Eu gosto do estilo agradavelmente rápido como ela escreve, e aprecio a sensibilidade católica que ela ainda guarda, mas ela se perde em certos momentos, mais por causa da primavera conciliar do que por caráter. Vale a pena, inclusive, ler o livro que dá nome ao blog: Il blog di Costanza Miriano: Sposati e sii sottomessa.
A grande mentira (replay)
por Costanza Miriano
O do aborto, para mim, é um dos grandes mistérios da era
moderna. De verdade, eu o digo sinceramente e, por uma vez, sem brincar. É um
assunto sobre o qual não sou capaz de ser simpática, portanto vou decepcioná-los.
O fato é que eu vi dor demais entre as mulheres que eu conheço, e não posso
perdoar uma lei tão bastarda, e a crueldade de quem a promoveu, conseguindo
produzir um gigantesco engano coletivo.
Não consigo nem mesmo compreender, de fato, como muitas
pessoas inteligentes, muitas vezes melhores do que eu, possam continuar a
chamar o aborto um direito. As conheço, as estimo, falo com elas, mas quando surge
o assunto – para mim uma verdadeira obsessão – me parecem irracionais, cegadas
pela propaganda e incapazes de ver o que é óbvio. Com a moderação que me
distingue devo, muitas vezes, reprimir o instinto de fazer gestos imprudentes e
de gritar: “mas que droga está dizendo?”, com todas as minhas forças.
Temo que isto não ajudaria o diálogo, efetivamente.
E assim, eu dialogo, mas não compreendo.
Posso compreender, sim, que uma mulher o cometa sem ter consciência
do que está fazendo – não posso me dar outra explicação – mas não compreendo
como possa se chamar direito a possibilidade de matar o mais fraco dos fracos,
uma criança no ventre da mãe. Erro,
tragédia, fraqueza talvez. Mas direito não, realmente não. E nem precisa ser
católico para compreendê-lo.
E a pílula do dia seguinte, ou dos cinco dias seguintes, ou
a RU486 seguem nessa direção de não compreender a enormidade que está em jogo:
basta, hoje em dia, um copo de água para matar no conforto de seu lar (para a RU
é prevista a internação, mas com uma assinatura se deixa o hospital, resta-se
sozinha a enfrentar o que há de mais assombroso na vida do homem: a morte).
A nossa lei [refere-se à lei italiana] passou também graças
a algumas mentiras da propaganda radical [refere-se à ideologia do Partido
Radical Italiano] nos anos da lei e do referendum: diziam que 25.000 mulheres
morriam todos os anos nas mãos das mammane
[parteiras] (foram muito menos de 200, muitas certamente, mas é uma grande
diferença); soltavam cifras absurdas; fizeram abortar as mães de Seveso, depois
da nuvem. Os fetos que foram examinados depois revelaram que aquelas crianças
eram todas sadias: 33 mortos.
De outra parte, também a lei norte-americana, a famosa Roe contro Wade,
nasceu de uma mentira, de um falso estupro inventado para a ocasião.
Na realidade, todas as mentiras as compreendo como uma
iniciativa ativa e orientada por Satanás. Não há outra explicação. Porque o
aborto traz não apenas o mal, mas é um jogo de soma negativa, no qual todos
perdem, como em todas as iniciativas do Enganador: perde a criança, obviamente,
mas também a mãe que por anos – e às vezes por oitenta anos, como contou uma
senhora no telefone Sos vita – será
atormentada pelo pensamento e também o remorso (enquanto o reconhecimento e o
arrependimento curam). A síndrome pós-aborto não é muito conhecida, mas de fala
de depressão, tumores, pesadelos, verdadeiras psicoses, com as mães que pensam
ver a sua criança viva, que continua crescendo com o passar dos anos desde a fatídica
data. Perde também o médico que, continuando a matar crianças, trai seu mandato
– curar – e acumula um stress insuportável (alguns se mataram).
A mulher– o dizem pesquisas que ainda não foram divulgadas,
como sempre – estará sujeita a problemas físicos e psicológicos, enquanto
nenhuma daquelas que escolheu levar a gravidez adiante jamais se declarou arrependida
depois de olhar para sua criança, e apesar das dificuldades.
Depois, há as iniciativas como "Le culle per la vita" [Os
berços pela vida: movimento que promove a recepção das crianças abandonadas
ao nascer], para citar uma apenas. A ideia foi a de restabelecer a antiga roda
[roda do exposto],
isto é a possibilidade de abandonar o recém-nascido logo após o parto: a mãe
realmente não pode se encarregar da criança, mas, reconhecendo a intocabilidade
da vida, a serve da maneira como pode e dá à luz a criança para depois deixá-la
no hospital.
Lembro-me de um artigo a respeito no Repubblica. A jornalista, Maria Novella De Luca, ao invés de
reconhecer a bondade de uma ideia que salva vidas humanas, escreveu um
comentário absurdo do tipo "aquelas
mães devem ser imigrantes, e por isso umas coitadas, não sabem que aqui na
Itália o aborto é um direito". A parte a defesa da cultura da morte, que no Repubblica não me causa espanto, me pergunto: nenhum dos
redatores-chefes, vice-diretores, diretor da colega percebeu que escreveu uma
colossal mentira? Nenhum deles, evidentemente, quer lembrar que nem
mesmo pela 194 [a lei italiana do
aborto], que é uma lei horrível, o aborto é permitido como um simples
instrumento de controle de natalidade. É permitido apenas quando a mulher é em
grave perigo. O sublinho três vezes. É verdade que, depois, ao perigo de saúde
foram acrescentados também os perigos relacionados à situação econômica, mas deve
haver de fato um grande perigo. E quase nunca há. De fato, aquelas mulheres que
abandonaram os recém-nascidos [nos “berços”] não morreram.
Na prática comum, ao invés, basta um certificado de um
médico que não faz o seu dever, e a mulher obtém autorização. Fora da lei. Contra a lei. Uma lei que não
é boa, mas não chega a tanto.
Fonte: Sposati e sii sottomessa: http://costanzamiriano.wordpress.com/2012/06/21/la-grande-bugia-replay/.
Tradução: Giulia d'Amore di Ugento
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