Um livro que acaba de ser lançado na Itália é já causa polêmica, pois a autora, decidindo sair do tema da moda (atacar a Igreja), adentra um tema que as feministas achavam resolvido, morto e enterrado: o papel da mulher no casamento: como, colocando-se ao serviço da família, a mulher acaba sendo a peça chave no sucesso (ou fracasso) do matrimônio. Interessante.
Quiça, alguma de nossas mães-católicas-que-trabalham brasileiras se entusiasme com a ideias e possa nos brindar com um livro sobre a família e seus valores, baseado nos princípios cristãos.
Deixem
de lado, por gentileza, o último parágrafo, onde a sra. Giulia Tanel,
do site Libertà e Persona (Liberdade e Pessoa), ao comentar o livro,
deixa-se levar pela filosofia da busca da felicidade como ideal último
do ser humano. Não me parece que a escritora tenha seguido por este
caminho, visto que fala em sacrificar-se pela família, dentre outras
coisas.
Este o blog da autora: SPOSATI E SII SOTTOMESSA
Este o blog da autora: SPOSATI E SII SOTTOMESSA
Enjoy yourself!
Por Giulia Tanel - 26/07/2011
"Não há nada mais transgressivo e excitante que a ortodoxia",
escrevia Chesterton há algumas décadas... E Constanza Miriano tomou essa
afirmação (quase) ao pé da letra.
Com o seu Sposati e
sii sottomessa – Pratica estrema per donne senza paura[1], a autora
escreveu um livro que se tornou um desconfortável evento editorial. Desconfortável,
porque o que ela diz vai contracorrente. É verdade que - palavras dela- "(...)
falar mal da Igreja é como o pretinho básico: é bom para qualquer ocasião e
nunca sai da moda”[2],
mas ela optou mudar de assunto e dizer como é ter quatro filhos, um marido que lhe/se
ama, ser uma jornalista do TG3[3],
ir à missa todos os dias e correr também alguma maratona, se possível, visto
que a faz feliz.
A autora não é uma mulher incomum, dotada de poderes
extraordinários. É simplesmente uma mãe-que-trabalha que, com algumas regras
fixas (poucas, segundo ela, mas bem claras), é capaz levar adiante, brilhantemente, a troupe toda, e também conseguir um espaço para si.
Qual é o segredo? Quais são as "regrinhas mágicas"
de Miriano?
Lendo Sposati e sii
sottomessa, o conceito mais salientado pela autora é o de que a mulher tem
sua própria identidade e seu gênio, que é necessariamente diferente daquele
masculino: dizer que os dois sexos são iguais é uma abominação. O sexo frágil é
feito para acolher e tem ínsita em si a vocação para a maternidade; os homens
têm outras peculiaridades e, sobretudo, atribuições diferentes. Cada um na sua.
Miriano escreve a este respeito: "O feminismo foi, a
seu modo, um florescer. Foi uma explosão da exigência [das mulheres] de
sentir-se amadas, compreendidas, valorizadas. Só que tomou o caminho errado, o
da autoafirmação. (...) A emancipação - que partiu de uma exigência de justiça –
levou a uma ideia distorcida da paridade. A paridade não é igualdade. É dar igual
dignidade para duas identidades que não poderiam ser mais diferentes"[4].
"A mulher se perde quando esquece quem ela é. A mulher
é, principalmente, esposa e mãe. Deve oferecer espaço e proteção. Não apenas
nos limites estreitos da família (...)"[5].
Algumas mulheres "modernas", lendo estas
afirmações, provavelmente ficarão horrorizadas. Mas é isso: a mulher tem a
atribuição de acolher o seu homem e seus filhos, de antecipar-lhes os desejos, de
"sacrificar-se" pelo bem da sociedade. Justamente, seja submissa:
porque é a partir da base que se constrói o resto! Aos homens, ao invés,
deve-se deixar a tarefa de encarnar a auctoritas[6], incumbência
que é muitas vezes esquecida hoje em dia, com consequências devastadoras:
"(...) isso principalmente deve ser o pai. É uma tarefa importante e também
árdua, porque quase sempre é mais fácil dizer sim que não às exigências dos
filhos"[7].
Para fazer funcionar o casamento é necessário não se deixar
levar pelas emoções do momento, aceitar os defeitos do outro (e os próprios!, talvez
até rindo deles) e doar-se. Assim, com um pouco de boa vontade, o tanto ridicularizado
"até que a morte nos separe" não será mais uma utopia distante, mas
uma meta alcançável. O casamento não é uma empresa que abre ou fecha dependendo
das necessidades do mercado: é para sempre.
Claro, hoje tudo é mais difícil. As pessoas não estão
acostumadas a trabalhar duro e a sacrificar-se pelos outros: não se é capaz de renunciar
a nada; muitos não são capazes de escolher um amor para a vida toda; todos querem
dominar, e ninguém aceita obedecer; a gravidez e a maternidade são vistos como
uma doença; às mulheres é exigido que sejam sempre perfeitas, em qualquer área...
e assim por diante.
Eis, então, que se faz necessário colocar alguns pontos.
Poucos, mas claros.
Quando uma mulher se casa deve estar disponível a acolher seu
marido e os filhos que virão. Ao mesmo tempo, deve ser capaz de falar a linguagem
do marido (que "(...) se lhe diz que não pensa em nada, confie: não pensa
em nada") e deve confiar nele, delegar, confiar na sua maneira de fazer as
coisas. E, assim, ser capaz de encontrar tempo para si mesma.
Por último, fato muitas vezes escondido, é preciso confiar
em Deus. Ser perfeita é humanamente impossível, e às mulheres hoje é exigido
muito, demais. É necessário baixar as armas, ser mais humildes e começar a
viver sem medir tudo por si, porque só assim é possível ser feliz.
Tradução: O Blog
[2] (op. cit, p. 10.).
[3] Il TG3 è il telegiornale di Rai 3, terceiro canal da rede televisiva
estatal italiana.
[4] (op. cit., P. 59).
[5] (op. cit., P. 65).
[6] Auctoritas: a autoridade (latim).
[7] (op. cit., P. 203).
Perfeito.
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