Santo Alfonso Maria de Ligório
EMENTA: "A Fornicação e o prazer", diz São Jerônimo, "pervertem a compreensão e transformam os homens em bestas".
Primeiro Ponto
Ilusão daqueles que dizem que os pecados contra a pureza não são um grande mal
Os impuros dizem que os pecados contra a pureza são um pequeno mal. Como "a porca... chafurdando na lama" (2 Pedro 2:22), eles estão imersos em sua própria sujeira, de modo que não veem a maldade de seus ações e, portanto, não sentem nem abominam o mau odor de suas impurezas, que provocam repulsa e horror a todos os outros. Será que você, que diz que o vício de impureza é apenas um pequeno mal, eu pergunto, será que você poderá negar que isso é um pecado mortal? Se negar, você é um herege, pois, como diz São Paulo: "Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus." - 1Coríntios 6:9-10. Isto é um pecado mortal, logo, não pode ser um pequeno mal. É um pecado maior que o roubo, que a difamação, que a violação do jejum. Como então você pode dizer que não se trata de um grande mal? Talvez para você o pecado mortal pareça ser um pequeno mal? Será que é um pequeno mal desprezar a graça de Deus, virar as costas para Ele e perder a Sua amizade por causa de um prazer transitório e bestial?
Santo Tomás ensina que o pecado mortal, por ser um insulto contra um Deus infinito, contém de certa forma uma malícia infinita. "Um pecado cometido contra Deus, tem de certa forma uma infinidade, por conta da infinidade da Divina Majestade" - Santo Tomás. Será que o pecado mortal é um pequeno mal? Ele é um mal tão grande que, se todos os anjos e todos os santos, os apóstolos, os mártires, e mesmo a Mãe de Deus, oferecessem todos os seus méritos para expiar um só pecado mortal, a oferta não seria suficiente. Não, porque a expiação ou a satisfação seria finita, mas a dívida contraída pelo pecado mortal é infinita, por conta da infinita majestade de Deus, que foi ofendida. O ódio que Deus tem dos pecados contra a pureza está além do que podemos medir. Se alguém encontrar seu prato sujo, ficará aborrecido e não irá comer. Então, imagine com que desgosto e indignação Deus, que é a própria pureza, verá as impurezas imundas pelas quais Sua lei é violada? Ele ama a pureza com um amor infinito, e consequentemente Ele tem um ódio infinito contra a sensualidade que os homens lascivos e voluptuosos chamam de pequeno mal. Até os demônios, que ocupavam um alto grau no céu antes de sua queda, desdenham de ter que seduzir os homens a cometer pecados da carne.
Santo Tomás diz que Lúcifer, que foi supostamente o diabo que tentou Jesus Cristo no deserto, tentou-O a cometer outros pecados, mas desprezou tentá-Lo a pecar contra a castidade. Seria isto um pecado pequeno mal? Seria então um pequeno mal ver um homem dotado de uma alma racional, enriquecida com muitas graças divinas, cair, pelo pecado de impureza, ao nível de um bruto? "A Fornicação e o prazer", diz São Jerônimo, "pervertem a compreensão e transformam os homens em bestas". Nos voluptuosos e impuros, são literalmente verificadas as palavras de Davi: "O homem não permanece com o seu esplendor, é como animal que perece."- Salmo 48:13. São Jerônimo diz que não há nada mais vil e degradante, que alguém deixar-se ser conquistado pela carne. "Nihil vilius quam vinci a carne". Poderia ser um pequeno mal se esquecer de Deus e bani-lo da alma, para poder dar ao corpo uma satisfação vil, da qual você sentirá vergonha, quando acabar? O Senhor reclama disso por meio de Ezequiel: "Por isso, assim diz o Senhor Javé: Dado que te esqueceste de Mim e Me voltaste as costas, agora carrega também a tua devassidão e as tuas prostituições" - Ezequiel 23:35. Santo Tomás diz que, devido a todos os vícios, mas especialmente pelo vicio da impureza, os homens são lançados para longe de Deus. "Per luxuriam maxime recedit a Deo".
Além disso, os pecados de impureza, em virtude do seu grande número, são um mal imenso. Um blasfemador nem sempre blasfema, mas só quando está bêbado ou quando é provocado pela ira. O assassino, cujo trabalho é matar os outros, em geral não comete mais que oito ou dez homicídios. Mas os impuros são culpados de uma torrente incessante de pecados, por pensamentos, por palavras, por olhares, por complacências, e por toques, de modo que, quando vão à confissão, eles acham impossível dizer o número de pecados que cometeram contra a pureza. Mesmo durante o sono, o diabo lhes representa objetos obscenos, de modo que ao acordar, eles se deleitem com eles, e porque se fizeram escravos do inimigo, eles obedecem e aprovam as suas sugestões, porque é fácil cair no hábito deste pecado. Para os outros pecados, como a blasfêmia, a difamação e os assassinatos, os homens não estão propensos, mas para este vício, a natureza os inclina. Por isso, Santo Tomás diz que não há pecador tão pronto a ofender a Deus, como o devoto da luxúria, em toda ocasião que lhe ocorre. "Nullus ad Dei contemptum promptior". O pecado da impureza traz em sua formação os pecados da difamação, do roubo, do ódio, e de gostar de suas abominações imundas. Além disso, normalmente envolve a malícia do escândalo. Outros pecados, tais como uma blasfêmia, um perjúrio, um assassinato, criam horror naqueles que os testemunham, mas este pecado induz os outros, que são carnais, a cometê-lo, ou, pelo menos, a cometê-lo com menos horror.
"Totum hominem", diz São Cipriano, "agit in triumphum libidinis". Por meio da luxúria, o Diabo triunfa sobre o homem inteiro, sobre seu corpo e sobre sua alma, sobre sua memória, enchendo-a com a lembrança de prazeres impuros, a fim de fazê-lo gostar deles; sobre o seu intelecto, para fazê-lo desejar ocasiões de cometer o pecado; sobre a vontade, fazendo-o amar as impurezas como seu fim último, e como se não houvesse Deus. "Eu havia feito um pacto com meus olhos: não desejaria olhar nunca para uma virgem. Que parte me daria Deus lá do alto." - Jó 31:1-2. Jó tinha medo de olhar para uma virgem, porque ele sabia que se consentisse com um mau pensamento, Deus não deveria ter parte com ele. De acordo com São Gregório, a partir da impureza surgem a cegueira do entendimento, a destruição, o ódio a Deus e o desespero quanto à vida eterna. Santo Agostinho diz que, embora os impuros possam envelhecer, o vício da impureza não envelhece neles. Por isso, Santo Tomás diz que não há pecado em que o Diabo se deleite tanto como neste pecado, porque não há outro pecado a que a natureza se apegue com tanta tenacidade. Ela adere ao vício da impureza tão firmemente, que o apetite por prazeres carnais se torna insaciável. Vá agora, e diga que o pecado da impureza não é mais que um pequeno mal. Na hora da morte, você não dirá isso, todos os pecados dessa espécie lhe aparecerão como um monstro do inferno. Você não será capaz de dizê-lo ante o Juízo de Jesus Cristo, que lhe dirá o que o Apóstolo já lhe disse, "Nenhum fornicador, ou impuro... terá herança no reino de Cristo e de Deus."- Efésios 5:5. O homem que viveu como um animal, não merece assentar-se entre os anjos.
Caríssimos irmãos, continuemos a orar a Deus para nos livrar desse vício, senão perderemos nossas almas. O pecado da impureza traz com ele a cegueira e a obstinação. Todos os vícios produzem sombras no entendimento, mas a impureza produz em maior grau do que todos os outros pecados. "A fornicação, o vinho e a embriaguez acabam com o raciocínio." - Oséias 4:11. O vinho priva-nos da compreensão e da razão, o mesmo faz a impureza. Por isso, Santo Tomás diz que o homem que se entrega aos prazeres impuros, não vive de acordo com a razão. "In nullo procedit secundum judicium rationis". Ora, se os impuros estão privados da luz e já não veem o mal que fazem, como poderão odiar esse mal e mudar de vida? O profeta Oséias diz que, estando cegos devido a sua própria lama, eles nem sequer pensam em voltarem-se para Deus; porque as suas impurezas tiram-lhes todo o conhecimento de Deus. "Seu proceder não lhes permite voltarem ao seu Deus, porque um espírito de prostituição os possui; eles desconhecem o Senhor." - Oséias 5:4. Por isso, São Lourenço Justiniano disse que este pecado faz os homens se esquecerem de Deus. "Os prazeres da carne induzem ao esquecimento de Deus". E São João Damasceno ensina que "o homem carnal não pode olhar para a luz da verdade". Assim, os lascivos e voluptuosos não entendem o que quer dizer graça de Deus, julgamento, inferno e eternidade. "Caiu fogo sobre eles, e não viram mais o sol." - Salmo 57:9. Alguns desses cegos meliantes vão tão longe a ponto de dizer que o adultério não é em si pecaminoso. Eles dizem que ele não foi proibido na Antiga Lei, e em apoio a esta doutrina execrável, eles invocam as palavras do Senhor a Oséias: "Vai e desposa uma mulher dada ao adultério, e aceita filhos adulterinos." - Oséias 1:2. Em resposta, digo que Deus não permitiu a Oséias cometer adultério, mas desejava que ele se casasse com uma mulher culpada de adultério, e os filhos deste casamento eram chamados filhos adulterinos, porque sua mãe tinha sido culpada desse crime. De acordo com São Jerônimo, esse é o significado das palavras do Senhor a Oséias. O santo doutor diz: "Id circo fornicationis appellandi sunt filii, quod sunt de meretrice generati". Mas o adultério sempre foi proibido, sob pena de pecado mortal, na Velha como na Nova Lei. São Paulo diz: "Nenhum fornicador, ou impuro... terá herança no reino de Cristo e de Deus." Efésios 5:5. Perceba a impiedade para a qual a cegueira de tais pecadores os carrega! Por causa desta cegueira, embora eles venham aos sacramentos, suas confissões são nulas por falta de verdadeiro arrependimento, porque como será possível para eles terem verdadeiro arrependimento, quando não conhecem nem detestam seus pecados?
O vício da impureza também traz consigo a obstinação. Para vencer as tentações, especialmente contra a castidade, a oração contínua é necessária. "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca." - Marcos 14:38. Mas como os impuros, que estão sempre procurando novas tentações, poderão orar a Deus para livrá-los da tentação? Eles às vezes, como Santo Agostinho confessou de si mesmo, abstém-se da oração, devido ao medo de serem ouvidos e curados da doença, que eles desejam que não acabe. "Eu temia", disse o santo, "que Vós irieis em breve ouvir-me e curar-me do pecado da concupiscência, que eu desejava ver saciado, em vez de extinto". São Pedro chama este vício de pecado insaciável. "Têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar." – 2 Pedro 2:14. A impureza é chamada de um pecado insaciável por conta da obstinação que ela induz. Alguns viciados nela dizem: Eu sempre confesso este pecado. Tanto pior, porque, como você sempre recai no pecado, essas confissões servem para fazer você perseverar no pecado. O medo da punição é diminuído, dizendo: Eu sempre confesso este pecado. Se você pensasse que esse pecado certamente merece o Inferno, você dificilmente diria: eu não vou desistir, eu não me importo de ser condenado. Mas o diabo engana você. Ele diz: Cometa esse pecado depois você o confessará. Mas, para fazer uma boa confissão de seus pecados, você deve ter verdadeira tristeza de coração e um firme propósito de não pecar mais. Onde estão essa tristeza e esse firme propósito de emenda, se você sempre volta ao vômito? Se você tivesse essas disposições, e tivesse recebido a graça santificante em sua confissão, você não teria recaído, ou pelo menos você deveria ter se abstido por um tempo considerável antes de recair. Você sempre caiu no pecado, em oito ou dez dias, e talvez em um tempo menor, após a confissão. Que sinal é esse? É um sinal de que você estava sempre em inimizade com Deus. Se um homem doente imediatamente vomita o remédio que ele toma, é um sinal de que a doença é incurável.
São Jerônimo diz que o vício da impureza, quando habitual, cessará quando o infeliz homem que se entrega a ele for lançado no fogo do inferno. "Oh, fogo infernal, luxúria, cujo combustível é a gula, cujas faíscas são as breves conversas, cujo fim é o inferno". Os impuros se tornam como o abutre que se deixa ser morto pelo caçador, em vez de abandonar a podridão dos corpos de que se alimenta. Foi o que aconteceu a uma jovem, que, depois de ter vivido com o hábito do pecado com um rapaz, caiu doente, e pareceu se converter. Na hora da morte, ela pediu a seu confessor para sair e conversar com o rapaz, a fim de exortá-lo a mudar de vida com a visão de sua morte. O confessor muito imprudentemente deu a permissão, e disse-lhe o que deveria dizer a seu cúmplice em pecado. Mas escute o que aconteceu. Logo que ela o viu, esqueceu sua promessa ao confessor e a exortação a dar ao jovem. E o que ela fez? Ela levantou-se, sentou-se na cama, esticou os braços para ele, e disse: Amigo, eu sempre te amei, e mesmo agora, no fim da minha vida, eu te amo, eu vejo que por você eu irei para o inferno, mas eu não me importo, eu estou disposta, por seu amor, a ser condenada. Após estas palavras, ela caiu de costas na cama e expirou. Esses fatos são relatados pelo Padre Segneri. Oh! Quão difícil é para uma pessoa que contraiu o hábito deste vício mudar de vida e voltar-se sinceramente a Deus! Quão difícil é para essas pessoas não caírem no inferno, como a infeliz jovem de quem acabamos de falar.
Segundo Ponto
Ilusão daqueles que dizem que Deus se apieda deste pecado
Os adeptos da luxúria dizem que Deus se apieda deste pecado, mas não é isso o que diz Santo Tomás de Villanova. Ele diz que nas Sagradas Escrituras nós não lemos sobre qualquer pecado tão severamente castigado como o pecado da impureza. "Luxuriae facinus prae aliis punitum legimus" - Sermão 4. Encontramos nas Escrituras que em punição a este pecado, um dilúvio de fogo desceu do céu sobre quatro cidades e, em um instante, consumiu não só os habitantes, mas até as pedras. "O Senhor fez então cair sobre Sodoma e Gomorra uma chuva de enxofre e de fogo, vinda do Senhor, do céu. E destruiu essas cidades e toda a planície, assim como todos os habitantes das cidades e a vegetação do solo." - Gênesis 19:24-25. São Pedro Damião relata que um homem e uma mulher que haviam pecado contra a pureza foram encontrados queimados e negros como carvão.
Salviano escreve que era em castigo ao pecado de impureza que Deus enviou à Terra o dilúvio universal, que foi causado por contínua chuva durante quarenta dias e quarenta noites. Neste dilúvio, as águas subiram quinze côvados acima dos topos das montanhas mais altas, e apenas oito pessoas, contando com Noé, foram salvas na arca. O resto dos habitantes da Terra, que eram mais numerosos do que os que existem hoje, foram punidos com a morte, em castigo ao vício da impureza. Notem as palavras do Senhor ao falar deste castigo que Ele infligiu por causa deste pecado. "Meu espírito não permanecerá para sempre no homem, porque todo ele é carne." - Gênesis 6:3. "Ou seja", diz Nicolau de Lira, "profundamente envolvidos em pecados carnais". O Senhor acrescentou: "Porque eu me arrependo de tê-los criado." - Gênesis 6:7. A indignação de Deus não é como a nossa, que encobre a mente e nos leva a excessos; Sua ira é um julgamento perfeitamente justo e tranquilo, pelo qual Deus castiga e repara as desordens do pecado. Mas para nos fazer compreender a intensidade de Seu ódio ao pecado da impureza, Ele Se representa como arrependido por ter criado o homem, que o ofendeu tão gravemente por este vício. Nós, nos dias de hoje, vemos mais penas temporais graves infligidas contra esse pecado, do que contra qualquer outro. Vá aos hospitais, e ouça os gritos de tantos rapazes que, em punição a suas impurezas, são obrigados a submeter-se aos mais severos tratamentos e às mais dolorosas operações, e que, se escapam da morte, ficam, de acordo com a ameaça divina, fracos e sujeitos à dor mais excruciante para o resto de suas vidas. "Dado que te esqueceste de Mim e Me voltaste as costas, agora carrega também a tua devassidão e as tuas prostituições."- Ezequiel 23:35.
São Remígio escreve que, excetuadas as crianças, o número de adultos que são salvos é pequeno, por causa dos pecados da carne. "Exceptis parvulis ex adultis propter vitiam carnis pauci salvantur". Em conformidade com esta doutrina, foi revelado a uma santa alma que como o orgulho encheu o inferno de demônios da mesma forma a impureza o enche de homens. Santo Isidoro atribui este motivo: ele diz que não há nenhum vício que tanto escraviza os homens ao Diabo como a impureza. "Magis per luxuriam, humanum genus subditur diabolo, quam per aliquod aliud" - Santo Isidoro. Por isso, Santo Agostinho diz que, com relação a este pecado, o combate é comum, e a vitória rara. Assim, por causa deste pecado, o inferno está cheio de almas.
Tudo o que eu disse sobre este assunto, não foi para que as pessoas afligidas pelo vício da impureza fiquem desesperadas, mas para que possam ser curadas. Vamos, então, estudar os remédios.
Existem dois grandes remédios, a oração e a fuga das ocasiões perigosas. A oração, diz São Gregório de Nissa, é a salvaguarda da castidade. "Oratio pudicitiae praesidium et tutamen est". E antes dele, Salomão, falando de si mesmo, disse a mesma coisa. "Sabendo que jamais teria conquistado a continência, se Deus não ma tivesse concedido ... voltei-me então para o Senhor e supliquei-lhe." - Sabedoria 8:21. Assim, a nós é impossível vencer este vício sem a ajuda de Deus. Por isso, tão logo a tentação contra a castidade se apresente, a solução é se voltar de imediato à ajuda de Deus e repetir várias vezes os santíssimos nomes de Jesus e Maria, que têm uma força especial para banir os maus pensamentos desse tipo. Eu disse imediatamente, sem ouvir ou começar a discutir com a tentação. Quando um mau pensamento ocorre na mente, é necessário removê-lo imediatamente, como se fosse uma centelha que voa saindo do fogo, e imediatamente invocar a ajuda de Jesus e Maria.
Quanto à fuga das ocasiões perigosas, São Filipe Néri costumava dizer, que os covardes - ou seja, aqueles que correm das ocasiões – recebem a vitória. Portanto, você deve, em primeiro lugar, ser cauteloso com os olhos e deve abster-se de olhar para as moças. Caso contrário, diz Santo Tomás, você dificilmente poderá evitar este pecado. Por isso, Jó disse: "Eu havia feito um pacto com meus olhos: não desejaria olhar nunca para uma virgem." - Jó 31:1. Ele tinha medo de olhar para uma virgem, porque a partir de olhares é fácil passar aos desejos e dos desejos aos atos. São Francisco de Sales costumava dizer que olhar para uma mulher não faz tanto mal quanto olhar para ela uma segunda vez. Se o diabo não teve a vitória de primeira, ele a terá na segunda vez. E, se é necessário abster-se de olhar para as mulheres, é muito mais necessário evitar a conversa com elas. "Não te sentes no meio das mulheres." - Eclesiástico 42:12. Devemos estar convencidos de que, para evitar ocasiões deste pecado, nenhuma precaução é suficiente. Por isso, é necessário estarmos sempre atentos e correr das ocasiões. "O sábio é precavido e afasta-se do mal; o insensato segue em frente sem pensar." - Provérbios 14:16 Um homem sábio é tímido e corre para longe, um insensato é confiante e cai.
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