Com o devido cuidado, relevando bobagens de psicologia contemporânea barata, reflitam sobre isto. O que é a intoxicação digital? A quem interessa? Quais os malefícios principais e segundários? Você é viciado em tecnologia? Você ficaria uma semana sem tudo o que é "útil, confortável, moderno": eletricidade, televisão, internet, carro, colchão macio, micro-ondas... ? O que me diz?
CÉREBRO DE PIPOCA
Pesquisadores detectam há tempos
distorções, como a compulsão para se manter conectado, como um vício
O Google anunciou na semana
passada um projeto para enfrentar o Facebook, disposto a reinventar a mídia
social. A notícia teve óbvio impacto mundial e despertou a curiosidade sobre
mais uma rodada de inovações tecnológicas, capazes de nos fazer ainda mais
conectados.
No dia seguinte, porém, o
Facebook reagiu e anunciou para esta semana uma novidade também de grande
impacto, possivelmente em celulares. Para alguns psicólogos americanos, esse
tipo de disputa produz um efeito colateral: um distúrbio já batizado de
“cérebro de pipoca”.
Esse distúrbio é provocado pelo
movimento caótico e constante de informações, exigindo que se executem
simultaneamente várias tarefas. Por causa de alterações químicas cerebrais, a
vítima passa a ter dificuldade de se concentrar em apenas um assunto e de lidar
com coisas simples do cotidiano, como ler um livro, conversar com alguém sem
interrupção ou dirigir sem falar ao celular. É como se as pessoas tivessem
dentro da cabeça a agitação do milho explodindo no óleo quente.
A falta de foco gera entre os
portadores do tal “cérebro de pipoca” um novo tipo de analfabetismo: o
analfabetismo emocional, ou seja, a dificuldade de ler as emoções no rosto, na
postura ou na voz dos indivíduos, o que torna complicado o relacionamento
interpessoal.
***
Sou um tanto desconfiado de
notícias alarmantes provocadas pelo surgimento de novas tecnologias. Toda
ruptura desencadeia uma onda de nostalgia e de temores em relação ao futuro.
Mas algumas pesquisas em torno do
“cérebro de pipoca” merecem atenção por afetar o processo de aprendizagem. Uma
delas foi realizada em Stanford, a universidade que, por ajudar a criar o Vale
do Silício, na Califórnia, impulsionou a tecnologia da informação.
Neste ano, Clifford Nass,
professor de psicologia social na Universidade Stanford, revelou num seminário
sobre tecnologia da informação a pesquisa que fez com jovens que passam muitas
horas por dia na internet, acostumados a tocar muitas tarefas ao mesmo tempo.
Ele mostrou fotos com diversas
expressões e pediu que os jovens identificassem as emoções. Constatou a
dificuldade dos entrevistados. “Relacionamento é algo que se aprende lendo as
emoções dos outros”, afirma Nass.
O problema, segundo ele, está
tanto na falta de contato cara a cara com as pessoas como na dificuldade de
manter o foco e verificar o que é relevante, percebendo sutilezas, o que exige
atenção.
***
Os pesquisadores estão detectando
há tempos uma série de distorções, como a compulsão para se manter conectado,
semelhante a um vício.
Trata-se de uma inquietude
permanente, provocada pela sensação de que o outro, naquele momento, está
fazendo algo mais interessante do que aquilo que se está fazendo. Tome o
Facebook ou qualquer outra rede social.
Chegaram a desenvolver um
programa que envia para o celular da pessoa um aviso sempre que um amigo dela
está se aproximando de onde ela está.
***
O estímulo, porém, começa no
mercado de trabalho. Vemos nos anúncios de emprego uma demanda por pessoas que
façam muitas coisas ao mesmo tempo.
Mas o que Nass, o professor de
Stanford, entre outros pesquisadores, defende é o contrário. Quem faz muitas
tarefas ao mesmo tempo, condicionando seu cérebro, fica menos funcional. Não
sabe perceber as emoções e trabalhar em equipe, não sabe focar o que é
relevante e tem dificuldade de estabelecer um projeto que exige um mínimo de
linearidade. Não sabe, em suma, diferenciar o valor das informações.
***
Não deixa de ser um pouco absurdo
valorizar tanto os recursos tecnológicos que aproximam as pessoas virtualmente,
mas que as afastam na vida real.
Daí se entende, em parte, segundo
os pesquisadores, por que, em todo o mundo, está explodindo o consumo de
remédios de tarja preta para tratar males como a ansiedade e a hiperatividade.
PS- Perto da minha casa, aqui em
Cambridge, há uma padaria artesanal, com mesas comunitárias, que decidiu ir
contra a corrente. Seus proprietários simplesmente proibiram que se usasse
celular lá dentro para diminuir a poluição sonora e a agitação. Sucesso total.
O efeito colateral: ficou difícil conseguir lugar.
Por Gilberto Dimenstein em 04/07/11
[Grifos nossos]
DIGITAL DETOX WEEK
“Digital DETOX Week”
(semana da desintoxicação digital). Trata-se de uma campanha
internacional, que por muitos anos foi chamada de “TV Turnoff Week”. Com
a “evolução” dos tempos, o mesmo veneno que bebemos na TV foi se
espalhando pela internet e outros “gadjets”, seja na forma de sites de
relacionamento, bate-papos virtuais, mega-portais de notícias obcecados
por click$/audiência, mega-lojas virtuais onde se compra desde um ramo
de alface até uma geladeira, mecanismos de pesquisa envenenados por
marketing corporativo e fichamento populacional, centenas de músicas e
vídeos que agora cabem na palma da sua mão, jogos multi-player viciantes
que prendem verdadeiras massas, home-theaters embelezando o centro da
sala de estar, etc – a lista é inesgotável e por isso mudou-se o nome da
semana da TV desligada, por motivos de abrangência óbvios. Essa
multimída toda pode ter lados bons, mas o foco da campanha é na parte
fedorenta, pela primeira vez em época de crise mundial, quando existe
uma sensibilidade maior à transformações nos modos de vida.
[...]
Ficar uma semana sem usar a TV, o Google, o
Orkut/Facebook, o Messenger, o Blogger, o Youtube, o iPod, ou qualquer
tralha digital que se alimenta de momentos da vida. Fazer o “post” de
sua história no velho botequim do bairro com uma nova amizade, sentir as
emoções de um bom papo sendo vistas na expressão de um rosto, numa boa
gargalhada mútua e intraduzível através de emoticons, ficar triste de
verdade e experimentar a solidão, escrever uma carta manuscrita, levar a
namorada ao cinema, andar de bike com os filhos, curtir um alto e bom
som ao vivo, correr na chuva, sentir-se fisicamente esgotado, comer e
beber bem devagar, sentindo a cor, cheiro e sabor das coisas. Apesar do
tom imperativo, são apenas simples e humildes idéias para ilustrar a
mensagem – preencha sua vida “desplugada” por 7 dias.
Fonte: Internet
E então, você consegue se desconectar?
Só por curiosidade - e até anonimamente - gostaria de saber sua opinião: deixe abaixo, por favor!
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