Mais uma árdua tarefa de tradução finda! Mas valeu a pena e se soma aos demais artigos da Operação Memória, seja para que não aleguem - como costumam fazer - que não se disse o que se disse, ou que não era esse o sentido, seja para compreender melhor como funciona a mente do Superior Geral, seus anseios, suas esperanças e sua imensa ingenuidade que chega a fazer corar Poliana. As notas se fizeram necessárias, primeiro porque não quis interferir no texto; depois porque para alguns somente desenhando para compreenderem o que está acontecendo; por fim porque, em meu blog, me dou o direito de comentar o que publico. Aos que dormem, recomendo a atenta leitura do artigo do Pacientes na Tribulação: "Onde está a reação?".
Que Nossa Senhora da Luz possa iluminar as mentes dos que dormem!
GdA
O SUPERIOR TENTA SE EXPLICAR
Uma análise da conferência de Mons. Fellay em Ontário, Canada.
Sexta-feira, 28 de Dezembro de 2012.
O artigo foi publicado originariamente no site The Recusant.
Esta conferência de Mons. Fellay é certamente interessante para os fiéis da FSSPX, até porque é a primeira apos vários meses. Dada no final de um ano tão turbulento e tempestuoso para a FSSPX, o Superior geral a terá razoavelmente considerado seja como uma oportunidade para expor, de alguma maneira, “a sua versão dos fatos”, seja para apresentar a seus sacerdotes e a seus fiéis um relatório sobre o ano que se encerrou. Afinal, todo o barulho de 2012 era necessário? O que foi isso tudo? Com qual finalidade? A situação atual deve se prolongar? Em caso afirmativo, por quê?
Os distúrbios de 2012
O Superior geral usa a primeira parte de sua conferência para comentar as diversas perturbações, mas sem se delongar demais. Inicia a sua conferência dizendo aos presentes que as controvérsias e os distúrbios na FSSPX não são uma novidade. Praticamente todos os anos – diz ele – a FSSPX “é objeto de ataques do demônio. Eu uso propositalmente estas palavras, não se trata de uma metáfora, mas de uma realidade. Vocês sabem que as Escrituras dizem que o diabo vagueia procurando a quem devorar...”.
Então continua, dizendo que esses “ataques do demônio”, até agora, permaneciam relegados a um ou outro canto, em uma determinada área da FSSPX, em alguma parte do mundo. Este é o primeiro ano, afirma, que o “problema” não se limitou a alguma parte da FSSPX, mas se estendeu, mais ou menos, a toda a FSSPX no mundo[1].
Como podemos ter certeza de que os “ataques” de 2012 foram obra “do demônio”? Segundo Mons. Fellay, por este motivo:
“Então, temos um problema, e há pessoas que reagem a este problema, e há, então, certa proporção. Diria que este é o que chamaríamos um problema normal. Quando, de repente, se verifica uma total discrepância entra a coisa real e a reação, eis que se manifestam as paixões, eis que há uma explosão... É como um vulcão que explode; então, se compreende, se vê que tal desproporção é causada pelo diabo. É este seu modo de agir”.
Caros leitores, se esperavam por respostas mais precisas por parte do Superior geral, temo que restareis decepcionados[2]. Qual é, exatamente, a natureza e a dimensão (presumivelmente pequena?) do “problema” ao qual reagiram de modo excessivo certas pessoas (quais?)? Qual foi exatamente a natureza dessa “reação”, e como podemos ter certeza de que a reação das pessoas foi desproporcional? Toda vez que tenta responder a uma questão, parece que Mons. Fellay levanta outras quatro ou cinco. De fato, foram levantadas tantas questões que poderíamos encher este artigo com uma discussão sobre o que o Superior geral não diz e não explica. Foi-nos oferecido muito pouco, além de uma vaga conversa e generalizações, e uma descarada tentativa de angariar simpatia (“... eu tive de suportar...”). E, no entanto, o todo dá a impressão de que ele acredita ter dito mais do que o suficiente para esclarecer as coisas.
Tomemos por exemplo a parte, logo no início, onde parece que ele levanta uma questão óbvia, que, depois, coloca decepcionantemente de lado com uma não-resposta:
“Porque houve confusão? O problema com esta confusão [é] que algumas pessoas depois perderam a confiança na autoridade. Posso dizer que é o maior problema, porque, quando você perde a confiança na autoridade, você é abandonado à própria sorte”.
Mas o que causou a confusão? A perda da confiança na autoridade! Muito bem: mas o que causou a perda da confiança na autoridade? Tudo o que ele nos diz é que a perda de confiança na autoridade é uma coisa errada. Isso, de per si, é verdade, mas certamente não é o que está em questão. Neste caso particular, a perda de confiança foi justificada ou não? Foi causada pela própria autoridade? Muitos fiéis da FSSPX, especialmente no Ocidente, perderam qualquer confiança nas autoridades seculares, mas o fato é que os nossos governos não merecem seguramente a nossa confiança ou o nosso apoio – certamente o Superior geral não pretende afirmar que erramos ao desconfiar de “autoridades” como Barack Obama ou David Cameron! De tal forma que se pode dizer que a perda da confiança na autoridade pode ser uma coisa boa ou má, pode ser justificada ou não; tudo depende[3].
A internet demoníaca[4]
Ele chega a dizer que “... muitas coisas que foram difundidas na internet neste período eram simplesmente falsas”.
A que se refere? Estaria se referindo, talvez, a diversas palestras de seu primeiro assistente, dom Niklaus Pfluger, amplamente divulgadas pelos sites oficiais leais a ele e sob seu controle? Vejamos, por exemplo, a palestra de abril de 2012[5], em Hattersheim, Alemanha, na conferência promovida pela Associação Actio Spes Unica, onde dom Pfluger assegurou a seus ouvintes, como se fosse um fato consumado, que à FSSPX havia sido oferecido um acordo sem condições limitadoras para firmar, um reconhecimento unilateral sem exigências à FSSPX, e que este fato justificava as negociações em curso com a Roma não-convertida. Os eventos posteriores, e as próprias palavras de Mons. Fellay no Canadá e alhures, provaram que não passava de notícia sem fundamento, peça infundada de boataria para a qual não havia evidência alguma e muito menos provas. Para usar as mesmas palavras de Mons. Fellay, a tese de Dom Pfluger era “simplesmente falsa”! Estranhamente, porém, nenhuma providência foi jamais tomada contra dom Pfluger, até onde saibamos.
E, ainda, para que ninguém possa pensar que Mons. Fellay se referisse não a Dom Pfluger, mas a sites “impertinentes” como Cathinfo e Ignis Ardes, é oportuno ter em mente a questão (que Mons. Fellay também deixou de afrontar) do por que de tantas pessoas terem sentido a necessidade de consultar sites que não são controlados pela FSSPX oficial! Se um grande número de fiéis não tivesse perdido totalmente a confiança nos sites oficiais da FSSPX (DICI, SSPX.org e outros), não haveria tal quantidade de “rumores” (praticamente todos eles, vejam só, tem se revelado verdadeiros). Se o leitor deseja conhecer um exemplo concreto e muito recente de como DICI tenha se tornado totalmente não confiável e unilateral, e de por que os fiéis se voltaram em massa para sites “não oficiais” da FSSPX, recomendamos o artigo “Quo vadis DICI...?“, publicado no TheRecusant.com.
De fato, durante sua manifestação, Mons. Fellay admitem claramente (mesmo que involuntariamente) que, quando se lê algo no DICI, não deve ser tido ao pé da letra, e que ele [dom Fellay] pode agir e expressar-se publicamente com segundas intenções. Assim, explica a seus ouvintes que publicou sua entrevista de 8 de junho com o escopo de ver como reagiria Roma: “Fiz um teste, publiquei uma entrevista no DICI...”. Sendo assim, como podemos ter certeza de que as futuras[6] entrevistas no DICI não sejam meros “testes”? Que as palavras que ele pronunciou na própria conferência de Ontario não sejam outro instrumento de manobra política, ato para ver como reagirão a ele? Quando o Superior de uma Fraternidade, que se supõe mantenha certo grau de retidão e que fale veritativamente em relação ao desonesto mundo moderno, se comporta assim, há razões para uma séria preocupação. Nada a estranhar, portanto, que os fiéis católicos tradicionalistas se voltem para os “impertinentes” sites não oficiais quando percebem que a principal preocupação dos sites oficiais da FSSPX, como DICI, diz respeito mais às “relações com Roma” do que à apresentação da verdade[7].
Para não sermos acusados de deixá-lo passar, devemos mencionar o exemplo concreto de “falsidade na internet”, citado pelo Superior geral, ou seja a famosa “regra dos três anos”. Alguns websites “impertinentes” relataram que, no Pentecostes de 2012, por ocasião de sua visita ao distrito austríaco para as Crismas, durante uma reunião com alguns sacerdotes, ele teria revelado a eles as condições oferecidas por Roma e que ele cogitava aceitar. Entre essas condições, teria dito que havia aquela que colocava de qualquer modo a Fraternidade sob o Ordinário do lugar onde ela operasse, e que haveria necessidade da permissão do Ordinário para manter abertos os centros de Missa que existissem a menos de três anos. Deixemos para depois a consistência deste “rumor” (que reputamos verdadeiro) e de seu sucessivo desmentido (que reputamos falso), como também do semidesmentido (que reputamos marcha-a-ré) e da reviravolta do caso (que suspeitamos seja um ótimo exemplo de como sair de uma cilada). Se aquilo de que muito de nós suspeitamos for certo, se torna mais evidente, para quem tem olhos para ver, como não possam ser levadas a sério as palavras de um bispo político. É curioso que ele escolha como exemplo exatamente este caso. Desnecessário dizer, muitos de nós estão convencidos de que o que foi divulgado na internet sobre aquele discurso dele aos sacerdotes austríacos seja exatamente o oposto de “totalmente falso”!
Um silêncio que diz muito
A maior parte do discurso de Mons. Fellay se compõe da narração de suas diferentes relações com o clero romano, que não devemos permitir que nos distraia. Com politiqueiros modernos é frequentemente o caso de gasto de uma grande quantidade de energia, de aria fritta[8] e retórica, postas em prática para não dizer nada[9]. E é inegável que Mons. Fellay, durante uma hora e quarenta minutos, não fala de muitas das coisas mais importantes que, como ele deveria saber, necessitam de ser conhecidas urgentemente. Por exemplo, não fala de uma certa entrevista à CNS (além de outras escandalosas afirmações: veja-se o artigo de Dom Chazal: “I Excuse The Council”[10]), que, até hoje, não foi retratada, e cuja gravação é acessível a quem queira ouvi-la[11]. Não faz qualquer menção ao escandaloso texto sobre um acordo apresentado por ele mesmo a Roma aos 14 de abril. Nenhuma menção a sua recusa[12] de última hora à ordenação dos candidatos dos Franciscanos e dos Dominicanos, pela qual não foram apresentadas sérias e convincentes razões. Nenhuma menção às argumentações avançadas por um significativo número de sacerdotes (e por todos os três confrades Bispos nesta ou naquela ocasião) contra a sua posição e as suas declarações. Nenhuma menção às suas pesadas medidas punitivas contra sacerdotes e fiéis[13] que eram publicamente em desacordo com ele, ou à persistente falta de qualquer tipo de explicação sobre o porquê foram punidos. E, finalmente, a mais reveladora do que todas: nenhuma menção ao gigantesco problema que está sob os olhos de todos, a que não se faz referência, nem se alude, nem mesmo indiretamente: a recente expulsão de um dos quatro Bispos consagrados pelo venerado Fundador, expulso por crimes como a viagem ao Brasil para ministrar as Crismas e por ter-se recusado a interromper o seu breve e semanal “Comentários Eleison“, o único contato que lhe restara com os fiéis de todo o mundo[14]. Coisas essas sobre as quais seus ouvintes esperavam ouvir: questões relevantes que continuam a permanecer nem postas nem resolvidas.
Contudo, devemos esperar e rezar para que aconteça que o Superior geral se coloque, ele mesmo, algumas questões pungentes sobre o que aconteceu à FSSPX. Lamentar de ter sido “atacado pelo diabo” não serve de nada. Deve perguntar-se porque tantas pessoas, entre as quais alguns de seus ex-defensores, começaram a falar e a escrever simultaneamente contra ele. Estando assim as coisas, ele deixa todos com a nítida sensação de que ele pense que um grande número de fiéis e clérigos (muitos dos quais entre os mais experientes e respeitados na FSSPX) tenham, improvisa, inexplicável e espontaneamente, perdido o uso da razão, tenham enlouquecido e tenham atacado ele e a FSSPX. E por quê? Por que agiam a mando do diabo!
Em benefício de Mons. Fellay, o leitor nos permita lembrar que existem algumas causa muito concretas para as turbulências havidas em 2012 e para a perda da confiança na autoridade. Para explicá-las melhor, usaremos as palavras de um sacerdote da FSSPX, conhecido por muito de nós como muito equilibrado e de mente aberta, as quais foram escritas em junho passado em uma carta a Dom Thouvenot:
“As terríveis divisões que minam hoje a nossa Fraternidade não são o fruto de uma rebelião e da desobediência, mas claramente são o resultado de uma mudança sísmica de princípio por parte de nossos Superiores nas relações com Roma. Nenhum argumento convincente foi apresentado para justificar tal fundamental mudança de posição – o Santo Padre não mudou, de qualquer maneira, a sua insistência na hermenêutica da continuidade em relação à Tradição e nos ensinamentos do último Concílio. E, todavia, nos pedem para aceitar o contrário. Consequentemente, me parece bem claro que aqueles que verdadeiramente têm a responsabilidade pela atual crise não são os que tentaram preservar a firmeza de nossa Fraternidade e a profissão sem ambiguidades da fé católica diante das autoridades conciliares, mas os que escolheram abandonar a sabedoria de insistir na verdadeira conversão por parte da Roma modernista, antes de levar em consideração um acordo prático” [Carta de Dom Matthew Clifton a Dom Christian Thouvenot, de 27 de junho de 2012].
Em face do exposto, se pode compreender porque Mons. Fellay queira evitar uma discussão sobre as causas específicas das divisões de 2012, a partir do momento em que, mais do que qualquer outro, está no centro delas. A responsabilidade é sua, assim como, em última análise, ele é responsável por todas as venturas e desventuras da FSSPX – coisa que seguramente corresponde àquilo que significa ser o Superior. E, definitivamente, ninguém pode endireitar as coisas a não ser ele mesmo, se apenas tivesse a vontade de fazê-lo. Se, depois de tudo o que houve, não o faz é porque, como muitos de nós cremos, ele tem outras prioridades. Ele prefere uma menor, reduzida FSSPX, totalmente dócil e obediente à sua vontade e capaz de ser facilmente conduzida a um acordo com a Roma modernista, ao invés de uma FSSPX mais forte e mais unida, capaz de resistir a qualquer tentativa do gênero.
Lamentar desunião e lutas internas e, ao mesmo tempo, recusar-se obstinadamente a reconhecer toda possível causa; lamentar a destruição e nada fazer para preveni-la: constitui um modelo de comportamento que a Santa Madre Igreja já conheceu, em tempos relativamente recentes, e é possível que, se Mons. Fellay não tomar cuidado, possa passar à História como “o Paulo VI da FSSPX”.
O exemplo mais recente que mostra como seria ele próprio o envolvido nas causas da divisão na Fraternidade é dado por suas próprias palavras:
“Se olho e procuro entender aonde e de onde vem esta confusão, há diversos elementos que não ajudam. O primeiro e, talvez, o mais profundo, e causa de todos os demais, é que há anos estamos vivendo uma contradição presente em Roma. Procurarei desenvolver esse ponto, porque penso que seja o mais importante”.
E continua, assim, falando longamente de seu assunto preferido, bem testando por anos de uso (que para muitos de nós talvez fosse interessante em 2001, mas que agora perdeu, faz tempo, sua aura de novidade) – adivinharam! – “As nossas relações com Roma”. De fato, grande parte desse longo discurso de uma hora e três quartos trata deste assunto, e parece um tanto surpreendente que Mons. Fellay dedique tão pouco tempo às divisões na FSSPX. Não era exatamente isso que a maior parte de seus ouvintes esperava ouvir?
“Uma contradição em Roma”
O que diz Mons. Fellay sobre suas relações com Roma? Bom, alguma coisa de um certo interesse e muito de pouco interesse. Como já fez antes, em muitas ocasiões, o que é de maior interesse é o que ele não diz ou revela involuntariamente. Os leitores lembrarão as afirmações feitas por diversas pessoas que tiveram relações estreitas com Menzingen (de que se fala no artigo de The Recusant, n. 3, “Knowing How to Stay Sane”[15]), acerca do alarmante otimismo cultivado pelas pessoas residentes no centro de poder da FSSPX. Elas declararam que, por parte de Menzingen, havia uma excessiva vontade de acreditar em qualquer voz proveniente dos “corredores do poder” e de aceitar as palavras pessoais, oficiosas e não verificadas de cada um dos personagens romanos (“nossos amigos”), com uma ingenuidade quase infantil. Estas afirmações sobre Menzingen são corroboradas, talvez até involuntariamente, pelo próprio Mons. Fellay, por diversas vezes, durante a conferência. Vejamos, por exemplo, quanto segue:
“Mas o grande, grande problema naquele momento era o seguinte: mesmo antes de 14 de setembro, recebi mensagens de pessoas que trabalham em Roma e que nos são amigas. Pessoas que se ‘queimaram’ porque são muito próximas de nós, e que trabalham em Roma, e que são nossas amigas. E essas pessoas me disseram: ‘o Papa está para reconhecer a Fraternidade e tem a intenção de fazê-lo como fez com as excomunhões, isto é, sem nada em troca de vossa parte’. O Papa o fará. E recebi várias mensagens de diferentes pessoas, cuja autenticidade, digamos, não podia ser questionada. Por exemplo, uma delas trabalha na Ecclesia Dei, o organismo que tem a ver conosco. E esta mesma pessoa, depois que recebemos o texto, nos disse: ‘Isto não é o que quer o Papa!’.
Então, vejam, eu recebi todos esses tipos de mensagens que contrastavam entre si. Uma oficial, à qual precisava dizer claramente que não. E outras mensagens, que certamente não eram oficiais, e que diziam: ‘Não, isto não é o que quer o Papa! O Papa, ele é muito mais inclinado para vós!’(...)”.
Mensagem não oficial de “um amigo” em Roma: “O Papa está do lado de vocês!”; mensagem oficial do Vaticano e do Papa: “Não podeis dizer que no Concílio há erros”. Que confusa contradição! Talvez Mons. Fellay deveria prestar atenção ao conselho dos fiéis e não estar pronto a dar ouvido às vozes! Afinal, a contradição é, de qualquer forma, sempre a mesma: os sussurros nos bastidores não oficiais que são positivos, e a resposta oficial romana que insiste na aceitação do Concílio. Me pergunto: Mons. Fellay notou isso? Se o notou, lhe ocorreu questionar-se do que poderia se tratar? Como observa o autor de “Knowing How to Stay Sane”, quando se trata com a Roma moderna, quando se deve firmar um acordo ou se colocar sob a autoridade romana, se deve esquecer qualquer coisa da “Roma oficiosa”, porque é com a “Roma oficial” que se deverá firmar, a Roma que fala abertamente, a Roma cujas palavras, cujos pensamnetos e cujos comportamentos podem ser clara e concretamente observados em suas diversas ações e em seus documentos oficiais[16]. Em caso de dúvida, a qual Roma o homem prudente deve prestar mais atenção? No caso de Mons. Fellay, parece que tem se respondido a esta questão com um constante otimismo baseado sobre o que nos diziam os “nossos amigos em Roma” (“O Papa está do lado de vocês” etc.), sem que se aprendesse qualquer lição do valor do que é dito pelos “nossos amigos” da Roma modernista. Para nós, a crítica que Mons. Fellay faz à incoerência de Roma é totalmente injusta em relação aos romanos. Eles, publicamente e em veste oficial, foram e continuam completamente coerentes; coerentes no que respeita à nova Missa, coerentes e determinados em fazer do Vaticano II o marco da ortodoxia; coerentes e convincentes, nos fatos se não nas palavras, em crer que a Igreja iniciou em 1965; coerentes e indiferentes (ou até hostis) contra qualquer coisa que havia antes; coerentes e determinados a tomar todas as medidas necessárias para silenciar os poucos críticos remanescentes do Vaticano II, entre os quais a FSSPX é, talvez, o maior que restou.
Muitos outros problemas
A conferência contém muitas outras coisas interessantes (mesmo que para muitas de maneira indireta), além das que falei antes, mas por razões de espaço limitar-me-ei a resumir algumas. O leitor suficientemente corajoso e paciente poderá encontrar a transcrição de toda a conferência em nosso site, na página “Reference materials”, a fim de que possa julgar se o que eu disse é totalmente infundado.
o Ainda uma vez, Mons. Fellay revela involuntariamente a sua devoção a Roma e seu forte desejo de concluir um acordo com a Roma de hoje. Por exemplo:
o “Agora, eu digo, esta carta, se apenas tivesse tido esta carta, teria significado o fim de nossa relação com Roma.” (Teria sido realmente uma coisa ruim?)
o “E... esta é a situação, está tudo bloqueado... Eu me pergunto ainda o que podemos fazer para levar adiante os colóquios doutrinais. Podemos? Há uma maneira possível? Ainda não sei, eu tenho alguma ideia, mas está tudo bloqueado! (...) E o problema é que nós temos os modernistas que gostariam de por fim à história da Fraternidade, com uma condenação, e há tantas pessoas que ainda esperam obter alguma coisa. Francamente, não sei como isso possa ser possível. Para mim, agora esta situação está realmente bloqueada”.
o Notem-se as claríssimas implicações deste tipo de linguagem. É Roma quem impede um acordo. São os modernistas que querem a separação entre Roma e a FSSPX. E nós, entanto, temos feito todos os esforços para continuar as negociações com os modernistas e ainda temos esperança em um acordo com a Roma modernista, se ainda fosse possível.
o A prova da intenção de Mons. Fellay de dobrar-se à vontade de Roma, pelo menos até certo ponto, de “encontrar um meio termo”, de aceitar pelo menos em parte as exigências dos modernistas é dada, a título de exemplo, por sua decisão de não fazer ordenações subdiaconais na Alemanha em 2009, porque lhe fora pedido pessoalmente pelo Cardeal Castrillhon Hoyos[17]. Naquela ocasião, ele não foi tão longe quanto queria o cardeal (o cancelamento total das ordenações), mas pelo menos se estabeleceu um precedente com base no qual as mudanças na FSSPX viriam a se tornar uma prática normal, segundo a conveniência da Roma modernista.
o Mons. Fellay admite claramente ter tido uma confiança infantil nas boas intenções do Papa, pelo menos até pouco tempo atrás, e de ter mantido, mais ou menos, o ponto de vista corrente de um bom papa cujas mãos são amarradas pelos cardeais e bispos malvados. Não está claro ainda se os eventos posteriores serviram para curá-lo de tais ilusões infantis. Todavia, é bastante claro que a sua visão permanece aquela de ser irrealisticamente confiante no “Papa”.
o Como prova cabal desta visão, se pode relembrar de sua surpreendente admissão de enxergar algo de positivo na nomeação de um homem de Igreja romano cuja descrição se encaixa apenas a Mons. Di Noia (“que parece ser mais aberto ou que quer representar a posição do Papa”); nomeação que, ele disse, foi feita pelo Papa para contrabalancear a “má nomeação”[18] de Mons. Müller! Aos leitores de The Recusant, lembro as palavras de Mons. Di Noia que relatamos em um artigo anterior, com as quais afirma que o escopo da reconciliação com a Fraternidade é o de endossar, com os fatos, o Vaticano II, demonstrando que não há qualquer ruptura entre o pré e o pós Concílio.
o Mons. Fellay avançou um assunto problemático, propondo-o (e o propôs ao Papa) como meio de “reunir” a FSSPX com Roma. Os Gregos ortodoxos, disse ele, adotaram uma declaração na qual o ponto principal de desacordo (a questão da anulação do matrimônio) foi simplesmente ignorado. Ele pediu ao Papa um acordo nesses termos: não falar de Vaticano II[19]. Com esse assunto surgem tantos problemas que não se sabe por onde começar. O leitor queira considerar o quanto segue:
o Como pode a FSSPX continuar a criticar[20] o Concílio se, na base do acordo, falta qualquer referência à coisa mais importante sobre a qual se discorda?
o O que está em jogo não é a validade de alguns matrimônios, por mais importante que seja, mas toda a Fé Católica. O Modernismo é um sistema de pensamento e como tal abraça o conjunto da Fé Católica e é capaz de fazer desaparecer o verdadeiro significado de cada formulação de fé.
o No caso do acordo firmado pelos Gregos ortodoxos, quem na disputa estava com a razão (Roma) era a maior, a mais forte e a mais anciã das duas partes. Em nosso caso, quem está com a razão é de longe o mais fraco. Negociar de uma posição de mais força é uma coisa, outra bem diferente é fazê-lo de uma posição de fraqueza, como no nosso caso.
o Se o acordo “silencioso” dos Gregos era uma boa ideia, por que os Gregos ortodoxos ainda não se reuniram a Roma? Os fatos demonstram como essa tentativa falhou. Porque deveria ter êxito em nosso caso?[21]
o É a Verdade que tem o primado; e os verdadeiros ensinamentos de Deus têm o direito de ser reconhecidos por todos, mesmo pela Roma modernista. Não queremos ser reconhecidos em nome do pluralismo. Roma deve reconhecer seus erros e converter-se de seu Modernismo. A assinatura de tal tipo de acordo que “ignora a guerra” não permitiria a Roma de retirar de seu modernismo. Pior, equivaleria a admitir que nós não esperamos ou não exigimos tal conversão. O que nos exigimos é que a Roma conciliar se arrependa. Não queremos ser colocados em um altar lateral da Catedral do pluralismo conciliar, com um acordo que nos seja concedido apenas sob condição de que aceitemos viver em harmonia com os outros ocupantes.
Uma visão simplista da crise
A bem da verdade, neste discurso o que sobressai é, talvez, a própria visão da crise que Mons. Fellay tem, o que se constitui no maior motivo de preocupação. Para um tradicionalista preparado e aguerrido, que está acostumado a discutir sobre a crise na Igreja e a considerar todo tipo de resposta apresentada por pessoas que têm posições diferentes, este discurso deixa na boca um sabor particular. É difícil evidenciar o que exatamente está errado e, mesmo depois de um sucessivo exame, é difícil elucidar o problema. Ainda uma vez, talvez, a questão esteja não tanto naquilo que ele diz quanto naquilo que ele não diz (nem sempre se percebe logo, se há algo que falte). Por exemplo, ele chega a dizer que a liberdade religiosa é uma mal, e isto é muito justo; mas, de per si, não é suficiente, e ele não oferece motivos suficientes para explicar por que é um mal. Não fala realmente da raiz do problema. É como se dissesse simplesmente que é um mal, para “provar” que ele está ainda, por assim dizer, “do nosso lado”. Para entender o que é que falta exatamente, lembremos o que disse a respeito Mons. Tissier de Mallerais, em sua entrevista ao jornal Rivarol, de junho passado[22]:
“Jerome Bourbon: Pode nos precisar este problema de fé que o senhor espera ver resolvido em primeiro lugar?
Mons. Tissier: Claro. Trata-se, como dizia Mons. Lefebvre, da tentativa do Concílio Vaticano II de reconciliar a Igreja com a revolução, de conciliar a doutrina da fé com os erros liberais. É o próprio Bento XVI que o disse em seu colóquio com Vittorio Messori em novembro de 1984: ‘o problema dos anos 60 (portanto do Concílio) era a aquisição dos valores mais bem amadurecidos de dois séculos de cultural liberal. Valores que, embora nascidos fora da Igreja, podem encontrar seu lugar – contanto que examinados e corrigidos – em sua visão de mundo. Nestes anos se cumpriu esta tarefa’ [Relatório sobre a Fé. Vittorio Messori em colóquio com Joseph Ratzinger, E. Paulinas, 2ª ed., 1985, p. 34]. Eis a obra do Concílio: uma conciliação impossível. ‘Qual conciliação pode haver entre a luz e as trevas?’[23], diz o Apóstolo, ‘qual entendimento entre Cristo e Beliar?’ (2Cor. 6,15). A manifestação emblemática desta conciliação é a Declaração sobre a liberdade religiosa. No lugar da verdade de Cristo e de seu Reino social sobre as nações, o Concílio colocou a pessoa humana, a sua consciência e a sua liberdade. É a famosa ‘mudança de paradigma’ que confessava o Cardeal Colombo nos anos 80. O culto do homem que se fez Deus substitui o culto de Deus que se fez homem (Cf. Paulo VI, Discurso de encerramento do Concílio, 7 de dezembro de 1965). Trata-se de uma nova religião que não é a religião católica. Com essa religião, nós não queremos qualquer compromisso, qualquer risco de corrupção, até mesmo qualquer aparência de conciliação, e é esta aparência que nos dará a nossa assim chamada ‘regularização’. Que o Coração Imaculado de Maria, imaculado em sua fé, nos conserve na Fé Católica...”[24].
Se considerarmos o que disse outro Bispo[25] (até pouco tempo atrás da FSSPX), acerca da crise, poderemos perceber, pelos menos em parte, o que falta. Nesse discurso de Mons. Fellay não se fala de “cinquantismo”, do “confortável sistema” no qual caíram os Católicos no começo dos anos 60; não se fala de como a tibieza dos Católicos em um tempo de exterior prosperidade possa conduzir, uma geração ou duas mais tarde, a uma forte queda, e não se concebe, por nada, como a mesma coisa possa ser verdadeira para a atual FSSPX; não se fala do modo em que Deus Onipotente pune e purifica diante do sucesso material, à evidência dos números etc., que sejam acompanhados de falta de zelo e de verdadeira devoção para com Ele. Nenhuma alusão ao fato de que o ponto de partida absoluto para a restauração da Igreja seja a fé e a santidade pessoal, ou, como diz Solzhenitsyn, que a fronteira entre o bem e o mal passa pelo centro do coração humano.
A crise na Igreja não é apresentada em função de Deus e de Seu poder de por um fim a essa situação com a Sua graça. Ao contrário, é apresentada em termos definitivamente humanos, quase que Roma e a FSSPX fossem dois partidos políticos que negociam uma aliança por meios diplomáticos. Além disso, como foi dito antes, Mons. Fellay (assim como Dom Schmidberger e Dom Pfluger) está sujeito a um equívoco acerca da consistência e da força da FSSPX. Outro certo Bispo esteve na boca de todos por muitos anos por haver tratado da fidelidade da FSSPX e de sua capacidade de permanecer incontaminada da peste do modernismo que varreu a Cristandade. Em comum com muitos de nós, este arqui-inimigo episcopal de Mons. Fellay sempre teve ao menos a humildade de reconhecer que a FSSPX, onde um tempo ele ocupava uma posição de relevo, na realidade é relativamente pequena e frágil, uma desesperada obra de compartilhamento mantida unida com a corda, a fita adesiva e a goma de mascar. Na visão de Menzingen, como dissemos, a Fraternidade seria ungida por Deus e, como tal, “entraria na Igreja”[26] e a “restauraria de dentro para fora”[27] (ao invés de ser como um mosquito em um barril de alcatrão!), e este discurso parece expressar isso tudo. Também foi dito que falar do castigo, mencionar o fim do mundo ou debater em maneira mesmo que remotamente apocalíptica constituem anátema aos ouvidos de Menzingen. Baseando-nos nessa conferência, não se pode dizer que isto esteja provado, mas, ainda uma vez, esta parece expressar tudo isso.
O fim está próximo.
Talvez por causa desta visão simplista nos cabe enfrentar um último ponto dolente. A crise da Igreja está próxima de acabar? Melhora? Piora? Então, para o Superior Geral:
“A certo ponto, quando o inverno vai acabando, sobre as árvores se veem novos brotos, recém-nascidos. São coisa pouca. Mas quando os vemos, sabemos que a primavera chegará. Mas se dizemos: eis a primavera, a gente dirá: imagine, é inverno! Faz frio! Neva! Gela! Tem vento! Não diga que é primavera! Não é verdade! É inverno! E nos dizemos: ambos têm razão, é inverno. E eu digo: se olhamos para a situação da Igreja é ainda inverno, mas começamos a ver pequenos sinais que começam a dizer que a primavera está chegando”[28].
De fato, o que ele afirma é que, não obstante a crise na Igreja não esteja se encaminhando para o fim, ela estaria para acabar. Assim, estariam corretos ambos os pontos de vista[29]. Colhemos nesta analogia um grande problema. Em primeiro lugar, a visão que temos como “profetas da desgraça” é aqui deturpada (mesmo que involuntariamente). Não é que estejamos meramente em pleno inverno, mas é que a crise na Igreja continua a piorar com o passar dos anos, e as coisas podem piorar ainda mais. Assim que é difícil enxergar como se possa conciliar com facilidade a nossa visão [de “profetas da desgraça”] com esta outra visão “otimística”. Os brotos podem aparecer no inverno, mas não no início do inverno! Além do mais, os pequenos sinais que Mons. Fellay reputa sejam “brotos” (a mais jovem e mais conservadora geração de clérigos!) colocam um problema ainda mais complexo de quanto ele possa crer. Como dissemos antes, não estamos falando de dois lados políticos; sem contar que há outro modo de interpretar esses “sinais”. Devemos lembrar que Mons. Lefebvre costumava se referir frequentemente ao Vaticano II como à “Revolução francesa na Igreja”. O que estamos assistindo agora, nesta Revolução francesa conciliar, pode ser o clássico passo atrás que segue os precedentes dois passos adiante. Após o inicial, brutal e violento sucesso da Revolução, Bento XVI (no papel de Napoleão) deve, agora, consolidar a divisa da Revolução, e, para este fim, deve parece um pouco mais conservador ou, pelo menos, mais tolerante que seus predecessores, com o fim de trazer de volta os recalcitrantes sob o guarda-chuva revolucionário.
Entretanto, em última análise, a crise na Igreja não foi causada pela política, mas por um balanceamento entre o pecado e a graça, entre o vício e a virtude, a fidelidade e a infidelidade, e é a partir da causa que se encontra a solução. Pensar que o fim da crise está à vista porque alguns jovens sacerdotes são, de algum modo, um pouco mais conservadores que seus imediatos predecessores, nos parece ser uma visão um tanto estreita de um problema complexo, ligada, repito, a uma visão pessoal desta crise e do que a causou. Em nosso modesto aviso, Mons. Fellay não entendeu no que consiste propriamente esta crise e faria bem a aprendê-lo de seus confrades Bispos que hoje ele persegue: em particular Mons. Tissier de Mallerais e Mons. Williamson.
Portanto, em última instância, o que podemos esperar pode se resumir nesta pergunta: a FSSPX será vendida ao inimigo ou Mons. Fellay aprendeu a lição? Pois bem, como era de se esperar, Mons. Fellay não diz explicitamente, definitivamente, sim ou não, diz que não o reputa possível: desmentido toda confiança otimística. Parece claro, de fato, que a ele agradaria o acordo, contanto que os modernistas de Roma se despusessem a ser flexíveis e diplomáticos como ele. Mas, do jeito que as coisas estão agora, está tudo bloqueado. Então, se ainda não houve algum acordo é apenas porque Roma é mal disposta contra ele, e não por falta de empenho por parte do Superior Geral. O fato de que ele persista em não excluir, em princípio, qualquer acordo com a Roma não-convertida, como fez Mons. Lefebvre, é para nós uma razão suficiente para estarmos muito preocupados e para continuar a vigiar e a orar. Se Mons. Fellay prosseguirá pela sua estrada, o acordo será feito, e mesmo que este não aconteça, pouco importa: o que mudou substancialmente é o próprio modo pelo qual a direção da FSSPX pensa e fala da crise na Igreja, dos modernistas de Roma e do escopo e da razão de ser da FSSPX. Talvez seja este o aspecto mais terrificante: o escorregamento aconteceu, com o sem acordo. E a única pessoa que pode agir com decisão para por um fim nessa situação não parece ter entendido bem o caos que contribuiu para criar. A FSSPX se encontra, talvez, na posição mais precária de sua história. Que Deus tenha piedade de nós!
Fontes:
Tradução: Giulia d’Amore di Ugento, 21/01/2013. Publicado no Pale Ideas: 22/01/2013.
Os links foram substituídos para a versão em Português, sempre que possível. Por gentileza, se houver algum erro de tradução/revisão/digitação, me comunique. Ficarei imensamente grata.
[1] Obviamente, ele não se sente responsável por isso.
[2] A linguagem do Superior é a linguagem de um modernista: fala, fala e não diz nada.
[3] O problema da relativização causa esse tipo de confusão. Por outro lado, o autor tem razão, porque, se para o Superior a confiança na autoridade é algo absoluto, não pode nos dizer que não devemos confiar na autoridade de Obama ou, em nosso caso, da Dilma. Estaria se contradizendo. Coisa que não é estranha em seu falar e proceder, de fato.
[4] Então, se a Internet é má, porque a Casa Generalícia (leia-se Menzingen) e todos os Distritos têm um site na Internet? Para quem escreve dom Fellay na internet? E padre Bouchacourt com seus editoriais esclarecedores sobre os “rebeldes”? A quem se dirige? Quem os lê? A quem se dirige o DICI? E o La Porte Latine de padre Le Cacqueray? A quem se dirige padre Le Cacqueray? Por acaso não seria aos fiéis, mas ao mundo? Se os fiéis não devem estar em sites de relacionamentos como o Facebook, porque o Priorado de São Paulo tem um (aberto em final de 2012)?
[5] Leia aqui (em Alemão).
[6] E as anteriores... Como se pode confiar em alguém que usa os canais oficiais de comunicação com os fiéis (principalmente) e o mundo (de forma mais ampla) de forma enganosa? No que mais engana? Quem engana? Como crer em qualquer de suas palavras, posto que, se admite mentir para os Romanos, como saber se não mente também para os padres e fiéis da FSSPX? A que título?
[7] Isso, de fato, é escandaloso. Além disso, quem não percebeu que ultimamente o DICI se tornou um divulgador dos acontecimentos da igreja Conciliar? Basta dar uma lida nas manchetes de notícias para perceber que fala pouco da Tradição e demais da igreja de Roma modernista.
[8] “Aria fritta”: em italiano, se usa para uma ideia, um projeto, um discurso inconcludente, evanescente, privo de substancia e fundamento.
[9] Tipicamente modernista: “fala, fala e não diz nada”.
[10] Pe. Chazal publicou “Eu acuso o Concílio“ e “Eu escuso o Concílio“. Enquanto o Cardeal Ratzinger dizia: “Eu escuso o Concílio”, Mons. Lefebvre lhe respondia: “Eu acuso o Concílio”. Agora quem escusa o Concílio é dom Fellay? Hummmm...
[11] Entrevista à CNS. Em Inglês.
[12] Recusa que teria sido por escrito e comunicada por dom Thouvenot. Ler a notícia aqui.
[13] Em relação aos fiéis foi particularmente abusivo porque não são membros da FSSPX. O pior é que, além de expulsar os fiéis, foram-lhes escandalosamente negados os Sacramentos, com ou sem explicações públicas ou privadas.
[14] Estes fatos não justificam uma expulsão por desobediência, como se falou exaustivamente em muitos blogs, inclusive neste.
[15] Disponível na versão escrita. O site me informou que futuramente poderá disponibilizá-lo online.
[16] Sinceramente, dom Fellay crê candidamente que o Papa fala uma coisa e faz outra? Que diz oficialmente que não estamos em comunhão com a Igreja Católica e que para tanto devemos aceitar o Concílio (e toda a legislação inerente) se quisermos ser reintegrados a Ela – porque é isso que, em palavras claras, Roma diz – e que, depois, às barbas do colégio episcopal, vai assinar conosco outra coisa? Vai assinar tudinho o que nós pedimos?! Ele vive em Menzingen ou no País das Maravilhas?
[17] Fato já mencionado por dom Fellay em Kansas City, em outubro de 2012, na conferência da Angelus Press.
[18] Hummm, então o Papa, o líder máximo da Igreja, ao invés de corrigir um erro, o compensa com algo pretensamente melhor? Então, o Papa toma uma decisão tão séria irrefletidamente e, impossibilitado de corrigir o erro de uma má decisão, o contrabalanceia com uma boa ação? Então, dom Fellay pensa que estamos todos em um Jardim da Infância?
[19] Vamos de mal a pior! Que sentido há em um acordo desses? E depois vêm me dizer que não se trata de um acordo prático! O que há de mais prático do que isso?
[20] Eu diria... condenar.
[21] Pelo mesmo motivo que, ingenuamente ou não, os acordistas creem que conosco não acontecerá o que aconteceu com todos os que capitularam e firmaram o acordo com a Roma modernista!!! Dom Fellay repete tudo o que criticou e condenou (por escrito e verbalmente) nas comunidades Ecclesia Dei. Ao ser indagado sobre esse perigo, o prior de São Paulo, ingenuamente ou não, respondeu: “isso não vai acontecer conosco!”. Por quê? Por acaso, seríamos, como se diz na Itália, filhos da Galinha Branca? Seríamos predestinados, naturalmente (ou sobrenaturalmente) imunes à corrupção conciliar? Seríamos investidos de uma graça especial que nos permitiria converter, por dentro, a Igreja oficial? Oras, se assim é, porque o Fundador não o fez? Não era ele também, como nós, recoberto pela mesma proteção sobrenatural? Não tinha ele graças de Estado de Sacerdote, Arcebispo e Fundador de uma fraternidade religiosa? E, o mais importante, quem promoverá a conversão de Roma não será a FSSPX ou o seu Superior, mas a Divina Providência! Não se trata de uma empreitada humana! É assunto de Deus. A FSSPX deve obedecer ao seu Fundador: assim cumprirá seu papel e guardará a Fé!
[22] “A fé vem antes da legalidade”. Entrevista de 1º de junho de 2012, publicada no semanal Rivarol, n. 3051, de 15 de junho de 2012. Cf. aqui.
[23] Parece que dom Fellay consegue enxergar qual conciliação pode haver neste caso. Imprudente e obstinadamente, ao invés de se guiar pelas sábias palavras do Fundador, e esperar pela conversão da Roma modernista, ele pretende conciliar luz e trevas. É ingenuidade mesmo? Ninguém permanece limpo em um chiqueiro. Toda congregação que percorreu este caminho acabou “se sujando”, ou seja, se convertendo ao Conciliarismo, abraçando as trevas. Quando aconteceu com Campos, o Superior viu o perigo e alertou os colegas de farda. Mas ele mesmo agora trilha esse caminho, como se achando imune, como eu disse acima, de qualquer perigo. Lembra-me Ícaro, que não era ingênuo, mas presunçoso.
[24] Bom, mas porque Mons. Tissier continua seguindo, como um cordeirinho, um Superior que está fazendo justamente o que ele mais condena? Não ouve o que ele mesmo diz? “Com essa religião, nós não queremos qualquer compromisso, qualquer risco de corrupção, até mesmo qualquer aparência de conciliação, e é esta aparência que nos dará a nossa assim chamada ‘regularização’.”
[25] Refere-se certamente a Mons. Williamson.
[26] Oras, a FSSPX já não está na Igreja? Ou, de fato, somos excomungados? Mas, se já estamos na Igreja... quo vadis, dom Fellay?
[27] Oh! Vaidade das vaidades! Então, quem está operando aqui não é a Divina Providência, mas a FSSPX!!! Ou melhor: dom Fellay!
[28] De fato, dom Fellay é fantasioso, ou um otimista crônico: a situação da Igreja está cada dia pior; a cada dia mais e mais escândalos atormentam a Igreja de Cristo. Onde e quando exatamente Sua Excelência enxerga esta primavera? Quais são os brotos que ele visualiza no alto da árvore toda coberta de gelo? Creio que se equivoca, são miragens de uma alma cansada da luta ou... Mas, levante a mão quem está permeado de tão animado otimismo acerca da situação da Igreja!
[29] Se esta não é uma visão modernista da situação... não sei mais qual seria!