Publico hoje um texto extraordinário, pela coragem e a lucidez. De antemão, já me desculpo por algum erro de tradução que houver e que irei, com gratidão, corrigir, se alguém me avisar. Também não houve tempo para uma revisão final. É um texto longo, que envolve, além da tradução - a mais fiel possível - as notas de tradução (com meus comentários pessoais em verde), que sempre dão mais trabalho que a tradução em si, a qual, diga-se de passagem, me tirou boas horas de sono e de presença em família. Mas isso se deu porque achamos indispensável linkar todas as referências citadas pelo reverendo padre, para que os dormidos não digam que "não é verdade", ou que dom Fellay não disse o que disse e desdisse mais de uma vez e com espantosa facilidade, levando ao grau máximo o uso e abuso da ambiguidade e da dissimulação. Eu sei que há muitos que veem dom Fellay quase como um santo, uma "Santa Joana d'Arc de calças", mas se enganam! E não sou eu quem diz, nem Pe. Rioult, nem todos os bons e honestos padres e fieis que tiveram o desprazer de testemunhar os fatos. Quem desmente e denuncia dom Fellay é o próprio dom Fellay! Não é de hoje que notamos que o que dom Fellay diz não se escreve, porque ele não tem escrúpulo algum para mudar as suas próprias palavras do dia para a noite, e fazer de conta que nunca disse o que disse. Por outro lado, é impressionante - e talvez sobrenatural - a cegueira dos que insistem em crer que tudo isso é "invenção da oposição que quer apenas tirá-lo do cargo". Haja paciência! E misericórdia naquele dia tremendo!!!
Traduzi do Non Possumus (aquele que foi excomungado por Menzingen), para aproveitar também seus comentários, além dos de UnaVox.
Vamos republicar este texto em capítulos, porque os preguiçosos não leem textos grandes (e/ou complexos). Nem para o bem de suas almas. Mas, como queremos ser úteis, lhes faremos esse favor.
Vamos ao texto!
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“A Fraternidade está prestes a mudar por culpa de seus maus líderes. Seus embustes e os seus fracassos têm sido comprovados o suficiente. Não é mais o momento de escrever, mas de agir. A política de Menzingen é desonesta e liberal. Esta situação perdurou demais, ela deve cessar e cessará”
A CRISE NA FRATERNIDADE
Conferência de Pe. Olivier Rioult, FSSPX[1]
Os grifos em vermelho, os negritos e as notas são do site francês.
A tradução e o layout são nossos[2].
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Nota de adesão
Pe. Jean Michel Faure, um dos membros do Capítulo de 2012, vendo-se impossibilitado de vir à minha conferência, enviou algumas linhas:
Transmiti-lhe as minhas felicitações e meu apoio. Eu entrei em Ecône em 1972 e conheci muito bem Mons. Lefebvre. Não tenho dúvida de que ele aprovaria a decisão de Pe. Rioult, que é também a minha.
Em união de oração.
Pe. Jean Michel Faure
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Queridos amigos,
Hoje, quero lhes explicar o sofrimento dos padres da Fraternidade.
Vou lhes expor fatos dolorosos, mas, por caridade, não me acusem de ser violento; são as coisas que lhes descreverei que o são. É a situação que vivemos na Fraternidade que é violenta, eu não o sou mesmo; eu simplesmente a vejo, a denuncio, lamento e sofro por isso.
Por que voltar a falar dos eventos dolorosos, que já passaram, ao invés de permitir que se feche a ferida, uma vez que Mons. Fellay não assinou?
Porque estes eventos passados são gravíssimos e, principalmente, porque eles perduram até hoje.
Mas, antes de enfrentar o assunto, duas preciosas colocações sobre a caridade da verdade de Dom Felix Sardá y Salvany, extraídas de seu livro “Le libéralisme est un péché” [O liberalismo é um pecado] [um livro que deve ser lido![4]] (1).
1 “Não se comete nenhum pecado contra a caridade ao chamar de “mal” ao mal, e de “maus” as autores, defensores e discípulos do mal. O lobo sempre foi chamado simplesmente de lobo, e chamando-o assim nunca se pensou em fazer mal ao rebanho e ao seu mestre”.
2 “As ideias não se sustentam, de alguma forma, por si sós, não se difundem nem se propagam sozinhas (...) Os autores e os propagadores das doutrinas heréticas são soldados. Suas armas são o livro, o jornal, o discurso público, a influência pessoal. (...) A primeira coisa a se fazer, a mais eficaz, é eliminar o agente infectante. Convém, em seguida, remover toda a autoridade e todo crédito do livro, do jornal, do discurso público do inimigo, mas convém também, em alguns casos, fazer o mesmo com sua pessoa; sim, com a sua pessoa, que é, incontestavelmente, o elemento principal de batalha. Assim, em certos casos, é lícito revelar ao público as suas infâmias, ridicularizar seus hábitos, arrastar seu nome na lama. Sim, leitor, isso é permitido, permitido em prosa, em versos, em caricatura, em um tom sério ou brincalhão, com todos os meios e procedimentos que possam ser inventados. O que importa apenas é não se colocar a mentira a serviço da justiça”.
“Mas Mons. Fellay e os seus [de Pe. Rioult] confrades acordistas não são hereges”.
Claro, é óbvio, mas escutai essas reflexões do Papa Pio IX:
“Nestes tempos de confusão e de desordem, não é incomum ver uns cristãos, uns católicos, e até mesmo no clero secular e nos claustros, que têm sempre nos lábios palavras medidas, de reconciliação, de negociação. Pois bem! Eu não hesito em dizer: esses homens estão no erro, e eu não os considero inimigos menos perigosos para a Igreja. Nós vivemos em uma atmosfera corrupta, pestilencial; saibamos nos preservar; não nos deixemos envenenar pelas falsas doutrinas que tudo perdem sob o pretexto de salvar tudo”.
Os liberais, gente conciliante, são, portanto, inimigos da Igreja, que tudo perdem sob o pretexto de salvar tudo! Lembremo-nos disso!
Para destacar a violência que reina hoje na Fraternidade, é necessário analisar os textos, e para isso é indispensável algum material: olhos para ler e ouvidos para ouvir, uma inteligência para compreender o sentido das palavras e, acima de tudo, um par de óculos cor-de-rosa[5], um par preto e um par normal...
Comecemos:
“A propósito da resposta que enviei no dia 17 de abril a Roma (...), tenho a impressão que a coisa esteja indo bem. Para os nossos, eu penso que será necessário explica-la devidamente, porque há (neste documento) declarações que são tão em cima do muro que se alguém estiver mal disposto ou se estiver de óculos pretos ou cor-de-rosa, poderá ser lido de um jeito ou de outro. Então, é preciso que se lhes explique que esta carta não muda absolutamente em nada a nossa posição [a vós fiéis e professoras dominicanas que não sabeis que o que ledes não quer dizer o que ledes, mas aquilo que eu quero que penseis]. Mas se alguém quiser lê-la de forma errada, acabará por compreendê-la de forma errada. [É a confissão de que foi preparado um documento ambíguo!!!???]” (Mons. Fellay, Brignoles, 4 de maio de 2012 – in “Nouvelles de Chrétienté”, n. 135[6]).
É triste dizê-lo, mas esta passagem do discurso de Mons. Fellay em Brignoles, no dia 4 de maio de 2012, ilustra bem o drama que vivemos: Mons. Fellay fala ambiguamente! E se o censurarmos por isso, ele se escandaliza e nos acusa de haver posto os óculos pretos, ao invés de por os cor-de-rosa.
Para separar o verdadeiro do falso, vejamos para os textos e apresentemos alguns exemplos.
Recentemente, na Carta aos Amigos e Benfeitores n º 80[7], de março de 2013, Mons. Fellay escreveu:
“(...) no plano doutrinal permanecemos no ponto de partida, tal como estava nos anos 70. Lamentavelmente não podemos fazer mais do que (...)reconhecer a atualidade da análise de Dom Lefebvre, (...), que não variou nas décadas seguintes ao Concílio até a sua morte. (...) mesmo reconhecendo que a crise que sacode a Igreja também tem causas externas; é o próprio Concílio o agente principal de sua autodestruição. (...) Estamos, pois, na Páscoa de 2013 e a situação da Igreja continua praticamente inalterada”.
Está claro, não? Não é preciso temer: Mons. Fellay pensa corretamente!
Não! Esta bela declaração chega um pouco atrasada e de nada vale, porque:
Em junho de 2012: DICI-Lorans publica:
“com a palavra, Mons. Bernard Fellay, para saber do próprio Superior geral (...) como ele considere uma solução canônica que sobreviesse antes de uma solução doutrinária [Dom Lorans não diz “sem”, embora seja esse o caso] (...) As suas respostas, inspiradas pela prudência sobrenatural, dão uma análise da situação enraizada no real” (2)[8]. [Dom Alain Lorans: campeão da manipulação midiática de estilo jornalístico da pior espécie: quanto maior mais é crível].
Mons. Fellay:
“O que mudou é que Roma não coloca mais a aceitação total do Vaticano II como uma condição para a solução canônica[9]. Hoje, em Roma, alguns[10] acreditam que (...) a Igreja é mais do que o Concílio. (...) Essa tomada de consciência pode nos ajudar a entender o que realmente acontece: nós somos chamados para ajudar a levar aos outros o tesouro da Tradição[11] (...). O fato é que é a atitude da Igreja oficial que mudou[12], não nós[13]. (...) Podemos até nos perguntar o por que desta mudança. Nós continuamos a discordar doutrinariamente, mas o Papa quer nos reconhecer! Porque? [Por que Mons. Fellay assinou uma declaração inaceitável na qual se aceita, não apenas o Concílio à luz da Tradição, mas também a Tradição à luz do Concílio]. A resposta é: hoje há problemas extremamente importantes na Igreja. É preciso tratar esses problemas. É necessário deixar de lado os problemas secundários[14] e ocupar-se dos problemas maiores[15]. É preciso ler nas entrelinhas para entender [torna-se cada vez mais complicado: cor-de-rosa, preto, ... nas entrelinhas]. (...) As autoridades oficiais não querem reconhecer os erros do Concílio. Elas nunca o dirão explicitamente. No entanto, se lermos nas entrelinhas[16], podemos ver[17] que desejam remediar alguns desses erros”.
Em 2011, a propósito da beatificação de João Paulo II, Mons. Fellay declarava que aquela representava “um grave problema”.
“O de um pontificado que avançou a grandes passos no sentido errado, na direção do progressismo e de tudo aquilo que se chama ‘espírito’ do Vaticano II. Trata-se, portanto, de uma consagração, não só da pessoa de João Paulo II, mas também do Concílio e de todo o espírito que o acompanhou”. [18]
Parece claro, não? Não há o que temer: Mons. Fellay pensa corretamente!
Mas não! Ele se contradiz[19], pois escreve que Bento XVI, que está para beatificar João Paulo II, é um papa que “retorna às ideias tradicionais”[20].
Em uma entrevista ao “Les Nouvelles Calédoniennes”[21], ouvimos Mons. Fellay dizer:
“E o balanço [do Vaticano II] é devastador. ... [Mas] o Papa retorna às ideias tradicionais[22]. Ele vê perfeitamente bem que há um desvio, e que é preciso corrigi-lo. Estamos, talvez, muito mais próximos do Papa do que parece. (...) Por outro lado, (...) basta um ato de Roma para dizer que tudo acabou e nós regressaremos à Igreja[23]. Isso vai acontecer. Eu estou muito otimista[24]”. (27 de Dezembro de 2010).
Ainda em 2010, na Carta aos Amigos e Benfeitores n. 76[25], de 7 de maio de 2010, ele pensava que:
“Após a ascensão ao Pontificado de Bento XVI” tem “aparecido uma nova onda” (...) “Contra todas as expectativas, esta parece estar indo na direção oposta à primeira. Os indícios são suficientemente variados e numerosos[26] para afirmar que este novo movimento de reforma ou restauração é real”.
Eis o retrato de Bento XVI que Mons. Fellay traça em 2010 no Brasil[27]:
“Bento XVI é uma mistura de bom e mau. O que é mau é a cabeça, sede do modernismo. Por exemplo, o ecumenismo, as relações com os Hebreus. Ele tem dito coisas inacreditáveis sobre o Inferno. Por este lado, Bento XVI é muito moderno[28] [não católico, herético – a palavra não é pronunciada, mas a pensamos – e a verdade diminuiu]. Mas há também um outro lado, que é conservador: a sua cabeça é moderna, seu coração[29] é conservador [a liturgia??]. Mas eu ignoro como uma e o outro caminhem juntos”. (3).
Para compreender o ridículo dessa afirmação, é preciso deixar o discurso e ir aos fatos.
Eis os atos principais desse coração conservador, entre 2007 (data do Motu Proprio sobre a Missa[30]) e 2011:
Reunião inter-religiosa de Nápoles; visita à sinagoga de Nova York; Dia Mundial da Juventude em Sydney, com sua liturgia inculturada e seus rituais pagãos; visita à mesquita de Jerusalém; ritual judaico no Muro das Lamentações; visita à Sinagoga de Roma; participação ativa no culto luterano em Roma; beatificação de João Paulo II; reiteração do escândalo de Assis.
O pensamento é confuso, a linguagem é ambígua, oportunista e também manipuladora.
“Mons. Fellay soube adotar gradualmente uma linguagem medida, que faz esquecer suas declarações anteriores que tinha um sentido completamente diferente, assim como os discursos agressivos dos outros bispos da FSSPX, (...) Este terceiro ponto – decisivo, porque não há negociação sem “do ut des”[31] – demonstra suas habilidades diplomáticas e, também, a fraqueza da sua margem de manobra. Aqui está um exemplo: após a remissão das excomunhões, ele enviou, por fax, a todos os priorados do mundo, uma “Carta aos fiéis” (24 de Janeiro de 2009)[32] que continha a citação de sua carta ao cardeal Castrillon (15 de dezembro de 2008), que havia permitido a remoção das censuras: ‘nós estamos prontos a escrever o Credo com o nosso sangue, a firmar o juramento anti-modernista, a profissão de fé de Pio IV, nós aceitamos e fazemos nossos todos os concílios até o Vaticano II, sobre o qual expressamos algumas reservas’. (...).
Esta formulação causou tal clamor que alguns dias depois uma nova versão desta carta de 24 de Janeiro citava assim a carta ao cardeal: ‘nós aceitamos e fazemos nossos todos os concílios até o Vaticano I. Mas não podemos deixar de manifestar algumas reservas em relação ao Concílio Vaticano II, um concílio que quis ser diferente dos outros’. (...) Que fique claro que é a primeira versão a que recebeu o Cardeal Castrillon, enquanto a segunda versão não é um falso, mas uma tradução para uso da opinião pública da FSSPX”. (29 de outubro de 2009.)
Na época, Mons. Fellay dizia aos Priores que havia sido um erro do Secretário-geral, que, tendo trabalhado a noite toda, havia cometido um erro[33].
Manipulam-se os textos, adaptam-se ao público: tanto à direita quanto à esquerda, tanto “sim” quanto “não”. Uma vez “cor-de-rosa”, outra, “preto”.
Esta confusão por parte de um superior é insuportável e inaceitável.
Este mesmo esquema se repete há vários anos, e continua:
- Em Roma, as coisas mudaram, mas a situação permanece quase inalterada[34].
- Nós não temos procurado um acordo prático, mas nós não recusamos a priori a oferta do Papa[35].
- Eu tenho a intenção de continuar a envidar todos os meus esforços para prosseguir nesse caminho... mas está fora de questão aventurar-se em direção a uma normalização canônica, enquanto a parte doutrinal não for ajustada. [36]
- Roma aceita colocar os seus erros no mesmo nível de uma opinião, mas Roma, consagrando a pessoa de João Paulo II, consagra o Concílio.[37]
- O princípio de 2006 (nenhum acordo prático enquanto Roma não se converter) é claro, mas não está claro o que nós entendemos por “conversão de Roma”.
- O Papa nos escreve em caráter oficial, mas, de fato, o que deseja é o que não escreveu, porque não pode escrevê-lo.
- Em março de 2013, à Fraternidade: “não é absolutamente o caso de um acordo com a Roma modernista”[38]; mas, em outubro de 2012, em Bruxelas, a alguns padres diocesanos, acerca de haveria um acordo entre Roma e a Fraternidade: “será em breve”[39].
Proposições flutuantes, ambíguas, até mesmo contraditórias, de tal forma em cima do muro que podemos perder a cabeça.
Graves sofismas
Um sofisma é um falso raciocínio que tem alguma aparência de verdade. Dois são particularmente graves. Mons. Fellay apresentou como vitórias da Tradição aquilo que, no fundo, não passava de manobras modernistas. Não devemos esquecer nunca que a revolução está pronta a fazer muitas concessões aparentes e superficiais para salvar o essencial: conservar seu princípio revolucionário: a liberdade religiosa dos direitos do homem: princípio maçônico.
Em 2007, foi-nos dito que a Missa Tridentina nunca “fora ab-rogada” [enquanto rito extraordinário, de igual santidade com o rito bastardo, que era o ordinário][40].
Em 2009, as “excomunhões” foram retiradas[41] [levantadas][42].
Mentiu-se por omissão; a estratégia revolucionária tem sido ignorada!
1) ela pode suportar a Missa extraordinária, contanto que a Missa bastarda permaneça norma ordinária e principal. [A influência perniciosa deste Motu Proprio se fez sentir entre nós, com os convites de matrimônio que anunciavam a Missa no rito extraordinário...].
2) ela pode tentar um gesto de misericórdia para com os lefebvrianos, se isso pode enfraquecê-los e contanto que o Vaticano II continue a bússola da Igreja para o século XXI.
O próprio Bento XVI explicou sua estratégia aos modernistas idiotas:
“Pode ser totalmente errado empenhar-se para dissolver endurecimentos e restrições, de tal modo a dar espaço ao que há de positivo[43] e de recuperável no conjunto? Eu mesmo vi, nos anos posteriores a 1988, como, mediante o retorno de comunidades anteriormente separadas de Roma, tenha mudado a atmosfera interna deles; como o retorno à grande e ampla Igreja comum tenha feito superar posições unilaterais[44] e dissolvido endurecimentos de tal forma que, depois, disso emergiram forças positivas para o conjunto”. (4)[45]
Mons. Lefebvre, em 1988, havia denunciado esta estratégia vaticana e os seus perigos:
“A atmosfera desses contatos e dos colóquios nos mostra claramente que o desejo da Santa Sé é de nos aproximar do Concílio e das suas reformas, de nos inserir, dessa forma, no seio da Igreja conciliar[46] (...) A nossa reintegração parece ser um recurso político, diplomático para equilibrar os excessos dos outros”. (5)[47].
Bento XVI, que é um modernista inteligente, nada fez por causa de nossos belos olhos! Não fez o seu Motu Proprio para nós! Mas para salvar o Vaticano II; como modernista atento, ele compreendeu que, para salvar o Vaticano II, precisava de nós na “vasta Igreja”. A Fraternidade legitimamente integrada poderia aportar para a Igreja moderna o seu “carisma da Tradição”, porque, de facto, ela aceitaria o pluralismo do pensamento conciliar. É para salvar sua “hermenêutica da continuidade” que Bento XVI precisa de nós, que declaramos a ruptura doutrinal do Vaticano II. Este simples “viver juntos” manifestará a continuidade da “Tradição viva”, na “vasta Igreja”. Pela mesma razão, ele devia aceitar a existência da Missa tradicional [mas em segundo plano], para salvar a Missa de Paulo VI e sua pretensa continuidade litúrgica.
Ora, o bem da Igreja exige a recusa do Concílio, e não apenas a sua crítica. Não podemos mais nos contentar com o “deixar-nos fazer a experiência da Tradição”, com o “aceitai-nos pelo que somos”, pois isso significaria fazer o jogo da lógica modernista e salvar o concílio Vaticano II. Mons. Lefebvre compreendera isso:
“(...) ‘Eu acuso o Concílio’ me parece a resposta necessária ao ‘Eu escuso o Concílio’ do Cardeal Ratzinger!” (6)[48]. “Denunciar publicamente os procedimentos dos eclesiásticos que quiseram fazer deste Concílio a paz de Yalta da Igreja com seus piores inimigos, ou seja, na realidade, uma nova traição a nosso Senhor Jesus Cristo e a sua Igreja”, significa fazer “um imenso serviço à Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo e à salvação das almas”[49].
Seja como for, Mons. Fellay contradiz a batalha pela fé de Mons. Lefebvre.
DICI-Lorans:
“2012 não é 1988 [e 1970?], ano de sua [de Mons. Fellay] consagração episcopal. A recusa a priori de um reconhecimento canônico é devida aos 40 anos de uma situação excepcional que comportou certa incompreensão do que seja a submissão à autoridade?[50]
Mons. Fellay:
“O que acontece nesse período mostra claramente algumas das nossas fraquezas diante dos perigos gerados pela situação na qual nos encontramos. (...) Alguns pretendem que seja necessário que Roma se converta antes de qualquer acordo[51], ou que os erros devem primeiro ser suprimidos para que se possa trabalhar. Mas não é esta a realidade. (...) os santos reformadores não deixaram a Igreja[52] para combater esses erros”.[53] [Mons. Fellay percebe que esta frase condena Mons. Lefebvre e todos os outros, Coache, Calmel, Barbara, ... Guillou, que, para não deixar a Igreja Católica, se separaram da Igreja conciliar?[54]]
Mons. Fellay inventou um novo princípio que permitirá justificar ajustamentos comprometedores[55]: “Nós não podemos aceitar de sermos acusados injustamente de uma ruptura com Roma”.
Ora, Mons. Lefebvre, em 1976 e em 1988, ele aceitou, por duas vezes, ser condenado, para continuar sua luta pela fé[56].
Mons. Fellay descreve a Fraternidade como “falha” de algo fundamental em relação à “visibilidade” da Igreja. Ele fala frequentemente da Fraternidade, que estaria em uma situação “irregular”, “anormal”, “ilegal”, enquanto Mons. Lefebvre afirmava:
“O que nos interessa, antes de tudo, é manter a fé católica. Esta é a nossa batalha. Então, a questão canônica, puramente exterior, pública, na Igreja, é secundária”. [57]
E hoje, pelo contrário, só se fala disso.
Mas para Mons. Fellay, para os Assistentes e para outros não é secundária! É de tal forma importante que se permitiram trabalhar em um acordo prático sem acordo doutrinal, contrariando, assim, aquilo que Mons. Lefebvre havia explicitamente declarado, especialmente depois de 1988, e que o Capítulo Geral, que tem mais autoridade do que o Superior, havia decidido em 2006[58].
E esses sofismas são expressos sob a aparência de um bem maior [tática clássica para fazer perder o verdadeiro bem]: “Na Igreja visível”[59], se poderia converter a Igreja conciliar à Tradição[60].
Aqui, também, mais uma vez, se contradiz Mons. Lefebvre:
“Colocar-se dentro da Igreja... o que é que isso significa? E, antes de tudo, de que Igreja se está falando? Se da Igreja conciliar: nós, que lutamos contra ela por vinte anos porque queremos a Igreja Católica, devemos reingressa nessa Igreja conciliar para, como se costuma dizer, torná-la católica? É uma ilusão total[61]! Não são os súditos que mudam os superiores, mas os superiores que mudam os súditos” (Fideliter, n. 70[62], julho-agosto de 1989).
Todos esses graves erros e esses sofismas foram mantidos à custa de uma linguagem ambígua e contra toda prudência, e são justificados por novos sofismas: é culpa das autoridades romanas se nos enganamos!
“Como sabeis, a Fraternidade se encontrou em uma posição delicada durante a maior parte de 2012, após a última tentativa de Bento XVI para tentar normalizar a nossa situação. As dificuldades vieram (...) de uma falta de clareza por parte da Santa Sé, que não permitia saber com precisão a vontade do Santo Padre, nem o que ele estava disposto a nos conceder[63]. A confusão causada por essas incertezas se dissipou a partir de 13 de junho de 2012” (Carta aos Amigos e Benfeitores n. 80, de março de 2013[64]).
Mais uma vez, Mons. Fellay engana o seu mundo[65].
Último Cor Unum
Mons. Fellay acusa certos sacerdotes de serem subversivos e revolucionários sob o pretexto de “preservar a Fraternidade de um assim chamado acordo suicida com a Igreja conciliar”. [66]
“Por detrás dessa cortina de fumaça, se estabeleceu que o escopo a ser perseguido é a demissão do Superior geral [não o escopo, mas a consequência; foi ele mesmo quem, com essas contradições, reduziu a zero a sua autoridade], e parece que a ele tudo seja permitido para atingir esse escopo [mas para promover o seu acordo, Mons. Fellay chegou a falsificar comunicados, a desobedecer as decisões do Capítulo de 2006, a considerar sem escrúpulos uma divisão interna...]. Pouco importam as declarações, os sermões e as conferências que afirmam o contrário [sim, porque outras declarações, sermões, conferências... dizem o contrário do contrário], se procura com o microscópio tudo o que é suscetível de ser compreendido ao contrário, para desacreditar a autoridade [que se desacreditou por si própria], com um incrível processo às intenções [as palavras são palavras que têm um significado que exprime uma intenção!] e fazê-la passar por dissimulada e mentirosa [e todavia se mentiu aos Priores da França, dizendo-lhes que no dia 13 de junho não se ia assinar]” [67].
Ora, no mesmo Cor Unum se encontra a prova da intenção de Mons. Fellay: a carta de Mons. Fellay a Bento XVI, de 17 de junho de 2012[68].
Leio sem um microscópio:
“De fato, na quarta-feira à noite, 13 de junho, o Cardeal Levada, durante uma reunião que foi amigável, me entregou uma declaração doutrinária que eu não posso assinar. Não levando em conta a súplica de não retocar a proposta que eu havia enviado, por causa das consequências que isso teria implicado, o novo texto retoma quase todos os pontos do Preâmbulo de setembro de 2011, que apresentavam algumas dificuldades e que eu me esforcei para descartar [não de corrigir! [69]].
Infelizmente, no contexto atual da Fraternidade, a nova declaração não passará. [Que se leia em cor-de-rosa ou em preto: tem o mesmo significado! Quem é o ardiloso? Quem esconde e dissimula?]
“Eu confesso que não sei mais o que pensar. Eu acreditava ter entendido[70] que Vós estivésseis disposto a deixar para mais tarde a solução das diferenças [eufemismo![71]] ainda em curso sobre determinados pontos do Concílio e da reforma litúrgica (...) a fim de chegar à união, e eu[72] me empenhei muito nesta óptica [acordo prático sem acordo doutrinário], apesar da forte oposição nas fileiras da Fraternidade e a preço de importantes desordens[73]. E eu tenho a intenção de continuar a envidar todos os meus esforços para prosseguir nesse caminho, a fim de chegar aos os esclarecimentos necessários. [Que se leia em cor-de-rosa ou em preto: tem o mesmo significado! Nada de microscópio, nem de incrível processo às intenções: a sua intenção está lá, escrita preto no branco!]”.
Outra confissão de peso nesse Cor Unum[74]: Mons. Fellay absolve sua declaração doutrinal... para ele, está muitíssimo bem e não tem nada de escandaloso; e eis como a justifica:
1) seria semelhante à de Mons. Lefebvre de 1988, portanto, boa;
2) tendo sido modificada em 13 de junho pelos Romanos, tornou-se inaceitável.
Estas duas justificativas são falsas e mentirosas: mais uma vez, basta ler:
1) seria semelhante à de Mons. Lefebvre de 1988
Antes de tudo, a de Mons. Lefebvre é a mesma da operação suicídio. Não é portanto louvável tomar o que Mons. Lefebvre havia censurado. Ele mesmo disse ter ido longe demais.
Mons. Fellay pretende que:
- a declaração doutrinal não pretendia ser a expressão exaustiva de nosso pensamento sobre o Concílio[75]... [Mas, pouco importa se há coisas inaceitáveis: ela é má, mesmo não sendo exaustiva].
- ela fosse clara ... Mas “vários membros eminentes da Fraternidade” não a compreenderam...[76] [Mons. Tissier, Dom de Cacqueray... é inquietante que Roma compreenda melhor que os membros eminentes da Fraternidade! Até mesmo Dom Laisney acha ambígua essa declaração].
- Cor Unum apresenta também essa declaração:
“Este texto quer significar às autoridades romanas que nós reconhecemos os princípios católicos relativos ao Magistério da Igreja, de modo que uma condenação de cisma seria injusta e inoperante”.
Zombam de nós: “Este texto quer significar”! Aqui não é uma questão de intenção subjetiva, mas de significado objetivo: do que diz este texto!
O diria um professor para um aluno que reclamasse de um zero à sua tarefa dizendo: “eu queria dizer...”. “Talvez seja isso que você quisesse dizer, mas não é o que se lê aqui! Então, zero, e volte para o seu lugar”.
- e, depois, se essa declaração é “semelhante à de Mons. Lefebvre de 1988”, dela se afasta gravemente em relação a três pontos.
a) II e nota: referência inédita à profissão de fé de Ratzinger de 1989:
Para o Mons. Lefebvre:
“É um fato muito grave. Pois pede, a todos os que se uniram ou que poderiam fazê-lo, para fazer uma Profissão de Fé nos documentos do Concilio e nas reformas pós-conciliares. Para nós, isso é impossível”. (Entrevista para Fideliter, n. 79[77], janeiro de 1991, p 4.). “Tal como está, esta fórmula é perigosa. Isso demostra o espírito dessa gente, com a qual é impossível nos entendermos”. (Entrevista para Fideliter, n. 70[78], maio de 1989, p. 16; cf. também Fideliter, n. 73[79], p. 12, e n º 76[80], p. 11).
b) III, 4: Aceitação pura e simples, nos mesmos termos da “hermenêutica da reforma na continuidade”.
Coisa a se enfatizada: este parágrafo não foi modificado pelos Romanos!
Mons. Fellay:
“A inteira Tradição da fé católica deve ser o critério e a orientação para a compreensão dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, o qual, por sua vez, ilumina – isto é aprofunda e explicita ulteriormente – certos aspectos da vida e da doutrina da Igreja, implicitamente presentes nela ou ainda não formulados conceitualmente”[81].
Trata-se do Concílio à luz da Tradição com a Tradição à luz do Concílio[82].
Mons. Lefebvre[83]:
“É-nos impossível entrar nessa conjuração, ainda que houvesse muitos textos satisfatórios neste Concílio. Porque os bons textos serviram para fazer aceitar os textos equívocos, minados, enganadores. Resta-nos uma só solução: abandonar essas testemunhas perigosas e aferrar-nos firmemente à Tradição, ou seja, Magistério oficial da Igreja durante vinte séculos” (7).
c) III, 7: Missa e sacramentos “legitimamente”, promulgados por Paulo VI, João Paulo II...
Termo gravíssimo!
2) tendo sido modificada em 13 de junho pelos Romanos, tornou-se inaceitável.
Na verdade, os ajustes dos Romanos não altera a declaração a ponto de torná-la substancialmente diferente, porque eles nda mais fizeram do que explicitar o que Mons. Fellay já havia implicitamente concedido no mortal parágrafo III, 4, com o “Concílio à luz da Tradição e a Tradição à luz do Concílio”, e com o termo “legitimamente”.
O próprio Mons. Fellay, em seus discursos, tem minimizado os erros conciliares, para preparar os espíritos à reconciliação conciliar[84].
Foi o próprio Mons. Fellay a fazer cantar o Te Deum após o Motu Proprio que estabelecia o rito ordinário e extraordinário.
É preciso ser lógico com o significado das palavras e das ações... não?[85].
Aqui também, Cor Unum engana os membros: porque a prova de que a declaração corrigida pelos Romanos fosse substancialmente semelhante à de Mons. Fellay a se tem pelo fato de que, sem a oposição interna, ele a teria assinado: é o próprio Mons. Fellay que o confessa a Bento XVI[86]:
“Infelizmente, no contexto atual da Fraternidade, a nova declaração não passará” [Mas para os membros ele diz que: “nós podemos apenas rejeitar um texto que promove a hermenêutica da continuidade”] (...) “apesar da forte oposição nas fileiras da Fraternidade (...) tenho a intenção de continuar a envidar todos os meus esforços para prosseguir nesse caminho...”. [Não se faz “um incrível processo às intenções”, é ele próprio que exprime o seu pensamento. No jargão militar, isso é chamado de “inteligência com o inimigo”[87], e é Alta Traição!]
E as três condições do Capítulo de 2012? Não se sustentam!
Alguns dirão: “Carlo VI está louco, mas sua entourage vigia”.
As condições fixadas pelo último Capítulo Geral de julho de 2012 são insuficientes. Elas não nos protegem de forma alguma, e não nos impedirão de cair como as comunidades que se reintegraram.
O Capítulo geral omitiu as duas condições mais importantes, claramente exigidas por Mons. Lefebvre: a conversão das autoridades oficiais, que se manifestará claramente com a condenação explícita dos erros conciliares, bem como a dispensa do novo Código de Direito Canônico.
1) A primeira condição sine qua non: A Fraternidade que pede aos traidores a permissão de dizer a Verdade! E a permissão de criticar os responsáveis pelos erros do modernismo, do liberalismo e do Vaticano II.
Quando se vê como a Fraternidade denuncia erros e escândalos a partir de 2000, uma condição dessas não empenha mais do que isso. [O Instituto do Bom Pastor teve a liberdade de crítica construtiva e vimos muito bem os resultados.]
2) A segunda condição exige o uso exclusivo da liturgia de 1962. [Le Barroux teve esse uso exclusivo, e também a Abadia de Flavigny; resultado: comercializam as imagens do Beato João Paulo II! Estas Congregações caíram, e nós, ao invés disso, a Fraternidade São Pio X, não tememos nada?[88]]
3) A terceira condição exige a garantia de pelo menos um bispo. Quem vai escolhê-lo? Em 1988, Roma rejeitou os três candidatos propostos por Mons. Lefebvre. [Campos teve o seu bispo, e depois o vimos louvando o Vaticano II e concelebrar!]
O que concluir disso tudo?
Se em 2008 alguém tivesse vaticinado que em 2012 Mons. Fellay estaria pronto a sacrificar “o bem comum da Fraternidade” porque “Roma não vai tolerá-lo mais” [Carta de 14 de abril 2012[89]], ou que, no caso de um acordo com Roma, ele não descartasse que “há uma divisão na Fraternidade” (entrevista a Catholic News Service, de 11 de maio de 2012[90]), este alguém teria sido taxado de louco!
Ora, isso aconteceu; ele o disse e estava pronto para fazê-lo. E ele ousou ainda pior de tudo aquilo que se podia imaginar: com esta declaração doutrinal corrigida pelos Romanos.
Certo, a aposta na mesa de Mons. Fellay é delicada e difícil. A situação geopolítica é insustentável, e a crise religiosa é desviante, mas isso não pode justificar a linguagem dupla. Quando um chefe está pronto para dizer tudo e o contrário de tudo, não se deve temer que esteja pronto para exercer o seu poder para e contra todos?
Certo, se deve respeito ao próprio Superior, mas não ao ponto de pisotear a verdade.
Na semana passada, um confrade me escreveu:
“Entre sua proclamação de inocência e os fatos há uma diferença que às vezes parece aterrorizante. Podemo-nos perguntar se se trata de orgulho, de incapacidade de ver e de entender ou de cegueira que Deus permite, como para o faraó ou o sumo sacerdote, para melhor demonstrar o seu poder e a sua glória em um futuro que nos auguramos seja próximo”.
Quando se constada a dissimulação passada, se pode temer o pior. Mons. Fellay está moralmente morto, e foi ele mesmo quem destruiu a sua legitimidade. Parafraseando Jean Bastien-Thiry, se pode dizer:
“Não é bom, não é moral, não é legal que um tal homem permaneça por longo tempo à frente da Tradição”.
Não é bom: como disse a um confrade um dos nossos três teólogos que falaram com Roma: “A cabeça de Mons. Fellay está podre”; os seus textos, de fato, estão cheios de compromissos.
Não é moral: linguagem ambigua frequente, mentiras oficiais e solenes.
Não é legal: a sua grave desobediência às decisões do Capítulo de 2006, jogando no lixo, em março de 2012, o princípio: nenhum acordo puramente prático.
Essa ideia da demissão do Superior geral não vem de nós, mas de Mons. Lefebvre, que, a propósito dos monges e freiras que entraram a Le Barroux para permanecer na Tradição e escapar da Igreja conciliar, mas que o abade deles havia reconduzido sob a autoridade da Igreja conciliar, enfatizava[91]:
“Foram colocados sob a autoridade da Igreja conciliar. E então se resta estupefatos ao pensar que, não obstante as constatações que deveriam fazer, e eles as conhecem bem... Não, ... permanecem. Não decidem de sair ou de fundar outro mosteiro, ou de pedir a Dom Gerard de se demitir e de ser substituído... Não, nada... Obedecem (...), é doloroso ver com que facilidade um mosteiro que está na Tradição se coloca sob a autoridade conciliar e modernista. E todos ficam. É pecado, e realmente triste constatá-lo... (...). É isto é o que é realmente grave, esta transferência de autoridade. Não basta dizer: na prática, nada mudou... É esta transferência que é gravíssima, porque a intenção dessas autoridades é a de destruir a Tradição”[92](8).
Mas ele não assinou!
Que seja! Mas que significa assinar, e assinar o que: um acordo prático é suicida e mortal.
Substituam o verbo assinar por matar, e eis que “Não pôde assinar, mas queria assinar e continua com a intenção de assinar” se torna “não pôde matar, mas queria matar e continua com a intenção de matar”.
Se as suas demissões são necessárias, não serão suficientes.
Uma vez que o problema é mais amplo do que a pessoa de Mons. Fellay: o liberalismo minou a Fraternidade. Mesmo que a maioria de seus membros seja ainda de valor, começou um processo de putrefação a partir da cabeça.
Um Prior, durante uma sessão de teologia, fez notar que não se podia dizer: “Bento XVI é um modernista.” E este Prior também confidenciou a um confrade que não podia mais, em sã consciência, fazer os fiéis rezar pela “conversão de Roma e dos bispos”, intenção que, no entanto, faz parte daquelas da Fraternidade (Cor Unum n. 35).
Em Chartres[93], um Prior, para justificar a política de Mons. Fellay, tentou me convencer de que a beatificação de João Paulo II não era tão grave assim, porque “é o homem que foi exaltado”, e não a sua doutrina, e que a iniciativa de Assis III não era assim tão escandalosa, porque “o fato de Bento XVI ter convidado os ateus demostra que não se tratou de uma reunião religiosa”.[94]
Esses tais continuam priores na França, apesar da excelência[95] de Dom de Cacqueray!
Por que, após 200 anos de revolução e 100 do modernismo, nossas pequenas cabeças e nossas vontades não teriam sido deformadas e paralisadas pelo liberalismo?
Os tradicionalistas seriam imunizados contra as consequências do pecado original?
O liberalismo destruiu a civilização cristã, mas a Fraternidade estaria livre deste pecado moderno.
Por que milagre? Por causa de qual mérito?
A Igreja está em crise: certo... mas a Fraternidade nunca!
Arrogante, insuportável estupidez!
“O liberalismo católico é o próprio medo, dissimulado seja sob o manto da caridade, seja sob o manto da prudência. O liberalismo católico é escravo de uma cruel tirania, a tirania da opinião”. (Bispos do Equador).
Este veneno não existiria na Fraternidade?
Os nossos ancestrais tiveram que sofrer na sua paróquia e testemunhar em uma Igreja minada pelo modernismo. É fácil louvá-los, mas hoje é preciso imitá-los.
É nossa vez, devemos sofrer em nossos priorados e testemunhar em uma Igreja minada pelo liberalismo.
Os nossos melhores exemplos permanecem Mons. Lefebvre e Mons. de Castro Mayer. Sobre 4000 bispos, apenas 300 viram claro, e sobre 300 que viram claro, apenas 2 agiram eficazmente.
Que solidão!
Para terminar com uma nota de esperança
1) “O socialismo faz progressos consideráveis, mas com todo o poder da Maçonaria atual, que está em toda parte, em todos os lugares, onde quer que seja, que está em Roma, que está em toda parte. A Maçonaria está em toda parte e dirige tudo.
Logo, seremos fichados com os computadores, teremos todos nós o nosso número e não poderemos fazer nada sem que seja tudo anotado em nossa ficha, e tudo através do computador. Estaremos em uma situação pior do que a de um país soviético. (...) É assustador, não podemos imaginar em direção a que estamos indo atualmente, em direção a uma socialização que, aparentemente, não parece tão dura quanto a comunista, e que, todavia, em última análise, será muito simplesmente apenas uma cópia do comunismo, mas realizada pelos meios científicos ao invés da força, como fizeram os comunistas, mas será a mesma cosa. Então, serão eliminados da sociedade todos aqueles que não quererão se submeter a esta ordem (...). Serão eliminados. Encontrar-se-á sempre um modo de eliminá-los. (...) Nós estamos indo verdadeiramente em direção a uma sociedade assustadora, que se diz livre e onde não haverá mais qualquer liberdade”. (Mons. Lefebvre, conferência de 22 de Agosto de 1979, no Priorado de São Pio X em Shawinigan, Quebec)[96].
Hervé Ryssen diz que, para saber quem governa o mundo, basta perguntar-se quem não tem o direito de criticar.
2) “No sentido místico, a figueira é símbolo da sinagoga. Quando este começar a vegetar e a recobrir-se com orgulho de seus pecados, como de folhas verdejantes, então está próximo o verão [está próximo o mormaço da perseguição]. O tempo do Anticristo é dito abominação, porque ele é contra Deus, para usurpar a honra que é devida somente a Deus. Os Judeus o receberão para que ele se assente no lugar mais sagrado do templo, e os infiéis lhe renda honras divinas. E, como o caráter particular do erro dos Judeus, após ter rejeitado a verdade, será o de abraçar a mentira, o Salvador ordenou a seus discípulos de abandonar a Judéia e de fugir para as montanhas, evitais esse povo que deve crer no Anticristo”. (Santo Hilário, em 380, a propósito do Evangelho do fim dos tempos, citado por São Tomé).
3) “À medida que o mundo se aproximar de seu fim, os maus e os sedutores aumentarão mais e mais. Não se encontrará quase nenhuma fé sobre a Terra, isto é, esta terá quase desaparecido de todas as instituições terrenas. Os próprios crentes atrever-se-ão apenas a fazer apenas uma profissão de fé pública e social do seu credo. A Igreja, sociedade sem dúvida sempre visível, será cada vez mais reduzida a proporções simplesmente individuais e domésticas. Para a Igreja na Terra haverá como uma verdadeira derrota: “à besta foi permitido fazer guerra aos santos e vencê-los” (Ap. 13:7) (Discurso de Mons. Pie em Nantes, 8 de novembro de 1859[97]).
4) “Alguém me acusa de ser rígida e de perturbar os espíritos. No processo revolucionário que desarma, esta acusação é normal (...) Nos opõem um absoluto provisório e enganador: a tranquilidade das gentes. Perturbar advertindo acerca de um perigo mortal; perturbar dizendo: “a maré vai esmagá-los” ou “eis o incêndio,” é coisa dura. É falta de tato. Como se o choque, o despertar, a surpresa, a emoção não fossem alarmes naturais. Dizer que é preciso saltar, nadar, resistir: seria este o mal? E não, ao invés, o naufrágio e o afogamento? Esta paz enganadora que é o sonos na desordem, Nosso Senhor a amaldiçoou quando disse: “Eu não vim trazer a paz, mas a espada. – A minha paz não é a do mundo”. Mas a palavra “rígida” desarma. Não se ouça responder: “Na revolução, apenas as almas firmes são preservadas; apenas aquelas agarradas ao Altíssimo não serão varridas pelo vento revolucionário”. (...) Alguns leitores deploram que a heresia não seja clara em 1970 como no século XVI. Pelo menos naquela época, dizem eles, sabia-se o que esperar. Visão bem ingênua – a heresia aparecia de cara apenas aos olhos dos perspicazes... no início não havia “crentes” e “descrentes”, mas pontos de vistas tacanhos [pretos] e pontos de vista amplos [cor-de-rosa]”. (Luce Quenette, Itinéraire N. 143, maio de 1970).
Eu prefiro mil vezes o meu lugar de perseguido, mas em paz, que o daqueles que enganaram e desfiguraram a nossa Fraternidade. Meu escopo é o de espalhar a paz defendendo a verdade violada. E esta paz é a de Cristo, não a do mundo.
A Fraternidade está prestes a mudar por culpa de seus maus líderes. Seus embustes e os seus fracassos têm sido comprovados o suficiente. Não é mais o momento de escrever, mas de agir. A política de Menzingen é desonesta e liberal. Esta situação perdurou demais, ela deve cessar e cessará.
Seja qual for o sacerdote da Fraternidade, o seu direito de exercer o ministério vem dos fiéis: é um direito de suplência. Eu sou sacerdote para difundir Cristo e combater seus inimigos. O meu Priorado é a França. Vós podeis contar com a minha disponibilidade. Onde quer que estejais na França, pedi os nossos serviços e nós vos visitaremos. Nós vos ajudaremos a se protegerem contra o liberalismo que nos mina. Entrai em contato com os sites amigos: La Sapinière, Avec l'Immaculée, Un Eveque s'est leve... e tereis minhas informações de contato.
Rezai por mim, e que Deus vos abençoe.
NOTAS (ORIGINAIS)
1 - Le libéralisme est un péché [O liberalismo é um pecado], caps. 22, 23 e 27.
2 - DICI n. 256, 8 de junho de 2012.
3 - Bahia, 8 de julho de 2010; retomada, depois, Domingo, 18 de julho, na homilia e na conferência em Buenos Aires.
5 - Apresentação da situação relativa ao que Roma chama “Reconciliação”, 30 de maio de 1988 em Notre-Dame du Pointet.
6 - Mons. Marcel Lefebvre, Ils l’ont découronné, ed. Fideliter, p. 233 - (Eles o destronaram, ed. Amicizia Cristiana, Chieti, 2009, p 241).
7 - Mons. Marcel Lefebvre, 18 de agosto de 1976 e 27 de agosto de 1976, primeira e segunda carta introdutiva do “J'accuse le concile”.
8 - Conferência em Ecône, La situazione dopo le consacrazioni[99], 8 de outubro de 1988.
Tradução (do Italiano): Giulia d'Amore di Ugento.
Sem revisão final.
Leia também:
E com algum cuidado:
NOTAS DE TRADUÇÃO:
[2] A tradução para o italiano e o layout são do Una Vox.
[3] O PDF em Português.
[4] O Liberalismo é Pecado – Dr. D. Félix Sardá y Salvany. Livro de 1949 - 183 Págs – Baixe o PDF aqui ou aqui.
[6] Aqui o PDF da revista “Nouvelles de Chrétienté” N. 135, pp. 10-15.
[7] A Carta aos Amigos e Benfeitores n. 80, online. O PDF.
[8] DICI 256: Entrevista de Dom Bernard Fellay sobre o estado atual das relações entre Fraternidade São Pio X e Roma. Aqui o PDF em Português.
[9] Como assim? Quem disse isso para dom Fellay? Os “amigos em Roma”? Roma jamais voltou atrás quanto a isso.
[10] Se com “alguns” se referisse ao Papa, poderia até ser, mas sabemos bem que não foi bem assim. Sabemos bem que, mais uma vez, monsenhor foi enganado em sua “ingenuidade”.
[11] Nem sei o que pensar. A “ingenuidade” de monsenhor não tem limites! Vergonha alheia, é o que sinto!
[12] Hummm. Exatamente quando e onde houve essa mudança alvissareira?
[13] Mas que parece que foram vocês que mudaram, parece! Pois o discurso “atual” de Menzingen é bem diferente do discurso de Ecône dos tempos do Fundador.
[14] Agora os dogmas e as heresias, a Doutrina da Igreja como um todo se tornou “problemas secundários”?
[15] Que seriam, Excelência?... Monsenhor é realmente de uma fantasia impressionante.
[16] É um complicado e hercúleo exercício de exegese, ler nas entrelinhas, porque, como no caso dos óculos cor-de-rosa/escuros, dependendo de uma série infindável de variantes, o resultado pode ir do “felizardo” para o “grotesco”.
[17] Exatamente qual expressão de Roma lhe pareceu, nas entrelinhas, que significasse isso, Excelência? Roma nunca mudou o discurso, sempre exigiu a plena “conversão” dos “lefebvrianos” (SIC!) com a plena aceitação de tudo o que significa ser “Igreja Conciliar”. Porque é disso que se trata “aquela” Roma. Não é a Roma Eterna, Católica. Isso até uma criança vê. Mesmo sem envergar óculos algum!
[18] Entrevista de Mons. Fellay ao Distrito Norte-Americano. 2 de fevereiro de 2011. PDF aqui.
[19] Isto não é nenhuma surpresa. Basta ler as idas e voltas nos pensamentos doutrinários de Sua Excelência para compreender claramente isso.
[20] Ele declara isso na entrevista ao Nouvelles Caledoniennes. Vide a nota abaixo.
[22] SIC! Onde, Excelência, o senhor percebeu isso? Na teatralidade das missas que celebra? Ou no gosto pelas vestes litúrgicas mais “carnavalescas” de bergogliana aversão?
[23] Qual Igreja, Excelência, pois, pelo que eu havia entendido, quem deixou a Igreja não fomos nós! Não foi isso que disse Monsenhor Lefebvre, quando das “excomunhões”? Que não poderia ser excluído de uma Igreja à qual nunca havia pertencido? Portanto – e mais uma vez – porque fazemos questão de “regressar” a uma Igreja da qual nunca saímos?
[24] Bom, este é dom Fellay: um otimista de pai, mãe e parteira, muito além da prudência e do bom senso.
[26] O que será que monsenhor tem visto de tão variado e numeroso no sentido de uma volta à Tradição? Terão sido as inúmeras missas sacrílegas realizadas ao redor do mundo? Ou terá sido Assis III? Ou, talvez, todos os novos movimentos heréticos que têm surgido como “fruto” do Vaticano II, como a RCC ou o Neocatecumenato ou a “renascida” Teologia da Libertação? Ou as “surpreendentes” nomeações para os cargos-chave da administração da Igreja?
[27] Áudio da conferência de D. Bernard Fellay para os religiosos e fiéis do Mosteiro de Nossa Senhora da Fé, 8 de julho de 2010. Não tenho conhecimento de que alguém tenha transcrito essa conferência.
[28] Qual é nível de modernismo aceitável em um Papa?
[29] Eu quase apostei -brincadeirinha, eu nunca aposto! - que iria dizer isso, enquanto traduzia. Nada mais hippie de que contrapor o coração à razão. Modernista, Excelência, é a sua conversa. O que os modernistas meio conservadores apreciam no “passado” é a teatralidade dos rituais, não a essência, pois se “apreciassem” (amassem, acreditassem e compreendessem) a essência não seriam modernistas meio conservadores, mas tradicionalistas. Like us.
[30] Aquele Motu Proprio que, ao mesmo tempo em que repristinava a Missa Tridentina, a colocava em um nível inferior em relação à missa bastarda, com o pomposo título de “rito extraordinário”. Para bom entendedor, é fácil compreender que a missa bastarda seria, portanto, a de “rito ordinário”. E dom Fellay ainda mandou cantar o Te Deum em todas as igrejas e capelas da FSSPX!!!
[31] “Dou para que dês”. Ou seja “toma lá dá cá”. Leia mais aqui.
[33] Sic. Professora, meu cachorro comeu minha tarefa... por isso não fiz o trabalho!
[34] Carta aos Amigos e Benfeitores n º 80 (vide nota).
[35] DICI 256. Vide nota n. 8.
[36] Carta de Mons. Fellay a Bento XVI, de 17 de junho de 2012. Vide nota n. 68.
[37] Entrevista de Mons. Fellay ao Distrito Norte-Americano. 2 de fevereiro de 2011. Vide nota n 18.
[38] Carta aos Amigos e Benfeitores n. 80. Vide nota n. 7.
[39] Carta a Mons. Fellay por 37 sacerdotes franceses. Vide aqui.
[40] Motu Proprio Summorum Pontificum: “Por isso é lícito celebrar o Sacrifício da Missa segundo a edição típica do Missal Romano promulgado pelo beato João XXIII em 1962, que não foi ab-rogado nunca, como forma extraordinária da Liturgia da Igreja”.
[41] Decreto de Remoção de Excomunhão: “Na sua carta de 15 de Dezembro de 2008, dirigida a Sua Eminência o Senhor Cardeal Dario Castrillón Hoyos, Presidente da Pontifícia Comissão «Ecclesia Dei», D. Bernard Fellay solicitava de novo, em nome próprio e dos outros três Bispos consagrados no dia 30 de Junho de 1988, a remoção da excomunhão latae sententiae declarada formalmente através de um Decreto do Prefeito desta Congregação para os Bispos com data de 1 de Julho de 1988. Na mencionada carta, entre outras coisas, afirma D. Fellay: «Continuamos firmemente determinados na nossa vontade de permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças ao serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica romana. Com espírito filial, aceitamos os seus ensinamentos. Acreditamos firmemente no Primado de Pedro e nas suas prerrogativas, e por isso nos causa tanto sofrimento a situação atual (...) Com base nas faculdades que me foram expressamente concedidas pelo Santo Padre Bento XVI, em virtude do presente Decreto removo aos Bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta a censura de excomunhão latae sententiae declarada por esta Congregação no dia 1 de Julho de 1988, enquanto declaro desprovido de efeitos jurídicos, a partir da data de hoje, o Decreto então emanado”.
[42] Pois é, levantadas, remissas, perdoadas, anuladas, retiradas... A verdade não está em que palavra seria mais adequado usar para explicar o que houve com o bondoso gesto do Papa. A verdade está no fato de que as excomunhões de João Paulo II valem tanto quanto as do Dalai Lama. Pelo menos, foi isso que pareceu dizer Monsenhor Lefebvre quando disse, me repito, que não poderia ser excluído de uma Igreja à qual nunca havia pertencido. Ou algo assim. O pior nisso tudo é que foi o próprio dom Fellay quem pediu a retirada das excomunhões – ele mesmo tem se gabado disso, aqui e ali – o que corresponde dizer que, para dom Fellay, as excomunhões eram realmente válidas – contrapondo-se ao pensamento de Monsenhor Lefebvre – e delas tinha medo. O ex-Superior do Distrito Alemão parece ainda ter medo disso, e o tem dito, aqui e ali.
[43] Tremendamente modernista: focar no que nos une, não no que nos separa.
[44] Doutrina, dogma, Tradição, Depósito da Fé... agora são posições unilaterais, endurecimentos, subjetivismos.
[45] Carta de Bento XVI aos bispos, de 10 de março de 2009, q propósito da remissão das excomunhões. Vide nota n. 98.
[46] Isso parece bem claro. Qual é a dificuldade de compreender o que Monsenhor Lefebvre disse aqui? O que Roma quer de nós é “nos inserir, dessa forma, no seio da Igreja conciliar” e não nos chamar “para ajudar a levar aos outros o tesouro da Tradição”! Será que é preciso desenhar?
[47] Apresentação da situação relativa ao que Roma chamava de “reconciliação”, em 30 de maio de 1988, em Notre-Dame du Pointet: Pode ser lido em Breve Histórico do Caso SSPX: “No mesmo dia, 30 de maio, no priorado da Fraternidade em Notre Dame du Pointet (em Broût-Vernet), perto de Vichy), Lefebvre reuniu representantes da Fraternidade e de todas as comunidades amigas que seriam afetadas por sua decisão, incluindo Dom Gerard Calvet de Lê Barroux e muitas irmãs. Muitos dos presentes eram favoráveis ao acordo, mas parecia haver uma maioria contra ele. Na Festa de Corpus Christi, 2 de junho, Lefebvre escreveu sua carta final ao Papa”.
[48] Do liberalismo à Apostasia. Página 139 do PDF.
[49] Prefácio do livro “Acuso o Concílio”. Éditions Saint-Gabriel, Première édition, Outubro de 1976. PDF do livro.
[50] DICI 256. Vide nota n. 8.
[51] “Alguns” não, Excelência, o próprio Monsenhor Lefebvre disse isso, claramente, em várias ocasiões; e as razões por pensar assim não só permanecem como se mostram mais necessárias ainda diante de, por exemplo, um Assis III convocado e mantido em plenos colóquios doutrinários com a FSSPX! E o que mais me espanta é que há padres que até hoje juram que isso não é verdade, que dom Fellay jamais faria um acordo prático, inventando eufemismos os mais variados para justificar a traição do Superior e aplacar as suas consciências vendidas por 30 moedas sujas e uma cama quentinha! Que dirão agora esses padres? Que dirão ao saber que, para dom Fellay. eles não passam de “alguns pretensiosos” que esperam pela conversão de Roma antes de qualquer acordo? Com que cara virão até nós para defender o indefensável? Talvez com a mesma cara de alívio com que dizem que o “acordo” (então, admitem!) não foi firmado! Acorde, reverendo! O acordo só não foi assinado porque Bento VI não quis. A Mont Blanc de dom Fellay estava se coçando de vontade de “correr” e assinar!!! Como conseguem conciliar o sono à noite? Como conseguem se olhar no espelho pela manhã sabendo que houve, sim, a traição não só ao Fundador, mas, principalmente, à missão de defender a Fé e a Tradição? O que mais precisam ver, ouvir e ler? Nem é a Resistência quem fala, é o próprio dom Fellay!!! O rei está nu! E isso é sujo. Mas mais suja está a consciência dos que fingem que não veem, nem sabem. Quem usa os óculos cor-de-rosa aqui?
[52] E quem foi o santo que deixou “a” Igreja dessa vez? Vamos ter que repetir mais uma vez a resposta de Monsenhor Lefebvre à notícia sobre as excomunhões? Com que Roma dom Fellay pensa que está tratando? Ou – pior – está chamando ao Fundador e seu pai espiritual de Lutero? A fantasia que pulula em sua mente “ingênua” tirou-lhe o juízo? Como pode uma pessoa que não sabe distinguir entre a fantasia e a realidade pretender permanecer à frente de uma instituição que tem a gloriosa e impávida missão de, nada mais nada menos, defender a Fé Católica? Como dizem os jovens: alguém avisa ele?
[53] DICI 256. Vide nota n. 8.
[54] Eu diria, aqui, modestamente, que nem se tratou de uma separação, mas de uma precisa e objetiva tomada de distância, para deixar claro que “aquela” não é a Igreja Católica.
[55] Excelência, e quem de nós rompeu com a Roma Católica? Com justiça, nos rompemos foi com o Concílio Vaticano II e a Roma Conciliar, apóstata, herética. Isto sim! Disso temos orgulhos, e pretendemos morrer rompidos com ela. A outra igreja, aquela Conciliar. Porque somos Católicos e amamos a Igreja Católica, e por Ela morreremos, se a isso formos chamados!
[56] Onde estavam dom Fellay & companhia que não presenciaram isso? Será que a ambição pelo episcopado cegou-o a tal ponto que, mesmo discordando, preferiu se calar temporariamente? Se discordava disso, porque não o manifestou ao Superior? Se concordava, porque mudou agora de “opinião”? Pensa que somos nós os idiotas?
[57] Retiro espiritual em Ecône, em 21 de dezembro de 1984.
[58] E nem se chame em causa o Capítulo de 2012 porque é nulo de pleno direito. É uma vergonha na história da FSSPX e para sua missão. Tal como o Vaticano II, tal deverá ser declarado por alguém de bom senso e de fé católica. Em breve, se Deus quiser!
[60] Sim, e as fadas existem! De qualquer maneira, isso seria tão possível quanto limpar um chiqueiro por dentro e sem se sujar! Além do mais, porque parar ai? Vamos nos “reintegrar” à Igreja Luterana para convertê-la à Tradição. E porque discriminar a Igreja Anglicana? Não estaríamos sendo injustos? E toda a infinidade de seitas e crenças que se auto-intitulam cristãs? Nossos “irmãos separados”? Porque deixá-los de fora? E porque parar aí? Vamos ampliar nossa caridade e nos “reintegrar” ao Budismo, ao Hinduísmo, ao Islamismo e ao sem-número de falsas religiões que surgem a cada dia! Sem esquecermos do Judaísmo e seu upgrade o Sionismo!!! E seriamos mais úteis e caridosos ainda se nos “reintegrássemos” ao ateísmo... porque, assim, aplicando a teoria de dom Fellay, eles poderiam passar a crer em Deus... porque estaríamos juntos, na mesma barca, lado a lado, fazendo a experiência da Tradição. Aí dirão os dormidos de dom Fellay: mas nós nunca fomos luteranos, nem anglicanos, nem de qualquer seita ou crença pretensamente cristã, nem budistas, nem hinduístas, nem muçulmanos ou qualquer outra falsa religião, nem judeus nem sionista e muito menos ainda ateus! Deeer! E quando foi que nos fomos da Igreja Conciliar para querermos agora nos reintegrar a ela?
[61] Caros “seguidores fieis” de dom Fellay, aqui está a verdade! Monsenhor Lefebvre já disse isso claramente: dom Fellay se ilude! E disso nós temos absoluta certeza, tendo em vista a quantidade de vezes que ele se queixou de ter sido enganado... sua “ingenuidade” é antológica! Ele vive no mundo da fantasia... O que é uma ilusão, então?
[62] “One year after the Consecrations: An Interview with Archbishop Lefebvre”, Fideliter n. 70, de julho-agosto de 1989. Em Inglês.
[63] Só se for para Sua Excelência! Bento XVI sempre deixou bem claro, desde que era o cardeal responsável pelos colóquios doutrinários com Monsenhor Lefebvre, o que pretendia “nos conceder”! Devemos reconhecer que ele nunca mudou o discurso! Quanto a isso ele nunca foi ambíguo! O que ele queria daquela época até o último dia do seu pontificado era que nos tornássemos conciliares, como ele.
[64] Oras, se isso é verdade, porque dom Fellay continuou reverenciando Bento XVI e, depois, Bergoglio I? Porque o DICI se tornou o novo Osservatore Romano, noticiando, em sua maioria, fatos e atos dos Papas (os dois vivos), como a relevantíssima notícia sobre os selos com a efigie do novo papa? PDF da carta aqui.
[65] E a pergunta se impõe: Porque motivo? A que título? A mando de quem? Com que fim?
[67] Idem.
[68] Cor Unum 104: Carta de Monseñor Fellay al Papa Benedicto XVI el 17 de Junio de 2012. Online (em espanhol).
[69] Que surpresa! Mas ele já declarou que pretendia fazer como foi feito com os Ortodoxos, em cujo caso se deixaram de fora as questões polêmicas. Seja como for, os ortodoxos, ao que parece, apesar do tempo passado, ainda não assinaram. E por óbvias razões. Só um tolo não vê. Leia aqui.
[70] Arriecola! A fada da eterna ilusão! Caindo das nuvens, como sói acontecer!
[71] Nisso, são tão bons quanto os modernistas, basta ver os epítetos que inventaram para apelidar o acordo prático de forma que não chocasse os mais “sensíveis”, quando começaram a “cozinhar o sapo”!
[72] Aqui se denota indiscutivelmente o orgulho ferido, o “eu” que se impõe, o “eu” contrariado, decepcionado, desiludido... Causa e motivo da (tentada) ruína da obra de Monsenhor Lefebvre e da própria defesa da fé. Há vanglória oculta e ao mesmo tempo gritante por trás desse “eu”. A vaidade falando mais alto: “eu consegui onde Monsenhor Lefebvre falhou!”. Bom, se estivéssemos falando de uma Roma previamente convertida... pode até ser! Mas estamos falando de uma Roma que dom Fellay sabe que ainda não se converteu e nem pretende fazê-lo de vontade própria. E que o tem “enganado ardilosamente”, dia após dia, colóquio após colóquio, e que, mesmo assim, ele continua querendo sair correndo se ela o chamar! SIC!
[73] Agora o legítimo questionamento em defesa das diretrizes do Fundador – claríssimas – se chama “desordem”?
[74] Cor Unum 104: Nota sobre la Declaración Doctrinal del 15 de Abril de 2012. Online (em espanhol). Explicando o inexplicável.
[75] Idem.
[76] Ibidem.
[78] Fideliter n. 70, de julho-agosto de 1989. Vide nota n. 62.
[79] Fideliter n. 73: indisponível na web.
[80] Fideliter n. 76: indisponível na web.
[82] O que os reverendíssimos padres que ainda se aninham confortavelmente nos Priorados sob a "direção" de dom Fellay pensam acerca disso? Bo! Mas o silêncio deles grita até os Céus.
[83] Mons. Marcel Lefebvre: “Acuso o Concílio”. Observações a propósito do título. PDF.
[84] É o já exaustivamente mencionado: “cozinhar o sapo”. Uma tática modernista para dessensibilizar a razão e prepa[á-la para aceitar até o contrário do que pensava antes. Vê-se isso claramente no livro 1984, de George Orwell, com a manipulação histórica das guerras, por exemplo. Temos visto também nos sermões do Prior de São Paulo, nas últimas Missas que assistimos, quando começou com a historinha de que a proposta de Bento XVI era a pomba de Noé... um sinal positivo e, portanto, bom.
[85] Bom, isso parece óbvio, mas na prática não é, tendo em vista a quantidade de pessoas que se deixaram enganar pelos sofismas e pelas ações do Superior, escondendo-se atrás do falso conceito de “obediência” e lançando mão de uma inusitada e hilária acusação de sedevacantismo contra quem se atrevesse criticar dom Fellay.
[86] Cor Unum 104: Carta de Monseñor Fellay al Papa Benedicto XVI el 17 de Junio de 2012. Vide nota 68.
[88] Segundo o Prior de São Paulo, “não”, porque “no nosso caso é diferente”. Foi o que disseram uma após a outra as Congregações Ecclesia Dei. É o que diz a jovem que abre mão da castidade para aceder aos desejos do namorado e acha que não tem perigo de engravidar. Não ela! Com ela é diferente! Mas será por causa dos nossos belos olhos? Ou, como dizem na Itália, é porque somos filhos da galinha branca?
[91] Conferência em Ecône: “A situação após as consagrações”, em 8 de outubro de 1988. Texto não disponível na web.
[92] Qual a dúvida nessas palavras? E eu devo ouvir uma lenda de Le Barroux me dizer que não confia em dom Fellay, mas... obedece! “É pecado, e realmente triste constatá-lo”!!!
[94] Momento “teste”: perguntem ao sacerdote FSSPX que reza a Missa que vocês assistem o que pensam disso: (1) se Bento XVI (ou Bergoglio I, que seja) é um modernista e (2) se Assis III não se tratou de uma reunião religiosa porque fora convidados os ateus... Se sua resposta for semelhante a dos priores citados, cuidado: está comprando gato por lebre! E dos grandes! Em sendo assim, nunca é demais lembrar o exemplo de Santo Hermenegildo que se recusou a receber a Santa Comunhão de mãos sacrílegas. Ele aplicou “o princípio do "nullam partem" com os hereges. Ele disse: Não, eu não vou receber a comunhão das vossas mãos sacrílegas!”. Ele sabia que Cristo estava na Hóstia, mas mesmo assim não a recebeu. Foi o que aprendemos com os próprios padres da FSSPX, os mesmos que hoje nos dizem que essas mãos nem são tão sacrílegas assim! Lembram-se de alguém? Não é mera coincidência!
[95] Não concordamos com exatamente tudo que publicamos no blog. Padre de Cacqueray ainda não nos deu mostras de pensar como Pe. Rioult. Au contraire.
[96] Texto não disponível na web.
[97] Ler em “O Cardeal Pie, Dom Guéranger e o Evangelho sobre a Crise Eclesiástica”. Online (em Português).
[99] “A situação após as consagrações”.
"A verdade pede fundamentalmente uma coisa para ser julgada: é ser ouvida". - Bossuet
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