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sábado, 22 de março de 2014

Catecismo de Nossa Senhora

Catecismo de Nossa Senhora





LIÇÃO I – PREDESTINAÇÃO DE MARIA

1 – Quem é a Santíssima Virgem Maria?

A Santíssima Virgem Maria é a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem para nos salvar.

2 – Que se deve entender por predestinação de Maria?

Deve-se entender o lugar especial e privilegiado que Maria ocupou no pensamento de Deus ao decretar e preparar, desde toda a eternidade, a grande obra da Redenção. Eis as palavras do Espírito Santo que a Igreja aplica a Maria: “O Senhor me possuiu no princípio dos seus caminhos, desde o princípio, antes que criasse coisa alguma. Desde a eternidade fui constituída desde o princípio, antes que a terra fosse criada” (Prov. 8,22 e ss.); “Eu saí da boca do Altíssimo, a primogênita de todas as criaturas” (Eclo. 24,5).

3 – Para que foi predestinada Maria?

Além da predestinação à graça e à glória de todos os eleitos, Maria foi objeto de uma predestinação especialíssima: ter a honra de ser a Mãe do Verbo feito Homem e, por isso, os mais preciosos dons da graça neste mundo e maior glória no outro.

4 – De onde veio o nome Maria?

Segundo a opinião dos santos doutores São Jerônimo, Santo Epifânio, Santo Antônio. São Pedro Damião, e outros, este Santíssimo Nome veio do Céu, foi por ordem expressa de Deus que São Joaquim e Santa Ana o impuseram em sua santíssima filha.

5 – Que significa o nome de Maria?

Significa: Estrela do Mar, Senhora, Soberana, Luz Brilhante, ou Oceano de Amargura.

6 – Devemos ter devoção ao nome de Maria?

Sim, porque é o nome da Mãe de Deus e nossa Mãe e protetora. Nome que enche o Céu de alegria e é o terror dos demônios.

7- Há uma festa especial para honrar o nome de Maria?

A festa do Santíssimo Nome de Maria, no dia 12 de setembro. Festa instituída pelo Beato Papa Inocêncio XI [1], em 1683, em agradecimento pela libertação da cidade de Viena sitiada pelos Turcos maometanos.


LIÇÃO II – PROMESSAS DE MARIA

8 – Que se entende por promessas de Maria?

Entende-se por “promessas de Maria” certas profecias, contidas no Antigo Testamento, que tratam mais particularmente desta augusta Virgem e pelas quais Deus quis anunciá-La ao mundo, muitos séculos antes de Ela nascer.

9 – Quais as principais promessas de Maria?
  • a) Gênesis 3,15: “Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela, e ela esmagar-te-á a cabeça”.
  • b) Cânticos 6,9: “Quem e aquela que vem como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol e terrível como um exercito em ordem de batalha?”. Cânticos 2,2: “Como o lírio no meio dos espinhos, tal é minha amada entre os filhos de Adão.”
  • c) Isaías 7,14: “Uma Virgem conceberá e dará à luz um filho que será chamado Emanuel”.
Há ainda numerosas promessas de Maria no Antigo Testamento.

10 – Explique a primeira promessa de Nossa Senhora.

A “mulher” anunciada é Maria Imaculada; a “descendência”, ou posteridade da mulher, é Jesus Cristo, seu Unigênito Filho, e em Jesus Cristo todos os cristãos. A serpente é o demônio, e a raça da serpente são os que de tal modo cometem o pecado que se identificam com ele: “Quem comete o pecado é do demônio” (I Jo. 3,8).

Maria esmaga a cabeça da serpente, isto é, vence o demônio: primeiro e principalmente por seu Filho Jesus, vencedor do demônio e do pecado; segundo, pela sua Imaculada Conceição.

Deus estabeleceu, assim, “inimizades” perpétuas e irreconciliáveis entre Maria e o demônio, entre a posteridade de Maria e a do demônio. Os hereges de todos os tempos compartilharam dessa inimizade, do lado do demônio, atacando o culto a Maria, destruindo suas imagens e santuários, perseguindo seus devotos.

11 – Por que Maria é comparada à aurora?

A aurora anuncia o nascer do sol; Maria anuncia o nascimento do Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo, luz do mundo.

12 – Por que Maria é comparada à lua?

A lua excede às estrelas em brilho e beleza; Maria excede a todos os santos e anjos em santidade e glória. A lua recebe toda a luz do sol, assim toda a graça e glória de Maria vêm de Deus. A lua guia os homens durante a noite; Maria guia o cristão na noite desta vida, na noite das tentações.

13 – Por que Maria é comparada ao sol?

O sol sobrepuja todos os astros em beleza e luz; Maria sobrepuja todos os santos e anjos em beleza e glória. O sol ilumina, alegra, aquece, fecunda; Maria conforta os corações, abrasa-os do divino amor, fá-los produzir frutos de boas obras.

14 – Por que Maria é comparada a um exército em ordem de batalha?

Para nos fazer compreender o grande poder que Deus deu a Maria a fim de nos defender contra os assaltos do demônio.

15 – Por que Maria é comparada ao lírio entre os espinhos?

Para nos mostrar a sua pureza virginal, da qual essa flor é o símbolo. E porque o lírio era tido como remédio contra as mordeduras de serpente; assim Maria é remédio contra as tentações.


LIÇÃO III – FIGURAS DE MARIA

16 – Que se entende por “figuras de Maria”?

São coisas e pessoas do Antigo Testamento que têm analogias particulares com essa divina Mãe.

17 – Quais são as principais coisas que prefiguram Maria no Antigo Testamento?
  • A arca de Noé,
  • a escada de Jacó,
  • a sarça ardente,
  • o velo de Gedeão,
  • a arca da aliança.

18 – Explique as analogias entre a arca de Noé e Maria.

A arca era uma espécie de um grande navio feito por Noé, por ordem de Deus, no qual ele com sua família e as diversas espécies de animais se salvaram durante o dilúvio. Portanto:
  • a) A arca salvou a família de Noé e, por ela, o gênero humano; Maria, por Jesus, salvou os homens.
  • b) A arca flutuava sobre as águas, enquanto tudo o mais submergia; Maria foi a única preservada das ondas do pecado.
  • c) Todos aqueles que estavam na arca se salvaram; todos os que recorrem a Maria se salvam.
  • d) Depois do dilúvio a terra foi povoada pelos que estavam na arca: o paraíso é povoado pelos filhos de Maria.

19 – Explique as analogias entre a escada de Jacó e Maria.

Jacó teve a visão de uma escada que da terra se elevava ao Céu, e os anjos por ela subiam e desciam, enquanto Deus lhe falava do alto da escada (Gen. 18, 10).

Maria, por ser da natureza humana, é da terra, mas eleva-se até ao Céu, pelas suas prerrogativas, principalmente por ser Mãe de Deus. Por Ela, por sua intercessão, Deus envia constantemente seus anjos para nos socorrer.

20 – Por que Maria é comparada à sarça ardente?

Moisés avistou sobre o monte Horeb um arbusto que ardia sem se consumir e Deus lhe falou daquele arbusto (Ex. 3,1).

Assim canta a Igreja, na Liturgia: “Na sarça que Moisés viu permanecer incólume no meio das chamas, nós reconhecemos a vossa admirável virgindade, ó Santa Mãe de Deus”.

Maria, nesse mundo, onde todos são consumidos pelas chamas do pecado, conservou-se intacta, sem a menor mancha do pecado.

Deus, oculto nas chamas da sarça, preparava Moisés para a libertação do povo do cativeiro do Egito. Também nosso Salvador, oculto no seio de Maria, preparava nossa redenção.

21 – O velo de Gedeão é figura de Maria?

O “velo” era uma pele de ovelha, instrumento de um duplo prodígio, destinado a convencer Gedeão da divindade de sua missão. Gedeão pedira a Deus um sinal da vitória: que seu velo, durante a noite ficasse encharcado de orvalho, enquanto toda a terra ao redor permanecesse seca; e, na noite seguinte, o contrário, que toda a terra ficasse molhada e seu velo seco. E assim aconteceu (Juízes 6 ss.).

Assim como só o velo ficou coberto de orvalho, enquanto tudo em derredor estava seco, assim só Maria foi cheia de graça. E assim como só o velo, na noite seguinte ficou seco, enquanto a terra estava molhada; assim também só Maria ficou imune do pecado.

O orvalho no velo simboliza também Jesus vivendo em Maria. Gedeão espremeu o velo e encheu um jarro. Esse jarro simboliza a Santa Igreja que Jesus Cristo enche de graça através de sua Mãe. Assim canta a Igreja na sua Liturgia: “Descestes (Cristo), como chuva sobre o velo para salvar o gênero humano”.

22 – Como a arca da aliança figura Maria?

A arca da aliança era um grande cofre de madeira preciosa, todo revestido de ouro, por dentro e por fora, com dois querubins de ouro de cada lado. A parte superior chamava-se “propiciatório”. Dali Deus falava a Moisés e aos Sumos Pontífices (Exo. 37).
  • a) A arca da Aliança era de madeira de cedro incorruptível; Maria foi imaculada e seu corpo não conheceu a corrupção do sepulcro.
  • b) O ouro era considerado o mais precioso dos metais. A arca era forrada de ouro por dentro e por fora; Maria está toda adornada com a mais sublime das virtudes: a caridade, o amor de Deus.
  • c) A arca guardava as tábuas da lei, o maná, a vara de Aarão; Maria teve em seu seio o autor da Lei, o Pão vivo descido do Céu, o verdadeiro Sacerdote da nova lei.
  • d) A arca era sinal da aliança de Deus com o povo. Maria é mais que sinal, pois, dando Jesus ao mundo, tornou-se instrumento da aliança que Deus fez com os homens, a Nova Aliança.
  • e) A arca é figura de Maria nos inúmeros prodígios que Deus realizava através dela. Diante da Arca, o Jordão se abriu para dar passagem ao povo a pé enxuto; à vista de Maria os demônios fogem e deixam os cristãos. A arca atraía prosperidade e as bênçãos de Deus sobre o povo escolhido; e os castigos mais terríveis contra os inimigos; imagem maravilhosa das graças que acompanham a verdadeira devoção a Nossa Senhora e dos castigos que comumente caem sobre os que desprezam e injuriam Maria.

23 – Existem ainda outras figuras de Maria?
  • O Paraíso terrestre, no qual Jesus, o novo Adão, estabeleceu sua morada.
  • A árvore da vida, plantada no meio do Paraíso, única digna de produzir o fruto de salvação.
  • O Tabernáculo, onde Deus habitou com toda a Sua glória.
  • O candelabro de ouro com sete braços que dão luz admirável; Maria ornada com os sete dons do Espírito Santo.
  • A nuvenzinha avistada por Elias, anunciando a chuva benéfica.
  • O arco-íris, símbolo da aliança que Deus fez com Noé; Maria Medianeira entre Deus e os homens.

24 – Quais são as pessoas que prefiguram mais especialmente Nossa Senhora no Antigo Testamento?

A Santíssima Virgem Maria foi prefigurada por todas as mulheres santas do Antigo Testamento. Mais especialmente por:
  • EVA, mãe do gênero humano: Maria, mãe da nova raça purificada do pecado, Rainha de todos os eleitos, Mãe do inocente e verdadeiro Abel, traído e imolado.
  • SARA, esposa de Abraão: Maria foi mais maravilhosamente ainda fecunda do que ela, Mãe do verdadeiro Isaque, do filho único que carregou o instrumento no qual foi imolado.
  • REBECA, que brilhava com todos os dons da natureza, imperfeitamente figura a beleza incomparável de Maria, na ordem da graça.
  • RAQUEL, mãe do justo José, vendido pelos irmãos; Maria, Mãe do inocente Jesus, também traído e vendido.
  • ABIGAIL, esposa de Nabal, que, com suas súplicas a Davi, salvou toda a sua família da morte; Maria corredentora do gênero humano, com seu Filho salvou-nos da morte eterna.
  • JUDITE, notável pela sua beleza, virtude e coragem, salvou seu povo da invasão de Holofernes. Maria, obra-prima das mãos de Deus, salvou-nos do cativeiro do demônio, dando ao mundo o Filho de Deus.
  • ESTER, esposa do rei Assuero, por suas súplicas também salvou seu povo da destruição; como Maria salvou-nos por seu Filho.

25 – Que lições podemos tirar dessas figuras de Maria?

Especialmente devemos concluir que, sendo a mediação de Maria poderosíssima junto de Deus, sem cessar devemos recorrer a Ela, para alcançarmos o perdão de nossos pecados e as graças de Deus.


LIÇÃO IV – PAIS DE MARIA SANTÍSSIMA

26 – A que nação pertencia Maria?

À nação judaica, que foi outrora escolhida por Deus para conservar sobre a terra o depósito da verdadeira religião e dar ao mundo o Salvador prometido.

27 – Como se chamavam os pais de Maria?

São Joaquim e Santa Ana, ambos recomendáveis pela sua virtude.

28 – De que tribo e de que família eram os pais de Maria?

Da tribo de Judá e da família de Davi.


LIÇÃO V – DOGMAS MARIANOS

29 – Que são dogmas?

São todas as Verdades reveladas, e propostas a crer pela Igreja como tais, ou seja, como de Fé Divina; e ainda todas as Verdades cujas contraditórias foram condenadas pela Igreja como heréticas; e todas as Verdades manifestamente contidas na Sagrada Escritura.

30 – A Igreja é infalível quando nos propõe um dogma para crer?

Sim, porque a Igreja é assistida pelo Divino Espírito Santo: “Rogarei ao Pai, e Ele vos dará um outro Paráclito, para que permaneça convosco até a consumação dos séculos, Espírito de verdade” (Jo. 14,16). Nosso Senhor disse ainda: “Ide, ensinai a todas as gentes... Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Se a Igreja errasse na proposição de uma verdade da fé, teria falhado a promessa de Nosso Senhor. O que é manifestamente um absurdo.

31 – Quais são os dogmas marianos? [2]

Os dogmas marianos, ou seja, as Verdades sobre Nossa Senhora reveladas por Deus, definidas como tais pela Igreja e por Ela propostas à nossa crença são:
  1. a Imaculada Conceição,
  2. a Maternidade Divina,
  3. a Virgindade Perpétua e
  4. a Assunção Gloriosa.


LIÇÃO VI – IMACULADA CONCEIÇÃO [3]

32 – Maria, como todo descendente de Adão, herdou a mancha do pecado original?

Não. Desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus, em virtude dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, Ela foi preservada imune de toda a mancha do pecado original. Por isso, a Igreja a chama: Imaculada Conceição.

33 – Este privilégio diz apenas imunidade de pecado (original e atual) e de concupiscência?

Não. Maria não somente foi preservada da mancha do pecado e da chama da concupiscência, mas, desde o primeiro instante de sua concepção imaculada, foi cumulada de graças por Deus, num grau incomparavelmente superior a todos os anjos e homens. Por esse motivo o Anjo a saudou: “Ave, cheia de graça”.

34 – Maria também foi remida pelo Sangue de Jesus, na Cruz?

Sim, Maria também foi remida pelos merecimentos de Jesus Cristo, seu divino Filho, só que de um modo especial e singular Os merecimentos do Salvador tiveram por efeito não purificar sua Mãe, mas preservá-la do pecado que Ela devia contrair como filha de Adão. Para Maria, a Redenção não foi liberativa, mas preservativa.

35 – Por que Maria foi preservada do pecado original?

Porque escolhida para ser a Mãe de Deus. O Salvador não poderia ter escolhido formar seu corpo adorável de uma carne que tivesse sido manchada com a nódoa do pecado. E Santo Anselmo diz que Deus, conservando puros milhões de anjos no meio da ruína de tantos outros, não podia deixar de preservar da queda comum a Mãe de seu Filho e Rainha dos anjos.

36 – A Imaculada Conceição de Maria é um dogma definido pela Igreja?

Sim, o Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854, definiu solenemente como de Fé Católica a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, na Bula “Ineffabilis Deus” [4]: “... com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos: A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, ao primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isso deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis” (n. 41).

37 – Esta verdade está, de fato, contida no Depósito da Revelação?

1) Na Sagrada Escritura:
  • a) “Porei inimizades entre ti e a mulher; entre a tua descendência e a descendência dela (...) ela te esmagará a cabeça” (Gen 3,15). Conforme a doutrina constante da Igreja, a “mulher” de que fala o Gênesis é Maria, Mãe de Jesus, sua “descendência”. Nessa passagem são prenunciadas a comum inimizade e comum vitória total do Redentor e de sua Mãe Santíssima sobre o demônio. Ora, essas “inimizades” e essa vitória (“Ela te esmagará a cabeça”) supõem, não somente em Jesus, mas também em Maria, uma total ausência de pecado, mesmo original.
  • b) “Ave, cheia de graça; o Senhor é contigo” (Lc 1,28). O sentido exato, da saudação do Anjo, “Ave, cheia de graça” (kecharitoméne) é que Maria nunca esteve sem a graça. Logo nunca esteve com o pecado.
  • “Toda és formosa, amiga minha, e em ti não há mácula” (Cânticos 4,7). A Igreja aplica estas palavras a Maria, Esposa castíssima do Espírito Santo. E ainda estas: “Como a açucena entre os espinhos, assim é a minha amiga entre as donzelas” (Cânticos 2,2).
2) Na Tradição: expressa no ensino oficial da Igreja, na Liturgia, na pregação constante dos Padres e doutores.
A própria razão nos persuade desta verdade. Maria é Mãe de Deus. Portanto, era sumamente conveniente à Santíssima Trindade que Ela fosse imaculada.

38 – Em que dia celebramos a festa da Imaculada Conceição? [5]

No dia 8 de dezembro.


LIÇÃO VII – MATERNIDADE DIVINA

39 – Será Maria a Mãe de Deus?

Sim, Maria é Mãe de Deus, porque, embora não tenha gerado a natureza divina, nem a Pessoa Divina, enquanto tal, gerou, todavia, a natureza humana hipostaticamente unida à Pessoa Divina. A natureza humana de Jesus só existe e só existiu unida hipostaticamente à Pessoa Divina. Ora, o termo completo da geração é a pessoa e não a natureza. Portanto, Maria deu à luz uma Pessoa Divina, é Mãe de Deus.

40 – Quando Nossa Senhora se tornou Mãe de Deus?

No momento da Encarnação. O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a Maria, para anunciar-Lhe que seria a Mãe de Deus: “Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc. 1,31). E Maria consentiu: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc. 1,38). E o Verbo, o Filho de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, fez-se Homem no seio puríssimo de Maria.

41 – A Maternidade Divina de Maria é também um Dogma de Fé?

É um Dogma de Fé, contido na Sagrada Escritura e na Tradição. Este dogma foi definido solenemente pela Igreja nos seus concílios [6] como o de Éfeso, no século V, e de Constantinopla II e III, nos séculos V e VI; está contido no Credo, símbolo de nossa Fé; na pregação constante da Igreja, nas liturgias mais antigas.

42 – Poderia citar mais algumas passagens das Escrituras que dizem ser Maria Mãe de Deus?
  • a) “Ela dará á luz um Filho a quem porás o nome de Jesus (...) Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta nestes termos: Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho ao qual se porá o nome de Emanuel, isto é Deus conosco” (S. Mat. 1,21-23).
  • b) “O Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).
  • c) “E donde procede esta honra para mim que a Mãe de meu Senhor se digne visitar-me?” (Lc. 1,43).
  • d) “Quando se completaram os tempos. Deus mandou seu Filho nascido de uma mulher” (Gal. 4,4).

43 – Em que dia se celebra a festa da Maternidade Divina de Maria?

No dia 11 de outubro [7].


LIÇÃO VIII – VIRGINDADE PERPÉTUA DE MARIA

44 – Maria tornou-se Mãe como as outras mulheres?

Por um singular privilégio de Deus, Maria foi mãe conservando sua Virgindade antes do parto, durante o parto e depois do parto; durante toda a sua vida conservou intacta sua Pureza original e virginal.

45 – A Virgindade perpétua de Maria é um Dogma de Fé?

Sim, é uma Verdade de Fé Católica definida pela Igreja em seus concílios, especialmente o de Latrão (649) e o II de Constantinopla (553) que definiram a “ilibada Virgindade de Maria, antes do parto, durante o parto e depois do parto” [8].

46 – Em que se baseou a Igreja para essa definição dogmática? [9]

Como sempre, a Igreja foi haurir essa verdade na Bíblia e na Tradição. Os textos da Bíblia são claros:

“Eis que a Virgem conceberá e dará à luz e o nome deste será Emanuel” (Isaías 7,14). Pelo contexto se vê que Isaías designa esse acontecimento como um grande sinal de Deus, como um grande prodígio. Ora não há prodígio algum quando uma mulher tem filho deixando de ser virgem. O sentido desse oráculo de Isaías é confirmado por S. Mateus que, depois de relatar a Anunciação do Anjo a Maria, acrescenta: “E tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Deus ao profeta: Eis que uma virgem...” (Mat. 1,22).

47 – Poderia especificar melhor os textos que se referem à Virgindade perpétua de Maria?
  • a) Antes do parto: (além do texto de Isaías já citado) “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma Virgem (...) e o nome da Virgem era Maria (...). Maria disse ao anjo: Como se fará isso, pois eu não conheço varão? Respondendo o anjo disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” (Lc. 1,26 e 34-35). E virgem permaneceu, quando concebeu em seu seio o Filho de Deus; pois essa conceição foi “por obra do Espírito Santo” (Mat. 1,18), sem conhecer varão.
  • b) Durante o parto: Com uma descrição delicadíssima, São Lucas nos persuade de que Maria conservou sua virgindade no ato mesmo de tornar-se Mãe do Salvador: “Chegou para ela o tempo do parto e deu à luz seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e o pôs numa manjedoura” (2,6). Maria, nesse relato, não aparece como sujeita às dores e fraquezas que são o preço natural da maternidade. É Ela mesma quem presta os primeiros cuidados a Jesus recém-nascido. São Lucas não poderia ter falado assim, se Ela tivesse dado à luz de maneira comum.
  • c) Depois do parto: é o que se conclui do mesmo texto de São Lucas já citado. Pelas palavras de Maria ao Anjo vê-se claramente seu propósito de virgindade. Estando já desposada com José, Ela diz: “Como se fará isso, pois eu não conheço varão?” Em outras palavras: “Como me tornarei mãe, tendo o propósito de não conhecer varão?”.
Como seria possível que, depois do parto milagroso, Ela deixasse esse propósito, esse voto de virgindade? Tamanha ingratidão para com Aquele que milagrosamente lhe conservara a virgindade antes e durante o parto é inconcebível na Mãe de Deus.
Além disso, era de suma conveniência que o Filho Unigênito do Pai eterno fosse também, segundo a carne, o Unigênito da Mãe.

48 – Mas a Bíblia fala que Jesus teve irmãos. Logo, Maria teve outros filhos.

A Bíblia se refere a quatro pessoas como “irmãos de Jesus”. Mas, isso não permite concluir que sejam irmãos carnais de Jesus.

De fato, três desses “irmãos de Jesus” têm seus pais nomeados na Bíblia:
  1. Tiago: é Tiago, o Apóstolo (Gal. 1,19); o Menor (Mc. 15,40), cujo pai é Alfeu (Mat. 10,3).
  2. José: é irmão carnal de Tiago, pois ambos são filhos de uma das três Marias que estiveram ao pé da Cruz (Mat. 27,56) e cujo pai é também Alfeu.
  3. Judas, o Tadeu: é também irmão de Tiago (Jud. 1,1), cujo pai é Alfeu. São Lucas o chama de Judas de Tiago (6,16).

O quarto dos “irmãos de Jesus” é Simão, cujos pais não estão na Bíblia. Mas o antigo historiador Hegezipo (séc. II) informa que ele é filho de Cléofas, esposo de Maria, “irmã da Mãe de Jesus” (Jo. 19,25). É, pois, primo de Jesus.

E, se Cléofas e Alfeu são nomes em hebraico e aramaico da mesma pessoa, como pensam muitos entendidos, os quatro são entre si irmãos carnais; e, em qualquer hipótese, primos ou parentes de Jesus.

Além disso, a Bíblia nunca os chama “filhos de Maria”, ao passo que só a Jesus chama “o filho de Maria” com artigo (no original – Mc 6,3).

De fato, é muito comum na Bíblia parentes próximos serem chamados de irmãos. Gen. 13,8 comparado com Gen. 12,5 e 11,28-31; Gen. 29,13 e 15; Lev. 10,4; Cron. 23,22, etc. Note-se que algumas edições mais recentes da Bíblia já trazem parentes em vez de “irmãos”, nesses casos.

49 – S. Lucas (2,7) diz que Jesus foi o primogênito. Logo Maria teve outros filhos.

“Primogênito” é termo jurídico da Bíblia que tem significação bem determinada: é o primeiro filho, quer venham outro/outros quer não. De fato, a Bíblia afirma que todo primogênito pertence de modo especial ao Senhor (Ex. 34,19; 13,12). E Ele devia cumprir, logo no primeiro mês, a lei do resgate (Num. 18,16). Não se esperava pelo segundo filho para que o primeiro fosse tido e tratado como primogênito a vida toda.

Confirma isso o túmulo recém-descoberto de uma judia do I século com a inscrição: “Aqui jaz Arsinoé, morta ao dar à luz o seu primogênito”.

Portanto, Jesus é, ao mesmo tempo, o primogênito e o unigênito de Maria.

50 – S. Mateus (1,25) diz: “José não a conheceu até que ela deu à luz”- Isso não quer dizer que depois de dar à luz, José a teria conhecido?

A expressão “até que” é um hebraísmo da Bíblia que significa “sem que” invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria “deu à luz sem que José a tivesse conhecido”.

São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um: “O coração do justo está firme e não temerá até que veja confundidos seus inimigos” (SI. 111,8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido da frase é: “os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema”.

Assim, São Mateus quis apenas afirmar que “Maria concebeu sem que José a tivesse conhecido”.

Outros exemplos, veja: Deut. 7,24; Sab. 10,14; SI. 56,2; Is. 22,14; Mat. 5,18.


LIÇÃO IX – ASSUNÇÃO AO CÉU [10]

51 – Como terminou para Maria Santíssima a vida na Terra?

Tendo terminado o curso de sua vida aqui na Terra, Ela foi elevada – assunta ao Céu – em corpo e alma. E esse singular privilégio concedido por Deus a Maria é um Dogma de nossa Fé, definido pelo Papa Pio XII, no dia 1° de novembro de 1950: “... com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminando o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (“Munificentissimus Deus” [11] n. 44).

52 – Em que se baseia a Igreja para definir que Maria foi assunta ao Céu em corpo e alma?

1) Na Sagrada Escritura: Essa Verdade da Fé está contida implicitamente na Bíblia, naqueles lugares já citados por nós quando tratamos da Imaculada Conceição e da Maternidade divina de Maria. De fato, se Maria foi preservada do pecado original, de qualquer outra mácula e cheia de graça desde a sua concepção, consequentemente não devia também ser vencida pela morte. O mesmo se conclui do fato de Maria ser a Mãe de Deus. A dignidade tão excelsa de ser Mãe de Deus não é compatível com a humilhação da podridão do sepulcro.
Outros lugares da Escritura fazem também menção implícita da Assunção de Maria: SI 131,8; SI. 44,10; Apoc. 12,1).
2) É sobretudo na Tradição unânime e constante que a Igreja se baseia para a definição desse Dogma Mariano. De fato, a Igreja é assistida pelo Espírito Santo. Ora, o Espírito Santo não poderia deixar sua Igreja durante tantos séculos professar um erro. E desde os primórdios, especialmente na sua Liturgia, a Igreja professou sua crença na Assunção gloriosa de Maria.

53 – Assunção e o mesmo que Ascensão?

Não. Ascensão de Jesus é a subida de Jesus ao Céu, pelo Seu próprio poder divino. Assunção de Maria é a elevação de Maria ao Céu, não pelo seu próprio poder, mas pelo poder de Deus.


LIÇÃO X – REALEZA DE MARIA

54 – Que se entende com dizer que Maria foi coroada no Céu?

Entende-se que, depois de sua entrada triunfante no Céu, Maria foi revestida de uma glória superior, por sua maternidade divina e eminência de santidade, a todos os anjos e santos; Rainha do Céu e da Terra. Essa glória de Maria foi revelada por São João no Apocalipse: “Um grande prodígio apareceu no Céu; uma mulher vestida de sol, com a lua sob os pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça” (12,1).

55 – Maria é, de fato, Rainha?

Sim, porque é Mãe do Rei Divino, Jesus Cristo. Ela é Rainha por duplo título:
  • a) pela Maternidade divina; Ela deu à luz um Filho que, no próprio instante de sua concepção, mesmo como Homem, era Rei e Senhor de todas as coisas, pela união hipostática da natureza humana com o Verbo (conf. Luc. 1,32-33). Assim Maria é Rainha e Senhora de todas as coisas.
  • b) E pela participação na obra da Redenção: Jesus Cristo é Rei, não só por direito de natureza, mas por direito de conquista, isto é, pela redenção dos homens. Ora, Maria foi intimamente associada a Jesus na obra da Redenção. Portanto, Maria é Rainha também a este título de Corredentora.

56 – A Realeza de Maria é também um Dogma de Fé?

A Realeza de Maria é uma conclusão teológica da sua Maternidade divina. É uma verdade que se fundamenta na Sagrada Escritura, e professada na Tradição, mas ainda não foi objeto de uma definição dogmática por parte da Igreja. O Papa Pio XII escreveu uma belíssima Encíclica, “Ad Caeli Reginam” [12] (1955), demonstrando a verdade da Realeza de Maria à luz da Sagrada Escritura e da Tradição e instituindo a festa da Realeza de Maria.

57 – Em que dia a Igreja celebra as festas da Assunção e Realeza de Maria?

A Assunção, no dia 15 de agosto e a Realeza de Maria, no dia 31 de maio.


LIÇÃO XI – MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS

58 – Por que nós católicos pedimos as graças a Deus por meio de Maria?

Porque, por disposição divina, Ela é a Medianeira universal de todas as graças.

59 – Mas São Paulo não diz, na sua epístola a Timóteo: “Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Tim 2,5)?

Jesus Cristo é o único Mediador, e essa mediação de Jesus Cristo beneficia a própria Virgem Mãe. A mediação de Maria é para a aplicação da graça, mediação necessária, mas secundária, subordinada, dependente da de Jesus Cristo.

60 – Quer dizer então que Maria é Medianeira necessária de todas as graças?

Sim, Ela é medianeira necessária, por vontade de Deus, para a aplicação da graça. Com efeito, as graças merecidas por Jesus Cristo, para santificarem deveras, os homens precisam checar às almas, informá-las, delas expulsando o pecado e tornando-as agradáveis a Deus, capazes de fazer atos sobrenaturais, meritórios da vida eterna. E esta aplicação da graça às almas, merecida por Jesus Cristo, não se faz sem a intervenção de Maria. “Tendo prestado seu ministério na Redenção dos homens”, ensina Leão XIII, “Ela exerce paralelamente o mesmo ministério na distribuição da Graça que daquela Redenção perpetuamente decorre, investida para esse fim de um poder quase imenso” (Enc. “Adjutricem Populi” [13]: 1895).

61 – A Mediação de Maria é um Dogma de Fé?

Não, a Mediação de Maria ainda não foi definida pela Igreja como Dogma de Fé. Mas é uma verdade sempre crida e ensinada na Igreja. Embora os Papas já se tenham pronunciado várias vezes, ensinando ser Nossa Senhora Medianeira de todas as graças, falta ainda a definição final e solene do Magistério [14].

62 – Em que se baseia a Igreja para ensinar que Maria é Medianeira?

No fato de Ela ser Mãe de Deus, Mãe do Redentor e, por isso, nossa Mãe, nossa Corredentora e Dispensadora de todas as graças [15].

63 – Que quer dizer: Maria é nossa Corredentora? [16]

Quer dizer que Maria cooperou real e imediatamente com Jesus, Redentor divino, na Redenção dos homens. Não com uma cooperação colateral, mas dependente, subordinada a Jesus Cristo. Como causa secundária, subordinada, mas real, eficaz e verdadeira. O Filho de Deus teria podido remir-nos sozinho. Mas, de fato, Ele quis a cooperação de sua Mãe.

64 – Em que se baseia a Igreja para ensinar essa verdade?

1) Na Sagrada Escritura: Já no Antigo Testamento, quando Deus promete o Redentor, associa-O à figura de sua Mãe, a corredentora (Gen. 3,15). A mesma verdade encontramos nas “figuras de Maria”, aquelas mulheres do Antigo Testamento que conseguiram a libertação de seu povo, como já vimos. No Novo Testamento, vemos Maria cooperar de maneira próxima e eficaz na Redenção: quando consentiu em ser a Mãe do Redentor (Lc. 1,38); e quando quis estar de pé junto à Cruz sofrendo, em seu coração materno, o que o Redentor sofria em seu Corpo (Jo. 19,25-27).
2) Mas é sobretudo na Tradição constante da Igreja que vemos a pregação desta verdade: na Liturgia, nos Concílios, nos documentos pontifícios e nas sentenças dos santos Padres e Doutores. Não custa insistir, a Tradição constante da Igreja é infalível.

65 – Onde estão as provas de que Deus escolheu Maria para dispensadora de todas as graças?

1) Na Sagrada Escritura:
  • a) naquela celebre passagem do Gênesis já citada, em que Maria é apresentada como unida por estreitíssimo vínculo a Cristo na obra da Redenção. Ora a Redenção tem também seu aspecto subjetivo de aplicação das graças às almas. Portanto, Maria colabora também na aplicação da graça.
  • b) Em passagens do santo Evangelho, sobretudo se tomadas em conjunto, em que as graças são dispensadas pela Virgem Santíssima: na Visitação (Lc. 1,41-45); no milagre das bodas de Cana (Jo. 2,1-2); na descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos (At. 1,12-14). E na promulgação solene da maternidade universal de Maria feita por Nosso Senhor na Cruz (Jo. 19,26).
2) A voz da Tradição também é unânime neste ponto, são inúmeros os pronunciamentos dos Santos Padres, dos Doutores e dos Papas.
3) Reforçam ainda essa Verdade as incontáveis graças obtidas em todos os tempos da Igreja por intermédio de Maria, os milagres, sobretudo nos Seus santuários.


LIÇÃO XII – MATERNIDADE ESPIRITUAL

66 – Em que sentido nós católicos chamamos Maria de Mãe?

Maria é nossa verdadeira Mãe, não evidentemente carnal, mas espiritual. De fato, mãe é aquela que coopera para dar a vida e, tendo dado, a protege até que tenha alcançado o pleno desenvolvimento.

Ora, Maria coopera com o Redentor para nos dar a vida sobrenatural da graça. A graça é uma nova vida: “Quem não nascer de novo...” disse Nosso Senhor. Portanto, desde o momento em que Maria coopera para nos dar essa vida da graça, se tomou nossa Mãe espiritual.

67 – Quando Maria nos gerou para a vida da graça?

Ela concebeu-nos para a vida da graça no momento em que o Filho de Deus se fez Homem no seu seio puríssimo, no momento da Encarnação. Porque, como ensina São Paulo: “Somos um só corpo em Cristo” (Rom. 12,5). “Com seu consentimento para tornar-se Mãe de Deus”, escreve São Bernardino de Sena, “trouxe a salvação e a vida eterna a todos os eleitos, de sorte que se pode dizer que, naquele instante, nos acolheu em seu seio, conjuntamente com o Filho de Deus” (Tract. de B.M.V. Ser. VIII, art. 2).

Maria gerou-nos para a vida da graça no Calvário, quando se tornou nossa Corredentora: “Maria é Mãe de todos os cristãos, por havê-los gerado no Calvário entre os supremos tormentos do Redentor” (Leão XIII – Enc. “Quam pluries” [17], 1889).

68 – Efetivamente, para cada um de nós, quando Maria se tornou nossa Mãe?

No momento em que fomos incorporados a Cristo, pela nossa inserção no Corpo Místico, no dia em que “nascemos de novo”, no nosso Batismo. Aquele que renasce para a vida da graça torna-se “outro Cristo” e, como tal, filho de Maria. Embora Maria possa se dizer também Mãe até mesmo dos infiéis, num sentido mais amplo, enquanto todos os homens podem se dizer filhos de Deus.

69 – Onde estão as provas de que Maria é nossa Mãe?

1) Na Sagrada Escritura: Em todos aqueles lugares em que Nosso Senhor se refere aos discípulos como “irmãos”; São Paulo fala de Jesus como “primogênito”; São Paulo fala ainda da nossa incorporação ao Corpo Místico, cuja Cabeça é Cristo: “Vós sois corpo de Cristo e membro de membros” (I Cor. 12,27); “Ele é a cabeça do corpo da Igreja” (Col. 1,18). Assim, Maria é Mãe de todo o Corpo Místico: Cabeça, Jesus Cristo; e membros, os fiéis. Mas foi, sobretudo, no momento mais solene da vida de Nosso Senhor sobre a terra que Ele quis promulgar Maria nossa Mãe: “Mulher, eis aí teu filho” e voltando-se para o discípulo: “Eis tua Mãe”. Comentando este trecho, Leão XIII afirma: “Na pessoa de João, segundo o pensamento constante da Igreja, designou Cristo o gênero humano, principalmente aqueles que aderem a Ele pela Fé” (Enc. “Adjutricem Populi” [18], 1895).
2) Na Tradição constante da Igreja, desde os primeiros séculos: nos escritos dos Santos Padres e doutores, nas liturgias mais antigas e no Magistério ordinário dos Papas.
A Maternidade espiritual de Maria com relação a nós é uma conclusão teológica tirada da sua Maternidade divina. Ela e nossa Mãe, porque é Mãe de Deus, Mãe do Redentor.

70 – Poderia explanar mais essa verdade tão consoladora?

A melhor explanação desse suavíssimo mistério da maternidade espiritual de Maria encontramos em São Pio X:
“Não é Maria, Mãe de Deus? – Portanto, é Mãe nossa também. Pois deve- se estabelecer o princípio de que Jesus, Verbo feito carne, é ao mesmo tempo Salvador do gênero humano. Em consequência, como Deus Homem, Ele tem um corpo qual os outros homens; como Redentor do nosso gênero, um corpo espiritual, ou, como sói dizer-se, místico, que outra coisa mais não é do que a comunidade dos cristãos unidos a Ele pela Fé. A Virgem, pois, não concebeu o Filho de Deus só para que, d'Ela recebendo a natureza humana, se tornasse homem; mas a fim de que Ele se tornasse, mediante esta natureza d'Ela recebida, o Salvador dos homens (...) Por isso, no seio virginal de Maria, onde Jesus assumiu a carne mortal, lá mesmo Ele se agregou um corpo espiritual, formado de todos os que deviam crer n'Ele. E pode dizer-se que Maria, trazendo a Jesus nas suas entranhas, trazia também a todos aqueles cuja vida o Salvador continha. Todos, portanto, que, unidos a Cristo, somos, consoante as palavras do Apóstolo, “membros de seu corpo, de Sua carne, de Seus ossos” (Ef. 5,30), devemos crer-nos nascidos da Virgem, de onde um dia saímos, qual um corpo unido à cabeça. E, por isso, somos chamados, num sentido espiritual e místico, filhos de Maria, e Ela é, por sua vez, nossa Mãe comum. Mãe espiritual, contudo verdadeira Mãe dos membros de Jesus Cristo quais somos nós” (Papa Pio X: Encíclica “Ad diem illum laetissimum” [19], 1904).


LIÇÃO XIII – CULTO DE MARIA

71 – Devemos prestar à Santíssima Virgem um culto particular?

Sim, somos obrigados a prestar a Nossa Senhora um culto particular, superior ao culto dos anjos e santos. Culto que a Igreja chama de “hiperdulia”.

72 – Por que devemos à Santíssima Virgem um culto particular?
  1. por ser a Mãe de Deus;
  2. por ser nossa Mãe e Medianeira;
  3. por ser a mais bela, a mais santa e perfeita das criaturas e a mais amada de Deus.

73 – Por que o culto a Maria chama-se de “hiperdulia”?

“hiperdulia” quer dizer singular, especial veneração. Distingue-se do culto que prestamos exclusivamente a Deus: “latria”, adoração, pela infinita majestade divina; distingue-se ainda do culto de “dulia”, isto é, simples veneração, que prestamos aos anjos e santos.

74 – E legítimo este culto católico a Maria?

Sim é perfeitamente legítimo, porque:

1º) Está na própria Bíblia Sagrada:
  • a) Deus foi o primeiro a honrar a Maria, através do Anjo Gabriel: “Foi enviado por Deus o Anjo Gabriel (...) a uma virgem (...) e o nome da virgem era Maria. Entrando o Anjo onde ela estava, disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor e contigo” (Lc. 1,27).
  • b) Inspirada por Deus, Isabel saudou a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc. 1,42).
  • c) Uma mulher anônima louvou a Maria, Mãe de Jesus, com estas palavras: “Bem-aventurado o seio que te trouxe e o peito que te amamentou” (Lc. 11,27).
  • d) A própria Virgem, inspirada por Deus, predisse seu culto perpétuo: “Desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc. 1,48).
2º) É uma consequência lógica da maternidade divina. Se Maria é Mãe de Deus, evidentemente Jesus, como o melhor dos filhos, quer veneremos com todo respeito e amor sua divina Mãe, como Ele próprio deu o exemplo: “era-lhes submisso” (Lc. 2,51).
3º) Comprova-o a prática constante da Igreja, desde os primeiros séculos. De fato, a Igreja, em todos os tempos e lugares prestou a Maria um culto singular. Esse culto se acha gravado nas catacumbas, nas liturgias, nos hinos, nos escritos dos santos e doutores; nas catedrais, nos santuários, Igrejas, capelas, ermidas e altares de todos os cantos da terra. Ora, já o vimos, a Tradição constante da Igreja é infalível.
Comprovam ainda a legitimidade deste culto os incontáveis milagres que Deus realiza por intermédio de Maria, especialmente em Seus inúmeros santuários. Milagres reconhecidos oficialmente pela Igreja e comprovados em análises da mais avançada tecnologia científica, como as curas em Lourdes [20], ou o quadro de Nossa Senhora de Guadalupe [21].
4º) Concílio de Trento [22].

75 – Há, no Brasil, veneração a Maria sob algum título especial?

Sim, o de Imaculada Conceição. Desde os primórdios do Descobrimento, foi implantada aqui esta devoção pelos portugueses. De sorte que, no Brasil, é sob este título que há mais Igrejas e oratórios dedicados a Maria.

76 – Quais os principais santuários marianos no Brasil?
  • Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, em Aparecida, no Estado de São Paulo;
  • Nossa Senhora da Penha, no Espírito Santo;
  • Nossa Senhora de Nazaré, em Belém e outros.

77 – Quais são as principais práticas de devoção a Maria Santíssima?

  1. As festas litúrgicas em honra de Nossa Senhora, a Ave-Maria, o Rosário; as Ladainhas, antífonas, hinos e orações compostas pela Igreja ou pelos santos.
  2. As confrarias e irmandades dedicadas ao culto mariano e aprovadas pela Igreja.
  3. Os escapulários e medalhas de Nossa Senhora.

Nossa Senhora Aparecida [23]:

No fim de setembro de 1717, perto da vila de Guaratinguetá, em São Paulo, três pescadores, Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, pescaram, no Rio Paraíba do Sul, uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição. Através desta singela imagem, a Virgem Imaculada passou a dispensar uma série de incontáveis graças e milagres a seus devotos do Brasil. Naquela mesma noite de seu aparecimento, obteve aos devotos pescadores uma abundante pescaria, depois de muitas horas de trabalho sem nada pescar... Filipe Pedroso conservou a imagem durante alguns anos em sua casa, depois a confiou a seu filho Atanásio, que lhe fez um altarzinho de madeira. Diante deste altar todos os sábados se reunia a vizinhança para a reza do terço e outras devoções. Depois os devotos edificaram uma capelinha, inaugurada pelo vigário de Guaratinguetá, no dia 26 de julho de 1745. Mais tarde foi construída a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, que ainda hoje existe, e o atual santuário.

78 – Quais são as principais festas litúrgicas de Nossa Senhora?
  • Imaculada Conceição – 8 de dezembro.
  • Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina — 12 de dezembro
  • Purificação de Nossa Senhora – 2 de fevereiro
  • Anunciação – 25 de março
  • Realeza de Maria – 31 de maio
  • Visitação – 2 de julho
  • Assunção – 15 de agosto
  • Imaculado Coração de Maria – 22 de agosto
  • Natividade de Nossa Senhora – 8 de setembro
  • Santíssimo Nome de Maria – 12 de setembro
  • Nossa Senhora das Dores – 15 de setembro
  • Nossa Senhora do Rosário – 7 de outubro
  • Maternidade Divina – 11 de outubro
  • Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Patrona do Brasil – 12 de outubro
  • Apresentação de Nossa Senhora – 21 de novembro.

79 – Existem ainda outras festas marianas?

Sim, elas pontilham todo o Ano Litúrgico, todos os meses do ano. São inumeráveis, quer as festas universais, para a Igreja toda; quer as particulares, de uma diocese, de uma região. Quase todos os Países têm Seu santuário nacional. Além disso, a Igreja consagra a Nossa Senhora todos os sábados do ano. E a piedade popular, guiada pelo Espírito Santo, consagrou-Lhe o mês de maio.


LIÇÃO XIV – A AVE-MARIA

80 – Qual a oração mais excelente que podemos fazer em honra de Maria?

É a Ave-Maria, ou Saudação Angélica, composta pelo Anjo Gabriel, por Santa Isabel e pela Igreja.

81 – Devemos apreciar muito esta oração?

Sim, porque, depois do Padre Nosso, não há oração mais bela, mais excelente, mais útil:
  1. encerra em poucas palavras os principais privilégios de Maria: cheia de graça, Mãe de Deus, advogada nossa poderosíssima;
  2. foi composta pelo Espírito Santo;
  3. lembra-nos o mistério da Encarnação;
  4. é muito própria para reparar os ultrajes feitos pelos hereges contra Nossa Senhora.

82 – A Igreja recomenda alguma maneira especial de se rezar a Ave Maria?

Além das Ave-Marias rezadas no Rosário, a Igreja recomenda a prática das Três Ave-Marias [24] de manhã e à noite acompanhadas da invocação composta por Santo Afonso: “Maria, minha boa Mãe, livrai-me neste dia (nesta noite) do pecado mortal.”


LIÇÃO XV – SANTO ROSÁRIO E A LADAINHA

83 – Que é o Rosário? [25]

É um conjunto de orações acompanhadas da meditação [26] dos principais mistérios [27] da vida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Chama-se Rosário por ser como uma coroa de rosas que se oferece a Maria.

84 – Quem compôs o Rosário?

Na sua forma atual, o Rosário foi composto por São Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores, que foi para isso favorecido com uma revelação particular de Maria no ano 1206.

85 – Donde provém a excelência do Rosário?
  • a) da sua origem: pois foi a própria Santíssima Virgem quem o revelou a São Domingos;
  • b) das orações que o compõem: Credo, resumo das Verdades de nossa Fé; Padre-nosso e Ave-Maria, as mais belas orações; Glória ao Pai, ato de fé e adoração à Santíssima Trindade; meditação dos mistérios da Fé;
  • c) da autoridade da Igreja que autorizou e recomendou por diversas vezes esta prática. Só o Papa Leão XIII escreveu dez encíclicas sobre o Rosário. Pode-se, portanto, dizer que é a devoção particular mais recomendada pela Igreja.

86 – Deve-se rezar sempre o Rosário?

É muito útil e salutar rezar todos os dias pelo menos o Terço, pois esta é a recomendação da Igreja e este foi o insistente apelo de Nossa Senhora nas aparições de Lourdes e Fátima: “Rezai o Terço todos os dias” [28].

87 – A Igreja recomenda alguma forma especial de se rezar o Terço? [29]

Sim, o Terço rezado em família ou em comunidade. Para cada dia que o fiel, em família ou em comunidade, reza piedosamente o Terço, meditando nos mistérios, a Igreja concede uma indulgência plenária, observadas as outras condições gerais. A Igreja exorta também os fiéis a rezarem o Terço no Mês do Rosário (outubro), durante a Santa Missa ou diante do Santíssimo Sacramento exposto.

88 – O que é a Ladainha de Nossa Senhora? [30]

É uma oração aprovada pela Igreja composta de 47 invocações a Nossa Senhora, recordando seus principais privilégios e títulos de honra, de veneração e de amor, pedindo sua proteção: “rogai por nós”.

89 – Poderia dar a explicação de algumas dessas invocações?

Sim:
  • Espelho de justiça: Maria é o espelho da perfeição cristã. Todas as virtudes cristãs brilham no Coração Imaculado de Maria. Este espelho de santidade nos foi dado como uma luz a guiar-nos no caminho da santidade.
  • Sede da Sabedoria: ou templo da Sabedoria, Templo de Deus, este título convém eminentemente a Maria, Mãe de Deus.
  • Causa de nossa alegria: Maria é causa da nossa alegria espiritual, pois nos trouxe Jesus e é por Ela que nos vem a graça de Deus.
  • Vaso espiritual: como um vaso precioso, o Coração de Maria encerra os dons espirituais da divina graça.
  • Vaso honorífico: este título convém à alma de Maria, onde permaneceu sempre a graça de Deus e a seu corpo, do qual o Divino Espírito Santo formou o Corpo de Jesus.
  • Vaso insigne de devoção: Maria encerra de maneira insigne, notabilíssima, a maior devoção de que é capaz uma criatura.
  • Rosa mística: a rosa é a rainha das flores, portanto é muito natural que Maria, rainha dos anjos e dos santos, seja comparada à rosa.
  • Torre de Davi: Davi, tendo se apoderado da torre dos Jebuseus, a qual dominava Jerusalém e servia de defesa àquela cidade, aumentou-a, fortificou-a e confiou-a aos soldados mais experimentados. Maria é a torre inexpugnável de defesa da Igreja contra os inimigos de todos os tempos (Jerusalém é figura da Igreja).
  • Torre de marfim: Nossa Senhora é aqui comparada a uma torre de uma alvura semelhante à do marfim, para nos lembrar sua pureza imaculada e poder que Deus lhe concedeu contra os inimigos da religião.
  • Casa de ouro: o ouro é símbolo da caridade, rainha das virtudes. Maria amou a Deus e ao próximo como nenhuma criatura.
  • Arca da aliança: já abundantemente explicado este título [22 – Como a arca da aliança figura Maria?].
  • Porta do Céu: este título pertence em primeiro lugar a Jesus Cristo, “Eu sou a porta”; mas, Maria também, de maneira subordinada a Jesus, é a porta do Céu, pela qual nos vêm as graças de Deus, e pela qual podemos ir a Deus.
  • Estrela da Manhã: a estrela da manha anuncia a chegada do sol, a dissipação das trevas; assim a chegada de Maria anuncia a vinda de Jesus, Sol de justiça que dissipa as trevas do pecado.


LIÇÃO XVI – O ESCAPULÁRIO DO CARMO

90 – Que é o escapulário de Nossa Senhora do Carmo? [31]

É um pequeno hábito de pano (lã) que, como sinal de devoção a Maria Santíssima, se traz aos ombros, pendendo uma parte ao peito, outra sobre as costas (do latim: scapulae = ombros).

91 – A quem se deve o escapulário do Carmo?

Foi a própria Virgem Santíssima que o deu a São Simão Stoek no dia 16 de julho de 1265, com a promessa: “Aquele que morrer revestido do escapulário, será preservado das penas do inferno. Este hábito é um sinal de salvação”. Mais tarde, Nossa Senhora confirmou essas promessas ao Papa João XXII [32], acrescentando-lhes o “privilégio sabatino” [33].

92 – O que vem a ser o privilégio sabatino?

Nossa Senhora prometeu àqueles que morrerem com o escapulário, ajudá-los na hora da morte, consolar suas almas no Purgatório e livrá-las de lá brevemente, no primeiro sábado depois da morte.

93 – Quais as condições para se lucrar as graças deste privilégio?

1) Para se obter a proteção de Nossa Senhora na vida e na morte:
  • a) receber o escapulário, na forma prescrita, por um sacerdote autorizado;
  • b) trazer piedosamente o escapulário de dia e de noite, vivendo uma vida cristã.
2) Para se lucrar o privilégio sabatino (além das condições acima):
  • a) guardar a castidade segundo o próprio estado;
  • b) rezar todos os dias o “Ofício Parvo de Nossa Senhora do Carmo” [34] ou abster-se de carne nas quartas e sábados (o sacerdote pode comutar);
  • c) guardar os jejuns e abstinências prescritos pela Igreja.

94 – É lícito o uso da medalha em lugar do escapulário?

Sim, São Pio X autorizou [35] usar uma medalha que tenha de um lado a efígie do Sagrado Coração de Jesus e do outro a de Nossa Senhora em lugar do escapulário de pano. Com esta medalha a pessoa lucra as mesmas graças e privilégios anexos ao escapulário, inclusive o privilégio sabatino. É, contudo, preferível o uso do escapulário (AAS. 16/1/1911 – ano I, vol. 111, pags. 22-23).


LIÇÃO XVII – AS CONFRARIAS E OS LIVROS MARIANOS

95 – Quais são as principais confrarias dedicadas a Nossa Senhora, aprovadas ou recomendadas pela Igreja?

Certas Ordens Terceiras, como a do Carmo; as Congregações Marianas e as Pias Uniões das Filhas de Maria.

96 – É recomendável aos católicos fazer parte dessas associações?

Sim, é muito recomendável, e a própria Igreja insiste nisso, no seu Código de Direito Canônico. Sobretudo, porque é uma prática muito antiga e universal na Igreja.

97 – Que escritos podem ser recomendados aos fiéis para alimentar sua piedade mariana?

Os textos do Magistério oficial da Igreja [36]: Encíclicas e outros documentos pontifícios. Os textos dos Santos Padres e Santos Doutores da Igreja. Entre os quais não se pode deixar de destacar as “Glórias de Maria Santíssima” [37], de Santo Afonso Maria de Ligório, e o “Tratado da verdadeira devoção” [38], de São Luís Maria Grignion de Montfort.

Outros livros de autores católicos também são recomendáveis, desde que aprovados pela autoridade eclesiástica.


LIÇÃO XVIII – DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA, HOJE

98 – Será a devoção a Nossa Senhora o remédio para estes tempos de crise na Igreja e no mundo de hoje?

Sim, o remédio é este. “Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”, disse Nossa Senhora na mensagem de Fátima. A condição para se debelar a crise na Igreja, ou, pelo menos, para cada católico se manter fiel em meio ao indiferentismo geral é a devoção a Nossa Senhora.

99 – Há algum modo especial de se viver a devoção ao Imaculado Coração de Maria?

Sim, pela prática dos “Cinco primeiros Sábados do Mês” [39]. Consiste em o fiel se confessar, fazer a Comunhão reparadora, rezar o Terço e fazer quinze minutos de companhia a Nossa Senhora, meditando nos mistérios do Rosário, tudo isso em cinco primeiros sábados do mês, em desagravo ao Imaculado Coração de Maria.

100 – A devoção a Nossa Senhora é um seguro de salvação?

Sim, porque Ela é nossa Corredentora, Advogada e Medianeira. “Ó Senhora, porque sois a dispensadora de todas as graças, e só de vossas mãos nos há de vir a salvação, de Vós também depende nossa salvação” (S. Bernardino de Sena, citado por Santo Afonso – Glórias de Maria).

“Os que me fizerem conhecer terão a vida eterna” (Eclesiástico 24,31).




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Notas:

1 – Decreto “Duplex majus”, de 25 de novembro de 1683.
2 – Cf. http://vashonorabile.blogspot.com.br/2013/07/dogmas-marianos.html.
3 – Cf. http://www.capela.org.br/Artigos/convidados/JPMestre2.htm.
4 – Cf. http://religiosita.blogspot.com/2012/12/ineffabilis-deus.html.
5 – Cf. http://farfalline.blogspot.com.br/2012/12/festa-da-imaculada-conceicao.html.
6 – O dogma da Maternidade Divina (...) foi solenemente definido pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.). Algum tempo depois, foi proclamado por outros Concílios universais, o de Calcedônia e os de Constantinopla II e III. O Concílio de Éfeso, do ano 431, sendo Papa São Clementino I (422-432) definiu: “Se alguém não confessar que o Emanuel (Cristo) é verdadeiramente Deus, e que portanto, a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, porque pariu segundo a carne ao Verbo de Deus feito carne, seja anátema.”
7 – Desde 1931, com a E. "Lux Veritatis", Pio XI colocara no dia 11 de Outubro a festa da Maternidade Divina de Maria, em recordação do fato de que mil e quinhentos anos antes, em 431, no pontificado do Papa S. Celestino I, o Concílio de Éfeso tinha solenemente reconhecido a Maria esse título, para expressar assim a união indissolúvel de Deus e do homem em Cristo.
8 – O Papa Paulo IV o reconfirmou no “Cum quorundam” de 7 de Agosto de 1555, no Concílio de Trento.
9 – O dogma encontra correspondência na liturgia, segundo a máxima “lex orandi lex credendi”. A virgindade perpétua de Maria é lembrada e contemplada na antífona “Alma Redemptoris Mater” com a precisa formulação: “Virgo prius ac posterius”, ou seja: “Virgem antes e depois (do parto)”. No Trato das festas marianas que caem depois do Domingo da Septuagésima, se repete “post partum Virgo inviolata permansisti” (“após o parto permanecestes virgem inviolada”). A Mãe de Jesus é lembrada como “sempre Virgem” no Confiteor, no Communicantes do Cânon Romano e no prefácio da Beata Vergine Maria – no prefácio II do novo missal da nova missa, Maria é chamada apenas “Virgem” –. Contempla-se também a virgindade de Maria no Credo, nas Ladainhas e nas demais antífonas marianas: “Salve regina”, “Sub tuum praesidium” e “Ave Regina Caelorum”.
10 – Cf. http://www.capela.org.br/Magisterio/assuncao.htm.
11 – Cf. http://goo.gl/gM9t5S.
12 – Cf. http://goo.gl/eRkwOl.
13 – Cf. http://goo.gl/zbB942.
14 – Leão XIII, numa das encíclicas sobre o Rosário (“Iucunda Semper Expectatione” - 1894), diz: “Por expressa vontade de Deus, nenhum bem nos é concedido se não é por Maria; e como nada pode chegar ao Pai senão pelo Filho, assim geralmente nada pode chegar a Jesus senão por Maria”.
15 – Cf. http://goo.gl/G647fH.
16 – Corredentora (português) ou Co-Redemptrix (latim) refere-se à participação indireta de Maria no processo de salvação. Mesmo antes do ano 200, Ireneu de Lyon refere-se a Maria como “causa salutis” (causa de nossa salvação) devido ao seu filho. O ensinamento tornou-se universal desde o século XV, mas nunca foi declarado um dogma, embora petições para declará-lo (juntamente com Medianeira) tenham sido submetidas ao papa por vários cardeais e bispos, tornando-se assim o quinto dogma mariano a ser aprovado pela Santa Sé.
17 – Cf. http://religiosita.blogspot.com.br/2013/08/papa-leao-xiii-quamquam-pluries-1889.html.
18 – Cf. http://goo.gl/zbB942.
19 – Cf. http://www.capela.org.br/Magisterio/Pio%20X/imaculada50anos.htm.
20 – Cf. http://goo.gl/v9OttK.
21 – Cf. http://farfalline.blogspot.com.br/2012/12/festa-de-nossa-senhora-de-guadalupe.html.
22 – Cf. http://espelhodejustica.blogspot.com.br/2013/07/concilio-de-trento-sessao-xxv-o.html.
23 – Cf. http://farfalline.blogspot.com.br/2012/10/nossa-senhora-aparecida.html.
24 – Cf. http://precantur.blogspot.com.br/2013/01/a-devocao-das-tres-ave-marias.html.
25 – Cf. http://fbmv.wordpress.com/a-oracao-do-santo-rosario.
26 – Cf. http://farfalline.blogspot.com.br/2013/09/novas-meditacoes-para-o-rosario-e.html.
27 – Cf. http://farfalline.blogspot.com.br/2012/02/quatro-razoes-para-se-rejeitar-o-novo.html.
28 – Cf. http://osegredodorosario.blogspot.com.br/2013/11/seu-dia-nao-terminou-ainda-se-voce-nao.html.
29 – Cf. http://farfalline.blogspot.com.br/2013/12/o-santo-rosario.html.
30 – Cf. http://precantur.blogspot.com.br/2011/06/ladainha-de-nossa-senhora.html.
31 – Cf. http://goo.gl/8gTNwHhttp://goo.gl/RVNSd8 e http://www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=2410.
32 – Bula “Sacratissimo uti culmine”, de 3 de março de 1317.
33 – Alguns Papas se pronunciaram sobre o assunto: Clemente VII (Bula “Ex clementes”, de 12 de agosto de 1530), Paulo III (em 1530 e 1549), Pio IV (1561), São Pio V (Bula “Superna dispositione”, de 18 de fevereiro de 1566), e, mais recentemente, as aprovações de São Pio X em 1910, de Bento XV em 1916, e de Pio XII em 1950; cf. http://goo.gl/zKpMcL.
34 – Cf. http://ars-the.blogspot.com.br/2010/12/oficio-da-imaculada.html.
35 – Decreto “Cum Sacra”, de 16 de dezembro de 1920, do Santo Ofício
36 – Documentos Marianos:
  • 1322 – Papa João XXII (canonizou S. Tomás de Aquino – Bula “Redentionem mihi Dominus” 1323: Bula “Sacratissimo uti culmine Paradisi” ou “Bula Sabatina” (13/03/1322). Esta bula é tida como inexistente pelos modernos, mas o Papa Alexandre V, na Bula “Tenorem cujusdam Privilegii” (7/12/1409) atesta ter visto a bula com seus olhos, repetindo o inteiro teor da bula.
  • 1528 – Clemente VII: Bula “Dilecti Filii”, Nicolaus Audebt” (15/05/1528)
  • 1530 – Clemente VII: Bula “Ex clementi” (12/08/1530).
  • 1530 – Paulo III (convocou o Concílio de Trento, autorizou a Companhia de Jesus e excomungou Henrique VIII):
  • 1534 – Paulo III: “Provisionis nostra” (3/11/1534).
  • 1549 – Paulo III.
  • 1561 – Pio IV.
  • 1566 – São Pio V: Bula “Superna dispositione” (18/02/1566).
  • 1569 – São Pio V foi o primeiro Papa a escrever um documento sobre o Rosário: “Consueverunt Romani Pontifices” (17/09/1569), estabelecendo a fórmula oficial do Rosário, tal como recebido por S. Domingos.
  • 1577 – Gregório XIII: “Ut laudes” (18/09/1577).
  • 1607 – Paulo V: Bula “Romanus Pontifex” (16/02/1607)
  • 1609 – Sagrada Congregação dos ritos (Paulo V): aprova o Ofício da Festa de Nossa Senhora do Carmo. Assinado pelos Cardeais São Roberto Bellarmino e Pinelli.
  • 1613 – Sagrada Congregação da Universal Inquisição de Roma (Paulo V): autoriza a pregação do privilégio sabatino (11/02/1613).
  • 1628 – Sagrada Congregação dos Ritos (Urbano VIII): aprova novamente o Ofício de Nossa Senhora do Carmo.
  • 1673 – Clemente X: Bula “Comissae Nobis” (8/5/1673), sobre o privilegio sabatino.
  • 1674-1675 – Sagrada Congregação dos Ritos (Clemente X): novamente o Ofício de Nossa Senhora do Carmo.
  • 1854 – Papa Pio IX: Bula dogmática “Ineffabilis Deus”.
  • 1883 – Papa Leão XIII: “Supremi Apostolatus Officio”.
  • 1884 – Papa Leão XIII: “Superiore Anno”. 
  • 1891 – Papa Leão XIII: “Octobri Mense”.
  • 1892 – Papa Leão XIII: “Magnae Dei Matris”. 
  • 1893 – Papa Leão XIII: “Laetitiae Sanctae”.
  • 1894 – Papa Leão XIII: “Iucunda Semper Expectatione”.
  • 1895 – Papa Leão XIII: “Adiutricem populi”. 
  • 1896 – Papa Leão XIII: “Fidentem Piumque Animum”.
  • 1897 – Papa Leão XIII: “Augustissimae Virginis Mariae”.
  • 1898 – Papa Leão XIII: “Diuturni Temporis”.
  • 1904 – Papa Pio X: Encíclica “Ad diem illum laetissimum”.
  • 1910 – São Pio X - em aberto.
  • 1916 – Bento XV - em aberto.
  • 1931 – Papa Pio XI: Encíclica “Lux veritatis” em italiano.
  • 1950 – Papa Pio XII: Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus” (Dogma da Assunção). 
  • 1950 – Pio XII - em aberto.
  • 1951 – Papa Pio XII: Encíclica “Ingruentium Malorum”.
  • 1953 – Papa Pio XII: “Fulgens corona”. 
  • 1954 – Papa Pio XII: “Ad Caeli Reginam”.
  • Fontes: “Instruzione intorno al sacro abitino di Maria Vergine del Carmine”, Pe. Giuseppe di Gesu, 1739, Torino, PDF. Demais Bulas e Encíclicas.
37 – Compra.
38 – PDF.
39 – Cf. http://old.fatima.org/port/5firstsat.htm e http://goo.gl/W93q0R.






Fontes: Este Pequeno Catecismo de Nossa Senhora é apenas um resumo do livro elaborado por uma Reunião de Professores de 1915, “Maria ensinada à Mocidade – Pequeno Catecismo de Nossa Senhora”. Encontrado na Web. Sites e documentos do Vaticano e outros.



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