Entrevista concedida por dom Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, à Nouvelles de France.
Dom Fellay é o superior da FSSPX fundada por Dom Lefebvre. Ele volta à Nouvelles de France para falar sobre as tentativas de aproximação da FSSPX com Roma, que marcaram o pontificado de Bento XVI.
Excelência, o senhor avaliaria o fato de que o último grande ato do pontificado de Bento XVI pudesse ser a reintegração da Fraternidade Sacerdotal São Pio X?
Por um breve instante, pensei que, anunciando a sua renúncia, Bento XVI realizaria um último gesto para conosco. No entanto, vejo que muito dificilmente isso seja possível. Será necessário esperar provavelmente o próximo Papa. Diria inclusive que, arriscando surpreendê-lo, que há problemas mais importantes para a Igreja do que a FSSPX e, de certo modo, ao resolvê-los, o problema da FSSPX será resolvido.
Alguns dizem que o senhor deseja que Roma reconheça o rito ordinário como ilícito. Poderia nos esclarecer este ponto?
Somos muito conscientes de que é muito difícil pedir às autoridades uma condenação da nova missa. De fato, se o que deve ser corrigido o fosse, seria um grande passo.
Como assim?
Isso pode ser realizado por uma instrução da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Afinal, não é tão complicado. Penso que há mudanças importantes a serem feitas por conta das graves e perigosas deficiências que tornam esse rito condenável. A Igreja pode efetuar muito bem essas importantes correções sem se desmoralizar ou perder a sua autoridade. Mas atualmente noto a oposição de uma parte dos bispos às legítimas demandas do Papa para que se corrija, no canon da missa, a tradução de “pro multis” para “por muitos”, e não “por todos, tradução falsa que encontramos em muitos idiomas.
Deseja tratar sobre o Concílio Vaticano II?
No que diz respeito ao Vaticano II, como na missa, nós consideramos necessário esclarecer e corrigir um certo número de pontos que são errôneos ou que conduzem ao erro. Contudo, não esperamos que Roma condene o Vaticano II em pouco tempo. Ela pode recordar a verdade, corrigir discretamente os erros, salvaguardando a sua autoridade. Sem embargo, nós pensamos que a Fraternidade acrescenta a sua pedra no edifício do Senhor denunciando certos pontos litigiosos.
Concretamente, o senhor sabe bem que suas reivindicações não serão satisfeitas de um dia para o outro.
Certamente, mas progressivamente o serão, creio eu. Chegará um momento em que a situação será aceitável e poderemos estar de acordo, mesmo que hoje não pareça ser o caso.
O senhor se encontrou com Bento XVI em seus primeiros meses de pontificado. Poderia nos dizer qual foi o seu sentimento em relação a ele neste momento?
Posso dizer que me encontrei com um Papa que tinha um desejo sincero de realizar a unidade da Igreja, mesmo que nós não tenhamos chegado a um acordo. Mas, acredite, rezo por ele todos os dias.
Para o senhor, qual foi o ato mais importante de seu pontificado?
Penso, sem sombra de dúvidas, que o ato mais importante tenha sido a publicação do motu proprio Summorum Pontificum, que concede aos sacerdotes do mundo inteiro a liberdade de celebrar a missa tradicional. Ele o fez, é necessário dizer, com coragem, pois havia oposições. Creio que este ato trará frutos muito positivos a longo prazo.
FONTE E TRADUÇÃO: http://fratresinunum.com/2013/02/15/penso-sem-sombra-de-duvidas-que-o-ato-mais-importante-tenha-sido-a-publicacao-do-motu-proprio-summorum-pontificum/
- PARA CITAR ESTA POSTAGEM: PALE IDEAS: . Março 2013.
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