Francisco é sempre surpreendente. Nos surpreende em seus atos, como, por exemplo quando nu diante do povo, do pai e do bispo se expropria de todos os seus bens exclamando: Entendam todos! A partir de hoje não direi mais: “Meu pai Pedro Bernardone, mas meu Pai do Céu”. Mas, nos surpreende, também com seus Escritos com seu pensamento e sua Espiritualidade, como, por exemplo, sua relação com Nossa Senhora.
Francisco vê Maria não apenas como a Mãe e protetora de sua Ordem, mas, também, como Aquela que, juntamente com seu Filho, quer imitar e seguir. Por isso, escreve: “Eu, Frei Francisco, pequenino, quero seguir a vida e a Pobreza de Nosso senhor Jesus Cristo e de sua santíssima Mãe...”
Mas, o que mais surpreende é a Saudação da Bem-aventurada Virgem Maria que ele faz e escreve:
Ave, ó Senhora, santa Rainha,
Santa Mãe de Deus, Maria,
que és virgem feita Igreja.
Eleita pelo santíssimo Pai do Céu,
a quem consagrou com seu santíssimo dileto Filho
e com o Espírito Santo Paráclito.
Em ti residiu e reside toda a plenitude da graça e todo o bem.
Ave, ó palácio do Senhor;
Ave, ó tabernáculo do Senhor;
Ave, ó casa do Senhor.
Ave, ó vestimenta do Senhor;
Ave, ó serva do Senhor.
Ave, ó mãe do Senhor
e Ave, vós todas santas virtudes infusas,
pela graça e iluminação do Espírito Santo
nos corações dos fiéis, fazendo-os, de infiéis,
fiéis de Deus.
Chama-nos a atenção que Francisco escreve: Saudação da Bem-aventurada Virgem Maria e não à, como nós costumamos. Isso mostra que Francisco, não se vê distante e nem separado da Mãe de seu amado Senhor. Como criança no colo da mãe, vê-se um nela e com ela, esperançoso e desejoso de também ele ouvir de seus lábios o que o Menino Jesus ouvira de Maria: Meu querido filho!, e assim poder ele também experimentar e provar, um pouco, o que é ser, como Jesus, seu filho, alma de sua alma, espírito de seu espírito.
Ao contemplar a divina Mãe e a Mãe do Divino, ao admirar um encontro tão profundo, em que o Céu e a Terra se dão as mãos, em que o humano e o divino unem seus corações, palmilhando os passos da mesma aventura humana, Francisco só pode exclamar: Ave!... Ave!... Ave! ou seja: Quanta graça! Quanta vida! Quanta gratuidade! Quanta bênção! Quanta Boa vontade! Quanto Bem-querer ou Amor, podemos nós também dispor de tão admirável Senhora e de tão fecunda Virgem e Mãe.
Frei Gabriel Brancher, Pároco e Frei Dorvalino Fassini.
_