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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Santa Apolônia

dia 9 de Fevereiro 

SANTA APOLÔNIA 

Virgem e Mártir
Padroeira dos Dentistas

 

Existia no ano de 248, na cidade de Alexandria, um célebre feiticeiro que profetizava uma grande desgraça de que a cidade seria vítima se os adoradores dos deuses não resolvessem a exterminar os cristãos, que eram seus maiores inimigos. O povo deu crédito às predições do embusteiro e abriu forte campanha contra os discípulos de Cristo.

Uma das vítimas da cruel perseguição foi Apolônia, donzela conhecida na cidade e estimada pelas suas virtudes. Levada ao templo pagão e intimada a prestar homenagens às divindades, resolutamente se negou, dizendo: “Meu Deus é Jesus Cristo e só a Ele adorarei. Enquanto tiver vida, minha língua louvará a Deus, meu Senhor”.

Os algozes pagãos ouvindo estas palavras, armaram-se de pedras e quebraram-lhe os dentes. Apolônia, horrivelmente machucada e sentindo fortíssimas dores, levantou os olhos ao Céu, sem pronunciar uma palavra, sem soltar um só gemido.  


Em vista desta firmeza, os pagãos ameaçaram-na com a fogueira. Apolônia respondeu: “Como poderia trair Aquele que meu coração escolheu, o meu Esposo, de quem é todo o meu amor? Não o farei. Antes sofrer morte crudelíssima e morrer mil vezes, que abandonar a meu Jesus”.  

Fizeram, ,então os pagãos uma grande fogueira e puseram a donzela diante da seguinte alternativa: “Ou agora mesmo sacrificas aos deuses, ou te lançamos viva ao fogo”.  

Apolônia não respondeu, deteve-se um momento, como se quisesse deliberar alguma coisa, e, de repente, com um movimento brusco, desembaraçando-se das mãos dos algozes, se lançou ao fogo. As chamas consumiram-lhe inteiramente o corpo. Os cristãos procuraram depois os ossos da Mártir e guardaram-nos com muito respeito.  

Em Roma foi construída uma igreja em honra de Santa Apolônia. O nome da santa Mártir goza de grande veneração entre o povo cristão. Invocam-lhe a intercessão nos sofrimentos dos dentes.

A Igreja Católica condena o suicídio, ainda que os motivos sejam iguais aos que levou a mártir Apolônia a buscar a morte. Os Santos Padres da Igreja, embora não justifiquem o suicídio de Santa Apolônia, tão pouco o propõem aos cristãos como exemplo para imitar; eles o explicam, supondo em Apolônia uma inspiração superior e um grande desejo de estar com Jesus Cristo, seu divino Esposo. O martírio de Santa Apolônia deu-se a 9 de fevereiro em 248 ou 249.


* * *

O martírio de Santa Apolônia é relatado pelo historiador Eusébio de Cesareia (265-340), que, na sua Historia Ecclesiastica, escrita no terceiro século, transcreve um trecho da carta do bispo São Dionísio de Alexandria († 264), endereçada a Fábio de Antioquia, na qual ele narra alguns episódios de que fora testemunha.

O governo de Felipe o Árabe (243-249) foi um período em que praticamente houve uma trégua nas perseguições anticristãs, mas, em 248, eclodiu em Alexandria do Egito uma sublevação popular contra os cristãos instigada por um adivinho local.

Muitos seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo foram flagelados e lapidados; nem os mais débeis escaparam do massacre. Os pagãos entravam em suas casas saqueando tudo e devastando a habitação.

Durante este furor sanguinário dos pagãos, foi aprisionada a virgem Apolônia, já anciã, definida por Eusébio: “parthenos presbytès”, mas que na iconografia sagrada, como todas as santas virgens, é apresentada como uma jovem.

Os perseguidores arrancaram seus dentes com uma tenaz. Depois, levaram-na fora da cidade, acenderam uma fogueira e ameaçaram lançá-la viva nela se não pronunciasse uma palavra de impiedade contra Deus. Apolônia pediu para deixaram-na livre por um momento e, obtido isto, se lançou rapidamente no fogo, sendo reduzida a cinzas.

O fato ocorreu no fim do ano 248 e início de 249. Na sua carta, São Dionísio afirma que sua vida fora digna de toda admiração e, devido sua conduta exemplar e pelo apostolado que desenvolvia, a fúria dos pagãos caíra sobre ela com uma crueldade particular.

O gesto de Apolônia, de lançar-se no fogo a fim de não cometer um pecado grave, suscitou entre os cristãos e os pagãos de então uma grande admiração, e nos séculos seguintes foi objeto de considerações doutrinárias.

Eusébio e Dionísio não acenam com nenhuma reprovação ao seu gesto, que pode ser considerado suicídio, mas de fato a virgem estava condenada de qualquer forma ao fogo se não abjurasse a Fé. Quiçá ela quis livrar-se de torturas posteriores que poderiam quebrantar sua vontade, e que isto seja o motivo que a fez decidir por se lançar nas chamas.

Santo Agostinho, na sua De civitate Dei, se põe perguntas sobre o problema se é lícito dar-se voluntariamente a morte para não renegar a Fé e diz: “Não é melhor fazer uma ação vergonhosa da qual é possível se livrar com o arrependimento, do que um delito que não deixa espaço a um arrependimento que salva?”.  


Mas o suicídio voluntário de algumas santas mulheres que, em “tempo de perseguição se jogavam em um rio para fugir de quem tentava corromper a sua castidade”, o deixava perplexo: e se fora Deus mesmo que inspirara o gesto? Então, não teria sido um erro, mas uma obediência. Santo Agostinho não se decide por uma posição sobre o argumento.

Seja como for, o culto pela mártir da Alexandria se difundiu primeiro no Oriente e depois no Ocidente. Em várias cidades europeias, surgiram igrejas dedicadas a ela; em Roma, havia uma, hoje desaparecida, perto de Santa Maria em Trastevere. A sua festa, desde a Antiguidade, é celebrada no dia 9 de fevereiro.

Na Idade Média era tão grande a devoção a esta santa mártir, protetora dos dentes e das doenças a eles relacionadas, que se multiplicaram os dentes-relíquia milagrosos, o que fez com que o Papa Pio VI (1775-1799), que era muito rígido nestas formas de culto, mandasse recolher todos os dentes que eram venerados na Itália. Este episódio nos ajuda a compreender quanta impressão e admiração o martírio desta santa suscitava no mundo cristão.


* * *

Reflexões:

A admirável constância na fé que Santa Apolônia revelou no meio de bárbaras torturas e desumanos tormentos teve sua fonte no amor a Jesus Cristo. Só o amor a Deus é capaz de dar ao homem força e coragem para fazer os maiores sacrifícios. O amor de Deus transforma o homem carnal e egoísta, e fá-lo esquecer as comodidades e prazeres da vida. A alma que tem amor a Deus, despreza a dor, o escárnio do mundo, e procura unicamente agradar ao seu supremo Senhor.

Dores e tormentos, longe de serem consideradas uma desgraça para o homem amigo de Deus, são por ele recebidos e aproveitados, como meios poderosos de desenganá-lo  cada vez mais do mundo e uni-lo ao Bem Supremo.  Eis a explicação da alegria dos mártires, fato estranhável que observamos nos heróis do Cristianismo: em vez de seguirem o impulso natural do homem, que se entristece e desespera na presença da morte iminente, mostram-se alegres e entoam hinos de louvores.

O modo por que Santa Apolônia pôs termo à existência não nos pode e nem deve servir de exemplo para o imitarmos. Não é lícito a ninguém, nem aos próprios médicos, acelerar a morte, por mais inevitável que seja. Se os Santos Padres elogiam a coragem de Santa Apolônia, é por que reconhecem  nesse proceder uma inspiração do Espírito Santo, e o impulso do  ardente amor a Jesus Cristo, a quem desejava confessar viva e morta.


* * *

ORAÇÃO A SANTA APOLÔNIA (1)

Oh, bom Deus! Rogamos que a intercessão da gloriosa e mártir de Alexandria, Santa Apolônia, nos livre de todas as enfermidades do rosto e da boca. Lembrai-vos principalmente das criaturas inocentes e indefesas. Afastai, se possível, a amargura das dores de dentes. Iluminai, fortificai e protegei os cirurgiões-dentistas, para que sempre se dediquem ao próximo com o amor que de Vós emana; e nos seja dado usufruir de Vosso reino.  


Santa Apolônia intercedei por nós. Que Assim Seja! 


ORAÇÃO A SANTA APOLÔNIA (2)

Ó gloriosa santa Apolônia, por aquela dor que padecestes, quando, por ordem do tirano, vos foram arrancados os dentes que tanto decoro ajuntava ao vosso angélico rosto, obtende do Senhor a graça de estarmos sempre livres de qualquer moléstia relativa a este sentido, ou pelo menos de sofrê-la constantemente com imperturbável resignação. Que Assim Seja.

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Fontes

  1. www.santiebeati.it
  2. http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/2014/02/santa-apolonia-virgem-e-martir-9-de.html
  3. http://www.paginaoriente.com/santosdaigreja/fev/apolonia0902.htm
  4. http://www.portalbaw.com.br/religiao/santas.htm
  
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