Editado — porque noblesse oblige — para registrar (após um e-mail recebido) que, de fato, nem o Infovaticana (do qual, friso, não sou leitora, apenas li a notícia no Google Notícias, no assunto "FSSPX", em meu celular), nem o Non Possumus são fontes acima de qualquer suspeita, mas de dizer que eles não inventaram nada, apenas repercutiram o que outros blogs/sites - de todas as matizes - reproduziram a partir do site alemão que entrevistou o cardeal Pozzo em julho passado: aqui. Também registro que o cardeal não me inspira a mínima confiança, pois é um apóstata. Contudo, toda uma série de atos, fatos e eventos que dizem respeito à Neofrat e à sua aproximação com a Roma modernista e apóstata — apesar do que Mons. Lefebvre dizia claramente sobre isso... — me fazem crer que Pozzo não mente. Ou não mente por inteiro. Particularmente porque o próprio Fellay não o desmente.
Dito isso, devo também dizer e registrar que rezo, todo santo dia, para que a Neofrat recupere a razão e se afaste definitivamente dessa súcia modernista, obedecendo, enfim, ao seu Venerável Fundador, Mons. Lefebvre, que provou em primeira pessoa do veneno "romano", ao assinar o célebre protocolo, rechaçado na manhã seguinte, por graça divina. A obstinação empedernida de Fellay em insistir em se integrar a uma "Igreja" à qual não pertencia (se é católico como diz), e de onde nunca saiu para, agora, dever "voltar", é o que mais o denuncia. Mas... os que o seguem nessa aventura por que não querem ver?
Well, well, well... nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio. Ainda que isso leve meses, a VERDADE não pode ser escondida por muito tempo. Eu poderia desfilar aqui uma dúzia de provérbios e ditados populares para exemplificar o que houve, e tripudiar, mas, sejamos sinceros... não há graça nenhuma em constatar como a estultice humana põe tudo a perder. E com "tudo" me refiro às almas que foram arrastadas nessa aventura de Bernard Fellay e seus cúmplices.
Nos últimos meses, enquanto ele negava, o cardeal Pozzo vinha soltando na mídia os acontecimentos e as programações. Agora, diz o Infovaticana, é definitivo: Fellay aceitou a proposta - ACORDO - de Francisco, e as 30 moedas de pratas se chamam "Prelatura Pessoal", como já sabíamos e vinhamos divulgando aqui há tempos. De novo, para mim, pelo menos, é que será igual à Prelatura da Opus Dei, segundo informa o vicário auxiliar da própria Opus, que se posiciona a favor desse "privilégio" aos traidores.
No site do Infovaticana, se pode ler, em espanhol, a entrevista do cardeal Pozzo: http://infovaticana.com/2016/08/16/fellay-acepta-los-lefebvrianos-tendran-una-prelatura-personal/.
Vou traduzir rapidamente para vocês, se tiver algum erro... me avisem.
Gabriel Ariza, 16 agosto, 2016
Francisco confirmou a possibilidade de que a FSSPX venha a se constituir em prelatura pessoal, ao estilo da Opus Dei. Foi confirmado pelo encarregado vaticano da “Ecclesia Dei”, Guido Pozzo. Francisco trabalha incansavelmente para fazer realidade esse “Ut unum sint”.
No último mês de abril, este portal adiantava a possibilidade de que a Fraternidade São Pio X, fundada por Monsenhor Lefebvre, alcançara a plena comunhão com a Igreja Católica constituindo-se em uma prelatura pessoal, ao estilo da prelatura da Opus Dei. É a oferta que fez o Papa, desde que os membros da FSSPX aceitem certos documentos conciliares.
Há um mês, em uma entrevista ao “La Croix”, o próprio Francisco confirmava esta opção, assegurando que a possibilidade da prelatura existe, e que há outros temas a aperfeiçoar.
Hoje sabemos, por Guido Pozzo, representante da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, o organismo para o diálogo com a FSSPX, que esta oferta do Papa foi aceita por Monsenhor Fellay[1], motivo pelo qual a tão almejada unidade está muito próxima.
Sobre o fato de que uma nova entidade assuma a forma jurídica de prelatura pessoal, até agora uma exclusividade da Opus Dei, se pronunciou a própria Opus Dei através de Fernando Ocáriz, vicário auxiliar.
A seguir, a entrevista de Guido Pozzo, traduzida pelo blog Non possumus.[2]
C&W: Por que a união da FSSPX com a Igreja católica é tão importante?
Guido Pozzo: A Igreja sofre de falta de unidade[3]. A FSSPX é composta por 600 sacerdotes, 200 seminaristas, e outros membros da família representada em 70 países. Diante de tão grande realidade, não podemos simplesmente fechar os olhos.
C & W: Recentemente houve uma aceleração nas relações, por quê?
Pozzo: Eu não falaria de uma aceleração, mas de um paciente processo de aproximação. O Vaticano já não impõe nenhum ultimatum[4]; ao invés disso, nós projetamos, em comum, certos passos para chegar à reconciliação plena[5]. Com as etapas preestabelecidas[6], o caminho se torna mais fácil de percorrer[7]. Todavia, se devem aclarar certas questões doutrinárias e canônicas. É muito importante promover um clima de conhecimento e compreensão mútua. A este respeito, já há muito progresso.
C & W: O que mudou na posição do Vaticano desde o início deste pontificado?
Pozzo: Integraram-se novas perspectivas. De 2009 a 2012, o debate teológico estava em primeiro plano. Havia dificuldades doutrinárias que impediam o reconhecimento canônico da Fraternidade. Mas, sabemos que a vida é mais do que a doutrina[8]. Nos três últimos anos, à discussão teológica se acrescentou o desejo de conhecer mais concretamente a realidade da Fraternidade e de entendê-la.
C & W: O que se conseguiu?
Pozzo: Antes, as discussões aconteciam em uma sala de conferências, agora se dão em uma atmosfera fraternal confortável, mesmo que a conversação seja a mesma[9]. Por ordem do Vaticano, os seminários e as casas da Fraternidade foram visitadas por um cardeal e quatro bispos, para se ter uma imagem mais fiel. Isto não acontecia antes[10], e ajudou à aproximação.
C & W: A Fraternidade teve, durante muito tempo, membros extremistas em suas fileiras, como Mons. Williamson, que negou o holocausto[11]. Isto obstaculizou as conversações?
Pozzo: Mons. Richard Williamson e outros elementos extremistas e anti-romanos foram excluídos da Fraternidade ou se separaram. Isto favoreceu muito a aproximação[12].
C & W: Que instruções lhe deu Francisco para as negociações?
Pozzo: Quando o Papa me nomeou novamente como Secretário da Comissão “Ecclesia Dei”, me solicitou a dialogar com paciência, determinação e sem pressa[13]. Insistiu particularmente em manter relações pessoais[14] para criar um clima de confiança.
C & W: Bergoglio conheceu a Fraternidade na Argentina. Quão crucial é este contato pessoal para o Papa?
Pozzo: Certamente que isso é um elemento importante. Quando ainda era arcebispo de Buenos Aires, Francisco teve contatos com a Fraternidade. Ele viu até que ponto eles se envolvem na evangelização e no trabalho caritativo. A Fraternidade não tem, como se pretende frequentemente, apenas um valor quanto à liturgia tradicional, mas também em substância[15].
C & W: Francisco sempre insistiu no aspecto pastoral. É essa também a chave para um entendimento com a Fraternidade?
Pozzo: O aspecto pastoral e a teologia dogmática são inseparáveis. O estilo e a disposição concreta de Francisco ajudam a lograr a unidade entre as pessoas, não só para pensar, mas também para aprender. Claro, alguns gestos são importantes. Ele permitiu que os sacerdotes da Fraternidade ouvissem as confissões dos crentes[16]; recebeu o Superior Geral da Fraternidade, Monsenhor Bernard Fellay, em audiência privada[17]. Claro, esta aproximação não poderia ter ocorrido sem o levantamento das excomunhões por Benedito XVI, em 2009, e o recomeço das conversações[18].
C & W: Por que foi proposto à FSSPX uma Prelatura Pessoal?
Pozzo: Esta parece ser a forma canônica apropriada. Mons. Fellay aceitou esta proposição[19], ainda que durante os próximos meses haja detalhes a serem aclarados[20]. Somente a Opus Dei tem esta estrutura canônica, o que é um grande voto de confiança[21] para com a FSSPX. Está claro que a solução canônica implica a solução das questões doutrinárias[22].
C & W: De quais questões de doutrina se trata?
Pozzo: Como o Papa Benedito XVI explicou em seu livro “A Luz do Mundo”, os bispos da FSSPX mereceram[23] a excomunhão porque Mons. Lefebvre consagrou, em 1988, os bispos sem à autorização do Papa. Depois de Mons. Fellay ter reconhecido o primado, em 2009, em nome dos outros bispos, a excomunhão foi levantada. O papa Benedito XVI disse categoricamente que a excomunhão não tinha nada a ver com o Concílio Vaticano II, mas com uma violação contra o primado[24].
C & W: Por que a Fraternidade ainda está em uma situação canônica irregular?
Pozzo: Levantamento da excomunhão não é o mesmo que reconhecimento canônico. Isso só pode ocorrer com a solução dos problemas doutrinários[25]. Até que isso ocorra, os sacerdotes da Fraternidade exercem um ofício ilegítimo.
C & W: Então, o que falta?
O núcleo da discussão é a questão de resolver em que medida os textos do Vaticano II estão em continuidade com o Magistério constante da Igreja[26]. Nós estamos de acordo com a Fraternidade quanto ao princípio de que o concílio só pode ser compreendido com exatidão no contexto da totalidade da Tradição e do Magistério perene[27]. O concílio não é um super-dogma pastoral, mas parte da totalidade da Tradição e do magistério constante.
C & W: O que significa isso?
Pozzo: Isso significa que a Tradição da Igreja, com certeza, se desenvolve, porém nunca com o propósito de uma inovação que represente um contraste com o anterior, mas como um entendimento mais profundo do “depositum fidei”, da fé autêntica. Todos os documentos da Igreja devem ser entendidos neste sentido, inclusive os do concílio. Estas condições, assim como a obrigação da profissão de fé[28], o reconhecimento dos sacramentos e da primazia do papa são a base da declaração doutrinal que foi submetida à assinatura da Fraternidade[29]. Estas são as condições para um católico estar em plena comunhão com a Igreja católica[30].
C & W: Não se espera que a FSSPX reconheça todas as declarações do concílio, inclusive os textos sobre o ecumenismo e diálogo inter-religioso?
Pozzo: A Fraternidade professa os dogmas definidos e as verdades católicas que foram confirmadas nos documentos do concílio[31]. No entanto, estas devem ser aceitas de acordo com o grau de aceitação requerido. Os ensinamentos da Igreja Católica que foram apresentados pelo concílio Vaticano II, e devem ser aceitos internamente pelos fiéis com decisão, são, por exemplo, a doutrina da natureza sacramental do ministério episcopal ou a doutrina do primado do Papa, e do Colégio dos Bispos, junto com sua cabeça, tal como foi exposto pela constituição dogmática “Lumen Gentium”, e como foi interpretada pela mais alta autoridade na Nota explicativa previa[32].
A Fraternidade tem dificuldades[33] com alguns aspectos[34] do decreto “Nostra Aetate”, sobre o diálogo inter-religioso; do decreto “Unitatis Redintegratio”, sobre o ecumenismo; e da Declaração “Dignitatis Humanae”, sobre a liberdade religiosa; ou com questões que dizem respeito às relações da Cristandade com a modernidade. No entanto, esses não são dogmas ou declarações definitivas, mas instruções ou guias para a prática pastoral. Acerca desses aspectos pastorais, se pode discutir depois do reconhecimento canônico, com o propósito de clarificar[35].
C & W: Então, o Vaticano baixou o nível de exigências?
Pozzo: Não. Aclaramos, nos últimos anos, quais questões são essenciais e que problemas podem ser deixados para mais adiante. Anteriormente, se tratava de chegar a um consenso em todas as questões de uma única vez, desafortunadamente sem êxito. Agora, nos perguntamos: quais são realmente os requisitos essenciais para ser católico[36]? Consultando ao papa, os requisitos acima mencionados estão especificados na declaração doutrina que foi entregue à Fraternidade[37].
C & W: Como chegou o Vaticano à ideia de que os documentos do concílio deveriam ter diferente peso doutrinal?
Pozzo: Certamente que esta não é nenhuma conclusão nossa, mas já estava claramente dito à época do concílio. O Secretário Geral do Concílio, o cardeal Pericle Felici, declarou, no dia 16 de novembro de 1964: “o Santo Sínodo apenas estabelece verdades de Fé e Moral de aceitação obrigatória para a Igreja quando o próprio Sínodo claramente assim o determine”. Somente quando os padres conciliares explicitamente os classifiquem como obrigatórios, devem ser aceitos como tais. O Vaticano não o inventou, está nos arquivos.
(Aqui não foi possível traduzir de maneira segura uma resposta mais extensa de Mons. Pozzo sobre “Nostra aetate”;[38])
C & W: Alguém não poderia qualificar as concessões do Vaticano sobre as reservas da Fraternidade como uma capitulação?
Pozzo: Discutir sobre o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a relação entre a Igreja e o Estado, a liberdade religiosa, não significa negar o valor dos documentos correspondentes. É muito interessante o que disse Mons. Fellay em uma entrevista: “Existem pontos ambíguos neste Concílio, e não corresponde a nós aclará-los. Podemos assinalar o problema, mas quem tem autoridade para aclará-los é Roma”. Trata-se de discutir a hermenêutica desses documentos diante do fundo decisivo da Tradição contínua[39]. A Tradição certamente não é nenhum fóssil inanimado, mas não significa que se adapte a qualquer cultura do presente.
C & W: Quem garante que as questões em disputa, depois do reconhecimento canônico, não serão dispensadas?
Pozzo: A Fraternidade se comprometeu à discussão[40]. A continuação desta discussão não deve preocupar ninguém, pois só pode ser enriquecedora para toda a Igreja. Em minhas conversações com os representantes da Fraternidade me deparei com muitos ouvidos abertos[41], ainda que, ao mesmo tempo, haja posições mais rígidas e céticas[42].
C & W: As negociações com a Fraternidade giram ao redor do correto entendimento do concílio Vaticano II. Por que na Igreja, depois de 50 anos, ainda não há unidade?
Pozzo: Muitas vezes, é por causa do chamado “espírito do concílio”. Esse cobriu até hoje o próprio ensinamento do concílio. Esse causou confusão e inseguridade na Igreja. Numerosas declarações da CDF, durante os últimos 40 anos, mostram quão importante é pôr em evidência o significado do concílio e sua doutrina autêntica, com o fim de evitar os mal-entendidos e difundir erros teológicos. Uma vez, Benedito XVI disse, a respeito das diferentes interpretações, que não houve reconciliação ou unidade mesmo antes do concílio de Niceia, “mas uma situação realmente caótica, na qual todos argumentavam contra todos”. Portanto, não deve nos surpreender que se discuta hoje em dia.
C &W: No Vaticano há críticas por causa da linha dogmática pouco clara neste pontificado. Ao mesmo tempo, o reconhecimento de uma Fraternidade tradicionalista é iminente. Isso não é contraditório?
Pozzo: Hoje em dia, há grupos ideológicos de todas classes que instrumentalizam as declarações do papa[43]. Muitas vezes, deformam ou recortam as mensagens dirigidas à Igreja. No âmbito da Fraternidade, falam de discórdia por causa do reconhecimento do concílio. Neste contexto, convém notar que nunca existiu uma Igreja pré-conciliar e uma Igreja pós-conciliar[44]. São deformações realizadas pelo espírito da época que não têm nada a ver com a Tradição da Igreja. Em um momento tão difícil de confusão e desorientação[45], como o de hoje, a tarefa dos que desejam permanecer fiéis à Tradição da Igreja é a de promover o ressurgimento da Fé cristã e das missões. Eu desejo que a FSSPX, quando esteja completamente integrada na Igreja[46], possa contribuir com seu apostolado missionário para reforçar a Fé católica em nossa sociedade e em nosso mundo.
NOTAS DO BLOG:
Visto em: http://infovaticana.com/2016/08/16/fellay-acepta-los-lefebvrianos-tendran-una-prelatura-personal.
Tradução: Giulia d'Amore
EM ESPANHOL:
Gabriel Ariza, 16 agosto, 2016
Francisco confirmó la posibilidad de que la FSSPX se constituyera en prelatura personal, al estilo del Opus Dei. Lo ha confirmado el encargado vaticano de Ecclesia Dei, Guido Pozzo. Francisco trabaja incansable para hacer realidad ese ‘Ut unum sint’.
El pasado mes de abril este portal adelantaba la posibilidad de que la Fraternidad de San Pío X, fundada por Monseñor Lefebvre, alcanzara la plena comunión con la Iglesia Católica constituyéndose en prelatura personal, al estilo de la del Opus Dei. Es la oferta que hizo el Papa, siempre y cuando los miembros de la FSSPX acepten ciertos documentos conciliares.
Al cabo de un mes, en una entrevista en La Croix, el propio Francisco confirmaba esta opción, asegurando que la posibilidad de la prelatura existe y que hay otros temas que pulir.
Hoy sabemos por Guido Pozzo, responsable de la Comisión Pontificia Ecclesia Dei, el organismo para el diálogo con la FSSPX, que esta oferta del Papa ha sido aceptada por Monseñor Fellay, por lo que la tan ansiada unidad está muy próxima.
Sobre el hecho de que una nueva entidad asuma la forma jurídica de prelatura personal, hasta ahora exclusiva del Opus Dei, se ha pronunciado el Opus Dei a través de Fernando Ocáriz, vicario auxiliar.
A continuación, la entrevista a Guido Pozzo traducida por el blog Non possumus.
C&W: ¿Por qué la unión de la FSSPX a la Iglesia católica es tan importante?
Guido Pozzo: La Iglesia sufre de falta de unidad. La FSSPX se compone de 600 sacerdotes, 200 seminaristas, y otros miembros de la familia representada en 70 países. Ante tan gran realidad, no podemos simplemente cerrar los ojos.
C & W: Recientemente ha habido una aceleración en las relaciones, ¿por qué?
Pozzo: Yo no hablo de una aceleración, sino de un paciente proceso de acercamiento. El Vaticano ya no pone ningún ultimátum, en su lugar nosotros proyectamos en común ciertos pasos para llegar a la reconciliación plena. Ya con las etapas preestablecidas, el camino es más fácil de recorrer. Todavía se deben aclarar ciertas cuestiones doctrinales y canónicas. Es muy importante promover un clima de conocimiento y comprensión mutua. A este respecto, ya hay mucho progreso.
C & W: ¿Qué ha cambiado en la posición del Vaticano desde el inicio de este pontificado?
Pozzo: Se integraron nuevas perspectivas. De 2009 a 2012, un debate teológico estaba en primer plano. Había dificultades doctrinales que impidieron el reconocimiento canónico de la Fraternidad. Sin embargo, sabemos que la vida es más que la doctrina. Los tres años pasados, a la discusión teológica se añadió el deseo de conocer más concretamente la realidad de la fraternidad y entenderla.
C & W: ¿Qué se ha conseguido?
Pozzo: Antes las discusiones se llevaban a cabo en una sala de conferencias, ahora en una atmósfera fraternal confortable, incluso si la conversación es la misma. Por orden del Vaticano, los seminarios y las casas de la Fraternidad fueron visitadas por un cardenal y cuatro obispos, para hacerse una imagen más fiel. Esto no sucedía antes, y ha ayudado al acercamiento.
C & W La Fraternidad tuvo durante mucho tiempo miembros extremistas en sus filas, como Mons. Williamson que negó el holocausto. ¿Esto obstaculizó las conversaciones?
Pozzo: Mons. Richard Williamson y otros elementos extremistas y anti romanos fueron excluidos de la Fraternidad o se separaron. Esto favoreció mucho el acercamiento.
C & W: ¿Qué instrucciones le dio Francisco para las negociaciones?
Pozzo: Cuando el Papa me nombró de nuevo como Secretario de la Comisión Ecclesia Dei, me instó a dialogar con paciencia, determinación y sin prisa. Insistió particularmente en mantener relaciones personales para crear un clima de confianza.
C & W: Bergoglio conoció a la Fraternidad en Argentina. ¿Cuán crucial es este contacto personal para el Papa?
Pozzo: Ciertamente que esto es un elemento importante. Cuando él todavía era arzobispo de Buenos Aires, Francisco tuvo contactos con la Fraternidad. Él vio hasta qué punto ellos se involucran en la evangelización y el trabajo caritativo. La Fraternidad no tiene, como se pretende frecuentemente, solo un valor en cuanto a la liturgia tradicional, sino también en sustancia.
C & W: Francisco siempre ha insistido en el aspecto pastoral. ¿Es esto también la clave para un entendimiento con la Fraternidad?
Pozzo: Lo pastoral y la teología dogmática son inseparables. El estilo y la disposición concreta de Francisco ayudan a lograr la unidad entre las personas no sólo para pensar, sino también para aprender. Por supuesto, algunos gestos son importantes. Él ha permitido a los sacerdotes de la Fraternidad el escuchar las confesiones de los creyentes, recibió al Superior General de la Fraternidad, Monseñor Bernard Fellay, en audiencia privada. Sin embargo, este acercamiento no pudo haber tenido lugar sin el levantamiento de las excomuniones por Benedicto XVI en 2009 y la reanudación de las conversaciones.
C & W: ¿Por qué se ha propuesto a la FSSPX una Prelatura Personal?
Pozzo: Esta parece ser la forma canónica apropiada. Mons. Fellay ha aceptado esta proposición, aunque durante los siguientes meses hay todavía detalles que aclarar. Solamente el Opus Dei tiene esta estructura canónica, lo cual es un gran voto de confianza hacia la FSSPX. Está claro que la solución canónica implica la solución de las cuestiones doctrinales.
C & W: ¿De cuáles cuestiones de doctrina se trata?
Pozzo: Como el Papa Benedicto XVI explicó en su libro “la luz del mundo”, los obispos de la FSSPX merecieron la excomunión porque Mons. Lefebvre consagró en 1988 los obispos sin la autorización del Papa. Después de que Mons. Fellay reconociera el primado, en 2009, en nombre de los otros obispos, la excomunión fue levantada. El papa Benedicto XVI dijo categóricamente que la excomunión no tenía nada que ver con el concilio Vaticano II, sino con una violación hacia el primado.
C & W: ¿Por qué la Fraternidad todavía está en una situación canónica irregular?
Pozzo: El levantamiento de la excomunión no es lo mismo que reconocimiento canónico. Esto sólo puede tener lugar con la solución de los problemas doctrinales. Hasta que esto suceda, los sacerdotes de la Fraternidad ejercen un oficio ilegítimo.
C & W: Entonces ¿qué es lo que falta?
El núcleo de la discusión es la cuestión de en qué medida los textos del Vaticano II están en continuidad con el Magisterio constante de la Iglesia. Nosotros estamos de acuerdo con la Fraternidad en el principio de que el concilio sólo puede ser comprendido con exactitud en el contexto de la totalidad de la Tradición y del Magisterio perenne. El concilio no es un súper dogma pastoral, sino parte de la totalidad de la Tradición y el magisterio constante.
C & W: ¿Qué significa esto?
Pozzo: Esto significa que la Tradición de la Iglesia ciertamente se desarrolla, pero nunca con el propósito de innovación, que represente un contraste con lo anterior, sino como un entendimiento más profundo del depositum fidei, de la fe auténtica. Todos los documentos de la Iglesia deben ser entendidos en este sentido, incluso los del concilio. Estas condiciones, así como la obligación de la profesión de fe, el reconocimiento de los sacramentos y la primacía del papa son la base de la declaración doctrinal que se sometió a la firma de la Fraternidad. Estas son las condiciones para un católico para estar en plena comunión con la Iglesia católica.
C & W: ¿No se espera que la FSSPX reconozca todas las declaraciones del concilio, incluyendo los textos sobre el ecumenismo y diálogo interreligioso?
Pozzo: La Fraternidad profesa los dogmas definidos y las verdades católicas que fueron confirmadas en los documentos del concilio. Sin embargo, éstas deben ser aceptadas de acuerdo al grado de aceptación requerido. Las enseñanzas de la Iglesia Católica que fueron presentadas por el concilio Vaticano II y deben ser aceptadas internamente por los fieles con decisión, son por ejemplo, la doctrina de la naturaleza sacramental del ministerio episcopal o la doctrina del primado del Papa y el Colegio de los Obispos, junto con su cabeza tal como fue expuesta por la constitución dogmática Lumen Gentium y como fue interpretada por la más alta autoridad en la Nota explicativa previa.
La Fraternidad tiene dificultades con algunos aspectos del decreto Nostra Aetate sobre el diálogo interreligioso, el decreto Unitatis Redintegratio sobre el ecumenismo y la Declaración Dignitatis Humanae sobre la libertad religiosa o con cuestiones respecto a las relaciones de la Cristiandad con la modernidad. Sin embargo, estos no son dogmas o declaraciones definitivas, sino instrucciones o guía para la práctica pastoral. Acerca de estos aspectos pastorales, se puede discutir después del reconocimiento canónico, con el propósito de clarificar.
C & W: ¿Entonces el Vaticano ha bajado el nivel de exigencias?
Pozzo: No. Hemos aclarado en los años recientes, cuáles cuestiones son esenciales y qué problemas pueden abordarse más adelante. Anteriormente, se trataba de llegar a un consenso en todas las cuestiones de una sola vez, desafortunadamente sin éxito. Ahora nos preguntamos: ¿Cuáles son realmente los requisitos esenciales para ser católico? Consultando al papa, los requisitos arriba mencionados están especificados en la declaración doctrinal que se entregó a la Fraternidad.
C & W: ¿Cómo llegó el Vaticano a la idea de que los documentos del concilio deberían tener diferente peso doctrinal?
Pozzo: Ciertamente que esta no es ninguna conclusión de nuestra parte, sino que ya estaba claramente al momento del concilio. El Secretario General del Concilio, el cardenal Pericle Felici, declaró el 16 de noviembre de 1964: “el Santo Sínodo sólo establece verdades de Fe y Moral de aceptación obligatoria por la Iglesia, cuando el propio Sínodo claramente así lo determine”. Sólo cuando los padres conciliares explícitamente los clasifiquen como obligatorios, deben aceptarse como tales. El Vaticano no lo inventó, está en los archivos.
(Acá no fue posible traducir de manera segura una respuesta larga de Mons. Pozzo sobre Nostra aetate)
C & W: ¿No calificarían algunos las concesiones del Vaticano respecto a las reservas de la Fraternidad como una capitulación?
Pozzo : Discutir del ecumenismo, del diálogo interreligioso, de la relación de la Iglesia y el Estado, la libertad religiosa, no significa negar el valor de los documentos correspondientes. Es muy interesante lo que dijo Mons. Fellay en una entrevista: “Existen puntos ambiguos en este Concilio, y no nos corresponde a nosotros aclararlos. Podemos señalar el problema, pero quien tiene la autoridad para aclararlo es Roma.” Se trata de discutir la hermenéutica de estos documentos ante el fondo decisivo de la Tradición continua. La Tradición ciertamente no es ningún fósil inanimado, pero no significa que se adapte a cualquier cultura del presente.
C & W: ¿Quién garantiza que las cuestiones en disputa, después del reconocimiento canónico, no sean desechadas?
Pozzo: La Fraternidad se ha comprometido a la discusión. La continuación de esta discusión no debe dar a nadie temor, pues sólo puede ser enriquecedora para toda la Iglesia. En mis conversaciones con los representantes de la Fraternidad me he encontrado con muchos oídos abiertos, aunque al mismo tiempo hay posiciones más rígidas y escépticas.
C & W: Las negociaciones con la Fraternidad giran alrededor del correcto entendimiento del concilio Vaticano II. ¿Por qué en la Iglesia, después de 50 años, aún no hay unidad?
Pozzo: Frecuentemente es por el llamado espíritu del concilio. Éste ha cubierto hasta hoy la enseñanza propia del concilio. Éste ha causado confusión e inseguridad en la Iglesia. Numerosas declaraciones de la CDF durante los últimos 40 años muestran cuán importante es poner en evidencia el significado del concilio y su enseñanza auténtica con el fin de evitar los malentendidos y difundir errores teológicos. Una vez Benedicto XVI dijo respecto a las diferentes interpretaciones de que no hubo reconciliación o unidad incluso antes del concilio de Nicea, “sino una situación realmente caótica en la cual todos argumentaban contra todos”. Por lo tanto, no es sorprendente que se discuta hoy en día.
C &W: En el Vaticano hay críticas por la línea dogmática poco clara en este pontificado. Al mismo tiempo el reconocimiento de una Fraternidad tradicionalista es inminente. ¿No es esto contradictorio?
Pozzo: Hoy en día hay grupos ideológicos de todas clases que instrumentalizan las declaraciones del papa. Frecuentemente deforman o recortan los mensajes dirigidos a la Iglesia. En el marco de la Fraternidad hablan de discordia por el reconocimiento del concilio. En este contexto, conviene notar que una Iglesia preconciliar y una Iglesia posconciliar nunca ha existido. Son deformaciones realizadas por el espíritu de la época que no tienen nada que ver con la Tradición de la Iglesia. En un momento tan difícil de confusión y desorientación como el de hoy, la tarea de los que desean permanecer fieles a la Tradición de la Iglesia es el promover el resurgimiento de la fe cristiana y las misiones. Yo deseo que la FSSPX, cuando esté completamente integrada en la Iglesia, pueda contribuir con su apostolado misionero a reforzar la fe católica en nuestra sociedad y nuestro mundo.
Dito isso, devo também dizer e registrar que rezo, todo santo dia, para que a Neofrat recupere a razão e se afaste definitivamente dessa súcia modernista, obedecendo, enfim, ao seu Venerável Fundador, Mons. Lefebvre, que provou em primeira pessoa do veneno "romano", ao assinar o célebre protocolo, rechaçado na manhã seguinte, por graça divina. A obstinação empedernida de Fellay em insistir em se integrar a uma "Igreja" à qual não pertencia (se é católico como diz), e de onde nunca saiu para, agora, dever "voltar", é o que mais o denuncia. Mas... os que o seguem nessa aventura por que não querem ver?
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Well, well, well... nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio. Ainda que isso leve meses, a VERDADE não pode ser escondida por muito tempo. Eu poderia desfilar aqui uma dúzia de provérbios e ditados populares para exemplificar o que houve, e tripudiar, mas, sejamos sinceros... não há graça nenhuma em constatar como a estultice humana põe tudo a perder. E com "tudo" me refiro às almas que foram arrastadas nessa aventura de Bernard Fellay e seus cúmplices.
Nos últimos meses, enquanto ele negava, o cardeal Pozzo vinha soltando na mídia os acontecimentos e as programações. Agora, diz o Infovaticana, é definitivo: Fellay aceitou a proposta - ACORDO - de Francisco, e as 30 moedas de pratas se chamam "Prelatura Pessoal", como já sabíamos e vinhamos divulgando aqui há tempos. De novo, para mim, pelo menos, é que será igual à Prelatura da Opus Dei, segundo informa o vicário auxiliar da própria Opus, que se posiciona a favor desse "privilégio" aos traidores.
No site do Infovaticana, se pode ler, em espanhol, a entrevista do cardeal Pozzo: http://infovaticana.com/2016/08/16/fellay-acepta-los-lefebvrianos-tendran-una-prelatura-personal/.
Vou traduzir rapidamente para vocês, se tiver algum erro... me avisem.
Fellay aceita e os lefebvrianos terão uma prelatura pessoal
Gabriel Ariza, 16 agosto, 2016
Francisco confirmou a possibilidade de que a FSSPX venha a se constituir em prelatura pessoal, ao estilo da Opus Dei. Foi confirmado pelo encarregado vaticano da “Ecclesia Dei”, Guido Pozzo. Francisco trabalha incansavelmente para fazer realidade esse “Ut unum sint”.
No último mês de abril, este portal adiantava a possibilidade de que a Fraternidade São Pio X, fundada por Monsenhor Lefebvre, alcançara a plena comunhão com a Igreja Católica constituindo-se em uma prelatura pessoal, ao estilo da prelatura da Opus Dei. É a oferta que fez o Papa, desde que os membros da FSSPX aceitem certos documentos conciliares.
O Papa recebe a Fellay e considera oferecer uma prelatura pessoal aos lefebvrianos.
Há um mês, em uma entrevista ao “La Croix”, o próprio Francisco confirmava esta opção, assegurando que a possibilidade da prelatura existe, e que há outros temas a aperfeiçoar.
O Papa confirma que a prelatura pessoal é uma opção para os lefebvristas.
Hoje sabemos, por Guido Pozzo, representante da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, o organismo para o diálogo com a FSSPX, que esta oferta do Papa foi aceita por Monsenhor Fellay[1], motivo pelo qual a tão almejada unidade está muito próxima.
Sobre o fato de que uma nova entidade assuma a forma jurídica de prelatura pessoal, até agora uma exclusividade da Opus Dei, se pronunciou a própria Opus Dei através de Fernando Ocáriz, vicário auxiliar.
A Opus Dei se mostra favorável à concessão de uma prelatura pessoal aos lefebvrianos.
A seguir, a entrevista de Guido Pozzo, traduzida pelo blog Non possumus.[2]
C&W: Por que a união da FSSPX com a Igreja católica é tão importante?
Guido Pozzo: A Igreja sofre de falta de unidade[3]. A FSSPX é composta por 600 sacerdotes, 200 seminaristas, e outros membros da família representada em 70 países. Diante de tão grande realidade, não podemos simplesmente fechar os olhos.
C & W: Recentemente houve uma aceleração nas relações, por quê?
Pozzo: Eu não falaria de uma aceleração, mas de um paciente processo de aproximação. O Vaticano já não impõe nenhum ultimatum[4]; ao invés disso, nós projetamos, em comum, certos passos para chegar à reconciliação plena[5]. Com as etapas preestabelecidas[6], o caminho se torna mais fácil de percorrer[7]. Todavia, se devem aclarar certas questões doutrinárias e canônicas. É muito importante promover um clima de conhecimento e compreensão mútua. A este respeito, já há muito progresso.
C & W: O que mudou na posição do Vaticano desde o início deste pontificado?
Pozzo: Integraram-se novas perspectivas. De 2009 a 2012, o debate teológico estava em primeiro plano. Havia dificuldades doutrinárias que impediam o reconhecimento canônico da Fraternidade. Mas, sabemos que a vida é mais do que a doutrina[8]. Nos três últimos anos, à discussão teológica se acrescentou o desejo de conhecer mais concretamente a realidade da Fraternidade e de entendê-la.
C & W: O que se conseguiu?
Pozzo: Antes, as discussões aconteciam em uma sala de conferências, agora se dão em uma atmosfera fraternal confortável, mesmo que a conversação seja a mesma[9]. Por ordem do Vaticano, os seminários e as casas da Fraternidade foram visitadas por um cardeal e quatro bispos, para se ter uma imagem mais fiel. Isto não acontecia antes[10], e ajudou à aproximação.
C & W: A Fraternidade teve, durante muito tempo, membros extremistas em suas fileiras, como Mons. Williamson, que negou o holocausto[11]. Isto obstaculizou as conversações?
Pozzo: Mons. Richard Williamson e outros elementos extremistas e anti-romanos foram excluídos da Fraternidade ou se separaram. Isto favoreceu muito a aproximação[12].
C & W: Que instruções lhe deu Francisco para as negociações?
Pozzo: Quando o Papa me nomeou novamente como Secretário da Comissão “Ecclesia Dei”, me solicitou a dialogar com paciência, determinação e sem pressa[13]. Insistiu particularmente em manter relações pessoais[14] para criar um clima de confiança.
C & W: Bergoglio conheceu a Fraternidade na Argentina. Quão crucial é este contato pessoal para o Papa?
Pozzo: Certamente que isso é um elemento importante. Quando ainda era arcebispo de Buenos Aires, Francisco teve contatos com a Fraternidade. Ele viu até que ponto eles se envolvem na evangelização e no trabalho caritativo. A Fraternidade não tem, como se pretende frequentemente, apenas um valor quanto à liturgia tradicional, mas também em substância[15].
C & W: Francisco sempre insistiu no aspecto pastoral. É essa também a chave para um entendimento com a Fraternidade?
Pozzo: O aspecto pastoral e a teologia dogmática são inseparáveis. O estilo e a disposição concreta de Francisco ajudam a lograr a unidade entre as pessoas, não só para pensar, mas também para aprender. Claro, alguns gestos são importantes. Ele permitiu que os sacerdotes da Fraternidade ouvissem as confissões dos crentes[16]; recebeu o Superior Geral da Fraternidade, Monsenhor Bernard Fellay, em audiência privada[17]. Claro, esta aproximação não poderia ter ocorrido sem o levantamento das excomunhões por Benedito XVI, em 2009, e o recomeço das conversações[18].
C & W: Por que foi proposto à FSSPX uma Prelatura Pessoal?
Pozzo: Esta parece ser a forma canônica apropriada. Mons. Fellay aceitou esta proposição[19], ainda que durante os próximos meses haja detalhes a serem aclarados[20]. Somente a Opus Dei tem esta estrutura canônica, o que é um grande voto de confiança[21] para com a FSSPX. Está claro que a solução canônica implica a solução das questões doutrinárias[22].
C & W: De quais questões de doutrina se trata?
Pozzo: Como o Papa Benedito XVI explicou em seu livro “A Luz do Mundo”, os bispos da FSSPX mereceram[23] a excomunhão porque Mons. Lefebvre consagrou, em 1988, os bispos sem à autorização do Papa. Depois de Mons. Fellay ter reconhecido o primado, em 2009, em nome dos outros bispos, a excomunhão foi levantada. O papa Benedito XVI disse categoricamente que a excomunhão não tinha nada a ver com o Concílio Vaticano II, mas com uma violação contra o primado[24].
C & W: Por que a Fraternidade ainda está em uma situação canônica irregular?
Pozzo: Levantamento da excomunhão não é o mesmo que reconhecimento canônico. Isso só pode ocorrer com a solução dos problemas doutrinários[25]. Até que isso ocorra, os sacerdotes da Fraternidade exercem um ofício ilegítimo.
C & W: Então, o que falta?
O núcleo da discussão é a questão de resolver em que medida os textos do Vaticano II estão em continuidade com o Magistério constante da Igreja[26]. Nós estamos de acordo com a Fraternidade quanto ao princípio de que o concílio só pode ser compreendido com exatidão no contexto da totalidade da Tradição e do Magistério perene[27]. O concílio não é um super-dogma pastoral, mas parte da totalidade da Tradição e do magistério constante.
C & W: O que significa isso?
Pozzo: Isso significa que a Tradição da Igreja, com certeza, se desenvolve, porém nunca com o propósito de uma inovação que represente um contraste com o anterior, mas como um entendimento mais profundo do “depositum fidei”, da fé autêntica. Todos os documentos da Igreja devem ser entendidos neste sentido, inclusive os do concílio. Estas condições, assim como a obrigação da profissão de fé[28], o reconhecimento dos sacramentos e da primazia do papa são a base da declaração doutrinal que foi submetida à assinatura da Fraternidade[29]. Estas são as condições para um católico estar em plena comunhão com a Igreja católica[30].
C & W: Não se espera que a FSSPX reconheça todas as declarações do concílio, inclusive os textos sobre o ecumenismo e diálogo inter-religioso?
Pozzo: A Fraternidade professa os dogmas definidos e as verdades católicas que foram confirmadas nos documentos do concílio[31]. No entanto, estas devem ser aceitas de acordo com o grau de aceitação requerido. Os ensinamentos da Igreja Católica que foram apresentados pelo concílio Vaticano II, e devem ser aceitos internamente pelos fiéis com decisão, são, por exemplo, a doutrina da natureza sacramental do ministério episcopal ou a doutrina do primado do Papa, e do Colégio dos Bispos, junto com sua cabeça, tal como foi exposto pela constituição dogmática “Lumen Gentium”, e como foi interpretada pela mais alta autoridade na Nota explicativa previa[32].
A Fraternidade tem dificuldades[33] com alguns aspectos[34] do decreto “Nostra Aetate”, sobre o diálogo inter-religioso; do decreto “Unitatis Redintegratio”, sobre o ecumenismo; e da Declaração “Dignitatis Humanae”, sobre a liberdade religiosa; ou com questões que dizem respeito às relações da Cristandade com a modernidade. No entanto, esses não são dogmas ou declarações definitivas, mas instruções ou guias para a prática pastoral. Acerca desses aspectos pastorais, se pode discutir depois do reconhecimento canônico, com o propósito de clarificar[35].
C & W: Então, o Vaticano baixou o nível de exigências?
Pozzo: Não. Aclaramos, nos últimos anos, quais questões são essenciais e que problemas podem ser deixados para mais adiante. Anteriormente, se tratava de chegar a um consenso em todas as questões de uma única vez, desafortunadamente sem êxito. Agora, nos perguntamos: quais são realmente os requisitos essenciais para ser católico[36]? Consultando ao papa, os requisitos acima mencionados estão especificados na declaração doutrina que foi entregue à Fraternidade[37].
C & W: Como chegou o Vaticano à ideia de que os documentos do concílio deveriam ter diferente peso doutrinal?
Pozzo: Certamente que esta não é nenhuma conclusão nossa, mas já estava claramente dito à época do concílio. O Secretário Geral do Concílio, o cardeal Pericle Felici, declarou, no dia 16 de novembro de 1964: “o Santo Sínodo apenas estabelece verdades de Fé e Moral de aceitação obrigatória para a Igreja quando o próprio Sínodo claramente assim o determine”. Somente quando os padres conciliares explicitamente os classifiquem como obrigatórios, devem ser aceitos como tais. O Vaticano não o inventou, está nos arquivos.
(Aqui não foi possível traduzir de maneira segura uma resposta mais extensa de Mons. Pozzo sobre “Nostra aetate”;[38])
C & W: Alguém não poderia qualificar as concessões do Vaticano sobre as reservas da Fraternidade como uma capitulação?
Pozzo: Discutir sobre o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a relação entre a Igreja e o Estado, a liberdade religiosa, não significa negar o valor dos documentos correspondentes. É muito interessante o que disse Mons. Fellay em uma entrevista: “Existem pontos ambíguos neste Concílio, e não corresponde a nós aclará-los. Podemos assinalar o problema, mas quem tem autoridade para aclará-los é Roma”. Trata-se de discutir a hermenêutica desses documentos diante do fundo decisivo da Tradição contínua[39]. A Tradição certamente não é nenhum fóssil inanimado, mas não significa que se adapte a qualquer cultura do presente.
C & W: Quem garante que as questões em disputa, depois do reconhecimento canônico, não serão dispensadas?
Pozzo: A Fraternidade se comprometeu à discussão[40]. A continuação desta discussão não deve preocupar ninguém, pois só pode ser enriquecedora para toda a Igreja. Em minhas conversações com os representantes da Fraternidade me deparei com muitos ouvidos abertos[41], ainda que, ao mesmo tempo, haja posições mais rígidas e céticas[42].
C & W: As negociações com a Fraternidade giram ao redor do correto entendimento do concílio Vaticano II. Por que na Igreja, depois de 50 anos, ainda não há unidade?
Pozzo: Muitas vezes, é por causa do chamado “espírito do concílio”. Esse cobriu até hoje o próprio ensinamento do concílio. Esse causou confusão e inseguridade na Igreja. Numerosas declarações da CDF, durante os últimos 40 anos, mostram quão importante é pôr em evidência o significado do concílio e sua doutrina autêntica, com o fim de evitar os mal-entendidos e difundir erros teológicos. Uma vez, Benedito XVI disse, a respeito das diferentes interpretações, que não houve reconciliação ou unidade mesmo antes do concílio de Niceia, “mas uma situação realmente caótica, na qual todos argumentavam contra todos”. Portanto, não deve nos surpreender que se discuta hoje em dia.
C &W: No Vaticano há críticas por causa da linha dogmática pouco clara neste pontificado. Ao mesmo tempo, o reconhecimento de uma Fraternidade tradicionalista é iminente. Isso não é contraditório?
Pozzo: Hoje em dia, há grupos ideológicos de todas classes que instrumentalizam as declarações do papa[43]. Muitas vezes, deformam ou recortam as mensagens dirigidas à Igreja. No âmbito da Fraternidade, falam de discórdia por causa do reconhecimento do concílio. Neste contexto, convém notar que nunca existiu uma Igreja pré-conciliar e uma Igreja pós-conciliar[44]. São deformações realizadas pelo espírito da época que não têm nada a ver com a Tradição da Igreja. Em um momento tão difícil de confusão e desorientação[45], como o de hoje, a tarefa dos que desejam permanecer fiéis à Tradição da Igreja é a de promover o ressurgimento da Fé cristã e das missões. Eu desejo que a FSSPX, quando esteja completamente integrada na Igreja[46], possa contribuir com seu apostolado missionário para reforçar a Fé católica em nossa sociedade e em nosso mundo.
NOTAS DO BLOG:
- Entenderam, amiguinhos? Fellay aceitou a proposta de Francisco. Ou, em outros termos, Fellay fez ACORDO com Francisco. Preciso desenhar?
- A versão em espanhol, será publicada a seguir, para que não seja necessário acessar esse blog traidor.
- E isso é culpa de quem? Quem foi que espalhou cizânia nos campos do Senhor?
- Entenderam, amiguinhos? Segundo Pozzo, quem dava as cartas era Roma apóstata, não Fellay. Mons. Lefebvre foi claro, se voltasse a negociar com Roma apóstata, ele imporia as condições. Alice... bom, Alice quer apenas tomar chá com o Chapeleiro Maluco.
- Para reconciliar-se, duas partes primeiro eram unidas e vieram a se separar. De fato, Roma apóstata se separou da Igreja Católica. Portanto, quem deve se reconciliar não é a Neofrat, que já está NA Igreja...
- Por quem? Aqui está sobejamente claro que por Roma Apóstata.
- O caminho mais fácil... é o da perdição. Isso qualquer criança de catequese sabe.
- Cada coisa que um deve ler nessa vida...
- Então, Bento foi frio e descortês... Francisco sempre fala como se antes dele a Igreja e tudo que diz respeito à Fé Católica não era católico. Que foi ele quem trouxe a catolicidade ao mundo! Sic!!! Mas, isso que Pozzo apresenta como "facilitadores de um diálogo" nada mais é do que perfumaria, secundário, desnecessário. Se houvesse apenas uma pedra no chão para sentar, mas houvesse VERDADE, tudo seria resolvido.
- Mais uma vez chama Bento de incompetente...
- E isso tem a ver o que com a questão? Parece que a frase “que negou o holocausto” é mais um sobrenome do bispo torto... Obviamente, se quer com isso desviar a atenção do que importa e achar um bode expiatório para um fracasso dos colóquios doutrinários. Sabemos bem que os colóquios fracassaram porque a Neofrat – ainda FSSPX, à época – gritou, no famoso Capítulo de 2012. Não estou, aqui defendendo, o bispo torto! Que fique registrado! O papel dele nessa história toda ainda não está claro.
- Claro, sem um pastor atento a proteger o rebanho, os lobos podem fazer a festa no redil. E deixo claro que não me refiro ao Williamson, pois temos pastores bem mais atentos e fiéis do que ele.
- Mais conhecido como “cozinhar o sapo”.
- Alguém lembra da visitinha de Fellay a Santa Marta? Aquela que disseram que não foi programada, que se encontraram por acaso...
- Francisco e suas periferias... Desconheço qualquer trabalho “caritativo” que a Neofrat faça junto a comunidade carentes. Ou que faça isso como prioridade.
- Pelo prazo de um ano. Não esqueçamos disso! O prazo esgota-se em novembro, se não me engano (não acompanho o calendário conciliar). Seria esse também o prazo dado a Fellay para se decidir?...
- Francisco também recebe gays, ditadores, abortistas, comunistas, satanistas... isso não significa absolutamente nada.
- Na verdade, o próprio Pozzo disse, em outra oportunidade, que essas conversas nunca foram interrompidas...
- Entenderam, amiguinhos, ou preciso desenhar? Fellay ACEITOU a prelatura pessoal. Em troca de que? Do lindo sorriso de Francisco?... Claro que não!!!
- Então, se dessume disso que o ACORDO já foi fechado, o resto são detalhes.
- Essa frase mostra que é Roma Apóstata quem dita as regras. Fellay capitulou. Como todas os demais integrantes do “Ecclesia Dei”. A diferença é que ele barganhou melhor suas benesses. Suas 30 moedas de prata são mais reluzentes.
- Entenderam, amiguinhos, ou preciso desenhar? “Está claro que a solução canônica implica a solução das questões doutrinárias”. “Está claro”, ou seja, é evidente, é condição “sine qua non” para o ACORDO ser selado. E o que “está claro”? Está claro que a prelatura IMPLICA o silêncio da Neofrat sobre o CVII. Te dou a prelatura, mas você para de me aborrecer com essa história de heresias conciliares... blá, blá, blá...
- Está claro, amiguinhos? “Mereceram”... Well, eu acho mesmo que merecemos, e me uno aos benditos excomungados por JPII, porque significa que não pertenço àquela seita, mas à Igreja Católica. Mas a colocação, aqui, por Pozzo, não é essa. Sabemos bem.
- Entenderam, amiguinhos? Para eles, a excomunhão não teve nada a ver com as heresias conciliares e o grande perigo para a Fé que o CVII representava. Mas foi "birra" de Mons. Lefebvre com JPII... sic! E que só foram levantadas as excomunhões porque Fellay, em nome dos demais bispos, dobrou os joelhos à hierarquia apóstata. É o mesmo – desenhando – que se Fellay reconhecesse o primado de... Lutero.
- Entenderam, amiguinhos? Preciso desenhar de novo? É um “out out”. Ou resolve a pendenga ou não ganha a prelatura. E resolver a pendenga significa aceitar o CVII.
- A hermenêutica da continuidade de Bento XVI.
- Entenderam, amiguinhos? “Nós estamos de acordo com a Fraternidade”, ou seja, a Neofrat também entende que os documentos conciliares devem ser lidos “à luz da Tradição”, como defendia Bento XVI.
- Que profissão de Fé? A que Fé? Se Roma apostatou, a quem os neofrats vão prestar juramento?
- Entenderam, amiguinhos? HÁ uma declaração doutrinal. Resta saber se está se referindo à de 2012, de que todo mundo tomou conhecimento e que foi repelida pelo Capítulo da FSSPX, ou se está falando de uma nova declaração doutrinal, mantida em sigilo pela Neofrat. Seja como for, seja qual for, deve ser apresentada novamente ao Capítulo para ser aprovada e a pergunta que não quer calar é: como Fellay fará isso? E mais... os neofrats vão acatar? O tempo dirá.
- Entenderam, amiguinhos? Aqui se fala claramente de “condições obrigatórias”, é um pacote que deve ser aceito todo inteiro, sem reclamações. É ACORDO, sim!
- Ecumenismo, liberdade religiosa, modernismo... não fazem parte da Tradição Católica.
- Alguém acredita que Fellay não sabe o que isso significa? E que não concordou com isso para aceitar a prelatura?
- Sic! Ortodoxia, agora, se chama “dificuldade de aceitar”...
- Sic! Heresias, agora, se chama “alguns aspectos”...
- Leia-se: a Neofrat deve se adequar a isso, deve aceitar isso.
- Entenderam, amiguinhos? De novo, ou você aceita o CVII ou você não é católico.
- De novo, qual? A de 2012, ou foi apresentada uma outra, que foi mantida em segredo?
- Nota do tradutor para o espanhol.
- Hermenêutica da continuidade de Bento XVI, que nos tempos áureos da Neofrat era vivamente rechaçada porque herética.
- Mais uma vez, “está claro” que quem dá as cartas aqui é Roma apóstata. A Neofrat “se comprometeu”. E “está claro”, também, que SE COMPROMETEU. Passado, já selou o ACORDO.
- Os traidores são mais do que se possa imaginar...
- Ortodoxia, agora, é rigidez e ceticismo...
- A mesma cantilena de que distorcem o que Francisco diz...
- Mente. Descaradamente. Eles mesmos se auto-intitulam “conciliares”. A Igreja de sempre tem tanto a ver com essa Igreja conciliar como qualquer igreja protestante. De fato, para mim, em particular, a neo-Igreja é uma igreja luterana.
- Provocadas por quem?
- E quando foi que a Neofrat FSSPX esteve fora da Igreja Católica? Pelo que me consta, quem está fora da Igreja Católica é a Roma apóstata, segundo disse Monsenhor Lefebvre.
Visto em: http://infovaticana.com/2016/08/16/fellay-acepta-los-lefebvrianos-tendran-una-prelatura-personal.
Tradução: Giulia d'Amore
EM ESPANHOL:
Fellay acepta y los lefebvrianos tendrán una prelatura personal
Gabriel Ariza, 16 agosto, 2016
Francisco confirmó la posibilidad de que la FSSPX se constituyera en prelatura personal, al estilo del Opus Dei. Lo ha confirmado el encargado vaticano de Ecclesia Dei, Guido Pozzo. Francisco trabaja incansable para hacer realidad ese ‘Ut unum sint’.
El pasado mes de abril este portal adelantaba la posibilidad de que la Fraternidad de San Pío X, fundada por Monseñor Lefebvre, alcanzara la plena comunión con la Iglesia Católica constituyéndose en prelatura personal, al estilo de la del Opus Dei. Es la oferta que hizo el Papa, siempre y cuando los miembros de la FSSPX acepten ciertos documentos conciliares.
El Papa recibe a Fellay y sopesa ofrecer una prelatura personal a los Lefebvrianos
Al cabo de un mes, en una entrevista en La Croix, el propio Francisco confirmaba esta opción, asegurando que la posibilidad de la prelatura existe y que hay otros temas que pulir.
El Papa confirma que la prelatura personal es una opción para los lefebvristas
Hoy sabemos por Guido Pozzo, responsable de la Comisión Pontificia Ecclesia Dei, el organismo para el diálogo con la FSSPX, que esta oferta del Papa ha sido aceptada por Monseñor Fellay, por lo que la tan ansiada unidad está muy próxima.
Sobre el hecho de que una nueva entidad asuma la forma jurídica de prelatura personal, hasta ahora exclusiva del Opus Dei, se ha pronunciado el Opus Dei a través de Fernando Ocáriz, vicario auxiliar.
El Opus Dei se muestra favorable a la concesión de una prelatura personal a los lefebvrianos
A continuación, la entrevista a Guido Pozzo traducida por el blog Non possumus.
C&W: ¿Por qué la unión de la FSSPX a la Iglesia católica es tan importante?
Guido Pozzo: La Iglesia sufre de falta de unidad. La FSSPX se compone de 600 sacerdotes, 200 seminaristas, y otros miembros de la familia representada en 70 países. Ante tan gran realidad, no podemos simplemente cerrar los ojos.
C & W: Recientemente ha habido una aceleración en las relaciones, ¿por qué?
Pozzo: Yo no hablo de una aceleración, sino de un paciente proceso de acercamiento. El Vaticano ya no pone ningún ultimátum, en su lugar nosotros proyectamos en común ciertos pasos para llegar a la reconciliación plena. Ya con las etapas preestablecidas, el camino es más fácil de recorrer. Todavía se deben aclarar ciertas cuestiones doctrinales y canónicas. Es muy importante promover un clima de conocimiento y comprensión mutua. A este respecto, ya hay mucho progreso.
C & W: ¿Qué ha cambiado en la posición del Vaticano desde el inicio de este pontificado?
Pozzo: Se integraron nuevas perspectivas. De 2009 a 2012, un debate teológico estaba en primer plano. Había dificultades doctrinales que impidieron el reconocimiento canónico de la Fraternidad. Sin embargo, sabemos que la vida es más que la doctrina. Los tres años pasados, a la discusión teológica se añadió el deseo de conocer más concretamente la realidad de la fraternidad y entenderla.
C & W: ¿Qué se ha conseguido?
Pozzo: Antes las discusiones se llevaban a cabo en una sala de conferencias, ahora en una atmósfera fraternal confortable, incluso si la conversación es la misma. Por orden del Vaticano, los seminarios y las casas de la Fraternidad fueron visitadas por un cardenal y cuatro obispos, para hacerse una imagen más fiel. Esto no sucedía antes, y ha ayudado al acercamiento.
C & W La Fraternidad tuvo durante mucho tiempo miembros extremistas en sus filas, como Mons. Williamson que negó el holocausto. ¿Esto obstaculizó las conversaciones?
Pozzo: Mons. Richard Williamson y otros elementos extremistas y anti romanos fueron excluidos de la Fraternidad o se separaron. Esto favoreció mucho el acercamiento.
C & W: ¿Qué instrucciones le dio Francisco para las negociaciones?
Pozzo: Cuando el Papa me nombró de nuevo como Secretario de la Comisión Ecclesia Dei, me instó a dialogar con paciencia, determinación y sin prisa. Insistió particularmente en mantener relaciones personales para crear un clima de confianza.
C & W: Bergoglio conoció a la Fraternidad en Argentina. ¿Cuán crucial es este contacto personal para el Papa?
Pozzo: Ciertamente que esto es un elemento importante. Cuando él todavía era arzobispo de Buenos Aires, Francisco tuvo contactos con la Fraternidad. Él vio hasta qué punto ellos se involucran en la evangelización y el trabajo caritativo. La Fraternidad no tiene, como se pretende frecuentemente, solo un valor en cuanto a la liturgia tradicional, sino también en sustancia.
C & W: Francisco siempre ha insistido en el aspecto pastoral. ¿Es esto también la clave para un entendimiento con la Fraternidad?
Pozzo: Lo pastoral y la teología dogmática son inseparables. El estilo y la disposición concreta de Francisco ayudan a lograr la unidad entre las personas no sólo para pensar, sino también para aprender. Por supuesto, algunos gestos son importantes. Él ha permitido a los sacerdotes de la Fraternidad el escuchar las confesiones de los creyentes, recibió al Superior General de la Fraternidad, Monseñor Bernard Fellay, en audiencia privada. Sin embargo, este acercamiento no pudo haber tenido lugar sin el levantamiento de las excomuniones por Benedicto XVI en 2009 y la reanudación de las conversaciones.
C & W: ¿Por qué se ha propuesto a la FSSPX una Prelatura Personal?
Pozzo: Esta parece ser la forma canónica apropiada. Mons. Fellay ha aceptado esta proposición, aunque durante los siguientes meses hay todavía detalles que aclarar. Solamente el Opus Dei tiene esta estructura canónica, lo cual es un gran voto de confianza hacia la FSSPX. Está claro que la solución canónica implica la solución de las cuestiones doctrinales.
C & W: ¿De cuáles cuestiones de doctrina se trata?
Pozzo: Como el Papa Benedicto XVI explicó en su libro “la luz del mundo”, los obispos de la FSSPX merecieron la excomunión porque Mons. Lefebvre consagró en 1988 los obispos sin la autorización del Papa. Después de que Mons. Fellay reconociera el primado, en 2009, en nombre de los otros obispos, la excomunión fue levantada. El papa Benedicto XVI dijo categóricamente que la excomunión no tenía nada que ver con el concilio Vaticano II, sino con una violación hacia el primado.
C & W: ¿Por qué la Fraternidad todavía está en una situación canónica irregular?
Pozzo: El levantamiento de la excomunión no es lo mismo que reconocimiento canónico. Esto sólo puede tener lugar con la solución de los problemas doctrinales. Hasta que esto suceda, los sacerdotes de la Fraternidad ejercen un oficio ilegítimo.
C & W: Entonces ¿qué es lo que falta?
El núcleo de la discusión es la cuestión de en qué medida los textos del Vaticano II están en continuidad con el Magisterio constante de la Iglesia. Nosotros estamos de acuerdo con la Fraternidad en el principio de que el concilio sólo puede ser comprendido con exactitud en el contexto de la totalidad de la Tradición y del Magisterio perenne. El concilio no es un súper dogma pastoral, sino parte de la totalidad de la Tradición y el magisterio constante.
C & W: ¿Qué significa esto?
Pozzo: Esto significa que la Tradición de la Iglesia ciertamente se desarrolla, pero nunca con el propósito de innovación, que represente un contraste con lo anterior, sino como un entendimiento más profundo del depositum fidei, de la fe auténtica. Todos los documentos de la Iglesia deben ser entendidos en este sentido, incluso los del concilio. Estas condiciones, así como la obligación de la profesión de fe, el reconocimiento de los sacramentos y la primacía del papa son la base de la declaración doctrinal que se sometió a la firma de la Fraternidad. Estas son las condiciones para un católico para estar en plena comunión con la Iglesia católica.
C & W: ¿No se espera que la FSSPX reconozca todas las declaraciones del concilio, incluyendo los textos sobre el ecumenismo y diálogo interreligioso?
Pozzo: La Fraternidad profesa los dogmas definidos y las verdades católicas que fueron confirmadas en los documentos del concilio. Sin embargo, éstas deben ser aceptadas de acuerdo al grado de aceptación requerido. Las enseñanzas de la Iglesia Católica que fueron presentadas por el concilio Vaticano II y deben ser aceptadas internamente por los fieles con decisión, son por ejemplo, la doctrina de la naturaleza sacramental del ministerio episcopal o la doctrina del primado del Papa y el Colegio de los Obispos, junto con su cabeza tal como fue expuesta por la constitución dogmática Lumen Gentium y como fue interpretada por la más alta autoridad en la Nota explicativa previa.
La Fraternidad tiene dificultades con algunos aspectos del decreto Nostra Aetate sobre el diálogo interreligioso, el decreto Unitatis Redintegratio sobre el ecumenismo y la Declaración Dignitatis Humanae sobre la libertad religiosa o con cuestiones respecto a las relaciones de la Cristiandad con la modernidad. Sin embargo, estos no son dogmas o declaraciones definitivas, sino instrucciones o guía para la práctica pastoral. Acerca de estos aspectos pastorales, se puede discutir después del reconocimiento canónico, con el propósito de clarificar.
C & W: ¿Entonces el Vaticano ha bajado el nivel de exigencias?
Pozzo: No. Hemos aclarado en los años recientes, cuáles cuestiones son esenciales y qué problemas pueden abordarse más adelante. Anteriormente, se trataba de llegar a un consenso en todas las cuestiones de una sola vez, desafortunadamente sin éxito. Ahora nos preguntamos: ¿Cuáles son realmente los requisitos esenciales para ser católico? Consultando al papa, los requisitos arriba mencionados están especificados en la declaración doctrinal que se entregó a la Fraternidad.
C & W: ¿Cómo llegó el Vaticano a la idea de que los documentos del concilio deberían tener diferente peso doctrinal?
Pozzo: Ciertamente que esta no es ninguna conclusión de nuestra parte, sino que ya estaba claramente al momento del concilio. El Secretario General del Concilio, el cardenal Pericle Felici, declaró el 16 de noviembre de 1964: “el Santo Sínodo sólo establece verdades de Fe y Moral de aceptación obligatoria por la Iglesia, cuando el propio Sínodo claramente así lo determine”. Sólo cuando los padres conciliares explícitamente los clasifiquen como obligatorios, deben aceptarse como tales. El Vaticano no lo inventó, está en los archivos.
(Acá no fue posible traducir de manera segura una respuesta larga de Mons. Pozzo sobre Nostra aetate)
C & W: ¿No calificarían algunos las concesiones del Vaticano respecto a las reservas de la Fraternidad como una capitulación?
Pozzo : Discutir del ecumenismo, del diálogo interreligioso, de la relación de la Iglesia y el Estado, la libertad religiosa, no significa negar el valor de los documentos correspondientes. Es muy interesante lo que dijo Mons. Fellay en una entrevista: “Existen puntos ambiguos en este Concilio, y no nos corresponde a nosotros aclararlos. Podemos señalar el problema, pero quien tiene la autoridad para aclararlo es Roma.” Se trata de discutir la hermenéutica de estos documentos ante el fondo decisivo de la Tradición continua. La Tradición ciertamente no es ningún fósil inanimado, pero no significa que se adapte a cualquier cultura del presente.
C & W: ¿Quién garantiza que las cuestiones en disputa, después del reconocimiento canónico, no sean desechadas?
Pozzo: La Fraternidad se ha comprometido a la discusión. La continuación de esta discusión no debe dar a nadie temor, pues sólo puede ser enriquecedora para toda la Iglesia. En mis conversaciones con los representantes de la Fraternidad me he encontrado con muchos oídos abiertos, aunque al mismo tiempo hay posiciones más rígidas y escépticas.
C & W: Las negociaciones con la Fraternidad giran alrededor del correcto entendimiento del concilio Vaticano II. ¿Por qué en la Iglesia, después de 50 años, aún no hay unidad?
Pozzo: Frecuentemente es por el llamado espíritu del concilio. Éste ha cubierto hasta hoy la enseñanza propia del concilio. Éste ha causado confusión e inseguridad en la Iglesia. Numerosas declaraciones de la CDF durante los últimos 40 años muestran cuán importante es poner en evidencia el significado del concilio y su enseñanza auténtica con el fin de evitar los malentendidos y difundir errores teológicos. Una vez Benedicto XVI dijo respecto a las diferentes interpretaciones de que no hubo reconciliación o unidad incluso antes del concilio de Nicea, “sino una situación realmente caótica en la cual todos argumentaban contra todos”. Por lo tanto, no es sorprendente que se discuta hoy en día.
C &W: En el Vaticano hay críticas por la línea dogmática poco clara en este pontificado. Al mismo tiempo el reconocimiento de una Fraternidad tradicionalista es inminente. ¿No es esto contradictorio?
Pozzo: Hoy en día hay grupos ideológicos de todas clases que instrumentalizan las declaraciones del papa. Frecuentemente deforman o recortan los mensajes dirigidos a la Iglesia. En el marco de la Fraternidad hablan de discordia por el reconocimiento del concilio. En este contexto, conviene notar que una Iglesia preconciliar y una Iglesia posconciliar nunca ha existido. Son deformaciones realizadas por el espíritu de la época que no tienen nada que ver con la Tradición de la Iglesia. En un momento tan difícil de confusión y desorientación como el de hoy, la tarea de los que desean permanecer fieles a la Tradición de la Iglesia es el promover el resurgimiento de la fe cristiana y las misiones. Yo deseo que la FSSPX, cuando esté completamente integrada en la Iglesia, pueda contribuir con su apostolado misionero a reforzar la fe católica en nuestra sociedad y nuestro mundo.
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