E quem, em sã consciência não gritou esse grito de dor? Eu ainda não vou falar a respeito, mas publico este manifesto porque é o que eu penso. E assino embaixo.
Um profundo grito de dor...
Não me perguntem!
Não me perguntem o que eu acho deste ou daquele pronunciamento, desta ou daquela conversa, do discurso diante de seminaristas, de encíclicas, de canonizações estilo fast-food ou de imagens pornográficas nos jardins vaticanos. Não me perguntem o que penso desta ênfase em se mostrar humilde, destes gestos, desta ânsia em querer simplificar tudo, em mudar tudo, reformar tudo, como se a reforma visasse apenas a estrutura burocrática, humana. Não, ela não visa somente isso, e por isso mesmo ela soa como uma blasfêmia aos meus pobres ouvidos de pecador.
Para
ser franco, não me perguntem e nem me falem de mais nada do que ocorre
hoje,
pois este pobre pecador se encontra incapaz de suportar mais um
pronunciamento,
mais um gesto, mais uma escultura, mais uma canonização, mais um
discurso ou
uma missa sobre um altar de marinheiros. E por isso mesmo, debilitado,
ovelha perdida, que recorro em silêncio ao Pastor celestial, que tanto
tem para
me dizer, para me confortar, para me acolher em sua Verdade, sem
delongas, sem
passar a mão sobre a minha cabeça, sem querer me desviar de suas
próprias leis.
Sim, é Nele que encontro o manancial de águas límpidas, as águas da fé
que não
se misturam em templos de candomblé, que não se esvaem pelo esgoto
fétido das
heresias protestantes. É Nele, por Ele e para Ele que ainda creio, mas
creio por meio da Igreja, e não nesta igreja.
Sim, a igreja que saiu do Concílio das mil maravilhas morreu, esta igreja com i minúsculo, da qual restou apenas este edifício carcomido que a cada dia derrama suas insanidades sobre os espíritos tão confusos, tão perdidos, não é a Igreja militante de sempre.
Entretanto,
mesmo confrontado com esta verdade tão límpida, tão clara como a luz do sol,
que muitos, por não serem águias, preferem ignorar, mantenho-me firme, pois
acredito que a Igreja triunfará, intacta, pois seu edifício resplandecente não
pode ser atingido por estes homens, por você, por mim. Sim, a Igreja de sempre
ainda está aqui, diante de nós, para nos mostrar o caminho seguro, a vereda que
nos levará ao Céu.
Por
isso, se querem me perguntar alguma coisa, perguntem-me sobre as grandes encíclicas
de São Pio X, de Pio XII, de Leão XIII; perguntem-me sobre São Pio V, São
Gregório, São Leão Magno, sobre São Bernardo, Santa Joana d'Arc, São Luís, São
Francisco – o verdadeiro -,
sobre santos que, mesmo exalando o odor da santidade, passaram pelo crivo da
Igreja, como se deve, sem atalhos, sem os "jeitinhos" da vida.
Perguntem-me da Idade Média, de seus reis trabalhando com a Igreja por uma
sociedade justa, fraterna; perguntem-me das histórias, das lendas, dos contos
das Cruzadas, até mesmo da grandiosa Inquisição. Perguntem-me da Missa
católica, aquela odiada por Lutero, vilipendiada em nossos dias pelos padres
que deveriam amá-la e defendê-la com todas as suas forças; perguntem-me dos
cânticos, dos grandes teólogos, dos grandes escritores; perguntem-me de
Bossuet, de São Tomás, de Fénelon, de Delassus, de Salvany, de Suarez, de
Alberto, de Alcuíno. Mas, acima de tudo, perguntem-me Daquela cujo coração imaculado
triunfará no fim de tudo isso, Daquela cujo esplendor e santidade ofuscam a
todos nós, pecadores. Perguntem-me da Santíssima Virgem, a quem, neste momento
de dor e de confusão, de quase desistência, confio meus últimos suspiros.
Com adaptações e imagem de: http://auxiliodoscristaos.blogspot.com.br/2013/07/um-profundo-grito-de-dor.html.
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