na Escritura, ele lhe dizia. Assim usaram os hereges de todos os tempos, e os de nossos dias não fazem melhor que seus predecessores.

P - Se os protestantes não estão apoiados sobre a Escritura, em virtude de qual autoridade eles creditam suas doutrinas?
R - Sua crença tem por somente e único apoio a autoridade da palavra do homem. Os luteranos creem baseados na palavra de Lutero, os calvinistas nas de Calvino, os zwinglianos sobre aquela de Zwingle, os anglicanos sobre as palavras de Henrique VIII ou da papisa Elisabete, e assim em diante. Eis como Deus puniu estes orgulhosos, que, por terem recusado em crer na autoridade infalível da Igreja, se reduziram a crer cegamente na palavra de um monge casado em concubinato, de um padre apóstata, de um rei dissoluto e de uma mulher sem pudor.

P - Eu compreendo agora a natureza do crime do qual estes apóstatas se tornam culpáveis contra Deus. Eu gostaria de saber também, como eles são culpáveis em relação à Igreja?
R - Eles pecam contra a Igreja por sua rebelião contra a Mãe que os engendrou em Jesus Cristo, que os alimentou do leito da santa doutrina e dos sacramentos, que sempre teve por eles profundas afeições de caridade e de amor. Ora, estes filhos desnaturados desprezam seus benefícios, eles lhe fazem uma guerra cruel, lhe rasgam o seio e se esforçam ademais em lhe arrebatar as almas que Deus lhe confiou, para arrastá-las com eles na via da perdição.

P - Mas, talvez, eles creem em estar conduzindo estas almas em uma via de salvação mais segura!
R - É impossível aos protestantes crer no que você diz. Eles dizem, com efeito, que um homem pode se salvar em todas as religiões, desde que ela creia em Jesus Cristo. Eles afirmam e confessam que os católicos se salvam e vão para o paraíso (os protestantes históricos). Só isto bastaria para fazer ver a triste aberração destes católicos que se fazem protestantes. Mas, suponha mesmo que os protestantes não dizem que os católicos se salvam. Jesus diz abertamente que qualquer um que não entra no aprisco pela porta, mas se introduz aí de outra maneira, é um ladrão e um assassino, cujo único fim é de matar e tomar as ovelhas, ou seja, as almas. Ele acrescenta: que estes intrusos são apenas lobos raptores que só respiram a carnificina. E, ademais, jamais se encontrou sobre a terra um católico que se tenha feito protestante para tornar-se melhor. Não se poderia até este momento nomear um único. Todos estes desertores se fazem protestantes para viver com mais liberdade e segundo seus caprichos. Sem ir buscar provas adiante, olhe em torno de vós, e veja a vida que levam estes apóstatas. Se este for o fruto de seu proselitismo, não é, sem dúvida, o amor pelas almas que o lhes inspira.

P - Eu me convenci. Queira me dizer, em último lugar, de qual crime contra a sociedade se torna culpável aquele que se faz protestante?
R - Este crime é maior que poderias pensar. Pois estes incrédulos ou estes ateus práticos sob o manto do protestantismo são apenas instrumentos destinados a preparar o triunfo da anarquia, do comunismo, do socialismo, e de tudo o que é hostil à sociedade. De onde segue: que aqueles que se enrolam sob as bandeiras da reforma se tornam culpáveis de um grande crime contra a própria sociedade.

P - Eu vejo, todavia, que estes homens vivem tranquilos e tomam partido contra estes católicos imprudentes, indiscretos e fanáticos que são incapazes de permanecer em paz.
R - É o que acontece no princípio, quando eles são ainda em pequeno número. Mas, deixe-os se multiplicar; uma vez que eles se sentirem muito fortes, vereis estes cordeiros transformados em lobos, e mesmo em tigres. Sem dúvida, eles começam por atacar os católicos, que eles acusam de fanatismo, pois eles são seus adversários; mas, em seguida, eles espalham a perturbação por toda parte e assaltam o governo político. Tal é, de forma abreviada, a história de todas as heresias tornadas preponderantes. Nunca uma revolução religiosa deixou de conduzir uma revolução política.

LEIA TAMBÉM: DOS ARTIFÍCIOS DOS QUAIS SE SERVEM OS PROPAGADORES DO PROTESTANTISMO

P. Jean Perrone, C.J. Le Protestantisme et l'Église catholique. Controverses à l'usage du peuple. 2e édition, H. Casterman, Paris, 1857.

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