P - Nunca podem gozar da paz do coração, aqueles que deixam a Igreja católica para passar ao protestantismo?
R - É impossível que os apóstatas e os traidores, que saem do seio da Igreja Católica, tenham sempre a paz no fundo do coração. Pois eles são os inimigos de Deus, eles estão em revolta aberta contra Ele e contra Sua graça, e eles perderam completamente a Fé. Não há paz para o ímpio, é Deus quem afirma. Ora, se há um ímpio no mundo, este é, sem que se possa afirmar o contrário, o herético, o apóstata, o traidor.
P - Segundo o que o senhor diz, estes infelizes deveriam viver em uma incessante agitação de consciência, eles deveriam ser perseguidos por remorsos amargos...
R - Sem dúvida alguma. Quem sempre resistiu a Deus e teve tua paz?, diz a Escritura. Estes infortunados carregam o inferno em seu coração, eles são constantemente atormentados pelos remorsos e passam momentos em uma tristeza e em uma melancolia inexplicáveis. Eis o que os torna inquietos, tristes e agitados, o que os leva a buscar dissipações e companhias para adocicar suas penas. Mas todos os seus esforços permanecem inúteis.
P - Isso não é possível. Pois eu os vejo, ao contrário, sempre alegres, sempre nos divertimentos e prazeres.
R - Tudo isso é apenas simples aparência. Ao nos determos somente em suas palavras e em seus atos, seríamos tentados em crê-los felizes; mas, na realidade, suas palavras e seus atos enganam. Estas pessoas são semelhantes a devedores esmagados por dívidas, que se embriagam para não sentir seu estado; mas, uma vez a embriaguez dissipada, seus lamentos retornam como antes. É assim que estes miseráveis apóstatas fingem a alegria, evitam a solidão, saem de si mesmos e vão à procura dos divertimentos para suprimir o remorso cruel que os persegue. Mas, não obstante todos os esforços, o verme roedor está sempre lá para devorá-los. Não, eu repito, não confie na aparência, não há paz para o ímpio.