TRAIDORES: TEXTO NO QUAL A FSSPX FUNDA A PROIBIÇÃO DO LIVRO DO PADRE PIVERT
Jacques-Régis du Cray O poderoso intérprete-autorizado de Menzingen Dois minutos de fama |
Pois bem, na mencionada crítica, o Sr. intérprete-autorizado diz o seguinte (grifo em vermelho é do original):
“5. A atitude em relação aos meios ‘Ecclesia Dei’ é contraproducente. São incontáveis as vezes em que o Padre Pivert repete o termo ‘rallié’, desde a apresentação do livro[2].
Em suas páginas, se descobrem juízos bastante severos contra essas comunidades, os quais não são colocados em seu devido contexto. Desde as consagrações até a sua morte, Mons. Lefebvre não teve tempo para ver a evolução dessas comunidades[3]. Os únicos exemplos que o incitaram – e que são citados a título de exemplo neste momento – que são particularmente severos são: O Mosteiro Saint-Joseph de Clairval, de Flavigny-sur-Ozerain, que, após aceitar o indulto de 1984, adotou o novo missal; e o seminário Mater Ecclesiae, em Roma, que, logo que implementado, reciclou os egressos de Ecône em favor das reformas. Portanto, não é de se estranhar que Mons. Lefebvre tenha escrito em privado ao Padre Couture dizendo-lhe que as missas do indulto eram ‘pega trouxas’[4].
É evidente que esses ensaios aparecem como armadilhas postas para conduzir as almas até o rito reformado. Ele afirmou também que era apenas uma questão de tempo para que os sacerdotes da Fraternidade São Pedro adotassem a nova missa. Mas, finalmente, os fatos têm demonstrado que estes últimos puderam resistir aos assaltos. Em 1999, eles tiveram uma tentativa de subjugação por parte de Roma[5] e, progressivamente, quase todos os dezesseis signatários que preconizavam o bi-ritualismo tiveram que deixar a FSSP. Hoje, são 250 sacerdotes celebrando exclusivamente o antigo rito. Ninguém pode dizer que Mons. Lefebvre manteve a mesma apreensão de 1988 ao longo dos anos[6]. Ao mesmo tempo, se olharmos a correspondência de Mons. Lefebvre, podemos encontrar também frases mais moderadas em relação às comunidades “Ecclesia Dei”[7], admitindo o fato de que eles não aderiram ao espírito e têm a vantagem de lembrar diariamente aos bispos sobre a Tradição.
‘A tensão aumentará entre os bispos e Roma em relação a estes sacerdotes e seminaristas que estão unidos sem estar unidos. Os bispos não os querem. O experimento de Roma corre o risco de fracassar. Que fará o Bispo de Laval com os sacerdotes vestidos com o hábito dominicano? Assim, se mostra constantemente a Roma e aos bispos o problema do concílio e da Tradição’.
Neste trecho, Mons. Lefebvre admitiu que aqueles que regularizaram a sua situação – “unidos sem estar unidos” – colocavam constantemente a Roma e aos bispos o problema do concílio e da Tradição. Estas são as suas expressões.
Ademais, o Padre Pivert compara o mundo ‘Ecclesia Dei’ com o clero juramentado, pois dependem diretamente do episcopado modernista. É verdade, mas a comparação tem seus limites: o clero juramentado estava efetivamente submisso a um episcopado claramente cismático. Além disso, ao assinar o reconhecimento da Fraternidade através de Mons. Charrière, bispo de Friburgo, imbuído das ideias ecumênicas e de liberdade religiosa, Mons. Lefebvre se encontrou em regularidade canônica de 1970 a 1975. Teria que assimilá-lo a um bispo juramentado, submetido aos homens do Vaticano II?”.
Até aqui, a opinião do senhor-intérprete-autorizado. Mas o padre Chautard tem outra opinião:
“Abramos os olhos, pois, doutrinariamente, esses institutos cederam sobre:
1. A Missa. Curiosamente, estes institutos que passam por campeões da liturgia, afrouxaram sobre este ponto reconhecendo a legitimidade da nova missa e calando-se logicamente quanto à nocividade desta. Basta mencionar a Dom Gérard, abade de Le Barroux que o fez em 27 de abril de 1995; Mons. Wach, superior da Cristo Rei, em 21 de dezembro de 1991; Mons. Rifán, Superior de Campos, em 08 de dezembro de 2004; todos concelebraram no novo rito. Poderíamos também citar a revista ‘Sede Sapientiae’, que defendeu a perfeita ortodoxia da nova liturgia; ou o Padre Ribeton, atual superior do distrito da França da Fraternidade São Pedro; ou ainda aos Padres Tanouärn e C. Héry (do Instituto do Bom Pastor) que defendem, um a legitimidade e o outro o valor, do novo rito.
2. A liberdade religiosa: é o caso do Le Barroux, com a justificação da liberdade religiosa pelo Padre Basile, em uma quilométrica tese; é o caso do IBP, com um artigo do Padre Héry que incensa a passagem do Discurso de Bento XVI de dezembro de 2005 sobre a liberdade religiosa.
3. A eclesiologia do “subsistit in”, com a adesão entusiasta do Padre Laguérie sobre a interpretação já clássica de Roma.
4. O ecumenismo. Isso é o que se atreveu a declarar há alguns anos o ex-superior e co-fundador da Fraternidade São Pedro, Padre Bisig:
‘Não vejo nada de errado no fato de que os católicos se encontrem com os não católicos, que discutam com eles etc. [O encontro de] Assis teve, em certo sentido, uma grande importância, na medida em que, no contexto da oração pela paz[8], se encontraram fiéis de diferentes religiões’.
5. O novo código de direito canônico, que todos estes institutos adotaram sem pestanejar.
A lista poderia continuar. Um último ponto: Não há uma só palavra, nem a sombra de uma crítica em relação aos escândalos doutrinários de Roma...
Deve notar-se o seguinte:
Cada vez que se fez uma pretensa abertura de Roma em favor da Tradição, isso foi acompanhado por divisões no seio da FSSPX[9]. Este foi o caso quando da fundação da Fraternidade São Pedro, do Instituto San Felipe Neri, da Fraternidade São João, do Seminário Mater Ecclesiae e, recentemente, do Instituto do Bom Pastor, os quais foram fundados por ex-membros da FSSPX, causando divisões nela; ademais, Le Barroux, Chéméré e Campos são fundações de antigos aliados cujos acordos foram acompanhados por novas divisões nas fileiras antes unidas da Tradição[10].
Portanto, não é uma multiplicação por aumento, mas uma divisão.
Este abandono da FSSPX supõe, para os que a deixam, a aceitação gradual e manifesta dos erros conciliares e litúrgicos. Esta vontade de divisão foi claramente expressa por Monsenhor Decourtray em 04 de dezembro de 1988:
‘Se Mons. Lefebvre tivesse confirmado a assinatura dada em 5 de maio ao protocolo do acordo, teria provado que estava disposto a aceitar todo o concílio Vaticano II, como também a autoridade do papa atual e dos bispos locais que se uniram a ele’. Na realidade, se Mons. Lefebvre não aceitou o protocolo que lhe foi proposto é precisamente porque compreendeu repentinamente o seu real significado. ‘Eles queriam nos enganar’, disse ele equivalentemente. Isso significa: ‘Eles queriam nos fazer aceitar o concílio’. (‘Progredir na fidelidade ao Concílio’. Discurso de abertura do Cardeal Decourtray na assembleia dos bispos de Lourdes).
Poderíamos citar também o documento de fundação do Instituto Bom Pastor:
‘O Instituto Bom Pastor tem por vocação acolher na Igreja Católica os sacerdotes egressos da Fraternidade São Pio X, cismática’.
Seu deslize doutrinal não é pequeno. Isso, sem dúvida, explica uma confusão tão presente em nossos meios, a de limitar o combate da Tradição ao da missa, como se isso fosse suficiente e não se devesse exigir a fé de sempre com a missa de sempre. É por isso que pensamos que é hoje, talvez mais do que nunca, que nós estamos pagando os frutos amargos desta divisão de 1988.
‘Uma vez que eles admitem a falsa liberdade religiosa’, conclui Mons. Lefebvre, ‘o falso ecumenismo, (...) a reforma litúrgica, (...) eles contribuem oficialmente com a revolução na Igreja e a sua destruição’ (Itinerário espiritual, Fideliter, p. 10-11).
Até aqui, cito P. Chautard. Pode-se visualizar todo o artigo do Padre Chautard com as citações correspondentes aqui.
E acrescentamos esta escandalosa nota do Padre Tanouarn (IBP): Em 09 de dezembro, participou de um simpósio chamado “Católicos, muçulmanos: companheiros ou adversários?”, durante o qual se encontrou com um imã muçulmano. Respondendo a algumas perguntas, o Padre diz:
“O encontro público entre um ímã e um sacerdote católico manifesta um desejo de conhecer-se[11], de não ficar, na mesma sociedade, ignorando-se uns aos outros, mantendo todo tipo de preconceitos sobre as pessoas, que alguém julgaria de maneira abstrata, somente através de sua doutrina[12]. Todo encontro significa um respeito[13]. Para mim, o respeito é, para além de todas as comunidades, a forma laicizada da caridade[14]. O respeito e a caridade têm o mesmo caráter de universalidade[15]. Uma pessoa não respeita apenas o seu cônjuge, seus correligionários, sua família próxima, mas a todos os homens, na medida em que não minta com sua própria vida[16]. E este respeito que se deve ao outro é a forma mais elementar, a mais necessária do amor ao próximo[17]. Neste contexto, eu aceitaria qualquer convite”.
Em próximos posts, vamos publicar mais citações do ensaio em que se fundou a Neo-FSSPX para proibir o livro de P. Pivert.
Fonte: http://nonpossumus-vcr.blogspot.com.br/2014/01/traidores-texto-en-que-la-fsspx-funda.html.
Tradução e notas: Giulia d'Amore
Tradução e notas: Giulia d'Amore
[2] Hummm... a repetição de termos agora é anátema?
[3] Sim porque, se tivesse tido tempo Monsenhor estaria satisfeito com o resultado?
[4] Sim porque agora, sabendo tudo o que sabemos, a opinião de Mons. Lefebvre seria diferente?
[5] E isso é pouco? Que Igreja é essa que trapaceia e subjuga?
[6] A não ser o próprio Mons. Lefebvre, que continuou a dizer as mesmas coisas até o último dia de sua vida: acordo, não!
[7] Bom, os ufólogos encontram UFOs na Bíblia. Para as más intenções, tudo é possível!
[8] Ok! No contexto da oração e da paz, devemos esquecer a Doutrina e a Honra de Deus! O sangue de milhares de milhares de mártires nas mãos desses hereges...e 2000 anos de perseguição à Igreja e aos cristãos!!!
[9] E isso é uma boa coisa? São almas que se perdem!!!
[10] Como já tivemos oportunidades de dizer: com ou sem acordo escrito, Roma ganhou o round! Quem lucra com essas divisões? É isso que deveriam se perguntar!!!
[11] Só se for da parte dos “católicos”, porque o ecumenismo que o mundo prega é de mão única: da Igreja para fora. E não da Igreja para dentro. Explico, perguntando: você já convidou um protestante para assistir a uma missa católica? Sempre te respondem que não. Não há razão alguma que você possa aduzir para convencê-lo a aceitar um convite. E quantos são os católicos que já aceitaram convite de protestantes “apenas para conhecer” a fé deles? É uma via de mão única. Já vimos todo tipo de “guru” concelebrando ou celebrando em altares católicos. Quanto sacerdotes católicos foram convidados para celebrar em altares não-católicos? Nunca vi. Nunca soube. Mas esse é o falso ecumenismo de que fala Mons. Lefebvre: aquele que quer fazer com que o católico abjure sua fé.
[12] Alô! Alguém avise a esse senhor que ele não é católico mais. Se já o foi! Não se trata de preconceito, mas de Verdade. Se assim fosse, o primeiro preconceituoso seria o próprio Deus!!! É possível? Claro que não! E não se trata de mera doutrina, mas de Doutrina Católica, ou seja, a Verdade!!! Depois, esses acordistas vêm dizer que não há nada de errado com essa pessoal da Ecclesia Dei? Se isso é ser certo, eu prefiro estar errada então, porque esses conceitos são anticristãos!!! Ademais, essa frase ecoa o pensamento de Bergoglio. Não parece ele falando?
[13] O respeito é devido à pessoa e não a seus atos, se estes são ERRADOS! E é interessante notar que esse mesmo “respeito” é negado aos tradicionalistas, aos verdadeiros tradicionalistas. Com eles, não se economizam epítetos e adjetivos maldosos.
[14] Agora temos uma forma “laicizada” de caridade? Mas... e a caridade primeira, o amor a Deus? E o respeito a Deus, à Verdade por Ele revelada, ao que ensina a Santa Madre Igreja? Para eles, o respeito é apenas para o errado!!!
[15] E ambos se subordinam a Deus e à sua Lei.
[16] Frase que soa bonito, mas é vazia e ignora a submissão a Deus. Esse “não mentir com sua própria vida” é de homem para homem, excluindo totalmente Deus.
[17] Interessante notar que essa “forma elementar e necessária” simplesmente deixa o outro no Inferno. Essa era a opinião, também, de Madre Teresa de Calcutá, que se orgulhava de nunca ter batizado uma criança hindu à beira da morte. É uma “caridade” monstruosa que nega ao próximo, que supostamente amam e respeitam, a possibilidade do Céu, no qual eles mesmos supostamente creem. Esses são o respeito e a caridade modernistas.
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