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sábado, 13 de agosto de 2011

CATECISMO: Sacramentos

O assunto de hoje são os Sacramentos. Quero apresentar um excelente trabalho da Permanência e, em seguida, o Catecismo de São Pio X a respeito do tema. Para ilustrar, uma collagem de uma série conhecida na Net e, em cada Sacramento, uma obra do pintor veneziano Pietro Longhi. 




Para nos transmitir a graça, para nos fazer andar no caminho da salvação, Jesus instituiu sete cerimônias sagradas, que a Igreja chama de Sacramentos. São elas:

1 – Batismo
2 – Crisma ou Confirmação
3 – Eucaristia
4 – Confissão ou Penitência
5 – Extrema Unção
6 – Ordem
7 – Matrimônio

Sacramento é um sinal sensível, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para nos dar a graça santificante e as graças de cada Sacramento, e realizado durante uma cerimônia da Igreja Católica.

- sinal sensível – é o que pode ser percebido, é o que nós podemos ver, ouvir, cheirar, segurar, perceber o gosto. Todos os Sacramentos têm uma parte sensível porque podemos vê-los e ouvi-los. Por exemplo, quando vemos a água derramada na cabeça da criança, na Igreja, sabemos que se trata de um Batismo. Chamamos o sacramento de sinal porque esta parte visível indica que se realizou uma parte invisível:

- graça santificante e graça do Sacramento – é o que, no Sacramento, não pode ser percebido pelos sentidos. É a sua parte invisível, espiritual, é a parte mais importante. É a presença de Deus na nossa alma: sua presença santificante e sua ajuda especial ligada a cada Sacramento. Não se pode ver que uma alma fica limpa do pecado original, mas nós sabemos que aquele sinal sensível que nós vemos (a água e as palavras do Batismo) mostra que a alma ficou limpa do pecado original (graça do Batismo).

Na Crisma, a unção do óleo (sensível) representa a força da Fé, seu aperfeiçoamento (a graça invisível), mas é essa unção que realiza esse fortalecimento da Fé.

- O sacramento realiza aquilo que ele significa. Esta é a mais impressionante característica dos sacramentos. Eles são cerimônias eficazes, eles conferem a graça pela força própria que eles têm. Não é um sinal que dependa da nossa convicção, da nossa fé, como acontece com a água benta e os demais sacramentais. É um sinal que realiza, que faz aquilo que ele exprime. Se o rito do batismo é sinal da alma limpa do pecado original, nós sabemos com certeza de fé que, de fato, a alma batizada foi limpa do pecado original. Que a alma crismada tornou-se Soldado de Cristo, que a alma que morreu recebendo a extrema-unção foi para o juízo final preparada pela Igreja, que os nossos pecados foram verdadeiramente perdoados. E assim para todos os sacramentos.
Assim, todos os Sacramentos, com uma cerimônia percebida pelos sentidos, significam uma graça invisível, dada por Deus.

Mas de onde vem esse poder dos Sacramentos, de dar a graça? Eles têm essa força porque foi Jesus Cristo quem os instituiu. Jesus realizou cada um deles pela primeira vez e deu aos Apóstolos o poder de continuar a realizá-los.
Devemos respeitar os Sacramentos, a graça e o poder de Jesus Cristo que está neles, e recebê-los sempre dignamente. Na Missa, na Comunhão, na Confissão e em todas as cerimônias na Igreja, devemos ficar sérios, compenetrados, sem brincadeiras. Dentro da Igreja, andar devagar, mãos postas, em sinal de oração, bem vestidos por respeito às coisas sagradas que vivemos naqueles momentos. Peçamos ao Espírito Santo o dom de Piedade, para receber sempre dignamente os Sacramentos.


"O rei da França, Carlos Magno, desejava a dignidade e os direitos de Imperador e pediu-os ao Papa. Numa grande Igreja de Roma, o Papa pôs uma coroa de ouro na cabeça de Carlos Magno. Assim o Papa dava a Carlos Magno os direitos e a dignidade de Imperador. A imposição da coroa podia se ver. A dignidade e os direitos de Imperador não se podiam ver. A imposição da coroa designava a colação da dignidade de Imperador. Mas, por esta coroação, o Papa não só representava a dignidade Imperial, mas também dava verdadeiramente aquela dignidade. Na cabeça, Carlos Magno recebeu a coroa visível. Na alma, recebeu a dignidade invisível.

A coroação era um sinal sensível que dava a dignidade imperial invisível."

A parte sensível dos Sacramentos se divide em duas: a matéria e a forma.
Cada Sacramento tem uma matéria: é aquilo que vemos, a matéria usada pelo ministro.

Cada Sacramento tem uma forma: é a frase dita pelo ministro na realização do Sacramento.

A parte invisível dos Sacramentos é a graça sacramental.
Vamos estudar, para cada Sacramento, a matéria, a forma e a graça sacramental.


Matéria, Forma e Graça Sacramental dos 7 Sacramentos

Batismo:     
Matéria – água
Forma – "Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."
Graça – Apaga o pecado original – nos torna filhos de Deus – é o nascimento espiritual.
 
CRISMA:
Matéria – o óleo sagrado chamado Santo Crisma.
Forma – "Eu te marco com o Sinal da Cruz e te Confirmo com o Crisma da Salvação, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."
Graça – Nos confirma na Fé, nos torna Soldados de Cristo – é o crescimento espiritual.
 
EUCARISTIA:
Matéria - O pão e o vinho consagrados na Santa Missa.
Forma - "Isto é o meu Corpo" - para a consagração do pão; "Este é o cálice do meu sangue, do sangue da nova e eterna aliança, mistério da Fé, que será derramado para vós e para muitos para o perdão dos pecados" -, para a consagração do vinho.
Graça - É a presença do próprio Jesus Cristo na nossa alma, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade - é o alimento espiritual.

CONFISSÃO:
Matéria - Os pecados confessados diante do Padre.
Forma - "Eu  te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."
Graça - O perdão dos pecados - devolve a graça santificante - é o remédio espiritual.
 
EXTREMA UNÇÃO:
Matéria - O óleo sagrado chamado Óleo dos Enfermos.
Forma - "Por esta santa unção, que o Senhor te perdoe todos os pecados que fizeste pela... (a unção é feita nos olhos, boca, ouvido, nariz, mãos e pés)."
Graça - Prepara nossa alma para ir para o Céu - apaga os pecados veniais, as imperfeições e até pecados mortais - reanima o corpo doente.
 
ORDEM:
Matéria - A imposição das mãos pelo Bispo.
Forma - A oração consecratória na ordenação sacerdotal.
Graça - Dá ao Padre o poder de celebrar a Missa e outros Sacramentos.
 
MATRIMÔNIO:
Matéria - O contrato entre os noivos.
Forma - A aceitação pública do contrato - o "sim".
Graça - Capacidade de ter e educar os filhos, viverem juntos em harmonia, e buscando a vida eterna.


Pietro Longhi - O Batismo
1. O Batismo

1) Para que existe o Batismo?
Adão e Eva pecaram gravemente, desobedecendo a Deus, querendo ser iguais a Deus.
Foram, por isso, expulsos do Paraíso. Passaram a sofrer e a morrer.
Deus castigou-os e transmitiu a todos os filhos de Adão, ou seja, a todos os homens, o pecado original.
Mas Deus prometeu a Adão e Eva que enviaria seu próprio Filho, segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que seria igualmente homem, para morrer na Cruz e pagar assim o pecado de Adão e Eva e todos os outros pecados.
Mas não basta que Jesus tenha morrido na Cruz. É preciso ainda que essa morte de Jesus seja aplicada sobre as almas para que elas reencontrem a amizade de Deus, ou seja, se tornem filhos de Deus e tenham apagado o pecado original.
Foi então para aplicar seu Sangue derramado na Cruz sobre nossas almas que Jesus instituiu o Sacramento do Batismo.

2) Quando foi que Jesus instituiu o Batismo?
Jesus instituiu o Batismo logo no início da sua pregação, quando entrou no rio Jordão para ser batizado por São João Batista. O Batismo de João não era uma Sacramento. Só quando Jesus santifica as águas do Jordão com sua presença e que a voz do Pai se faz ouvir: "Este é meu Filho bem amado, em quem pus minhas complacências", e que o Espírito Santo aparece sob a forma de uma pomba (foi então uma visão da Santíssima Trindade), é que fica instituído o Batismo.
Essa instituição será confirmada por Jesus quando Ele diz a seus Apóstolos: "Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo."
Leia na Bíblia, no Evangelho de São Mateus, o Capítulo 3, Versículo 13.

3) Matéria e Forma
Jesus instituiu, então, o Batismo e determinou que seria usada a água como matéria desse Sacramento. Foi também Jesus quem determinou a forma: "Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."
O rito da Batismo consiste assim em derramar água na cabeça da pessoa que vai ser batizada, ao mesmo tempo em que se diz a forma.
Mas só isso não basta. É preciso ainda que o ministro tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja Católica no Sacramento do Batismo.
A Santa Igreja acrescentou também diversas orações preparatórias que completam a cerimônia. Quem já assistiu a um Batismo sabe que o Padre usa o sal bento, o óleo dos catecúmenos, o Santo Crisma, entrega a vela acesa aos padrinhos, veste a roupa branca no batizado e, principalmente, reza as orações contra o demônio, para que o pai da mentira nem se aproxime do batizado. Esse é o batismo Católico, o único instituído por Jesus, o único capaz de nos tornar filhos de Deus.

4) O Ministro do Batismo
Normalmente, o ministro do Batismo é um Padre. É ele quem recebeu de Deus o poder de trazer a Fé ao coração da pessoa batizada, tornando-a filha de Deus.
Mas pode acontecer que seja preciso batizar às pressas alguém. Se não houver um Padre por perto, qualquer pessoa pode batizar, desde que queira fazer o que a Igreja Católica faz no Batismo, que use água e diga as palavras da forma do Batismo.
Além da pessoa que está sendo batizada, do ministro que batiza, há também, na cerimônia do Batismo, os padrinhos, que seguram a criança. Normalmente escolhe-se para padrinhos um homem e uma mulher. Eles devem ser bons católicos, pois a função dos padrinhos é dar o exemplo, ajudar aos afilhados a aprender o Catecismo, a rezar, a conhecer e amar a Deus. São os padrinhos que respondem no nosso lugar as perguntas que o ministro faz durante a cerimônia.

5) Os efeitos do Batismo
O Batismo nos dá, pela primeira vez, a graça santificante, que é a amizade e a presença de Deus no nosso coração. Junto com a graça recebemos o dom da Fé, da Esperança e da Caridade, assim como todas as demais virtudes, que devemos procurar proteger no nosso coração.
Apaga o pecado original.
Apaga os pecados atuais e todas as penas ligadas aos pecados.
Imprime na nossa alma o caráter de cristão, fazendo de nós filhos de Deus, membros da Santa Igreja Católica e herdeiros do Paraíso.

Nos torna capazes de receber os outros Sacramentos.
Por isso tudo, vemos que o Batismo é absolutamente necessário para a salvação. Só entra no Céu quem for batizado.

6) Existem três tipos de Batismo
Além do Batismo da água, o normal, existem ainda dois outros modos de recebermos o Batismo: o Batismo de sangue e o Batismo de desejo.
O Batismo de sangue é recebido por uma pessoa que, sem nunca ter sido batizada, seja morta por defender a Fé católica. Foi o caso de muitos mártires que morreram por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Batismo de desejo é recebido por uma pessoa que, sem ter como chegar até um Padre, morre sem poder receber o Batismo que desejava receber. Qualquer desses três modos de receber o Batismo é suficiente para nos dar a Fé e assim nos permitir ir para o Céu.


Pietro Longhi - A Crisma
2. A Crisma

1) O que é o Sacramento da Crisma?
Nascidos para a vida da graça pelo Batismo, é pelo Sacramento da Crisma que recebemos a maturidade da vida espiritual. Ou seja, somos fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, que nos torna capazes de defender a nossa Fé, de vencer as tentações, de procurarmos a santidade com todas as forças da alma.Pelo Batismo nós nascemos, pela Crisma nós crescemos na vida da graça.

Pelo Batismo nós nascemos, pela Crisma nós crescemos na vida da graça.

2) Matéria e Forma
A matéria do Sacramento da Crisma é o Santo Crisma, o óleo da oliveira (azeite), misturado com um bálsamo perfumado e abençoado solenemente pelo Bispo na Quinta-feira Santa. Essa matéria é usada pelo Bispo na cerimônia da Crisma, junto com a imposição da mão sobre a cabeça, quando o ministro traça o Sinal da Cruz com o Santo Crisma na fronte do crismando, dizendo as palavras da Forma.
A Forma do Sacramento da Crisma é: Eu te marco com o Sinal da Cruz e te confirmo com o Crisma da Salvação, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Após realizar este gesto, o Bispo dá um leve tapa no rosto da pessoa, para significar que ela é soldado de Cristo, tendo o dever de suportar pacientemente, em nome de Jesus, toda sorte de sofrimentos e de injúrias, defender a Fé quando atacada e conhecer a doutrina.

3) Ministro da Crisma
O ministro do Sacramento da Crisma é o Bispo, pois é o pai de todos os fiéis, aquele que lhes confere a maturidade da vida da graça. Em caso de perigo de morte, um simples Padre deve crismar, pois é importante entrarmos no Céu com todas as capacidades de amor a Deus.
A Crisma não é absolutamente necessária para a salvação (uma pessoa não crismada pode ir para o Céu), mas é muito importante receber a Crisma desde cedo: só com a Crisma teremos no Céu a proximidade de Deus e a intensidade de amor que Ele quer nos dar. Além disso, só com a Crisma teremos todas as forças necessárias para vencer as tentações e caminharmos firmemente no caminho da perfeição. De modo que seria grave negligência dos pais se não preparassem seus filhos para receber este Sacramento da perfeição cristã.
  
4) Instituição da Crisma
Como sabemos que Jesus Cristo instituiu este Sacramento, se não aparece este fato no Evangelho?
Sabemos que verdadeiramente Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Crisma porque os Apóstolos administraram este Sacramento, como aparece nos Atos dos Apóstolos (Atos, 8, 14) e porque a Igreja sempre ensinou esta verdade. Vejam o que já ensinava S. Cripriano, Bispo martirizado no ano 258: "Os batizados serão conduzidos aos Bispos, a fim de, por sua oração e imposição das mãos, receberem o Espírito Santo, e pelo selo do Senhor, serem perfeitos."

5) Quais são as graças que recebemos pelo Sacramento da Crisma?
Aumento da graça santificante.
Recebemos de modo novo e especial o Divino Espírito Santo, com seus sete dons sagrados.
Imprime o caráter de Soldados de Cristo.
A crisma, como o Batismo e a Ordem, imprime caráter, ou seja, marca de modo indelével nossa alma, de modo que nunca mais perdemos a marca de crismados. Por essa razão não podemos receber a Crisma mais de uma vez, como também o Batismo e a Ordem.

6) Quais são os sete dons do Espírito Santo que recebemos de modo especial na Crisma?

São eles:
1 – Temor de Deus
2 – Piedade
3 – Fortaleza
4 – Conselho
5 – Ciência
6 – Inteligência
7 – Sabedoria

Mais tarde, no estudo das Virtudes, vamos estudar cada um deles em particular. Por enquanto basta sabermos seus nomes.

7) Por que existem padrinhos para a Crisma?
Porque, como no caso do Batismo, é bom termos pais espirituais que nos apresentem à Igreja nesta ocasião tão importante, nos aconselhem nas lutas da vida, e rezem por nós. Por isso os padrinhos da Crisma devem ser bons católicos, terem sido crismados, tendo já idade suficiente para aconselhar seus afilhados.
Para terminar, devemos considerar que a Crisma é o Sacramento que aumenta o Amor de Deus em nosso corações. Aos sairmos da cerimônia da Crisma, como soldados de Cristo, temos nossos corações dilatados, abertos para muitas novas graças, capazes de amar a Deus com muito mais forças. É a ação do Divino Espírito Santo que realiza isso em nós.
Devemos estar atentos em deixá-Lo agir em nós, pois Ele vai nos guiar pelos difíceis caminhos da vida, vai nos encher o coração com muitas alegrias espirituais, com o gosto pela oração, com as forças para vencer as tentações. Só assim poderemos estar cada dia mais próximos do Coração de Nosso Senhor, para servi-Lo e amá-Lo para sempre.


Pietro Longhi - A Comunhão
3. A Eucaristia

Depois de termos estudado o Batismo (nascimento espiritual) e a Crisma (crescimento espiritual), vamos agora estudar a Sagrada Eucaristia, que é nosso alimento espiritual. A presença de Jesus na Sagrada Hóstia é tão profunda e bela que podemos estudar toda nossa vida e sempre acharemos alguma coisa nova.

1) Os Profetas anunciaram a Sagrada Eucaristia
Houve um homem muito santo, chamado Abraão, com quem Deus tinha feito uma Aliança, prometendo que da sua família nasceria o Salvador. Após uma guerra vencida por Abraão, veio ao seu encontro um Sacerdote de Deus que ofereceu pão e vinho para Abraão. Claro, não era a Comunhão, que só foi instituída por Jesus muitos anos depois, mas aquele pão e o vinho já anunciavam a futura Eucaristia.
Quando o Profeta Elias estava sendo perseguido, depois de andar um dia inteiro no deserto, já morrendo de fome e sede, deitou-se embaixo de uma árvore para esperar a morte. Um anjo do Céu apareceu-lhe e disse: Elias, levante e coma. Levantando-se, Elias viu ao seu lado pão e água. Comeu aquele pão descido do Céu e com esse alimento caminhou quarenta dias no deserto até a montanha Horeb.

2) Jesus Cristo instituiu a Sagrada Eucaristia na última Ceia.
O que foi a última Ceia? Todo ano os Judeus comemoravam a Páscoa com uma cerimônia onde havia uma ceia, ou seja, uma refeição ritual. Na véspera da sua morte, na Quinta-feira Santa, Jesus reuniu os Apóstolos para a Ceia Pascal. Só que, naquela dia, Ele modificou a cerimônia e celebrou a primeira Missa, consagrando o pão e o vinho, transformando-os milagrosamente em seu Corpo e em seu Sangue. Depois deu a Comunhão aos Apóstolos. Eis como os Evangelhos nos contam a primeira Missa, celebrada por Jesus:
"Na última Ceia, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: "Tomai e comei: ISTO É O MEU CORPO, que será entregue por vós". Depois tomou também o cálice, deu graças e deu-o aos seus discípulos, dizendo: "Bebei dele todos: pois ESTE É O MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR MUITOS PARA A REMISSÃO DOS PECADOS. Fazei isto em memória de mim."

3) A Missa instituída por Jesus na última Ceia é o sacrifício de Jesus na Cruz.
Aqui aumenta o mistério e a beleza da Eucaristia. Na Quinta-feira, Jesus celebrou a primeira Missa. Na Sexta-feira, Jesus morreu na Cruz.
Mas a cerimônia da Quinta já era a própria morte de Jesus na Cruz, misteriosamente antecipada na cerimônia da Missa. Toda Missa é o sacrifício de Jesus, morrendo na Cruz no monte Calvário e ressuscitando três dias depois. Isso quer dizer que hoje, quando nós assistimos à Santa Missa, nós estamos diante da cruz de Jesus, há dois mil anos atrás. Jesus só morreu uma vez. Na Missa, Jesus não morre novamente. Nós é que assistimos à sua morte na Cruz, aquela mesma morte que aconteceu há dois mil anos atrás.Jesus pagou os pecados de todos os homens, morrendo na Cruz. Mas se cada Missa é a morte de Jesus na Cruz, então, em cada Missa, Jesus está pagando os nossos pecados, livrando-nos assim do inferno e mostrando para nós o caminho do Céu.
A Missa e a Cruz são o mesmo sacrifício de Jesus. Mas existem certas diferenças entre a Missa e a Cruz, diferenças na maneira como este sacrifício é apresentado para nós.

O Sacrifício da Cruz
O Sacrifício da Missa
Na Cruz, o sacrifício é cruento, ou seja, Jesus derrama o Seu Sangue.
Na Missa, o sacrifício é incruento, ou seja, sem o derramamento de Sangue.  
Na Cruz, o sacrifício foi oferecido uma só vez.
Na Missa o sacrifício é apresentado muitas vezes.  
Na Cruz, o sacrifício foi oferecido por Jesus só.  
Na Missa, o sacrifício é oferecido por Jesus, mas através do ministro, que é o padre.


4) A Missa instituída por Jesus é um Sacramento.
É durante a Santa Missa que Jesus Cristo, através do padre, oferece o seu sacrifício e realiza o Sacramento da Eucaristia. O Sacramento é realizado pela consagração do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus, e ele é distribuído aos fiéis pela Comunhão.
- Matéria e Forma do Sacramento:
Todas as cerimônias e orações da missa servem para preparar ou para completar a Consagração. É durante a Consagração que o padre realiza o Sacramento da Eucaristia. Como em todos os Sacramentos, ele usa a matéria e a forma. A matéria do Sacramento da Eucaristia é dupla: o pão e o vinho. A forma são as palavras sagradas que o padre usa quando consagra o pão e o vinho:
- Para o pão ele diz: ISTO É O MEU CORPO.
- Para o vinho: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, DO SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, MISTÉRIO DA FÉ, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR MUITOS PARA O PERDÃO DOS PECADOS.

Além da matéria e da forma, precisamos saber também qual é a graça do Sacramento da Eucaristia. Essa graça é a presença real de Jesus na Sagrada Hóstia.

- O que é a presença real?
Pela Consagração da Missa, Jesus passa a estar presente na Hóstia consagrada, no pão e no vinho, que se transformaram no seu Corpo e no seu Sangue. Jesus está presente milagrosamente com corpo, sangue, alma e divindade.

- Podemos dizer que Jesus está apenas representado pela Hóstia?
Não, a Hóstia é o próprio Jesus: seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

- Podemos dizer que, vendo a Hóstia, apenas nos lembramos de Jesus?
Não, vendo a Hóstia nós vemos o próprio Jesus escondido nas aparências do pão e do vinho.

- É pão e vinho que existe ali?
Não, depois da Consagração já não há mais nada do pão e do vinho. É o Corpo e o Sangue de Jesus.

- Quando o padre levanta a Hóstia e o Cálice na Santa Missa, o que devemos fazer?
Nessa hora, devemos adorar a Jesus, nosso Deus, que quis estar tão perto de nós e até dentro de nós, pela Comunhão, e prepara nossas almas para bem recebe-Lo. No silêncio da Missa, devemos dizer no nosso coração: Meu Senhor e meu Deus, quando vemos a Hóstia e quando vemos o Cálice.

- Só nessa hora da Missa que devemos adorar a Deus?
Na Missa devemos estar sempre rezando, conversando com Jesus, preparando nossas almas ou agradecendo por termos Jesus no coração.
Mas Jesus não veio na Hóstia só para ficar ali guardado no Sacrário, para ser adorado, para ser visitado, para rezarmos a Ele. Ele veio na Hóstia, na presença real, para poder vir no nosso coração, para que pudéssemos comungar. Comungar quer dizer estar unido, junto. Quando nós amamos alguém nos sentimos perto, unidos a ele. A Comunhão é um ato de amor. Jesus nos ama e vem até nós. Nós amamos a Jesus e vamos até Ele, vamos comungar. Por essa união amamos a Deus, amamos a Santíssima Trindade, ou seja, amamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
É preciso compreender também que toda esta doutrina sobre a Presença Real de Jesus na Hóstia é doutrina Revelada, ou seja, é dogma de Fé. E se Jesus está presente realmente na Hóstia, nossa fé nos ensina, é fácil perceber que não podemos nunca, em nenhuma hipótese, receber a comunhão na mão, pois isso é um ato sacrílego, ou seja, um desrespeito pela coisa sagrada. Devemos receber a comunhão de joelhos, pois é assim que adoramos a Deus, e na língua, pois assim temos certeza que nenhuma parcela da hóstia poderá se perder.

[São mais do que conhecidos os abusos que, no mundo inteiro, passaram a acontecer depois que o sacrilégio da comunhão na mão se introduziu: além do fato das mãos leigas não terem sido consagradas para tocar no Santíssimo Sacramento, as parcelas minúsculas limpas nas roupas, caídas no chão; hóstias encontradas na caixa das esmolas, levadas para ritos espíritas, missa negra, etc. Todas as reclamações já dirigidas ao Papa ou aos bispos tiveram sempre as mesmas respostas: dirija-se ao bispo da diocese... ou então...obedeça, é assim mesmo! Para eles, nitidamente, os frutos deste sacrilégio não são maus, o que mostra que perderam a fé na Presença Real.]
Por isso, devemos agradar a Deus na nossa vida. Fugir do pecado, não ter vergonha de Deus, de Jesus, da nossa santa religião. Saber que, se amamos de verdade, faremos tudo por Ele, obedecendo a sua Lei, não seguindo os maus exemplos que vemos em volta de nós.

5) Condições para Comungar
Antes de tudo, estar em estado de graça, sem pecado mortal na alma. Para isso devemos nos confessar com freqüência, buscando no confessionário a amizade de Deus, que perdemos pelo pecado.
Praticar o jejum eucarístico. Não comer nada, nem beber nada (só água pura é permitido) uma hora antes da Missa. Se for possível, em vez de uma hora, deixar duas ou três horas. Se a Missa é de manhã, procurar acordar cedo para tomar o café da manhã, não comer muito. O ideal seria que a Comunhão fosse o primeiro alimento do dia. Será tão difícil guardar o jejum até depois da Missa?
Ter atitudes adequadas ao lugar sagrado: roupas fechadas, modestas; não conversar, ficar de joelhos, rezando e concentrados no rito da Missa. Não devemos esquecer que o Apóstolo São Paulo ordena às mulheres que cubram a cabeça dentro da igreja para honrar a presença de Jesus.
Comungar com a intenção de receber Jesus no coração, assistir à Missa preparando-se pela oração e rezando depois da Comunhão em ação de graças. Ou seja, é preciso ter  a Santa Missa, a Comunhão, como o momento principal do dia. Centralizar em torno de Nosso Senhor nossas atenções, nosso esforço, nossa oração.


Pietro Longhi - A Confissão
4. A Confissão

Porque devemos nos confessar.
Deus, no seu amor paternal, deseja que todos os pecadores voltem para junto dele. Ele quer que nos afastemos dos nossos pecados, que nos convertamos a ele, nosso supremo Senhor e fim eterno. Jesus Cristo nos diz no Evangelho: "Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está perto." (Mat. IV,17).
Mas para nos ajudar a fazer a penitência, Deus nos dá uma virtude especial para que tenhamos forças para nos arrependermos de nossos pecados. Essa força especial é a Virtude de Penitência.
Pela virtude de Penitência, que Deus coloca no nosso coração, Ele nos leva a reconhecer toda Sua bondade, toda Sua santidade e como nós O ofendemos e O deixamos triste quando cometemos nossos pecados. Só mesmo conhecendo a Santidade, a Justiça e o Amor de Deus é que podemos reconhecer como nossos pecados ofendem a Deus.
Deus quer que tenhamos grande arrependimento por nossos pecados. 
O que quer dizer "se arrepender"? 
Arrepender-se quer dizer não querer de maneira nenhuma continuar com a alma manchada pelo pecado, sentir uma dor profunda por ter traído a bondade de Deus, ter ofendido e entristecido a Deus, que nos ama tanto. 
Na nossa família nós temos um bom exemplo do que é o arrependimento, quando deixamos nossos pais tristes e ofendidos. Logo vem aquela dor, aquela vergonha e, ao mesmo tempo, a certeza de que eles vão nos perdoar, se pedirmos desculpas, porque sabemos que eles nos amam muito. Com Deus também acontece assim. Com essa diferença: o arrependimento dos nossos pecados nos abre novamente as portas do Paraíso, nos devolve a amizade com nosso Deus, que morreu na Cruz para nos salvar.
Mas se não tivermos o arrependimento, será que Deus nos perdoará dos nossos pecados? É fácil perceber que sem um sincero arrependimento, Deus não pode nos perdoar.

Há vários tipos de arrependimento pelo pecado:
- Arrependimento humano: estamos arrependidos porque temos medo do castigo que receberemos de nossos pais. Esse arrependimento humano nada adianta para o perdão dos pecados.
- Arrependimento imperfeito: chama-se também contrição imperfeita ou atrição – estamos arrependidos porque temos medo do castigo de Deus.
- Arrependimento perfeito: chama-se também contrição perfeita – estamos arrependidos não mais por causa do castigo dos pais ou de Deus, mas porque ofendemos a Deus, traímos o amor de Deus, nosso Pai tão bom e amoroso, nosso Redentor e Salvador. Esta dor é chamada perfeita porque vem do amor que sentimos por Deus. É essa contrição perfeita que nós manifestamos quando rezamos o Ato de Contrição. Devemos saber de cor o Ato de Contrição para rezá-lo no confessionário e também em todos os momentos de tentação e perigo de nossa vida.
"Meu Deus, eu tenho muita pena de ter pecado, pois ofendi a Vós, meu sumo Bem, e mereci os castigos de Vossa justiça. Perdoai-me, Senhor, não quero mais pecar".

Existe um Ato de Contrição mais bonito e mais completo:
«Senhor meu Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, criador e redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me Senhor, de todo o meu coração de Vos ter ofendido; pesa-me também de ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com o auxílio da Vossa divina graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amém.»

Porém, só o arrependimento não basta! É preciso que ele seja acompanhado pelo bom propósito. O que é o propósito?
É a vontade firme e sincera de não mais cometer aquele pecado.
Se tivermos a contrição perfeita e o firme propósito de não mais pecar, devemos esperar com toda confiança o perdão de Deus. Ele é infinitamente misericordioso, chegando até a enviar seu Filho, o Verbo Encarnado, Jesus Cristo, para morrer pagando nossos pecados. 
Essa virtude de Penitência não serve apenas para que nasça em nosso coração o arrependimento e a dor por ter pecado. Ela nos ajuda ainda a realizar certos atos exteriores, as obras de penitência, que servem para diminuir a pena do Purgatório, que teremos de pagar antes de irmos para o Céu; serve para dominar nossas más inclinações, nossos defeitos dominantes; e, também, para nos fortificar no bem.
São obras de penitência: rezar, jejuar, dar esmolas, suportar com paciência os sofrimentos e contrariedades, aceitar os incômodos da vida. A melhor obra de penitência é receber o Sacramento da Penitência, que é a Confissão.

A Tentação, o Pecado e o Sacramento da Confissão
Deus quer que a nossa vida aqui na Terra seja um tempo de provação, para podermos alcançar a glória do Paraíso, não somente como um presente mas também como prêmio pela vitória. Por isso Ele permite que sejamos tentados e mesmo que, por nossa fraqueza, façamos pecados, pondo assim em risco a nossa Salvação Eterna.

A Tentação
Quando Jesus foi tentado no deserto, levou-o o demônio a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória e disse-lhe: "— Tudo isso lhe darei se, prostrado em terra, me adorares. Respondeu-lhe Jesus: Afasta-te Satanás! Pois está escrito: adorarás ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás. Então o demônio o deixou e eis que vieram os anjos e O serviram." (S. Mateus, IV, 8-11).
Enquanto vivermos na Terra estaremos sujeitos à tentação. O demônio emprega toda sua astúcia e maldade para fazer com que pequemos e nos condenemos para sempre.
Deus permite a tentação. Ele quer nossa vitória, mas ao mesmo tempo Ele quer que nós saibamos reconhecer nossa fraqueza ficando humildes: a luta deve também nos fortificar para que nossa recompensa seja, um dia, ainda maior.
Deus nos ajuda na tentação. Ele é fiel: se Ele permite que sejamos tentados, Ele também nos dá as graças para vencer a tentação. Deus está sempre do nosso lado.
Como fazer quando somos tentados?
Devemos resistir imediatamente à tentação e invocar o auxílio de Deus. Às vezes bastará uma oração jaculatória ou o Sinal da Cruz. Muitas vezes o melhor é não fazer caso da tentação, ocupar-se com alguma outra coisa e acabar esquecendo o pecado. Devemos evitar as más companhias que podem nos conduzir à ocasiões de pecado.
Sentir uma tentação é pecar?
Não. Só haverá pecado se nós consentirmos na tentação, ou seja, se nós aceitarmos o pecado que a tentação propõe. Mas já é pecado se nos expormos à tentação ou não a combatermos com fervor.
Para a minha vida: Na tentação direi: Nunca, Jamais! e rezarei: Senhor, ajudai-me!
A tristeza e o abatimento são os maiores aliados da fraqueza e do mal. Por isso sejam sempre alegres.
Os Santos nos ensinam:
"Quem não é tentado não é provado: quem não é provado não progride" (Sto. Agostinho).
"Quanto mais se luta, mais se demonstra o amor a Deus" (Sta. Tereza D'Ávila).
"Se nos deixarmos levar pela mão de Deus, venceremos o demônio: se combatermos sozinhos, seremos vencidos" (Sto. Agostinho).

O Pecado
Muitas vezes não damos ouvidos aos conselhos de Deus, mas consentimos na tentação. Pecamos contra Deus, Sua vontade e Sua ordem. Desobedecemos à Lei de Deus com consciência, querendo fazer o pecado.

O pecado pode ser mortal ou venial. 

O Pecado Mortal – O pecado mortal é um pecado sobre matéria grave, onde desobedecemos os mandamentos de Deus ou da Igreja. Para ser mortal, deve haver matéria grave e vontade firme de pecar.
O que quer dizer matéria grave? Vamos dar um exemplo. Todos sabem que roubar é pecado. Se você rouba uma bala de um amigo da escola, a matéria do pecado é leve, é muito pouca coisa. Se você rouba um saco de balas ou a carteira de dinheiro, a matéria do pecado é grave.
O que quer dizer vontade firme? Dizemos também: ter pleno consentimento do pecado. Ou seja, você sabe perfeitamente que aquilo é pecado, você poderia recusar, mas você faz assim mesmo. Todas as vezes que fazemos algo contra os dez mandamentos da Lei de Deus e contra os cinco mandamentos da Igreja, em que há matéria grave e pleno consentimento, cometemos pecado mortal.
O pecado mortal é uma grave injúria que se faz a Deus. Com o pecado mortal o homem se rebela contra seu Criador e Senhor. Deste modo, ofende a Deus, Santidade infinita, e retribui com a mais vergonhosa ingratidão ao amor de seu bondoso Pai e de seu Redentor crucificado.
O pecado mortal é, ao mesmo tempo, uma terrível desgraça para o homem: rouba-lhe a vida da graça e a amizade de Deus: ele perde todos os méritos que já tinha ganho; passa a merecer a condenação eterna do inferno e os castigos temporais. Enquanto o pecador não se arrepender, estará morto para o Céu.
"É impossível que venha a cometer um pecado mortal o homem que reza com verdadeiro fervor e continuamente invoca a Deus" (S. João Crisóstomo).

O Pecado Venial - É o pecado que não nos afasta inteiramente de Deus, mostra certa negligência do nosso amor e serviço de Deus, mas não chega a ser uma grave traição. Esses pecados podem ser perdoados sem a Confissão, bastando rezar um Ato de Contrição, pedir sinceramente perdão a Deus e não querer fazer mais aquilo. Deus perdoa assim o pecado venial. Eles não acarretam a morte eterna e o inferno, mas não deixa de ferir nossas almas e aumentar o tempo do Purgatório.
Comete-se pecado venial quando se peca em matéria menos grave, como por exemplo o que vimos do roubo de bala. Podemos cometer pecado venial também por falta de vontade firme de não pecar.
Por isso, a grande importância da Confissão freqüente. Mesmo que estejamos arrependidos de ter feito algo que consideramos errado, o melhor que temos a fazer é  nos confessarmos. Na Confissão, o Padre poderá esclarecer todas as nossas dúvidas, e certamente ficaremos mais tranqüilos e felizes por recebermos a Santa Comunhão e vivermos em constante estado de graça.
Mas não é porque o pecado venial seja leve que podemos viver pecando assim. Todo pecado, mesmo venial, é uma ingratidão para com nosso Pai Celeste. Devemos nos esforçar para evitar também os pecados veniais. Além disso eles nos prejudicam, principalmente quando os cometemos deliberadamente. Perdemos por causa deles muitas graças e diminui em nós o amor de Deus e o gosto pelo Bem. E, depois, com a alma enfraquecida com muitos pecados veniais, logo virão pecados mortais. Como todo pecado, o pecado venial nos traz penas temporais que teremos de pagar ou com nossos sofrimentos aqui na Terra ou com muito sofrimento no Purgatório.
Para minha vida: Quando, na tentação, me vier um pensamento assim: ... afinal, isso não passa de um pecado venial, responderei a mim mesmo: o Divino Salvador na Cruz teve de sofrer também pelos pecados veniais.

O Sacramento da Confissão

1) A Instituição do Sacramento da Penitência
Na tarde do dia da Ressurreição, apareceu Jesus aos Apóstolos e lhes disse: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim envio-vos eu. Depois destas palavras soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados, lhes serão perdoados, e a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Evangelho de São João, Cap. XX, 19-23).
Jesus Cristo, no seu amor, vem em auxílio do pecador por meio de um Sacramento especial. Durante sua vida terrena, perdoou aos pecadores arrependidos, e na Cruz expiou a culpa de toda a humanidade. No dia da sua Ressurreição, deu aos Apóstolos e aos seus sucessores no sacerdócio, o poder de perdoar os pecados em seu nome. Instituiu assim o Sacramento da Confissão ou Penitência e o confiou à sua Igreja.

2) Quando devemos nos Confessar
Devem receber o Sacramento da Penitência todos aqueles que cometeram algum pecado mortal depois do Batismo. Não há obrigação de confessar os pecados veniais, pois estes podem ser perdoados também de outros modos, como fazendo um Ato de Contrição perfeito, rezando devotamente um Confiteor, fazendo uma boa ação por amor a Deus. Mas é muito útil confessarmos também deles, pois na Confissão Jesus Cristo vem em nosso auxílio por meio de abundantes graças próprias deste Sacramento, por exemplo, forças especiais para não pecar novamente. É, pois, muito útil confessar regularmente, mesmo os pecados veniais.
Além de confessar os pecados mortais e os pecados veniais, a Confissão também serve para expor uma dúvida que esteja nos afligindo, para pedir um conselho ao Padre, para pedir uma explicação. Essas coisas podem ser ditas em outra hora, mas o confessionário ajuda a conversar sobre a vida espiritual e moral.

3) A Forma e a Matéria da Confissão
Jesus Cristo ordenou que no Sacramento da Confissão, os pecados fossem perdoados ou retidos, ou seja, não perdoados ou deixados para uma próxima Confissão. Cabe ao Padre julgar, como juiz que ele é, se há verdadeiro arrependimento. Como o Padre não pode adivinhar os nossos pecados, nós devemos confessá-los, ou seja, declará-los, dizê-los claramente, sem esconder nenhum deles. Os nossos pecados assim ditos diante do Padre constitui a matéria do Sacramento da Confissão.
Depois que confessamos, arrependidos, os nossos pecados, o Padre nos absolve com as palavras da forma do Sacramento: Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Vemos assim que é preciso três coisas principais neste Sacramento: a matéria (os pecados confessados), a forma (absolvição pelo Padre) e o arrependimento.

4) Os efeitos da Confissão
Quando o Sacerdote nos absolve, Jesus Cristo, nosso Redentor, nos perdoa todos nos nossos pecados. Nós, que estávamos afastados de Deus pelo pecado, somos reconciliados com o Pai Celeste, pelo perdão do pecado e da pena eterna. A Confissão nos restitui, nos devolve a graça santificante, a amizade de Deus, bem como os méritos que perdemos por causa do pecado. A Confissão nos traz muitas forças para não mais pecar.
A pena eterna nos é perdoada. O que isso quer dizer?
Quando cometemos um pecado mortal, ficamos sujeitos a dois tipos de castigo:
- a pena eterna, que é a condenação ao inferno, onde nunca se vê a Deus e onde se sente ódio de Deus, de si mesmo e de todos;
- a pena temporal, que é o sofrimento do fogo que queima as almas do inferno.
Quando nos arrependemos do pecado e recebemos a absolvição, somos imediatamente perdoados da pena eterna, ou seja, não vamos mais para o inferno. Mas continuamos sujeitos à pena temporal, ao fogo. Para pagar esta pena temporal e poder entrar no Céu perfeitamente puras, as almas passam pelo Purgatório. Lá elas sofrem muito, sofrem também no fogo, mas este sofrimento tem a consolação de se saber que em breve estarão no Céu, na Felicidade Eterna, vendo a Deus face a face e podendo amá-lo e adorá-lo eternamente. Mas as almas do Purgatório sofrem muito. Por isso devemos rezar muito por elas, pedindo a Deus, à Nossa Senhora, à São Miguel Arcanjo, que levem estas almas sofredoras para o Céu.
Mas Deus nos ajuda também para diminuir o tempo que devemos passar no Purgatório. Como?
Ele permite que nós tenhamos muitos sofrimentos aqui na Terra. Quando somos católicos e conhecemos todas estas coisas que estamos estudando, aprendemos a oferecer estes sofrimentos a Jesus, em vez de ficarmos reclamando e praguejando contra Deus.
Nossas orações também servem para diminuir nossa pena temporal. Por isso, na Confissão, o Padre nos dá a penitência. Esta oração, ou a obra que o Padre nos manda fazer (jejum, esmola, sacrifício) serve para diminuir nossa pena temporal. Por isso, em vez de desejarmos penitências pequenas e rápidas, devemos nos alegrar quando o Padre nos pede algo que devemos fazer com algum esforço, pois estaremos diminuindo mais a nossa pena temporal.

5) Como devemos nos Confessar
Exame de consciência. Devemos rezar ao Divino Espírito Santo para que Ele nos ilumine sobre nossos próprios pecados. Refletimos, procuramos nos lembrar de todos os pecados que cometemos desde a última Confissão. Podemos ter ofendido a Deus por pensamentos, por atos pecaminosos, por omissões no nosso dever.
Devemos nos lembrar do pecado, mas também do número de vezes que o cometemos e de alguma coisa que possa ter agravado ou diminuído a gravidade do pecado. Tudo isso devemos dizer ao Padre.
Quando já sabemos mais ou menos o que vamos dizer ao Padre, nos aproximamos do confessionário com respeito e recolhimento. Muitas crianças não entendem bem que a Confissão é uma cerimônia religiosa, um rito, e não uma conversa com o Padre. Estamos ali diante de Deus.
Pedimos a benção ao Padre, dizemos quando foi nossa última Confissão, e dizemos todos os pecados, uma após o outro, com o número e algum detalhe importante, sem alongar muito os detalhes que nos levaram a cometer o pecado. Se for necessário algum detalhe a mais, o Padre perguntará. Não podemos esconder nenhum pecado grave, pois isso tornaria a Confissão inválida e estaríamos abusando da bondade de Deus. Muitas pessoas, por vergonha, escondem algum pecado. O Padre, que não pode adivinhar, dá a absolvição, mas Deus não perdoa uma alma mentirosa. Depois aquela pessoa vai para a Missa e ainda comunga, cometendo o pecado de sacrilégio. Tenhamos sempre sinceridade nas nossas confissões.
Quando terminamos de confessar, ouvimos os conselhos do Padre. Sempre aprendemos alguma coisa boa para nossa alma nesta hora. Prestemos muita atenção! E procuremos agir segundo estes conselhos, principalmente quando se trata de reparar algum mal causado aos outros, como pedir desculpas a alguém, devolver algo roubado, etc. O Padre, nesta hora, nos dará a penitência, que rezaremos assim que possível, de preferência logo após a Confissão, em união à Paixão de Nosso Senhor. Depois, ele nos manda rezar o Ato de Contrição. Enquanto rezamos, ele nos dá a absolvição, que termina com esta bela oração:
«Que a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, os méritos da bem-aventurada Virgem Maria e de todos os Santos, e tudo o que tiverdes feito de bom e suportado de mal, vos seja aplicado para a remissão dos pecados, aumento das graças e para a recompensa da vida eterna. Amém.»
Que Deus não permita que nos afastemos algum dia da prática da Confissão regular, meio seguro de alcançar a salvação eterna!


Pitero Longhi - A Extrema Unção
5. A Extrema-unção

Depois de termos estudado os Sacramentos que significam o nosso nascimento espiritual (Batismo), crescimento espiritual (Crisma), alimento espiritual (Eucaristia) e remédio espiritual (Confissão), falta estudarmos o Sacramento que nos prepara para a morte, antes de chegarmos à Ordem e ao Matrimônio.
Este Sacramento que nos prepara para a morte se chama Extrema-unção.

Do mesmo modo que na doença e em perigo de morte precisamos de um fortalecimento especial para o corpo, precisamos igualmente fortalecer a alma, deixando-a pronta para essa passagem terrível que é a morte, quando estaremos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo para sermos julgados dos nossos atos.
Para nos ajudar a ir para o Céu, nesse momento da doença grave, Jesus Cristo, o amigo dos doentes, vem-nos em auxílio e institui o Sacramento da Extrema-unção. Nós sabemos que Jesus instituiu o Sacramento da Extrema-unção por causa da Epístola de São Tiago, Apóstolo: "Alguém dentre vós está enfermo? Mande chamar os Presbíteros (Padres) da Igreja e orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará e os pecados que tiver cometido ser-lhes-ão perdoados" (S. Tiago, V 14).
Esta carta de São Tiago nos mostra que os Apóstolos já administravam o Sacramento da Extrema-Unção, ou seja, eles só podem ter aprendido isso do próprio Jesus Cristo.

Todo católico que, por doença, acidente ou velhice avançada, estiver em perigo de morte, deve receber a Extrema-Unção. Mesmo as crianças com doenças graves e em perigo de morte podem recebê-la, desde que já tenham alcançado a idade da razão.
Normalmente, devemos receber a Extrema-Unção já tendo recebido a absolvição dos pecados. Ao menos devemos ter o arrependimento de todos os nossos pecados. Ajudado pelo Padre, o doente se encherá de confiança ao pensar que Jesus Cristo, o vencedor da doença e da morte, lhe traz auxílio e faz com que sua doença lhe sirva para sua salvação e a salvação de muitos outros. A Extrema-Unção deve ser dada a tempo para que o doente receba o Sacramento ainda plenamente consciente, para que possa acompanhar as oração do Padre e dos familiares.
Sabemos que os Sacramentos que imprimem caráter (Batismo, Crisma e Ordem) nunca podem ser recebidos mais de uma vez. A Extrema-Unção não imprime caráter. Ela perde seu efeito sacramental quando a doença desaparece e o doente se recupera. Se, depois disso, essa pessoa voltar a ficar doente, com perigo de morte, ela poderá receber novamente a Extrema-Unção. Mas, enquanto durar a doença, o Sacramento, já recebido uma vez, se mantém na alma e faz daquela pessoa uma alma consagrada a Deus, para que Ele tenha por ela um cuidado todo especial. Por isso, não se deve receber mais de uma vez a Extrema-Unção durante a mesma doença. Uma só vez basta para que os efeitos atuem durante todo o tempo que durar aquela doença.

Como deve ser administrada a Extrema Unção
O Sacerdote unge o doente com o óleo dos enfermos que é a matéria do Sacramento da Extrema-Unção. Esta unção deve ser feita seis vezes: nos olhos, nas narinas, nos ouvidos, na boca, nas mãos e nos pés. Para cada unção o Padre repete a forma do Sacramento da Extrema-Unção. Temos então:
matéria: o óleo dos enfermos - é um dos óleos consagrados pelo Bispo na Quinta-feira Santa, na Missa Crismal (assim chamada por causa da benção dos óleos). Deve ser obrigatoriamente de oliveira, ou seja, azeite doce.
forma: Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pela ... vista (ouvido, olfato, gosto e palavras, tato, passos)

A Graça Sacramental da Extrema Unção
A parte visível do Sacramento, a matéria e a forma, significam a parte invisível, que é a graça sacramental. Antigamente, usava-se muito o azeite para curar as doenças. Por isso a Igreja usa o óleo dos enfermos para fazer um gesto que se faz para passar o azeite nas feridas. O Padre unge, ou seja, passa o óleo no corpo do doente, e esse gesto, junto com as palavras da forma sacramental, realizam aquilo que eles significam: não a cura do corpo, mas a cura da alma. A alma que recebeu a Extrema-Unção tem seus pecados perdoados e está fortalecida para enfrentar a morte. Além disso, se Deus achar que ela não deve morrer, o Sacramento ajudará também na cura da doença e a pessoa ficará boa.

Efeitos da Extrema Unção
- aumenta a graça santificante restabelecida pela Confissão;
- perdoa os pecados que não puderam ser confessados (se houver contrição);
- destrói as penas temporais devidas aos pecados já perdoados (se houver disposição para isso);
- traz saúde para o corpo, se isso for bom para a alma.

Conclusão
Quando temos alguém na família com uma doença muito grave, perto da morte, devemos rezar para que ela queira chamar o Padre, para que faça uma boa Confissão e receba a Extrema-Unção. Não devemos ter medo de ver um Padre entrar na casa de um doente, ao contrário. Ele não traz a morte, como muitos pensam, mas a vida, que é a presença de Jesus na alma do doente. Com a graça de Deus no coração, o doente recupera as forças da alma, passa a rezar, a se preparar para ir para o Céu. É verdade que a morte é muito triste, mas também é verdade que pela morte vamos para o Céu, para ver a Deus na felicidade eterna.


Pietro Longhi - A Ordenação
6. A Ordem

Por vontade de Jesus Cristo há na Igreja dois estados de vida que são santificados, cada um por um Sacramento: o estado sacerdotal (Sacramento da Ordem) e o estado matrimonial (Casamento).
No Antigo Testamento havia Sacerdotes que ofereciam sacrifícios de animais ou frutos, que eram queimados ou consumidos, em sinal de louvor ou para pedir perdão pelos pecados. Esses Sacerdotes eram apenas figura do único e verdadeiro Sacerdote que viria séculos mais tarde, o próprio Jesus Cristo.
Só Ele, sendo Deus e sendo homem, podia oferecer ao Pai eterno um sacrifício eficaz e agradável, que nos libertasse do peso dos nossos pecados e fizesse de nós filhos de Deus. Jesus é, pela missão que recebe de salvar nossas almas pelo sacrifício Redentor Rei, Profeta e Sacerdote. E Ele transmite à sua Igreja, no sacerdócio católico, os três poderes que emanam dessas três propriedades.

Como Rei, Jesus transmite à Igreja o poder de governar as almas
Como Profeta, Jesus transmite o poder de ensinar a sua Doutrina.
Como Sacerdote, Jesus transmite o poder de santificar as almas.

O Sacrifício oferecido por Jesus Cristo
Não foi um sacrifício de animais, como no Antigo Testamento. Esses  antigos sacrifícios eram figuras do único sacrifício, que é aquele oferecido por Cristo na Cruz. A vítima do sacrifício oferecido por Jesus Cristo é Ele próprio. Por isso podemos dizer que Jesus Cristo oferece e é oferecido. Oferece como Padre e é oferecido como vítima.
Jesus realizou uma só vez seu sacrifício, morrendo na Cruz por nós. Mas Ele quis nos dar o privilégio de assistir a esse mesmo sacrifício para que pudéssemos receber mais graças e méritos que nos vem da Cruz. Para isso ele instituiu o Sacramento da Eucaristia e a Santa Missa, que Ele mesmo celebrou na Quinta-feira Santa, antes de morrer.
Porém, como Jesus subiu aos Céus e está sentado à direita do Pai, era necessário que outras pessoas tivessem o poder de celebrar a Santa Missa para nós. Por isso Jesus instituiu o Sacramento da Ordem, pelo qual Ele transmite a certos homens este poder sacerdotal.
A Igreja recebe, então, este poder de Cristo, três poderes que definem perfeitamente sua missão na terra. Governar, ensinar e santificar para nos levar para o céu. O Papa, sucessor de S. Pedro, e os bispos, sucessores dos Apóstolos, detém a plenitude do sacerdócio e formam a hierarquia da Igreja Católica. Esta hierarquia recebe a missão de guardar o Depósito da Fé, aquilo que foi Revelado e que deve ser transmitido intacto.

[O Concílio Vaticano II vira a Igreja de cabeça para baixo quando ensina que ela é a reunião do Povo de Deus escolhendo alguns dos seus membros para uma função sacerdotal. Concepção democrática e modernista, condenada pela Igreja. A essência da Igreja não é essa. Ela é, sim, um Corpo, cuja cabeça é Cristo. A hierarquia da Igreja representa esta Cabeça. Os membros só participam da vida da Cabeça, que é Cristo, na medida em que recebem da hierarquia a vida da graça. A hierarquia representa a Cabeça, o Chefe. Ela não emana do povo. A Igreja é formada de cima para baixo, e não de baixo para cima.

A Instituição do Sacramento da Ordem
Foi na última Ceia, na Quinta-feira Santa, logo depois de ter celebrado a primeira Missa que Jesus instituiu o Sacramento da Ordem. Ali os Apóstolos receberam o poder de celebrar a Santa Missa. Este poder foi completado mais tarde, no dia da Ressurreição, quando Jesus deu-lhes o poder de confessar os pecados. Os Apóstolos receberam de Jesus a plenitude do Sacerdócio, ou seja, o poder de ensinar, de governar e de santificar a Igreja. É este o poder pleno que recebem os Bispos, legítimos sucessores dos Apóstolos.
Para auxiliá-los nesta missão divina, os Bispos conferem a ordenação sacerdotal aos Padres. Jesus Cristo confere aos Padres uma participação no seu poder sacerdotal, não tão plenamente quanto aos Bispos, mas suficientemente para tornar o Padre um representante de Jesus na Terra. A missão do Padre é oferecer a Deus o Sacrifício da Missa, administrar os Sacramentos da Igreja, abençoar e transmitir a Santa Doutrina da Fé.

O Ministro, Matéria e Forma do Sacramento da Ordem
O Sacramento da Ordem é realizado por um Bispo. Só os Bispos têm o poder de transmitir o sacerdócio aos Padres. Numa longa e belíssima cerimônia, o jovem recebe a imposição das mãos do Bispo, ou seja, o Bispo põe as duas mãos sobre a cabeça do ordenando enquanto canta a oração consecratória.
A imposição das mãos é a matéria do Sacramento da Ordem.
A oração consecratória é a forma do Sacramento da Ordem.
O poder de celebrar a Missa e os outros Sacramentos é a graça sacramental do Sacramento da Ordem.

Eis alguns dos momentos da cerimônia de ordenação:
Depois das orações iniciais, o Bispo impõe as mãos sobre a cabeça do jovem, gesto que é repetido por todos os Padres presentes. Depois lança-lhe aos ombros a estola, dispondo-a em forma de cruz sobre o peito, para assinalar que o Sacerdote se reveste da força do alto, pela qual toma sobre si a Cruz de Cristo Nosso Senhor, e o suave jugo da lei divina, para pregá-la não só de boca, mas também pelo exemplo de uma vida pura e santa.
A seguir, unge-lhe as mãos com o Santo Crisma e entrega-lhe o cálice com vinho e a patena com a Hóstia, dizendo: "Recebe o poder de oferecer o Sacrifício de Deus, de celebrar a Missa, tanto pelos vivos como pelos defuntos".
No final da Missa, o jovem volta para junto do Bispo que lhe dá o poder de confessar os pecados, repetindo as palavras de Jesus: "Recebe o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e a quem retiverdes os pecados, ser-lhes-ão retidos".
O Sacramento da Ordem imprime na alma do Padre um caráter indelével (como também o Batismo e a Crisma). Para sempre a alma será reconhecida como Sacerdote, mesmo no Céu e até no Inferno. Este caráter é também uma graça que ajuda o Padre a estar sempre unido a Jesus Cristo pela graça santificante.

As etapas do Sacramento da Ordem
Para terminar, vamos descrever rapidamente as sete etapas do sacerdócio, que o jovem seminarista vai recebendo ano a ano, conforme vai se aproximando da feliz data de sua ordenação.
Pouco depois de sua entrada no Seminário, ele é aceito como clérigo. O Bispo, depois de dar-lhe a vestimenta própria do estado clerical, chamada batina (hábito, para os monges), corta com uma tesoura pequenas mechas de cabelo (tonsura), que significam que aquele rapaz está se consagrando a Deus. Depois disso, ele está apto para receber as etapas do sacerdócio:
1) Porteiro ou ostiário: recebe o poder de guardar as chaves do templo.
2) Leitor: recebe o poder de ler as leituras na Missa (menos o Evangelho); ajuda no Catecismo.
3) Exorcista: recebe o poder de expulsar o demônio (poder que só poderá ser exercido de fato quando já for Padre, e mesmo assim, só com permissão expressa do Bispo).
4) Acólito: recebe o poder de ajudar a Santa Missa e outras cerimônias, carregando as velas que precedem as procissões.
5) Subdiácono: Primeira das Ordens Maiores. Recebe o poder de tocar nos vasos sagrados (cálice, âmbula, etc.), de preparar a matéria do Sacrifício, participa da Missa assistindo ao Diácono. Lê a Epístola e passa todo o Cânon da Missa segurando solenemente, sob um véu, a patena. Nas Missas solenes, o Subdiácono se reveste da túnica, paramento ricamente ornado. Quando recebe o Subdiaconato, o jovem já faz um voto de castidade perpétua: a partir desta etapa ele se compromete a não procurar uma esposa para se casar.
6) Diácono: instituído pelos Apóstolos para ajudá-los nas cerimônias. Já participa mais profundamente do sacerdócio, podendo inclusive distribuir a Santa Comunhão e pregar. Nos seus paramentos, além da dalmática, túnica parecida com a do Subdiácono, ele já recebe uma estola, símbolo do sacerdócio, que deve ser usada em diagonal.
7) Sacerdócio.

[O Celibato Sacerdotal
Como está muito em voga a discussão sobre o celibato sacerdotal, acrescento aqui esta nota, para lembrar que é de tradição apostólica, atestada por diversos Padres da Igreja e por Concílios Ecumênicos, a obrigação para os clérigos de ordens maiores (a partir do sub-diaconato) de renunciar definitivamente ao casamento. Além desta tradição apostólica que fecha a porta a qualquer discussão, podemos argumentar dizendo que qualquer padre que se dedique verdadeiramente às almas sabe que é impossível a conciliação entre a vida de oração, de estudo, de mortificações que exige este ministério, com a vida de casado. É, portanto próprio a uma época de abandono da fé e da vida de oração, pelos próprios sacerdotes, a volta desta discussão sem sentido. Eles querem se casar porque não suportam a vida de oração. Eles querem o consolo do corpo porque não suportam a dureza da vida mortificada. Eles provam que não vivem da santidade de Cristo, não se interessam por ela. Provam, enfim, que este progressismo atual é falido e esvaziado da seiva do Evangelho, e que só a Tradição pode restaurar os fundamentos da vida católica.]

A Vocação
Ter vocação é receber graças de Deus que levam um jovem a querer se dedicar a este elevado serviço. A alma do rapaz se afasta da ganância, da vida mundana e das ambições tolas. Ele procura aprofundar sua Fé pela oração, pelo estudo; desenvolve em sua alma um profundo amor por Jesus Cristo, que deseja encontrar um dia, no altar, celebrando o Santo Sacrifício da Missa. No mundo materialista em que vivemos, não existe mais nada que ajude uma alma a desenvolver a vocação religiosa. Tudo  nas ruas, nas escolas (e mesmo nas famílias) gira em torno de ganhar dinheiro e viver nos prazeres e diversões. Por isso devemos alimentar as graças que Deus nos dá, levando uma vida de piedade, sabendo que devemos nos dedicar também a Deus e à sua Igreja. Só assim podemos receber de Deus esta sublime vocação.
A vocação pode se manifestar, pela graça de Deus, para o sacerdócio paroquial ou para a fuga do mundo. Neste caso, os mosteiros são casas religiosas onde a alma busca a solidão, o silêncio, a vida da oração e do trabalho escondido.
As mulheres também podem se dedicar à vida religiosa, não como Sacerdotes, pois Jesus Cristo determinou que só os homens seriam Padres, mas pela vida consagrada, num Convento, onde tudo gira em torno do amor a Jesus Cristo, onde as freiras trabalham alegremente, servindo à Igreja pela sua oração, pelo seu canto pelas obras de piedade que os Conventos realizam. Se elas renunciam ao casamento, recebem a Jesus como esposo para toda a eternidade!

X

Este estudo sobre o Sacramento da Ordem nos mostra a grandeza do sacerdócio de Jesus Cristo, como devemos respeitar os Padres, seguir seus conselhos e orientações, sabendo que estamos diante de um homem que nos traz o próprio Jesus Cristo, não somente por seu exemplo, mas também pela Santa Hóstia. E devemos também recusar os Padres progressistas que deturpam a Fé, que nos dão mal exemplo pela sua vida, pelas suas roupas, pelos seus interesses pouco elevados. Rezemos pela Santa Igreja, para que muitas vocações sacerdotais e religiosas floresçam e venham fortalecer nossa Fé.


Pietro Longhi - O Matrimônio
7. O Matrimônio

Um dos estados de vida que é santificado por Nosso Senhor Jesus Cristo é o estado matrimonial. Assim como Jesus abençoa um Sacerdote com uma Sacramento especial, assim também abençoa o homem e a mulher que se unem para formar uma família. Para isso Jesus instituiu o Sacramento do Matrimônio, ou Casamento.

1) Do Casamento Natural ao Sacramento do Matrimônio
Deus criou nossos primeiros pais como esposos e os uniu para toda a vida. Deste modo, Deus instituiu o casamento natural
Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne (Gn 2,24); quando Jesus veio ao mundo para nos salvar, elevou este casamento natural à dignidade de Sacramento, ou seja, deu a esta união do homem e da mulher um valor sagrado, com as graças correspondentes para a missão que recebem. Por isso, São Paulo compara o casamento à união de Jesus Cristo com a sua Igreja, esposa de Cristo. Assim como Jesus ama a Igreja e morre por ela, os esposos amam-se e vivem um pelo outro. (Efésios, V,22)

2) O nome e a finalidade do Casamento
Este Sacramento recebe o nome de Matrimônio, ou seja, função de ser mãe, significando a grandeza e o valor da maternidade. Onde se diz "maternidade" leia-se "filhos". Hoje em dia a instituição familiar está sendo destruída pelo neo-paganismo. O pior é que muitos padres, querendo parecer modernos, têm vergonha de pregar o verdadeiro matrimônio. Inverteram os fins do Matrimônio para ficar de acordo com o mundo.
Mas basta examinarmos as características próprias do casamento para compreendermos que quando a Igreja ensina que o fim principal do casamento são os filhos, ela está simplesmente sendo verdadeira, não tem medo da verdade porque sabe que só a Verdade é fonte de verdadeira liberdade. É assim que devemos ensinar que:
-         o fim principal do casamento é a procriação
-         o amor mútuo é também um fim, porém subordinado, no sentido de depender do fim principal. Assim também o equilíbrio da concupiscência que proporciona o casamento.
Se os fins forem invertidos, como faz o Novo Catecismo da Igreja Católica, abre-se as portas para todas as aberrações e para a destruição da família. Vejam no quadro abaixo as razões:

Diferenças entre o casamento católico e união livre atual
Casamento Católico
União livre
Os dois se unem para formar  uma sociedade, a família. Não é uma soma, mas algo de novo com características próprias.
Os dois se unem para fazer uma experiência em comum. Soma de interesses particulares.
Se é uma sociedade, então a família tem objetivo próprio e os meios para alcançá-los.
Não sendo uma sociedade, cada um tem seu objetivo próprio. O meio de alcançá-lo é o outro. É a origem das brigas e desavenças.
Toda sociedade é voltada para o seu próprio crescimento. Ela busca necessariamente os frutos.
Os interesses particulares de cada um não exigem frutos exteriores. Os filhos são "programados" quando há interesse dos dois em tê-los.
Sendo uma sociedade, solenemente constituída diante de Deus e da Igreja, os dois são obrigados a cumprir as regras do contrato. Daí o bem da Fidelidade.
Não sendo uma sociedade, as regras são puramente pessoais, promessas feitas um ao outro, laços frágeis que se rompem com facilidade. A fidelidade é fictícia.
Toda sociedade supõe a intenção de perdurar no tempo. Daí a indissolubilidade do casamento decretada por Deus.
Uma experiência é em si mesma uma realidade passageira, temporária, mesmo se este tempo chega a ser longo.
Os membros dessa sociedade unem seus esforços e interesses pelos objetivos e frutos da sociedade. É o fundamento do verdadeiro amor.
Os pares unidos experimentalmente se amam por paixão sentimental que é passageira e sujeita a variações. Não é verdadeiro amor por falta de fundamento sólido.
A família é um todo, o casal e os filhos são suas partes. O bem do todo é mais importante do que o bem das partes. Cada um deve renunciar ao seu próprio interesse quando este for contrário ao interesse do todo.
A união sem vínculo matrimonial é um amontoado de interesses particulares impostos como supremos. Mais cedo ou mais tarde haverá choques de interesses.


Quando dois jovens resolvem se casar devem preparar-se com muito cuidado para receber este Sacramento. Devem procurar se conhecer para ver se, de fato, estão prontos para viver o resto de suas vidas na companhia um do outro, se existe verdadeiro amor entre eles e não pura paixão sentimental, que logo desaparece. Por isso devem rezar, pedir luzes à Deus, ouvir os conselhos dos pais e do diretor espiritual.
Fundando uma nova família com a bênção divina, os dois devem medir a grande responsabilidade que assumem diante de Deus e a grande graça de receber esta missão especial de colaborar com Deus na Criação de novos dos seus filhos, de levá-los à Fé pelo Santo Batismo, de educá-los e amá-los de modo verdadeiro, exigindo sempre o caminho reto e a vida religiosa.

3) O Ministro, a Matéria e a Forma
O ministro do Sacramento do Matrimônio são os próprios noivos. O Padre é a testemunha principal, que assiste a este juramento solene que os noivos fazem diante de Deus. Este juramento é um contrato que os dois assinam, pelo qual eles selam esta união para toda a vida, com a finalidade de ter os filhos que Deus quiser lhes dar.
A matéria do Sacramento é a aceitação do contrato.
A forma do Sacramento são as palavras que eles dizem para significar que aceitam o contrato: o "sim".
Como para todos os Sacramentos dos vivos, os noivos devem estar em estado de graça para se casar, de modo a poder receber todas as graças do Sacramento. Para isso, devem fazer uma boa Confissão antes da cerimônia e se aproximar da Santa Comunhão juntos.

4) A Cerimônia
O Padre começa fazendo o anúncio do casamento e pedindo que, se alguém souber de algo que impeça os noivos de se casarem que o diga nesta hora, sob pena de pecado mortal.
Depois o Padre lê para o noivo a fórmula do contrato: "Sr. NN aceita a Sra. NN aqui presente como legítima esposa, conforme manda a Santa Madre Igreja, até que a morte vos separe? R/Sim."
Lê para a noiva a mesma fórmula e ela responde o Sim.
Então o Padre cobre as mãos dos noivos com a estola e eles dizem, um depois do outro: "Eu, NN, recebo a vós, NN, por minha legítima esposa (por meu legítimo esposo), conforme manda a Santa Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana."
Em seguida o Padre completa: "Eu vos uno no Matrimônio, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém." Benze as alianças e reza as orações finais.
Durante a Missa, o sacerdote dá a Bênção nupcial.
Pelo Sacramento do Matrimônio, Jesus Cristo une os esposos num vínculo santo e indissolúvel, ou seja, que nunca poderá ser desfeito, a não ser pela morte de um dos dois. O divórcio é condenado no Evangelho. Jesus Cristo instituiu o Sacramento do Matrimônio e quis que fosse indissolúvel, para proteger os filhos e preservar as famílias, base da sociedade cristã. As famílias católicas, protegidas e fortalecidas pela graça do Sacramento, vivendo pela Fé profunda que os pais transmitem aos filhos, pela oração que todos fazem uns pelos outros e para Deus, tendo o Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora como centro de todos os interesses e atenções, conseguirá atravessar todas as dificuldade da vida presente, ajudando uns aos outros a alcançar o Céu.

Recomendamos a leitura da Encíclica Casti Connubii, de Pio XI, de 31/12/1930.


Fonte: Permanência




Quarta Parte – Dos Sacramentos
§ 1o – Natureza dos Sacramentos


515) De que trata a quarta parte da Doutrina Cristã?
A quarta parte da Doutrina Cristã trata dos Sacramentos.

516) Que se entende pela palavra Sacramento ?
Pela palavra Sacramento entende-se um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo, para santificar as nossas almas.

517) Por que chamais aos Sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça?
Chamo aos Sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça, porque todos os Sacramentos significam, por meio de coisas sensíveis, a graça divina que eles produzem na nossa alma.

518) Explicai com um exemplo como os Sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça.
No Batismo, o ato de derramar a água sobre cabeça da pessoa, e as palavras: Eu te batizo, isto é, eu te lavo, em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo, são um sinal sensível do que o Batismo opera na alma; porque assim como a água lava o corpo, assim a graça dada pelo Batismo, purifica a alma, do pecado.

519) Quantos e quais são os Sacramentos?
Os Sacramentos são sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio.

520) Quantas coisas se requerem para fazer um Sacramento?
Para fazer um Sacramento requerem-se a matéria, a forma, e o ministro, que tenha intenção de fazer o que faz a Igreja.

521) Que é a matéria dos Sacramentos?
A matéria dos Sacramentos é a coisa sensível que se emprega para os fazer; como, por exemplo, a água natural no Batismo, o óleo e o bálsamo na Confirmação.

522) Que é a forma dos Sacramentos?
A forma dos Sacramentos são as palavras que se proferem para os fazer.

523) Quem é o ministro dos Sacramentos?
O ministro dos Sacramentos é a pessoa que faz ou confere os Sacramentos.
§ 2o – Do efeito principal dos Sacramentos, que é a graça

524) Que é a graça?
A graça de Deus é um dom interior, sobrenatural, que nos é dado sem merecimento algum da nossa parte, mas pelos merecimentos de Jesus Cristo, em ordem à vida eterna.

525) Como se divide a graça?
Divide-se a graça em: graça santificante, que se chama também habitual; e graça atual.

526) Que é a graça santificante?
A graça santificante é um dom sobrenatural, inerente à nossa alma, que nos faz justos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do Paraíso.

527) Quantas espécies há de graça santificante?
Há duas espécies de graça santificante: graça primeira, e graça segunda.

528) Que é a graça primeira?
A graça primeira é aquela pela qual o homem passa do estado de pecado rnortal ao estado de justiça, de amizade com Deus.

529) E que é a graça segunda?
A graça segunda é um aumento da graça primeira.

530) Que é a graça atual?
A graça atual é um dom sobrenatural que ilumina nossa inteligência, move e fortalece a nossa vontade, a fim de que pratiquemos o bem e evitemos o mal.

531) Podemos nós resistir à graça de Deus?
Sim, podemos resistir à graça de Deus, porque ela não destrói o nosso livre arbítrio.

532) Com as nossas forças, podemos nós fazer alguma coisa que nos seja útil para a vida eterna?
Sem o auxílio da graça de Deus, só com as nossas forças, não podemos fazer nada que nos seja útil para a vida eterna.

533) Como nos comunica Deus a graça?
Deus nos comunica a graça principalmente por meio dos santos Sacramentos.

534) Além da graça santificante, conferem-nos os Sacramentos mais outra graça?
Os Sacramentos, além da graça santificante, conferem também a graça sacramental.

535) Que é a graça sacramental?
A graça sacramental consiste no direito que se adquire, recebendo qualquer Sacramento, de ter em tempo oportuno as graças atuais necessárias, para cumprir as obrigações que derivam do Sacramento recebido. Assim, quando fomos batizados, recebemos o direito a ter as graças necessárias as para vivermos cristãmente.

536) Dão sempre os Sacramentos a graça a quem os recebe?
Os Sacramentos dão sempre a graça, contanto que se recebam com as disposições necessárias.

537) Quem deu aos Sacramentos a virtude de conferir a graça?
Foi Jesus Cristo que, por sua Paixão e Morte, deu aos Sacramentos a virtude de conferir a graça.

538) Quais são os Sacramentos que conferem a primeira graça santificante?
Os Sacramentos que conferem a primeira graça santificante, que nos faz amigos de Deus, são dois: Batismo e Penitência.

539) Como se chamam, por este motivo, estes dois Sacramentos?
Estes dois Sacramentos, isto é, o Batismo e a Penitência, chamam-se por este motivo Sacramentos de mortos, porque são instituídos principalmente para restituir a vida da graça às almas mortas pelo pecado.

540) Quais são os Sacramentos que aumentam a graça em quem a possui?
Os Sacramentos que aumentam a graça em quem a possui, são os outros cinco, isto é, a Confirmação, a Eucaristia, a Extrema-Unção, a Ordem e o Matrimônio, os quais conferem a graça segunda.

541) Como se chamam, por esse motivo, estes cinco Sacramentos?
Estes cinco Sacramentos, isto é, a Confirmação, a Eucaristia, a Extrema-Unção, a Ordem e o Matrimônio, chamam-se Sacramentos de vivos, porque aqueles que os recebem, devem estar isentos de pecado mortal, quer dizer, já vivos pela graça santificante.

542) Que pecado comete quem recebe um Sacramento de vivos, sabendo que não está em estado de graça?
Quem recebe um Sacramento de vivos, sabendo que não está em estado de graça, comete um grave sacrilégio.

543) Quais são os Sacramentos mais necessários para nossa salvação?
Os Sacramentos mais necessários para nossa salvação, são dois: o Batismo e a Penitência; o Batismo é necessário absolutamente para todos, e a Penitência é necessária para todos aqueles que pecaram mortalmente depois do Batismo.

544) Qual é o maior de todos os Sacramentos?
O maior de todos os Sacramentos é o Sacramento da Eucaristia, porque contém não só a graça, mas também ao mesmo Jesus Cristo, autor da graça e dos Sacramentos.
§ 3o – Do caráter que imprimem alguns Sacramentos

545) Quais são os Sacramentos que se podem receber uma só vez?
Os Sacramentosque se podem receber uma só vez, são três: Batismo, Confirmação e Ordem.

546) Por que os três Sacramentos, Batismo, Confirmação e Ordem só se podem receber uma vez?
Os três Sacramentos, Batismo, Confirmação e Ordem, podem-se receber uma só vez, porque imprimem caráter.

547) Que é o caráter que cada um destes três Sacramentos imprime na alma?
O caráter impresso na alma em cada um destes três Sacramentos, é um sinal espiritual que nunca se apaga.

548) Para que serve o caráter que estes três Sacramentos imprimem na alma?
O caráter que estes três Sacramentos imprimem na alma, serve para nos distinguir, no Batismo como membros de Jesus Cristo, na Confirmação como seus soldados, na Ordem como seus ministros.


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