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terça-feira, 1 de novembro de 2011

1 de Novembro: Festa de todos os Santos

Festa de todos os Santos
1º novembro

Paraíso de Menabuoi

A Igreja é indefectivelmente santa: Cristo a amou como Sua Esposa e deu a Si mesmo por Ela, para o fim de santificá-La; por isso todos na Igreja são chamados à santidade. A Igreja prega o mistério pascal nos santos que sofreram com Cristo e com ele são glorificados; propõe aos fieis os exemplos deles, que atraem ao Pai por meio de Cristo; e implora, pelos merecimentos deles, os benefícios de Deus. Hoje, em uma única festa se celebram, junto aos santos canonizados, todos os justos de todos os tempos, cujos nomes estão escritos no livro da vida.
Martirológio Romano: Solenidade de todos os Santos unidos a Cristo na glória: hoje, em um único júbilo de festa, a Igreja ainda peregrina na terra venera a memória daqueles de cuja companhia exulta o Céu, para ser instigada pelo exemplo deles, alegrada pela proteção deles e coroada pela vitória deles diante da Majestade Divina nos séculos eternos.

A festa de todos os Santos, no dia 1º de novembro, se difundiu na Europa latina nos séculos VIII-IX. Iniciou-se a celebrar a festa de todos os santos até em Roma desde o sec. IX.

Uma única festa para todos os Santos, ou seja, para a Igreja gloriosa intimamente unida à Igreja ainda peregrina e sofredora. Hoje é uma festa de esperança: “a assembleia festiva dos nossos irmãos” representa a parte eleita e seguramente exitosa do povo de Deus; nos chama atenção para o nosso fim e para a nossa vocação verdadeira: a santidade, à qual todos nós somos chamados, não por meio de obras extraordinárias, mas com o cumprimento fiel da graça do batismo.


Do ‘Discursos’ de São Bernardo, abade
A que serve, então, o nosso louvor aos santos, a que serve o nosso tributo de glória, a que serve esta mesma nossa solenidade? Porque a eles as honras desta mesma terra quando, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste os honra? Para que, então, nossas homenagens a eles? Os santos não precisam de nossas honras e nada vem para eles do nosso culto. É claro que, quando veneramos a memória deles, operamos em nosso benefício, não no deles! De minha parte, devo confessar que, quando penso aos santos, me sinto arder de grandes desejos. O primeiro desejo que a memória dos santos suscita ou estimula mais em nós é o de gozar da companhia tão doce deles e de merecer sermos concidadãos e familiares dos espíritos beatos, de nos encontrarmos juntos na assembleia dos patriarcas, nas fileiras dos profetas, no senado dos apóstolos, nos exércitos numerosos dos mártires, na comunidade dos confessores, nos coros das virgens; de estar, em suma, reunidos e felizes na comunhão de todos os santos.
Nos espera a primitiva comunidade dos cristãos, e nós nos desinteressaríamos? Os santos desejam ter-nos entre eles e nós nos mostraríamos indiferentes? Os justos nos esperam, e nós não tomaríamos cuidado? Não, irmãos, despertemos de nossa deplorável apatia. Ressurjamos com Cristo, busquemos as coisas do alto, daquelas provemos. Sintamos o desejo daqueles que nos desejam, apressemo-nos em direção daqueles que nos esperam, antecipam com os votos da alma a condição daqueles que esperam por nós. Não apenas devemos desejar a companhia dos santos, mas também de possuirmos a felicidade deles. Enquanto, portanto, ansiamos de estar com eles, estimulemos em nosso coração a aspiração mais intensa de compartilhar com eles a glória. Esta avidez não é por certo inapropriada, porque tal fome de glória não é nada perigosa.
Há um segundo desejo que é suscitado em nós pela comemoração dos santos, e é aquele de que Cristo, em nossa vida, se mostre também a nós como a eles, e também façamos com Ele a nossa aparição na glória. Enquanto isto, o nosso chefe se apresenta a nós não como é agora no Céu, mas na forma que quis assumir para nós aqui na terra. O vemos, portanto, coroado de glória, mas circundado pelos espinhos de nossos pecados. Envergonhe-se então todo membro de fazer ostentação de requinte debaixo de um chefe coroado de espinhos. Compreenda que as suas elegâncias não lhe fazem honra, mas o expõem ao ridículo. Chegará o momento da vinda de Cristo, quando não se anunciará mais a sua morte. Então, saberemos que nós também estaremos mortos e que a nossa vida é escondida com Ele em Deus. Então, Cristo aparecerá como chefe glorioso e com Ele brilharão os membros glorificados. Então, transformará o nosso corpo humilhado, tornando-o semelhante à glória do chefe, que é Ele mesmo.
Nutramos, assim, livremente a avidez pela glória. Temos todo o direito. Mas para que a esperança de uma felicidade tão incomparável se torne realidade, nos é necessário o socorro dos santos. Solicitemo-lo atenciosamente. Assim, por intercessão deles, chegaremos lá onde sozinhos não poderíamos nunca pensar em chegar. (Disc. 2; Opera omnia, ed. Cisterc. 5 [1968] 364-368)

Regozijai-vos e alegrai-vos porque grande é a vossa recompensa nos Céus.
A beatitude consiste em alcançar aquilo que preenche e torna feliz o coração do homem. É a felicidade que conseguiram os santos que hoje celebramos reunidos em uma única festa. É um grupo que ninguém pode enumerar e que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro, isto é, experimentaram em vida e na morte a infinita Misericórdia Divina e vivem também, pela virtude deles, na beatitude eterna. Uma beatitude à qual todo fiel aspira na esperança que o próprio Cristo nos infunde. O Cristo anuncia uma felicidade que não é da ordem dos valores terrenos, mas é em vista do Reino, proclamado por Ele, e, mesmo começando já nesta terra para aqueles que acolhem Cristo e suas exigências, será definitiva somente na eternidade. A Igreja, formada por todos os santos, nos convida hoje a olhar para o futuro e para o prêmio que Deus reservou àqueles que o seguem no difícil caminho da perfeição evangélica. Todos nós gostaríamos que, depois da nossa morte, este dia fosse também a nossa festa. Jesus nos convida a regozijarmos e alegrarmos já durante o percurso, em vista à chegada final. A santidade, portanto, não é a meta de poucos privilegiados, mas a aspiração contínua e constante de todo crente, na firme convicção de que ela é antes de tudo um projeto divino que a ninguém exclui e que nos foi confirmada a preço do sacrifício de Cristo, que deu a vida pela nossa salvação, e, portanto, pela nossa santidade. Não conseguir a meta então significaria tornar-se responsável daquele grande pecado, que esperamos que ninguém cometa, de frustrar a obra redentora do Salvador. Santo Agostinho, movido por santa inveja costumava repetir a si mesmo: “Se tantos e tantas, porque não eu?”.


Autor: Monjes Beneditinos Silvestrinos
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