A pior mentira é a que se tenta fazer parecer como normal. Isso aconteceu no sábado, no Circo Máximo[1], no final EuroPride[2], com o comício da Lady Gaga e a veneração midiática que acompanhou o evento. De fato, tentou-se fazer parecer normal o amor “sem limites”, como disse a popstar, o amor que independe da natureza, que quer as pessoas machos ou fêmeas. Este é o coração da questão antropológica, hoje: a rejeição da natureza e, portanto, de suas indicações e de seus limites. A “revolução do amor” evocada durante o evento no Circo Máximo vem de longe, desde 1968 pelo menos, e quer se estender a todos os Países que, como Itália, ainda não reconheceram juridicamente o casamento gay, como explicitamente disse Lady Gaga ao final do seu discurso, propondo-o como um objetivo político a ser alcançado no “tempo presente” e fornecendo uma lista desses Países, como anunciando um itinerário político a perseguir no futuro imediato: Lituânia, Rússia, Polônia, Líbano etc... Tudo o resto é contorno, apesar de um contorno importante que merece ser lembrado. Entretanto, é patética a tentativa de fazer parecer como parte perseguida o mundo GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais) que recebe uma mensagem da secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, a qual consegue fazer chegar especialmente a Roma, através da mediação do embaixador americano, a estrela considerada pela Forbes (2011) como a celebridade mais poderosa do planeta, que mobiliza a mídia de todo o mundo. Mas há mais. Há uma pressão extraordinária concentrada sobre quem permaneceu fiel a uma doutrina que reconhece a existência da natureza sexuada; do amor como projeto para sempre entre um homem e uma mulher; e a existência de limites morais que a própria natureza indica como não ultrapassáveis, precisamente não negociáveis: mas quem, no mundo ocidental, permaneceu ainda fiel a esta perspectiva além do Papa, do seu Magistério e dos católicos que estão com ele? A questão não é descabida. Que pressão foi exercida para que o prefeito de Roma, o on.[3] Gianni Alemanno[4], concedendo o patrocínio ao Europride e dando as boas-vindas a Lady Gaga, perdesse a honra e o apreço de muitos dos seus apoiadores que trabalharam duro para torná-lo prefeito em 2008? E quem levou a presidente de centro-direita da Região Lácio, Renata Polverini[5], a intervir na manifestação para levar uma saraivada de vaias? Eles fizeram as contas de quantos votos perdem e de quantos ganham com gestos como estes? Mas mesmo se ganhassem, ser de direita não queria dizer que há valores que prescindem do consenso democrático, da vantagem eleitoral (ou econômica ou de poder)? A confusão é grande. Fica o Pontífice e o ensinamento da Igreja, e pouco mais. Haverá alguém entre aqueles que ainda têm algum poder e influência que terá a coragem de fazer próprio esse ensinamento e sustentá-lo publicamente?
Marco Invernizzi
[1] Em Roma.
[2] O Europride é um evento que acontece todos os anos numa cidade europeia diferente, dedicada à celebração do Dia Internacional do Orgulho LGBT.
[3] On., abreviação de honorável. Título que distingue certos políticos italianos, sobretudo os membros do parlamento. Neste caso, o político em questão foi ministro de estado.
[4] Atual prefeito de Roma, desde 2008. Filiado ao PDL (Popolo Della Libertà – Povo Da Liberdade), partido político de centro-direita.
[5] Sindicalista e atual presidente (algo como governador) da região italiana do Lácio. Sem partido, é apoiada pelo PDL.
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