A Ação Católica Italiana¹ foi celeiro de muitos modelos de santidade e de reparação pela santificação do clero. Alguns já foram canonizados, outros estão a caminho disso. É polêmica a questão dessas numerosas beatificações/canonizações relâmpago executadas, sobretudo, pelo Papa João Paulo II: são os Neosantos, os Neobeatos da Neoigreja Conciliar, vinda à luz com o Concílio Vaticano II. Mas há de separar o joio do trigo, pois nem todos os novos modelos de heroísmo cristão são "farinha do mesmo saco". Esta, por exemplo, é uma pérola que descobri pesquisando sobre a modéstia feminina. Na nota sobre a Ação Católica, lá no final, listei outros, e uma homônima surpresa.
Devo, pois, apressar-me em minha santificação, antes que a canonizem primeiro...
Carla Ronci
por Giulia d'Amore
“Somente os santos deixam rastros, os outros fazem barulho”.
Torre Pedrera (Rimini), 11 de abril de 1936 - Rimini, 2 de abril de 1970.
Após mais de trinta anos de sua morte, a frase anotada por Carla Ronci em seu diário soa quase como uma profecia.
Proclamada Venerável pelo Papa João Paulo II, em 1997, a sua
causa de beatificação corre rapidamente, no rastro de uma devoção popular
iniciada logo após a sua morte - tanta era a fama de santidade - e com um rico
corolário de testemunhos e publicações a ela dedicadas, sinal de que a jovem
apóstola de Rimini de rastros deixou muitos.
Carla
Ronci nasceu em Torre Pedrera, perto de Rimini (Itália), no dia
11 de abril de 1936, primeira de três filhos. Os pais tinham um negócio
de
frutas e verduras. Depois das escolas elementares (ensino básico), foi
trabalhar com os pais na loja deles e aprendeu o ofício de corte e
costura. Até os catorze
anos era uma garota como tantas outras, uma adolescente que gostava da
companhia dos amigos e de seu ofício de costureira. Um
disco de música, um bailinho, um filme eram a sua alegria. Lia gibis,
fotonovelas, romances policiais. Tinha uma vivacidade interior
explosiva,
sempre pronta a correr para onde havia diversão.
Mas um dia... era o ano de 1950, proclamado Ano Santo por
Papa Pio XII, fazia frio lá fora. Carla observava as irmãs de
sua cidadezinha, saindo, como todos os dias, faça chuva ou faça sol, para ir à Missa, recolhidas,
doces, serenas. Carla começou a se questionar: "Mas, por quê? Por causa de
quem? Porque são tão felizes?" Naquela noite, debruçada na janela de seu quarto,
olhando para fora, ela ficou impressionada com um acontecimento: "Enxerguei
um vulto e o sorriso de um olhar nunca visto". É ela mesma quem conta:
"No coração senti um convite: tive horror de mim mesma. Olhando para trás,
vi meus catorze anos vividos sem verdadeira alegria...".
No dia seguinte, foi à igreja, enquanto o padre celebrava a
Santa Missa. Carla revê o "vulto" da noite anterior: Jesus!
Tentou rezar como sabia e, voltando para casa, traçou os primeiros planos para uma "vida nova", diferente. Jesus lhe pareceu como Aquele que, Único, merecia o dom de sua juventude e de sua vida.
Tentou rezar como sabia e, voltando para casa, traçou os primeiros planos para uma "vida nova", diferente. Jesus lhe pareceu como Aquele que, Único, merecia o dom de sua juventude e de sua vida.
Então, ela livrou-se de tudo aquilo que havia procurado até
então: nada mais de bailes frívolos, basta de filmes tolos, chega de gastar
dinheiro apenas para se divertir. A mãe notou que Carla mudava, era mais
atenciosa em casa, mais disponível ao trabalho e ao sacrifício. Sempre alegre,
mas de uma alegria nova, mais profunda, mais verdadeira.
Foi se confessar. Escolheu um sacerdote que guiasse a sua
alma. Abriu seu coração a Deus: sentia que Ele era a Luz, a alegria, a vida. Iniciava
nela uma divina inundação de amor.
Continuou a trabalhar em casa e na loja, mas pediu permissão
para dar uma pequena contribuição à paróquia, e se colocou à disposição das
atividades pastorais. A Ação Católica pôs à sua disposição seu campo de
serviço. Lia os livros de formação à fé; e antes de tudo lia os Evangelhos.
Após algum tempo, tornar-se assistente das meninas, depois das aspirantes e, em
fim, delegada paroquial. Havia descoberto Jesus como a única alegria da vida.
Havia sido assaltada por uma sede de fazer o bem a todos.
Encaminhava-se para os vinte anos e era muito bonita. Muitos
jovens lhe faziam a corte, e ela era sensível ao amor. Mas, cada dia mais, Jesus
ganhava espaço nela. Por isso, Carla rejeitou vários pedidos de namoro e
desejou viver um "amor esponsal" com Jesus, tornando-se uma pessoa
consagrada a Ele. O coração reclamava seus direitos, mas ela não se importava
com isso: dois mil anos antes, Jesus havia dado a si mesmo por ela na Cruz. E,
assim, com firme decisão, rejeitou todo amor humano, porque Um só para ela
era o amor: Jesus Cristo, profundamente amado. Por isso, começou a buscar qual
fosse para ela a vontade de Deus. O confessor lhe permitiu de fazer os votos
privados, aos quais acrescentou um detalhado programa de vida. Mas Carla ainda
não estava satisfeita. Em outubro de 1958, abre um laboratório de corte e
costura para moças.
Aos 24 anos, atravessa
o portal do convento das Ursulinas de Gaudino, perto de Bergamo (Itália), mas a
vida no claustro dura pouco: no dia 9 de março de 1958, o pai, um sanguíneo
comunista da Romagna, a leva de volta para casa à força. Carla se rebela,
retoma o caminho do convento, mas o enésimo tumulto da família convence os seus
superiores a mandá-la definitivamente para casa.
“O convento, para quem o deseja, é um pequeno canto do
paraíso”, anota a moça em seu diário, “eu não tive essa graça porque não a merecia.
Porém, recebi, igualmente, um grande dom: ter vivido entre tantas almas belas
por cerca de quatro meses... Me ajudarás, não é Mãezinha, a ser sempre e
somente de Jesus?” (junho de 1958).
A jovem tem grande confiança em Maria, a qual, ela tem
certeza, não deixará cair no vazio o seu desejo de consagrar-se a Deus. Logo, Carla
compreende que o seu convento será o pequeno mundo de Torre Pedrera, sua
cidadela natal, onde ela se fará límpida testemunha do Evangelho, em sua nova
condição de leiga consagrada, dentro do Instituto Ancelle Mater Misericordiae de Macerata. Sim, naqueles dias tomara conhecimento
da existência do Instituto: podia ser uma consagrada em um instituto reconhecido
pela Igreja, mesmo estando em família, trabalhando e continuando a empenhar-se
na paróquia. Finalmente, encontrara o seu caminho!
No
dia 6 de janeiro de 1961, faz o pedido para entrar no
Instituto, e no dia 6 de janeiro do ano seguinte, faz os primeiros
votos,
seguidos, em 1963, dos votos perpétuos, quando ela se oferece a Deus em
favor da santidade dos sacerdotes, e o Senhor pareceu aceitar a sua
oferta. Agora,
Carla pertencia apenas a Jesus.
Junto com os votos, ela confiava à Virgem a sua vida, o seu apostolado,
tudo, no espírito de São Luiz Maria de Montfort, como está na regra do
Instituto secular que ela escolheu. Desde então, nada mais quis do que ser
santa, de prolongar Jesus em si mesma, de levar Jesus ao mundo, de expender-se
toda pela santificação dos sacerdotes.
Desapegando-se de todas as coisas materiais, sente-se mais livre para viver a vontade de Deis, “no meio das comodidades de vida, como se fosse na mais esquálida miséria”, de perder a própria vida para reencontrá-la na doação de si mesma aos outros.
As suas atividades não mudaram exteriormente, mas Carla tornava-se cada vez mais abrasada de amor. Escrevia: "Eu devo ser santa, senão fracassarei na minha vocação de alma consagrada. Minha tarefa é levar Jesus ao mundo. Eu devo ser um lembrete para o mundo. O mundo quer ver Jesus em nós".
Desapegando-se de todas as coisas materiais, sente-se mais livre para viver a vontade de Deis, “no meio das comodidades de vida, como se fosse na mais esquálida miséria”, de perder a própria vida para reencontrá-la na doação de si mesma aos outros.
As suas atividades não mudaram exteriormente, mas Carla tornava-se cada vez mais abrasada de amor. Escrevia: "Eu devo ser santa, senão fracassarei na minha vocação de alma consagrada. Minha tarefa é levar Jesus ao mundo. Eu devo ser um lembrete para o mundo. O mundo quer ver Jesus em nós".
Havia decidido rezar e oferecer muito, toda si mesma, pelos
sacerdotes, aos quais, com coragem e humildade, fazia chegar convites fortíssimos
à santidade. E Deus aceitava a oferta generosa. A ajuda para tantas almas
chegava, mas Carla sofria tentações, aridez, buio dello espírito - escuridão do espírito.
Por algum tempo, utilizou-se da Vespa (celebre motocicleta italiana, que ela alegremente cavalgava), depois conseguiu ter
um carro (uma Cinquecento). Ninguém podia mais detê-la em suas ações de
apostolado, especialmente entre os jovens. A "santa da Vespa", é uma jovem moderna, cheia
de vida e sempre com o sorriso nos lábios, que mostra até uma peculiar e
curiosa atenção para com a própria feminilidade. A quem a critica um pouco pelos
cuidados que reserva ao seu aspecto físico (e Carla é mesmo uma moça belíssima),
ela responde: "A esposa de Jesus deve ser sempre elegante e bela".
Moderna figura de contemplativa na ação, Carla era uma moça
profundamente enamorada de Cristo e era apoiada, em seu caminho de perfeição
espiritual, por uma grande devoção pela Virgem Maria, tanto que havia se consagrado
ao seu Coração Imaculado, no espírito da Milícia da Imaculada, tomando incansável
zelo por ela.
Sempre bela, elegante e dulcíssima: tudo nela inspirava
alegria e plenitude de vida: irradiava Cristo! Por Ele, estava sempre pronta a
trabalhar sem querer nunca sentir o cansaço. Aqueles foram anos em que ela multiplicava
energias e talentos pelo Esposo que amava e de cujo amor nunca duvidava.
No começo de 1970, Carla parecia exausta. Seguiram-se as
primeiras internações no Hospital Sant’Orsola de Bolonha. Os médicos
diagnosticaram um carcinoma pulmonar. Tinha poucos meses de vida.
Apesar disso, para qualquer um que lhe perguntasse sobre a
sua saúde, Carla respondia: "estou bem! Com Jesus, estamos sempre
bem!"
Submetida a muitos, difíceis e dolorosos exames, ela confidencia
a seu diário: “Sou feliz por lutar, sofrer, viver. Quando o sofrer se torna
alegria, não podemos pedir mais nada. Por este e por tantos outros dons, damos graças
ao Senhor”.
Um dia, naquela primavera, foi à paróquia portando no
pescoço uma vistosa echarpe vermelha. A quem lhe perguntava o porquê da
escolha, ela respondia: "Estou feliz e não quero dar aos outros
pensamentos tristes. Quero levar alegria e contentamento".
Do hospital de Bolonha, já no fim, sentindo a morte se aproximando, escreve a seu diretor espiritual: "Me ajude o senhor, padre, a fazer chegar meu grito ao Senhor, para que Lhe agrade e aceite esta oferta: Eis-me aqui, Senhor, tenho apenas este meu coração, que está cheio de Ti que És o infinito. Isto te ofereço por Teus sacerdotes. Tome toda a minha vida. Se procuras uma vítima de reparação pelas caídas deles, por suas infidelidades, por aquilo que não fazem e deveriam fazer, Senhor, por eles me ofereço vítima, disposta a tudo, a tudo, mas que não nos falte o Teu Sacramento, porque o sacerdote é um Sacramento de Ti, um portador de Ti, Senhor; que seja puro e ilibado o Sacramento que é o padre, assim como Tu o quiseste".
A um jovem seminarista que ia se tornar padre, Carla diz: "Ou padre, como te quer Jesus, ou nada!". Para Carla não podiam haver meias medidas ou compromissos: quem se torna padre deve ser santo.
Do hospital de Bolonha, já no fim, sentindo a morte se aproximando, escreve a seu diretor espiritual: "Me ajude o senhor, padre, a fazer chegar meu grito ao Senhor, para que Lhe agrade e aceite esta oferta: Eis-me aqui, Senhor, tenho apenas este meu coração, que está cheio de Ti que És o infinito. Isto te ofereço por Teus sacerdotes. Tome toda a minha vida. Se procuras uma vítima de reparação pelas caídas deles, por suas infidelidades, por aquilo que não fazem e deveriam fazer, Senhor, por eles me ofereço vítima, disposta a tudo, a tudo, mas que não nos falte o Teu Sacramento, porque o sacerdote é um Sacramento de Ti, um portador de Ti, Senhor; que seja puro e ilibado o Sacramento que é o padre, assim como Tu o quiseste".
A um jovem seminarista que ia se tornar padre, Carla diz: "Ou padre, como te quer Jesus, ou nada!". Para Carla não podiam haver meias medidas ou compromissos: quem se torna padre deve ser santo.
Domingo, dia 2 de abril de 1970, depois de ter passado pelo
hospital de Bolonha, é transferida para uma clínica de Rimini, a casa de saúde “Villa
Maria”. Tinha apenas trinta e quatro anos. Recebeu a Extrema Unção e disse aos
presentes: "Não sofro mais. Estou muito bem... Ai está, é o Senhor que vem
e me sorri. Nos vemos no Céu!" Seu rosto se compôs na paz, sorridente. Já
contemplava Deus.
Quero levar alegria e contentamento.
Agora, Carla repousa em sua igreja paroquial, e a causa de
sua beatificação avança. Com sua vida consagrada no mundo, Carla havia
realizado o seu sonho: irradiar Jesus nas almas, tornar-se "mãe" de
sacerdotes santos, oferecer-se pelo mundo, promover e apoias as vocações.
Carla é uma luminosa apóstola de nosso tempo, testemunha
feliz de um Sim dito a Deus pelo mundo!
"O mundo que ver Jesus em nós".
ORAÇÃO PARA PEDIR A INTERCESSÃO DE CARLA
Ó Deus, Vos agradeço por haver suscitado no meio de nós a Vossa serva Carla Ronci,e bendizemos a ação poderosa do Vosso Santo Espírito,que operou com abundância de frutos na sua pessoa.Vos louvamos por sua total consagração ao Senhor Jesusna castidade, na pobreza e na obediência;por sua generosa e sábia dedicação à tarefa educativana normalidade dos empenhos eclesiásticos;pelo oferecimento de seus tribulações e obras em favor das vocações sacerdotais e pela santificação dos padres;pelo ardor na oração, que a tornou forte e serena no sofrimento;pela simplicidade de vida e pela constância no serviço aos irmãos.Concedei-nos, ó Pai, pela intercessão da Venerável Carla,de podermos ser fieis, cotidianamente, à Vossa vontade.Infundi em cada cristão o amor pela Vossa Igreja e o esforço para a santidade, no estado de vida próprio de cada um.Pedimos para nós toda graça espiritual e material, em particular..................Se for Vosso desenho de amor, fazei com que Carla seja proclamada beata e conhecida em toda a Igreja, pelo nosso bem e a glória de Vosso nome. Amém."Arrivederci in Cielo!" - "Nos vemos no Céu!"
FRASES E FOTOS DE CARLA
“Visto-me com modéstia e elegância e procuro que compreendam, com minha vida, que o Cristianismo vivido não é Cruz, mas alegria”.
"Ama e canta sempre!"
"Quero florescer onde Deus me semeou"
"Minha tarefa é a de levar Jesus ao mundo".
"Quero florescer onde Deus me semeou"
"Minha tarefa é a de levar Jesus ao mundo".
“A feminilidade deve ser como aquela da Virgem Maria: pura e casta”.
"A vida é bela, mas se você ama... é maravilhosa!"
"Sinto sempre a grande alegria de viver e lutar por amor".
"É mesmo verdade que com Jesus tudo se torna belo, com Ele se aprende a amar também aquilo que nos faz mais sofrer".
"Nas dificuldades, nos momentos escuros, não nos assustemos, mas coloquemos a mão na mão de Deus: em dois se luta melhor e nos tornamos mais fortes".
"Sim, tudo por Ti, Amor...
Cada passo, cada respiração, cada lamento, é para Ti, somente para Ti"
"Sempre em frente, com a convicção de que todos temos algo a dar aos outros. Todos juntos formamos a grande obra-prima de Deus".
"Em certos momento a minha cruz me parece pesada demais, mas, em seguida, o pensamento de ter Jesus perto de mim me ergue e tudo se torna leve leve."
Uma amiga a descreve assim:
“Moralmente era um lírio puro demais para ainda pisar o pé neste mundo. Sabia conversar com Deus e com o próximo ao mesmo tempo; é por isso que, aproximando-se dela, se sentia nela a presença e o perfume de Cristo.”
“A feminilidade é uma propriedade que conquista e atrai; (…) Sou feliz de ser mulher, porque o Senhor deu à mulher o dom da inteligência intuitiva, e é muito bonito intuir as necessidades dos outros, sermos maternas e compreensivas…”.
"O pensamento que mais me tocou é este: Deus está em mim, eu sou um tabernáculo vivo. Não tem que ser difícil para mim viver em união com Deus. Isto significa viver uma vida interior... Sou feliz por existir: sou contente por tudo o que me rodeia, porque em todas as coisas enxergo um dom de Deus. Toda a paz do coração que me inunda e perpassa vem de possuir Jesus."
"Sou feliz de existir!"
"Nada me apavora e sigo em frente com Jesus no coração, que sinto sempre perto de mim"
“Carla, de sua parte, tomava o cuidado de não apresentar o Cristianismo como a mortificação da beleza e da alegria de viver, como um freio à plena realização da personalidade. Por isso, cuidava muito de seu aspecto exterior: seguia a moda, ia ao salão de beleza uma vez por semana, usava um leve perfume.”
Folheto com mais algumas fotos, frases e informações sobre a Venerável Carla Ronci: AQUI. Trecho dos diários: AQUI (ambos em italiano).
Para informações, relatos de graças e pedidos de impressos
sobrea Venerável Carla
Ronci dirigi-vos a:
Diocesi di Rimini
Centro
Documentazione e studi Alberto Marvelli
Via Cairoli, 69 –
47900 RIMINI
Tel. e Fax:
0541.787183
e-mail:
centromarvelli@libero.it
Istituto Secolare
Ancelle Mater
Misericordiae
Sede Nazionale
Domus Pacis - via
Marconi 2
60025 Loreto (AN)
e-mail: info@matermisericordiae.org
"Com Jesus, estamos sempre bem!"
Nota:
¹A Ação Católica Italiana é a mais antiga, ampla e difundida entre as associações católicas laicas do mundo, criada pela Igreja Católica no século XX, visando ampliar sua influência na sociedade, através da inclusão de setores específicos do laicado e do fortalecimento da fé religiosa, com base na Doutrina Social da Igreja. Teve seu começo em 1867, quando Mario Fani e Giovanni Acquaderni fundam em Bolonha (Itália) a Società della Gioventù Cattolica Italiana (Sociedade da Juventude Católica Italiana). O lema «Oração, Ação, Sacrifício» sintetiza a fidelidade a quatro princípios fundamentais: a obediência ao Papa (sentire cum Ecclesia), um projeto educativo fundado no estudo da religião, viver a vida segundo os princípios do Cristianismo e um grande empenho à caridade para com os mais fracos e os mais pobres. A constituição da associação é aprovada em 2 de maio de 1868, pelo Papa Pio IX com o Breve apostólico Dum filii Belial. Em sintonia com as posições do Papa (no mesmo ano, formula o non expedit) a Sociedade exclui o empenho político direto. Em 1904, Papa Pio X dissolve a Opera dos Congressos, por causa dos contínuos contrastes entre os "intransigentes" e ou "inovadores". No ano seguinte publica a Encíclica Il fermo proposito (11 de junho de 1905), com a qual promove o nascimento de uma nova organização laica católica, com o nome de Ação Católica, que foi desejada pelo Papa como principal oposição ao Modernismo. Em 1908, é fundada a "União entre as Mulheres Católica Italianas", por obra de Maria Cristina Giustiniani Bandini, com a colaboração de Adelaide Coari. E em julho de 1909, Vincenzo Ottorino Gentiloni recebeu de Pio X o encargo de dirigir uma organização paralela à Ação Católica: a "União Eleitoral Católica Italiana" (UECI). Em 1918, por iniciativa de Armida Barelli e com o apoio do Papa Bento Xvi primeiro e Pio XI depois, nascia dentro da "União Mulheres" a "Juventude Feminina de Ação Católica". A AC conhece um momento de grande expansão após a segunda guerra mundial, graças ao empenho de Papa Pio XII. A AC ajuda a lançar as bases da futura Democracia Cristã, um partido político de grande influência na Itália, mas também envolvido em grandes escândalos. Desde 2008, é dirigida por Franco Miano, quando, na comemoração dos 140 anos de existência, apresentou ao Presidente da República o Manifesto ao País, um documento onde se afirmam os valores inegociáveis da AC, que se faz sentinela do ethos no qual se reconhecem todos os italianos. Em 1959 chegou a ter 3.372.000 associados, fontes não oficiais garantem que hoje não passam de 400.000. Outro países têm a própria AC, nos mesmos moldes. Apesar do estrago que o Concílio Vaticano II trouxe para esta associação, há outros sócios da AC já santos ou candidatos aos altares: Santa Gianna Beretta Molla (que dispensa apresentações e cuja memória se dá no próximo dia 28 de abril), Beato Padre Francesco Bonifacio (assassinado na Foibe de 1946. Segundo testemunhas, ele sofreu vários abusos por parte de uma milícia popular: despido de sua batina, escarnecido, deram-lhe socos e pontapés no rosto e, por fim, apedrejado e esfaqueado), Servo de Deus Odoardo Focherini (um Justo entre as Nações - para quem acusa a Igreja de colaboracionismo com os nazistas -, morto no lager de Hersbruck, por sua obra em favor dos hebreus; deixou 166 cartas escritas no cárcere), Beato Piergiorgio Frassati (terciário dominicano, era chamado "o rapaz das oito beatitudes", morreu menos de uma semana depois de ter contraído uma pneumonia em seu apostolado junto aos mais pobre), Venerável Armida Barelli ("Aceito a morte, qualquer uma que o Senhor quiser me dar, em plena adesão à vontade divina, como última suprema prova de amor ao Sagrado Coração, em Quem confiei em vida e quero confiar na hora da morte; e como última suprema oração por aquilo que em minha vida foi o sonho constante: o advento do Reino de Cristo aqui na terra". Morreu, em 1949, após uma longa enfermidade), Serva de Deus Pierina Belli, Beato Alberto Marvelli (Durante a Segunda Guerra Mondiale, contribuiu na organização de resgates de feridos e em obras de caridade. Conseguiu salvar muitas pessoas da deportação, inclusive abrindo os vagões já lacrados que partiam da estação de Santarcangelo), Beata Antonia Mesina (chamada "mártir da pureza" porque, como Santa Maria Goretti, morreu defendendo sua pureza, recebendo 74 golpes de pedra), Beata Pierina Morosini (morreu da mesma forma que Antona Mesina), Santo Riccardo Pampuri (1º de Maio, era religioso da Ordem Hopitaleira de São João de Deus, os Fatebenefratelli), Servo de Deus Gino Pistoni (Durante um ataque das SS alemãs no 'Valle del Lys', enquanto os outros partigiani fugiam, ele se atrasou para socorrer um soldado alemão ferido em Tour d'Héréraz, sendo atingido por um estilhado de um morteiro que lhe cortou a artéria femural. Ficou completamente sozinho, a sangrar e a consumir a sua agonia, cumprindo, com as últimas forças, antes de expirar, um verdadeiro ato de fé: com os dedos banhados de sangue, escreveu na lona de sua mochila, uma mensagem-testamento, que restou único na história da Resistência: "Ofereço a minha vida pela Ação Católica e pela Itália, Viva Cristo Rei". Ao seu lado, foi encontrado o Pequeno Ofício de Nossa Senhora. Em uma lápide colocada no lugar em que morreu, escreveram: "Sobre esta rochas, onde hoje há alegria e liberdade, na trágica manhã de 25 de julho de 1944, ceifados pelo lampejo de golpes mortais, reclinavam para a morte os vinte anos de GINO PISTONI que, fiel ao preceito divino de que não existe amor maior do que dar a sua vida pelo amigo, doava a sua pelo inimigo, e sobre seu humilde saco, testemunha de nobre luta, com o sangue ardente escreveu ITALIA e como fogo gravou VIVA CRISTO RE"), Venerável Padre Gioacchino Stevan (um jovem rapaz de pouca cultura, mal sabia ler e escrever, deixou cartas, cadernos, anotações, dos quais emergem suas virtudes religiosas, e um diário no qual, entre outras coisas, escreveu: "Nunca saciarei a minha sede de amor e de reparação por Jesus" - morreu logo depois de entrar no noviciado para se tornar Servita). E encerramos com a minha homônima Giulia D'Amore: "a flor de santidade, castidade e beleza que alegrava com sua fragrância", decidiu corresponder a Jesus 'amor por amor', 'dor por dor', sangue por sangue', 'vida por vida', e no dia 26 de março de 1948 - Sexta-feira Santa - ofereceu-se como vítima pela glória do Pai e pela santificação do clero de todo o mundo; oferta que renovou solenemente no dia 4 de junho do mesmo ano. Encontrou o Esposo celeste no dia 2 de janeiro de 1949, deixando uma fortíssima herança espiritual. Deixo claro, desde já, que, infelizmente, esta boa moça, candidata aos altares, não é minha parente, como podem ver pelo "D'Amore" dela que ostenta o "D" maíusculo...).
Fontes de pesquisa: Diocese de Rimini , Modestia e pudore, Santi e Beati, Giardino degli Angeli, Azione Cattolica di Rimini e Circolo Carliano. Imagens: web.
Campo Grande, 26 de Abril de 2012.
Campo Grande, 26 de Abril de 2012.