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domingo, 6 de março de 2011

Nada era d'Ele

Nada era d’Ele

(Gioia Junior)

Disse um poeta um dia, 
fazendo referência ao Mestre amado:
"o berço que Ele usou na estrebaria, 
por acaso era d'Ele? 
Era emprestado!

E o manso jumentinho, 

que em Jerusalém chegou montado 
e palmas recebeu pelo caminho, 
por acaso era d'Ele? 
Era emprestado!

E o pão - o suave pão, 

que foi por Seu amor multiplicado, 
alimentando a multidão, 
por acaso era d'Ele? 
Era emprestado!

E os peixes que comeu junto ao lago,

e ficou alimentado, 
esse prato era d’Ele? 
Era emprestado!

E o famoso barquinho? 

Aquele barco em que ficou sentado, 
mostrando à multidão qual o caminho, 
por acaso era d’Ele? 
Era emprestado!

E o quarto em que ceou ao lado dos Discípulos,

ao lado de Judas , que O traiu...
Por acaso era d'Ele? 
Era emprestado!

E o berço tumular, 

que depois do Calvário foi usado, 
de onde havia de ressuscitar
Por acaso era d'Ele? 
Era emprestado!

Enfim, nada era d'Ele!


Mas a coroa que Ele usou na Cruz era d'Ele!

E a Cruz que carregou e onde morreu,
Essas eram de fato de Jesus!"

Isso, disse um poeta, certa vez,
numa hora de buscada verdade. 
Mas eu não aceito essa filosofia
que contraria à própria realidade.

O berço, o jumentinho, o suave pão,
os peixes, o barquinho, a sepultura e o quarto,
eram d'Ele a partir da Criação;
Ele os criou - assim diz a Escritura;

mas a Cruz que Ele usou,
a rude Cruz,
a Cruz negra e mesquinha,
onde meus crimes todos expiou,
essa Cruz não era d’Ele!

Essa Cruz... era minha!

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