Logo estaremos discutindo, a contragosto e contra a vontade da maioria do povo Brasileiro que é Cristão, a descriminalização oficial do aborto e as políticas públicas do aborto, isto é: a anistia ampla geral e irrestrita aos assassinos de bebês humanos, a autorização para o assassinato e a utilização do nosso dinheiro - dos católicos, dos cristãos, de todos aqueles que defendem a vida - para a eliminação em massa dessa ameaça que se tornou a espécie humana ao estilo de vida moderno de uma minoria de brasileiros que manipula números e dados para justificar a perversão deles. Na Itália, um país que convive há décadas com a autorização ao extermínio de seres humanos, o assunto não é 'sereno'. Nem precisa ser católico para gritar ao escândalo quando se vê pais obrigando uma menina de dezesseis anos a fazer o que ela não quer: matar o filho no ventre! E o fazem recorrendo até à justiça, que manteve o 'bom senso' e negou o pedido, o que não deteve a sanha egoísta e criminosa dos genitores: a levaram à força. Quem cuidará do 'estrago' espiritual, emocional, moral e físico dessa menina? Para onde caminha a Humanidade que se cala?GdA
Que os católicos que 'compreendem' o aborto não me falem de amor
Dilema ético sobre a adolescente de dezesseis anos de Trento [na Itália] obrigada a interromper a gravidez. A família recorreu ao juiz para o aborto, porque hoje se pretende o direito de fazer tudo o que se quer evitando as consequências
Giuliano Ferrara |
O sexo dos adolescentes, seguro ou não seguro do ponto de
vista sanitário e conceptivo, é um dado de fato aceito e, até mesmo, defendido,
em uma amistosa rejeição das inibições, por parte das famílias, da maioria dos
docentes, das amigas e dos amigos mais íntimos, e por toda qualquer outra
pálida autoridade supérstite. Se você tem dezesseis anos, se você é ardente e
apaixonada ou mesmo apenas desinibida e aventureira, e os sentimentos ou os
impulsos mandam que você siga, sem grandes problemas, as tempestades hormonais
de sua idade, então o máximo do aconselhamento preventivo que a escola, família
e o estado sanitário lhe oferecem é o de garantir-se com um preservativo, e aí se
na TV não se fala do preservativo, e aí se o Papa diz que na África [o
preservativo] não é a solução para o problema de promiscuidade geradora das
epidemias, e aí se falta na escola o distribuidor automático. Mas as consequências
do ‘amor’ não preveem o laico e fatalista “faça o que deve e acontece o que pode”
e nem mesmo o agostiniano “ama (dilige) e faça o que quiseres”; não, a regra
ética moderna e impiedosa diz que você está autorizado a fazer o que quiser,
porque você é um sujeito livre, contanto que evite o risco das consequências daquilo
que faz, mesmo que entre as consequências esteja a vida humana inocente de um
ser concebido para a liberdade de nascer e de existir. Esta lição atroz imposta
a essa menina que amava um desqualificado, segundo os padrões de felicidade e
bem estar de sua família.
A sordidez moral em relação ao aborto já é lei educativa do ocidente, há apenas trinta e cinco anos da estreia das normas que
sanaram a chaga dos abortos clandestinos na Europa, mas insistindo
hipocritamente sobre a ‘tutela social da maternidade’. E a um ponto tal que o
tribunal parenteral pede ajuda ao tribunal civil, porque a cultura predominante
é a do Obama, que chama de ‘incidente’ e ‘risco’ a hipotética gravidez de um de
suas filhas, é aquela já difundida na visão do homem e mulher comuns: as
meninas e os meninos devem ser compreendidos, apoiados e educados segundo princípios
de crítica e desconstrução de toda e qualquer possível autoridade ou proibição.
E no meio de tanto libertarismo1 surge
porém a ideia de que devem ser obrigados a se defender da agressão de uma nova
criatura, do evento patológico do parto; criatura e parto que, até mesmo
agarrando-se à lei, é totalmente lícito esconjurar em nome de uma vida que
seria atingida e devastada por uma maternidade precoce. Como se a interrupção
precoce da maternidade não fosse uma devastação de consciência e de espírito infinitamente
superiores a qualquer síndrome posterior a um parto. Como se não valesse nada –
e não vale nada – o respeito criatural pelo ‘terceiro incômodo’, pelo embrião
formado e único e irreproduzível, destinado a sucumbir pelo peso de uma escolha
ideológica e sociológica.
Os homens de igreja também se sentem obrigados a
sociologizar o problema, a dizer, como o diretor do jornal católico chamado a comentar
a história, que se sentem ‘amargurados’ por causa de um aborto que não se pode
aceitar, mas cheios de compreensão pelos anseios dos pais e pela situação em
que se encontrou a mocinha. A compreensão por quem pode decidir, sendo forte,
pela existência dos fracos é apenas a outra face da crueldade para com a vítima
de uma inversão e transmutação de todos os valores da vida e do amor. Não venham mais me
perturbar esses católicos compreensivos, com o tema a eles tão caro do amor e
da solidariedade. Tenham para sai aquelas palavras falsamente religiosas e nos
deixem uma laica e sagrada piedade.
Giuliano Ferrara – 11/12/11
Giuliano Ferrara – 11/12/11
Tradução: Giulia
d’Amore di Ugento
[1]
NdTª.:
Mesmo que liberalismo, liberdade ilícita. O libertarismo, algumas vezes traduzido do inglês como libertarianismo, é a filosofia política que tem a liberdade como seu principal objetivo.
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