Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Deparei-me com este artigo sobre as proezas de Francisco que encantam o mundo: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/O-exemplo-de-Francisco/6/30027.
De dizer que a "limpeza" na corrupção que assola o Vaticano, Roma e a estrutura da Igreja (não a Igreja!) não deveria ser alçada a algo extraordinário, uma vez que deveria ser básico, sobretudo em ambientes cristãos, onde a corrupção é pecado, e pode ser pecado mortal.
Francisco não merece uma medalha em particular por isso, porque não se premia o que é obrigação, mas o que é heroísmo.
E sempre resta a pergunta: mas, os antecessores dele que permitiam ou toleravam isso tudo... não eram da "turma dele"? Não são os herdeiros da Revolução do Vaticano II?
E mais: esses criminosos (porque quem pratica um crime é um criminoso) que estão sendo expurgados nasceram no cargo, foram nomeados por Papa Pio XII, ou são mais um fruto do famigerado pseudo-Concílio? Pergunto porque quem ouve Francisco pode entender que a culpa é dos tradicionalistas, visto que ele é um ultra-progressista, o implementador final do Vaticano II!!! E se ele os condena... Ops! Essa palavra é proibida! Afinal, quem é ele para julgar? ...
Francisco usa o arsenal completo dos transformadores e inovadores da história. Ele une a retórica à prática, em todos os momentos.
Esse artigo mostra bem o afeto do mundo por Francisco. E mostra como o mundo sabe usar habilmente um fato certo (a corrupção material e espiritual dos homens de Igreja) para atingir um objetivo errado (mudar a Igreja).
Uma coisa é corrigir um erro histórico, nascido da tolerância das autoridades com os desvios morais dos que são nomeados para cargos onde se exigem virtudes até heroicas, outra coisa é avalizar o desmantelamento da Igreja e a modificação completa da Doutrina Católica para que passe a servir ao mundo, ao invés de corrigi-lo!
Você já deve ter ouvido gente dizer que não dá para mudar uma empresa, uma cidade, um país. Francisco mudou uma coisa muito mais complexa que tudo isso.
Sim, Francisco não está mudando a Igreja, ele já MUDOU a Igreja. Não devemos mais falar de se e de quando. O que Judas devia fazer já o fez. O resto... é perfumaria.
E resta sempre a acusação de praxe:
Francisco fez, primeiramente, um trabalho de inclusão. Incluiu os pobres – esquecidos, miseravelmente esquecidos pela Igreja.
Esse senhor que se faz passar por articulista vende a imagem de que a Igreja virou as costas aos pobres. Sabemos que a Igreja cuida de pobres e de doentes (sobretudo de aidéticos) por todo o mundo, até mais do que devia. Eu tenho para mim que, se pago impostos para o Estado cuidar de todos, inclusive dos que não podem pagar impostos (essa a finalidade do imposto), não deveria me preocupar com os pobres porque o Estado tem dinheiro de sobra para isso. Fato é que, apesar disso, o Estado pouco o nada faz, e a Igreja, há séculos e séculos, vem cuidando disso também. E certamente mais do que esse senhor que duvido que ajude um pobre sequer!
Mas, se ele não sabe, sabe Deus. E isso é suficiente.
O problema é que essas frases, no melhor estilo tweeter de ser (curtas e objetivas), criam raízes na mente humana e se tornam dogmas que nada e ninguém consegue desarraigar. Nem mesmo a voz da razão! O homem moderno rejeita facilmente os Dogmas de Fé Católica, mas aceita muito facilmente os dogmas, ou melhor falsos dogmas que o Modernismo espalhou por aí, simplesmente porque são mais fáceis de seguir, não exigem sacrifícios nem comprometimentos.
No fim, a confissão: "Francisco é um deles. Por isso é o que é. Por isso mesmo os que não crêem, como eu, têm nele um exemplo portentoso". Francisco é o santo dos não-católicos, daquele que pretendem continuar a ser não-católicos e tem orgulho disso.
Giulia d'Amore
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