25 de fevereiro
Santa Valburga
Virgem
Santa Valburga foi uma das mais populares santas da Idade Média. Ela nasceu por volta de 710, em Devonshire, no Reino de Wessex, ao sul da atual Inglaterra, de uma rica família anglo-saxã, os Kents, cristãos que desde o século III se sucediam no trono. Ela viveu cercada de nobreza e santidade. Seus parentes eram reverenciados nos tronos reais, mas muitos preferiram trilhar o caminho da santidade e foram elevados ao altar pela Igreja, como seu pai, São Ricardo, Rei dos Anglos. Sua mãe, Viana, (Wuna ou Wunna, ou Wina) era piedosa e extremosa, e também é venerada como santa pela Igreja. Eram parentes de missionários como São Bonifácio - conhecido como o "Apóstolo da Alemanha" - e Santa Lioba (memória 28 de setembro; mencionada aqui).
O santo casal teve três filhos: São Vilibaldo ou Vilebaldo ou Wilibaldo (700-787, primeiro bispo de Eichstätt), São Vunibaldo ou Vinibaldo ou Wunibaldo (701-761) e Santa Valburga. Vilibaldo foi educado na Abadia de Waltham, perto de Winchester. Vunibaldo, de temperamento menos ativo e mais contemplativo, foi educado em casa. Quando tinha seis anos de idade, nasceu-lhe uma irmã que foi batizada com o nome de Valburga, equivalente no grego a Eucheria, que significa “graciosa”. Muito cedo perderam a mãe, e uma amizade muito profunda ligou os dois irmãos. Já era a metade do século VIII, quando seu pai entregou o trono ao sobrinho, que tinha atingido a maioridade, e levou a família para viver num mosteiro. Em 721, Vilibaldo, então com cerca de vinte anos, manifestou o desejo de visitar a Terra Santa. Deixou a abadia com a licença de seu superior e voltou para Devonshire para persuadir o irmão a acompanhá-lo na viagem. O pai, Ricardo, estava enfermo, e Vunibaldo não queria deixá-lo só. Sequer mencionou ao pai os planos do irmão mais velho. Mas, este revelou seu plano e tão eloquente foi que o pai resolveu acompanhar os filhos na peregrinação.
Valburga tinha então 11 anos apenas. Ela sabia, contudo, que as peregrinações, muitos frequentes entre os saxões, exigiam muito dos viajantes que enfrentavam dificuldades e perigos; muitos meses se haviam de passar antes que fosse possível receber noticias dos peregrinos; o seu pai era velho, talvez não resistisse aos rigores da penosa e longa peregrinação... Todavia, nada fez para dissuadir seu pai de tão santa decisão.
A Rainha Cuthberga fundara recentemente em Dorsetshire a Abadia de Wimbourne. Esposa do Rei Alfredo, a rainha sentira um chamado para uma dedicação total a Deus e obtivera licença do esposo para se tornar monja. O magnífico mosteiro duplo (masculino e feminino, contíguos) de Wimbourne tornou-se logo célebre pela santidade de seus habitantes e austeridade da sua disciplina. Ricardo resolveu levar a pequena Valburga para esta grande abadia, para que dela cuidassem as monjas enquanto ele se ausentava. Ao se despedir de seu pai, Valburga não imaginava que não o tornaria a ver: o santo homem faleceu na Itália, sendo sepultado pelos dois filhos em Lucca (Itália) dois anos depois de sua partida.
A formação religiosa de Valburga foi realizada, então, neste convento anglo-saxão, aos cuidados da abadessa de Wimbourne. Assim, ela ficou no mosteiro por vinte e seis anos, onde se fez monja e se formou, enquanto seus irmãos abraçavam a vida monástica em Roma. Valburga escreveu a vida de Vunibaldo e a narrativa das viagens de Vilibaldo pela Palestina.
Destes vinte e seis anos pouco se sabe, mas, tendo em vista que o nível intelectual das monjas daquele mosteiro era muito elevado, pois escreviam com fluência o latim e o grego, e com facilidade citavam os clássicos, sendo notáveis suas iluminuras e transcrições de Missas, Sagradas Escrituras, etc., além de bordados em fio de ouro e prata, presume-se que Valburga recebeu sólida instrução e aperfeiçoou-se em todos estes trabalhos.
São Bonifácio, o grande apóstolo da Alemanha, foi a Roma pedir ajuda para o seu trabalho missionário naquela região, e o Papa instou Vilibaldo e Vinibaldo a acompanharem o dedicado tio. Mais tarde, por meio de uma carta dirigida a Lioba, sua prima, e a Valburga, sua sobrinha, São Bonifácio convidou-as a fundar um mosteiro em sua diocese, para mostrar às mulheres daquela região o exemplo das virgens cristãs. Em 748, após breves preparativos Santa Lioba e Santa Valburga, com algumas companheiras, deixaram sua terra natal para devotar suas vidas à conversão da Alemanha. Durante a viagem da Inglaterra para a Alemanha, as monjas enfrentaram uma tempestade que obrigou os marinheiros a se desfazerem da carga. Valburga implorou a Deus e, sobrevindo repentina calma, os viajantes desembarcaram sãos e salvos em Antuérpia. Na mais antiga igreja desta cidade, há uma gruta onde Santa Valburga costumava rezar enquanto esperava para reiniciarem a viagem. Ela é muito venerada naquela cidade desde sua permanência ali.
Vilibaldo fundou o Mosteiro de “Eihstat”, que se tornaria mais tarde a Diocese de Eichstätt (Baviera, Alemanha). Valburga tornou-se, por designação de São Bonifácio, abadessa de um mosteiro beneditino feminino em Heidenheim - morada dos pagãos, em alemão - local onde já se instalara seu irmão Vinibaldo com seus monges. Em breve o significado desse nome perderia o sentido, pois os dois mosteiros converteram gradualmente a aridez espiritual e material da região, e os campos deram abundantes colheitas. Ambos concluíram o novo mosteiro duplo, com uma parte para homens o outro para mulheres, seguindo o modelo dos conventos anglo-saxões; tratava-se de conventos contíguos. À morte de seu irmão, em 761, Valburga assumiu a direção dos dois mosteiros, função que exerceu durante dezessete anos.
Ela era muito respeitada e amada ainda em vida. Sua vida de profunda oração, sua caridade e coragem, bem como os milagres que ela realizava, tornaram-na venerada pelo povo que vivia à sombra dos mosteiros dirigidos por ela. Nessa época, transpareceu a sua santidade nos exemplos de sua mortificação, bem como no seu amor ao silêncio e na sua devoção ao Senhor. As obras assistenciais executadas pelos seus religiosos fizeram destes mosteiros os mais famosos e procurados de toda a região.
Valburga se entregou a Deus de tal forma que os prodígios aconteciam com freqüência. Os mais citados são: o de uma luz sobrenatural que envolveu sua cela enquanto rezava, presenciada por todas as outras religiosas, e o da cura da filha de um barão, depois de uma noite de orações ao seu lado.
Nos últimos anos, conforme relata o monge Wolfhard, que escreveu sua vida mais ou menos cem anos depois de sua morte, ela "confirmada no santo amor de Deus, tendo vencido o mundo e todos os seus atrativos, repleta de fé, saturada de caridade com os adornos da sabedoria e a joia da castidade, notável pela benevolência e humildade, foi receber o galardão que devia coroar tantas virtudes".
Santa Valburga foi assistida por seu irmão São Vilibaldo em seus últimos momentos, tendo ele lhe administrado os Sacramentos. Ela faleceu em 25 de fevereiro de 779 e foi sepultada ao lado do irmão Vinibaldo. Em 1º de maio de 870, quase cem anos depois, o Bispo Otkar de Eichstätt, resolveu restaurar a igreja e o mosteiro de Heidenheim, e exumou o corpo de Santa Valburga que foi encontrado incorrupto e coberto por um fluido precioso, qual puríssimo óleo (leia mais abaixo). O corpo foi transladado para a Catedral de Eichstätt, e parte dele para o convento das monjas de Monheim, e milagrosas curas se operaram durante o trajeto da preciosa relíquia. Parte de suas relíquias foram levadas a Colônia, Antuérpia e outros lugares. É a santa patrona da Antuérpia, Eichstätt e Groninga, entre outras localidades. É considerada protetora contra a raiva e as tempestades.
Na cerimônia de trasladação das relíquias da santa, algumas foram enviadas (916) para o norte da França, onde o rei Carlos III, o Simples, havia construído, em seu palácio de Atinhy, uma igreja dedicada a Valburga, e que era servida por doze canônicos, e foi submissa à Abadia de São Cornélio de Compiègne.
Seu culto é celebrado em 25 de Fevereiro, dia de sua morte. Consta do Martirológio Romano:
"No mosteiro de Heidenheim, na diocese de Eichstätt, na Alemanha, santa Valburga Virgem, filha de são Ricardo, Rei dos Anglos, e irmã de são Vilebaldo, Bispo de Eichstätt.
No século XVI, a terra natal de Santa Valburga (Inglaterra) separou-se da Igreja Católica após séculos de fidelidade a Roma. Naquele século, muitos católicos foram martirizados por não aceitarem a nova igreja fundada pelo herético rei Henrique VIII, que se auto-proclamou chefe da Igreja Anglicana. Depois dele, os reis da Inglaterra sempre exerceram aquele cargo até os dias de hoje. Neste início do século XXI, entretanto, uma onda de conversões de anglicanos percorreu todo o Reino Unido (Inglaterra e suas ex-colônias).
Santos Vilibaldo e Valburga |
HÁ 1235 ANOS, O CORPO DE SANTA VALBURGA CONTINUA INCORRUPTO E TRANSPIRA ÓLEO MIRACULOSO.
Quando de sua canonização, em 870, pelo Papa Adriano II, o corpo de Santa Walburga foi exumado e, para surpresa de todos, foi encontrado incorrupto e coberto por um fluido precioso, qual puríssimo óleo. Das pedras do sepulcro também brotava um fluído de aroma suave, como um óleo fino, fato que se repetiu sob o altar da igreja onde o corpo foi colocado. Milagrosas curas se operaram durante o trajeto da preciosa relíquia.
Há mais de mil anos, esta misteriosa umidade oleosa, que é coletada das relíquias de Santa Valburga pelas monjas, vem operando milagrosas curas.
Os documentos mais antigos que relatam os milagres atribuídos ao óleo foram escritos entre 893 e 900. Este óleo tornou-se conhecido como “óleo de Santa Valburga”, e vem sendo um sinal de sua contínua intercessão.
O óleo é recolhido pelas religiosas em conchas de prata e colocado em pequenas ampolas de vidro que são dadas aos peregrinos. Curas atribuídas à intercessão de Santa Valburga acontecem até os nossos dias.
Seus relicários foram abertos inúmeras vezes por causa do líquido oleoso claro que emana dos ossos da santa. Durante quatro meses por ano. A exsudação começa no dia 12 de outubro, aniversário da trasladação, e termina no dia 25 de fevereiro, aniversário da morte (...) Durante a reforma protestante, foram destruídos os ossos de Santa Valburga em Monheim (...). Mas ficaram os que estavam em Eichstätt. Estes ossos continuaram exsudando líquido oleoso. Durante um século, dez séculos, quinze séculos, até hoje!
Relicário de Santa Valburga em Mônaco de Baviera |
CONCEDEI-NOS, Ó DEUS, A SABEDORIA E O AMOR QUE INSPIRASTES À VOSSA FILHA SANTA VALBURGA, PARA QUE, SEGUINDO SEU EXEMPLO DE FIDELIDADE, NOS DEDIQUEMOS AO VOSSO SERVIÇO, E VOS AGRADEMOS PELA FÉ E PELAS OBRAS. POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, VOSSO FILHO, NA UNIDADE DO ESPÍRITO SANTO. AMÉM.
Santa Walburga. Obra de Juan de Roelas, c. 1605. Iglesia de San Miguel and San Julián, Valladolid. |
Fontes de pesquisa:
- http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/2011/02/santa-valburga-abadessa-de-heidenheim.html
- http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=41
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Valburga
- http://it.wikipedia.org/wiki/Valpurga_di_Heidenheim
- Os milagres e a Ciência. Pe. Oscar G.-Quevedo, SJ. Editora Loyola. 2ª edição. Março, 2000. P. 567.
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