Traduzi uma resenha de um dicionário que foi lançado na Itália para resgatar o sentido de ser cristão: "Dicionário elementar de apologética", Editora Il Timone, escrito por 36 especialistas, com cerca de 140 verbetes. Não sei dizer se já tem uma versão em português ou se haverá. A sugestão desta resenha é para que busquem livros de apologética já consagrados, e em português, porque é preciso manter o foco sobre quem somos, de onde viemos, para onde vamos e, principalmente, Quem nos criou e Quem nos resgatou com Seu próprio Sangue.
VEM AÍ O MANUAL PARA VOLTAR A SER AUTÊNTICOS CRISTÃOS
Dos adversários externos (poderes político, pagão e o Islã) àqueles internos (heresias), das hoaxes [1] históricas à verdadeira doutrina. O “Dicionário elementar de apologética” é uma obra necessária a todo o Ocidente, que está perdendo suas raízes.
O Cristianismo, goste-se ou não disso, criou o que se costuma chamar de “Ocidente”, deu-lhe a supremacia mundial e fez dele um modelo para todos os homens.
Mesmo aqueles que odeiam o Ocidente, o combatem com meios que o Ocidente forneceu. Não só: se o subdesenvolvimento se reduziu a poucas sacas no planeta se deve sempre ao Ocidente. Seja por que lado se queira ver a coisa, uma olhada superficial às outras culturas confirmará o tema. O fundador do Cristianismo, Jesus de Nazaré, confiou seu ensinamento a uma equipe de “pastores de homens” para que o transmitisse às gerações futuras. Advertindo, todavia, que não seria fácil.
De fato, o Cristianismo nasceu no sangue de seus seguidores, e, como sabemos, ainda nada nele. O Cristianismo sempre teve dois adversários, um externo e outro interno. O externo, por um certo tempo, foi o poder político pagão, substituído depois pelo Islã, que, alternando fases de quietude e de agressividade, nunca cessou de constituir um problema para o Ocidente cristão. O adversário interno sempre foram as heresias, ou seja, o evangélico joio que cresce continuamente junto com o trigo cristão. A heresia nada mais é do que uma variante desvirtuada do Cristianismo, que polui e, a longo prazo, subverte e aniquila. Mesmo em sua versão moderna – o relativismo laicista – deve o seu sucesso ao fato de que se parece com o Cristianismo. Igualdade, direitos humanos, justiça social são, de fato, princípios cristãos (e de invenção cristã)[2], mas nos últimos séculos têm mostrado o dano que podem produzir se, divorciados de seu contexto e absolutizados, conseguirem se impor. As ideologias (heresias secularizadas) avançam nas cabeças, não só por causa de seu inegável fascínio, mas também graças a um trabalho incessante de difamação da “casa mãe” de onde se separaram. A desinformação já era em uso à época dos imperadores romanos, e, por causa disso, muitos acreditavam que os cristãos praticassem ritos abomináveis. Surgiram, então, alguns intelectuais cristãos que, tomada a pena, explicaram aos imperadores como realmente as coisas eram, através de obras que, em grego, eram chamadas “apologias”.
Nesta atividade (“apologética”) cimentaram-se, nos séculos, finas flores de autores (pensemos a Chateaubriand, Manzoni...), quando, por tomada de posição preconcebida, se voltou a manipular especialmente a História Cristã, calando as luzes, exagerando as suas sombras e recorrendo, não raramente, a verdadeiras e próprias mentiras. Mentiras que, de tanto serem repetidas, podiam passar por verdade (é o motivo pelo qual as ideologias estatolátricas [3] sempre se apressaram em apoderar-se das escolas). Voltando aos tempos atuais, o Ocidente está sendo posto em discussão por um jihadismo que raciocina (por assim dizer) apenas em termos religiosos. E atenta contra a nossa identidade e o modo de vida que dela se origina. Mas a nossa identidade é corroída pelo ódio que nos mesmos alimentamos pelo nosso passado e a filosofia que fez de nós o que somos. E é impossível um “diálogo” entre alguém certo de ter razão e outro alguém que duvida de sua própria razão. O confronto, se um dos dois interlocutores é carregado de culpa, resulta desigual. Por isso, o Ocidente recaído no paganismo precisa de novos apologetas. Em relação à Itália, alguns destes, entre os mais experientes, se uniram e deram vida a uma obra que não deveria faltar na biblioteca pessoal de cada um, um Dicionário elementar de apologética no qual (quase) todos os lugares-comuns negativos sobre a identidade cristã são demolidos ou esclarecidos quando necessário.
Dezenas de autores [4], alguns famosos como Messori e Zichichi, outros menos (mas ainda assim com diversas obras no currículo), redigiram mais de 140 verbetes dispostos em ordem alfabética e acompanhadas de referências bibliográficas, para aqueles que quisessem aprofundar o tema. Querem saber como realmente aconteceram as coisas nos casos (repetitivos e abusivos) de Galilei, a Inquisição, as Cruzadas? Vocês só precisam abrir o Dicionário no verbete correspondente: encontrarão as objeções correntes e sua pontual refutação. Mas há também a “Noite de São Bartolomeu” [5], o “Jus Primae Noctis” [6], Hipátia [7], a “Caça às Bruxas” [8], as “Monacações [9] Forçadas”, Maria a Sanguinária [10], os “Medos do Ano Mil” [11], etc. etc. De “a”, de “alma” (o habitual Voltaire espalhou a tolice de que a Igreja teria admitido a existência da alma nas mulheres somente depois do Concílio de Mâcon [12]) até o “z” de “Zen”, passando por todas as “lendas negras” [13] que nos últimos séculos se acumularam em nossos cérebros nos impedindo de nutrir o são orgulho de quem somos e de onde viemos. O “jugo” de Cristo é verdadeiramente “leve e suave”, basta dar uma olhada ao jugo dos outros para percebê-lo. Todavia, houve – e há – quem procurou – e procura – apresentá-lo como insuportável, apesar da evidência histórica e contemporânea contrárias. Mas é a Verdade que nos liberta (dos condicionamentos culturais). Isso também foi Ele quem disse.
Rino Cammilleri
O Cristianismo, goste-se ou não disso, criou o que se costuma chamar de “Ocidente”, deu-lhe a supremacia mundial e fez dele um modelo para todos os homens.
Mesmo aqueles que odeiam o Ocidente, o combatem com meios que o Ocidente forneceu. Não só: se o subdesenvolvimento se reduziu a poucas sacas no planeta se deve sempre ao Ocidente. Seja por que lado se queira ver a coisa, uma olhada superficial às outras culturas confirmará o tema. O fundador do Cristianismo, Jesus de Nazaré, confiou seu ensinamento a uma equipe de “pastores de homens” para que o transmitisse às gerações futuras. Advertindo, todavia, que não seria fácil.
De fato, o Cristianismo nasceu no sangue de seus seguidores, e, como sabemos, ainda nada nele. O Cristianismo sempre teve dois adversários, um externo e outro interno. O externo, por um certo tempo, foi o poder político pagão, substituído depois pelo Islã, que, alternando fases de quietude e de agressividade, nunca cessou de constituir um problema para o Ocidente cristão. O adversário interno sempre foram as heresias, ou seja, o evangélico joio que cresce continuamente junto com o trigo cristão. A heresia nada mais é do que uma variante desvirtuada do Cristianismo, que polui e, a longo prazo, subverte e aniquila. Mesmo em sua versão moderna – o relativismo laicista – deve o seu sucesso ao fato de que se parece com o Cristianismo. Igualdade, direitos humanos, justiça social são, de fato, princípios cristãos (e de invenção cristã)[2], mas nos últimos séculos têm mostrado o dano que podem produzir se, divorciados de seu contexto e absolutizados, conseguirem se impor. As ideologias (heresias secularizadas) avançam nas cabeças, não só por causa de seu inegável fascínio, mas também graças a um trabalho incessante de difamação da “casa mãe” de onde se separaram. A desinformação já era em uso à época dos imperadores romanos, e, por causa disso, muitos acreditavam que os cristãos praticassem ritos abomináveis. Surgiram, então, alguns intelectuais cristãos que, tomada a pena, explicaram aos imperadores como realmente as coisas eram, através de obras que, em grego, eram chamadas “apologias”.
Nesta atividade (“apologética”) cimentaram-se, nos séculos, finas flores de autores (pensemos a Chateaubriand, Manzoni...), quando, por tomada de posição preconcebida, se voltou a manipular especialmente a História Cristã, calando as luzes, exagerando as suas sombras e recorrendo, não raramente, a verdadeiras e próprias mentiras. Mentiras que, de tanto serem repetidas, podiam passar por verdade (é o motivo pelo qual as ideologias estatolátricas [3] sempre se apressaram em apoderar-se das escolas). Voltando aos tempos atuais, o Ocidente está sendo posto em discussão por um jihadismo que raciocina (por assim dizer) apenas em termos religiosos. E atenta contra a nossa identidade e o modo de vida que dela se origina. Mas a nossa identidade é corroída pelo ódio que nos mesmos alimentamos pelo nosso passado e a filosofia que fez de nós o que somos. E é impossível um “diálogo” entre alguém certo de ter razão e outro alguém que duvida de sua própria razão. O confronto, se um dos dois interlocutores é carregado de culpa, resulta desigual. Por isso, o Ocidente recaído no paganismo precisa de novos apologetas. Em relação à Itália, alguns destes, entre os mais experientes, se uniram e deram vida a uma obra que não deveria faltar na biblioteca pessoal de cada um, um Dicionário elementar de apologética no qual (quase) todos os lugares-comuns negativos sobre a identidade cristã são demolidos ou esclarecidos quando necessário.
Dezenas de autores [4], alguns famosos como Messori e Zichichi, outros menos (mas ainda assim com diversas obras no currículo), redigiram mais de 140 verbetes dispostos em ordem alfabética e acompanhadas de referências bibliográficas, para aqueles que quisessem aprofundar o tema. Querem saber como realmente aconteceram as coisas nos casos (repetitivos e abusivos) de Galilei, a Inquisição, as Cruzadas? Vocês só precisam abrir o Dicionário no verbete correspondente: encontrarão as objeções correntes e sua pontual refutação. Mas há também a “Noite de São Bartolomeu” [5], o “Jus Primae Noctis” [6], Hipátia [7], a “Caça às Bruxas” [8], as “Monacações [9] Forçadas”, Maria a Sanguinária [10], os “Medos do Ano Mil” [11], etc. etc. De “a”, de “alma” (o habitual Voltaire espalhou a tolice de que a Igreja teria admitido a existência da alma nas mulheres somente depois do Concílio de Mâcon [12]) até o “z” de “Zen”, passando por todas as “lendas negras” [13] que nos últimos séculos se acumularam em nossos cérebros nos impedindo de nutrir o são orgulho de quem somos e de onde viemos. O “jugo” de Cristo é verdadeiramente “leve e suave”, basta dar uma olhada ao jugo dos outros para percebê-lo. Todavia, houve – e há – quem procurou – e procura – apresentá-lo como insuportável, apesar da evidência histórica e contemporânea contrárias. Mas é a Verdade que nos liberta (dos condicionamentos culturais). Isso também foi Ele quem disse.
Rino Cammilleri
_______________
Notas do blog:
1. Hoax é uma palavra em inglês que significa embuste ou farsa. Um hoax é uma mentira elaborada que tem como objetivo enganar pessoas. A internet é um meio onde há a proliferação de vários hoaxes.
2. Devagar com o andor! Leve-se em conta que é um modernista com desejo de ser tradicionalista quem escreve esta resenha. Parece esquecer que esses princípios são os princípios da Revolução francesa.
3. Estatolatria é o sistema ou doutrina dos que recorrem ao Estado, como a quem pode resolver todas as dificuldades econômicas e sociais.
4. São 36 especialistas: historiadores, arqueólogos, expert em bioética, teólogos, médicos, psicólogos, cientistas e economistas.
5. Noite de São Bartolomeu. O massacre da noite de São Bartolomeu ou a noite de São Bartolomeu foi um alegado episódio da historia da França na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, que eram católicos. Esses assassinatos teriam acontecido em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu.
6. “Jus Primae Noctis” ou Direito da primeira noite ou direito do senhor ou direito da pernada, refere-se a uma suposta instituição que teria vigorado na Idade Média e que permitiria ao Senhor Feudal, no âmbito de seus domínios, desvirginar uma noiva na sua noite de núpcias. Entretanto, não existe prova documental acerca da existência real de tal direito, a não ser em filmes de Hollywood e na cabeça dos iluministas.
7. Hipátia de Alexandria foi uma neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano, a primeira mulher documentada como sendo matemática.
8. A caça às bruxas foi uma suposta perseguição religiosa e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI a XVIII principalmente em França, Inglaterra, Escócia, Império Românico, Suíça e em menor escala na Escandinávia, Península Ibérica, Itália e Império Habsburgo. As antigas seitas pagãs e matriarcais eram satânicas, de domínio popular com objeto diferente do religioso. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"), um romance de 1486.
9. Do original “Monacazioni Forzate”, que era o enclausuramento forçado de mulheres para salvaguardar o patrimônio das famílias mais abastadas.
10. Maria I de Inglaterra e Irlanda, filha e herdeira de Henrique VIII e Catarina de Aragão. Seu meio-irmão mais novo, Eduardo VI, sucedeu a Henrique, em 1547 e tentou retirar Maria da linha de sucessão por ser católica, ao descobrir que estava com uma doença terminal. Após sua morte, Joana Grey, prima em segundo grau dos dois, foi inicialmente proclamada rainha. Maria reuniu um exército e depôs Joana, que foi decapitada. Ela se casou em 1554 com Filipe de Espanha, tornando-se rainha consorte da Espanha na ascensão dele em 1556. Como a quarta monarca da Casa de Tudor, Maria é lembrada por restaurar o Catolicismo Romano depois do curto reinado protestante do pai e de seu meio-irmão. Seu restabelecimento do Catolicismo foi revertido depois de sua morte, após cinco anos de reinado, por sua meia-irmã e sucessora Isabel I.
11. Medos dos Anos Mil. Há duas teses pelas quais o histórico francês Georges Duby analisa a origem e o significado da história do grande medo coletivo que teria trespassado o mundo cristão à vigília do ano Mil por causa do iminente fim do mundo. Trata-se de uma lenda nascida no século XVI no âmbito da cultura renascentista, que desprezava profundamente as crenças dos chamados “séculos das trevas” da Idade Média.
12. Por Concílio de Mâcon, por vezes chamados de Sínodos, entende-se a realização de pelo menos seis assembleias eclesiásticas convocadas na cidade de Mâcon, e que fora de suma importância representativa para a Igreja recém firmada na região. Normalmente, o termo “Concílio de Mâcon” é utilizado em referência aos concílios segundo e terceiro. O terceiro concílio promulgou vinte cânones, que podem ser resumidas como segue: 1. Exortação ao descanso dominical, que o povo cristão tem o hábito de descaso. Sanções contra os infratores: se é um advogado que entrou com uma ação no domingo, ele vai perdê-la, se for um camponês ou um escravo, ele deverá ser espancado [com um pau], se é clérigo ou um monge este deverá ser afastado de seus irmãos por seis meses; 2. Celebração da Semana Santa, a participação nos hinos e "sacrifícios", abstendo-se de todo o trabalho servil por seis dias; 3. À exceção do risco de morte, o batismo deve acontecer no domingo de Páscoa; 4. Todos os fiéis, homens e mulheres, deverão trazer uma oferenda ao altar: pão e vinho; 5. Excomunhão contra aqueles que não pagam o dízimo à igreja. 6. Nenhum sacerdote que manuseie alimento, vinho ou bebida ("vino crapulatus confertus cibo aut") tocará as espécies consagradas; 7. Os acusados, ou sob "judices", não devem ser tratados injustamente ou levados à força perante o magistrado civil, mas sim diante do bispo, que poderá, todavia, ser assistido por um tribunal civil ou a critério; 8. Se alguém se refugia em uma igreja para evitar o poder secular, o poder secular não poderá entender que o foi por decisão do bispo; 9. As pessoas de poder e riqueza que possuem taxas razoáveis contra um bispo não deverão cobrá-lo e sim levar o caso ao bispo metropolitano; 10. Quem tem uma queixa contra um funcionário subordinado ao bispo deve fazê-lo diante do bispo, e é o bispo que ouvirá o caso; 11. Os bispos devem pregar e praticar a hospitalidade; 12. Os juízes seculares deverão dar provisão aos processos eclesiásticos em casos contra viúvas e órfãos; 13. A casa do bispo não pode ter cães, o que é contrário à sua vocação de hospitalidade; 14. O poderoso não pode apreender os bens dos outros, sem julgamento; 15. O leigo deve mostrar sinais de respeito para o clero, até mesmo um menor; 16. A viúva de um subdiácono, um exorcista ou um companheiro não pode se casar novamente; 17. Proíbe-se enterrar mortos em túmulo onde já hajam mortos enterrados; 18. Ameaça de sanções mais severas contra o incesto. Estas são pessoas que irão "rolar na merda" ("in convolvuntur merda"); 19. Nenhum funcionário poderá assistir interrogatórios de culpado ou execuções; 20. Os bispos se reunirão novamente em três anos.
13. Define-se por “Legenda Negra (ou Lenda Negra) da Inquisição” ou “século da intolerância”, a teoria – elaborada a partir da obra dos historiadores Edward Peters e Henry Kamen – de que os dados históricos sobre a Inquisição foram distorcidos por obra dos ambientes protestantes e, depois, iluministas, a partir pelo menos do século XVI, com o objetivo de desacreditar a imagem do Império espanhol para limitar sua influência política.
2. Devagar com o andor! Leve-se em conta que é um modernista com desejo de ser tradicionalista quem escreve esta resenha. Parece esquecer que esses princípios são os princípios da Revolução francesa.
3. Estatolatria é o sistema ou doutrina dos que recorrem ao Estado, como a quem pode resolver todas as dificuldades econômicas e sociais.
4. São 36 especialistas: historiadores, arqueólogos, expert em bioética, teólogos, médicos, psicólogos, cientistas e economistas.
5. Noite de São Bartolomeu. O massacre da noite de São Bartolomeu ou a noite de São Bartolomeu foi um alegado episódio da historia da França na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, que eram católicos. Esses assassinatos teriam acontecido em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu.
6. “Jus Primae Noctis” ou Direito da primeira noite ou direito do senhor ou direito da pernada, refere-se a uma suposta instituição que teria vigorado na Idade Média e que permitiria ao Senhor Feudal, no âmbito de seus domínios, desvirginar uma noiva na sua noite de núpcias. Entretanto, não existe prova documental acerca da existência real de tal direito, a não ser em filmes de Hollywood e na cabeça dos iluministas.
7. Hipátia de Alexandria foi uma neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano, a primeira mulher documentada como sendo matemática.
8. A caça às bruxas foi uma suposta perseguição religiosa e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI a XVIII principalmente em França, Inglaterra, Escócia, Império Românico, Suíça e em menor escala na Escandinávia, Península Ibérica, Itália e Império Habsburgo. As antigas seitas pagãs e matriarcais eram satânicas, de domínio popular com objeto diferente do religioso. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"), um romance de 1486.
9. Do original “Monacazioni Forzate”, que era o enclausuramento forçado de mulheres para salvaguardar o patrimônio das famílias mais abastadas.
10. Maria I de Inglaterra e Irlanda, filha e herdeira de Henrique VIII e Catarina de Aragão. Seu meio-irmão mais novo, Eduardo VI, sucedeu a Henrique, em 1547 e tentou retirar Maria da linha de sucessão por ser católica, ao descobrir que estava com uma doença terminal. Após sua morte, Joana Grey, prima em segundo grau dos dois, foi inicialmente proclamada rainha. Maria reuniu um exército e depôs Joana, que foi decapitada. Ela se casou em 1554 com Filipe de Espanha, tornando-se rainha consorte da Espanha na ascensão dele em 1556. Como a quarta monarca da Casa de Tudor, Maria é lembrada por restaurar o Catolicismo Romano depois do curto reinado protestante do pai e de seu meio-irmão. Seu restabelecimento do Catolicismo foi revertido depois de sua morte, após cinco anos de reinado, por sua meia-irmã e sucessora Isabel I.
11. Medos dos Anos Mil. Há duas teses pelas quais o histórico francês Georges Duby analisa a origem e o significado da história do grande medo coletivo que teria trespassado o mundo cristão à vigília do ano Mil por causa do iminente fim do mundo. Trata-se de uma lenda nascida no século XVI no âmbito da cultura renascentista, que desprezava profundamente as crenças dos chamados “séculos das trevas” da Idade Média.
12. Por Concílio de Mâcon, por vezes chamados de Sínodos, entende-se a realização de pelo menos seis assembleias eclesiásticas convocadas na cidade de Mâcon, e que fora de suma importância representativa para a Igreja recém firmada na região. Normalmente, o termo “Concílio de Mâcon” é utilizado em referência aos concílios segundo e terceiro. O terceiro concílio promulgou vinte cânones, que podem ser resumidas como segue: 1. Exortação ao descanso dominical, que o povo cristão tem o hábito de descaso. Sanções contra os infratores: se é um advogado que entrou com uma ação no domingo, ele vai perdê-la, se for um camponês ou um escravo, ele deverá ser espancado [com um pau], se é clérigo ou um monge este deverá ser afastado de seus irmãos por seis meses; 2. Celebração da Semana Santa, a participação nos hinos e "sacrifícios", abstendo-se de todo o trabalho servil por seis dias; 3. À exceção do risco de morte, o batismo deve acontecer no domingo de Páscoa; 4. Todos os fiéis, homens e mulheres, deverão trazer uma oferenda ao altar: pão e vinho; 5. Excomunhão contra aqueles que não pagam o dízimo à igreja. 6. Nenhum sacerdote que manuseie alimento, vinho ou bebida ("vino crapulatus confertus cibo aut") tocará as espécies consagradas; 7. Os acusados, ou sob "judices", não devem ser tratados injustamente ou levados à força perante o magistrado civil, mas sim diante do bispo, que poderá, todavia, ser assistido por um tribunal civil ou a critério; 8. Se alguém se refugia em uma igreja para evitar o poder secular, o poder secular não poderá entender que o foi por decisão do bispo; 9. As pessoas de poder e riqueza que possuem taxas razoáveis contra um bispo não deverão cobrá-lo e sim levar o caso ao bispo metropolitano; 10. Quem tem uma queixa contra um funcionário subordinado ao bispo deve fazê-lo diante do bispo, e é o bispo que ouvirá o caso; 11. Os bispos devem pregar e praticar a hospitalidade; 12. Os juízes seculares deverão dar provisão aos processos eclesiásticos em casos contra viúvas e órfãos; 13. A casa do bispo não pode ter cães, o que é contrário à sua vocação de hospitalidade; 14. O poderoso não pode apreender os bens dos outros, sem julgamento; 15. O leigo deve mostrar sinais de respeito para o clero, até mesmo um menor; 16. A viúva de um subdiácono, um exorcista ou um companheiro não pode se casar novamente; 17. Proíbe-se enterrar mortos em túmulo onde já hajam mortos enterrados; 18. Ameaça de sanções mais severas contra o incesto. Estas são pessoas que irão "rolar na merda" ("in convolvuntur merda"); 19. Nenhum funcionário poderá assistir interrogatórios de culpado ou execuções; 20. Os bispos se reunirão novamente em três anos.
13. Define-se por “Legenda Negra (ou Lenda Negra) da Inquisição” ou “século da intolerância”, a teoria – elaborada a partir da obra dos historiadores Edward Peters e Henry Kamen – de que os dados históricos sobre a Inquisição foram distorcidos por obra dos ambientes protestantes e, depois, iluministas, a partir pelo menos do século XVI, com o objetivo de desacreditar a imagem do Império espanhol para limitar sua influência política.
Fonte: http://www.ilgiornale.it/news/cronache/arriva-manuale-ridiventare-autentici-cristiani-1211113.html.
Tradução e notas: Giulia d'Amore.
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog é CATÓLICO. Ao comentar, tenha ciência de que os editores se reservam o direito de publicar ou não.
COMENTE acima. Para outros assuntos, use o formulário no menu lateral. Gratos.