Uma nova tradição natalina
EVANGELHO DE SÃO LUCAS
2 (onde esteve) quarenta dias, e era tentado pelo demônio. E não comeu nada nestes dias; e, passados eles, teve fome.
3 Disse-lhe, então, o demônio: “Se és filho de Deus, dize a esta pedra que se converta em pão”.
4 E Jesus respondeu-lhe: “Está escrito: O homem não vive só de pão, mas de toda a palavra de Deus”.
5 E o demônio conduziu-o a um alto monte, e mostrou-lhe, num momento, todos os reinos da terra,
6 e disse-lhe: “Dar-te-ei o poder de tudo isto, e a glória destes (reinos), porque eles foram-me dados, e eu dou-os a quem me parece”.
7 “Portanto, se tu me adorares, todos eles serão teus”.
8 E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e a Ele só servirás”.
9 E levou-o a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: “Se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo”.
10 “Porque está escrito que Deus mandou aos seus Anjos que tivessem cuidado de ti, e que te guardassem”,
11 “e que te sustivessem em suas mãos, para não magoares o teu pé em nenhuma pedra”.
12 E Jesus, respondendo, disse-lhe: “(Também) foi dito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’.”
13 E, terminada a tentação, retirou-se dele o demônio até outro tempo.
SEGUNDA PARTE
14 Jesus voltou sob o impulso do Espírito para a Galileia, e a sua fama divulgou-se por todo o país.
15 E ensinava nas sinagogas deles, e era aclamado por todos.
16 Foi a Nazaré, onde se tinha criado, e entrou na sinagoga, segundo o seu costume, em dia de sábado, e levantou-se para fazer a leitura.
17 Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. E, quando desenrolou o livro, encontrou o lugar onde estava escrito:
18 “O Espírito do Senhor (repousou) sobre mim; pelo que me ungiu para evangelizar os pobres, me enviou a sarar os contritos do coração”,
19 “a anunciar aos cativos a redenção, e aos cegos a recuperação da vista, a pôr em liberdade os oprimidos, a pregar o ano favorável do Senhor, e o dia da retribuição”.
20 E, tendo enrolado o livro, deu-o ao ministro, e sentou-se. Estavam fixos nele os olhos de todos (os que se encontravam) na sinagoga.
21 E começou a dizer-lhes: “Hoje cumpriu-se esta escritura que acabais de ouvir”.
22 E todos lhe davam testemunho, e admiravam-se da graça das palavras que saíam da sua boca, e diziam: “Não é este o filho de José?”.
23 E Ele disse-lhes: “Sem dúvida que vós me aplicareis este provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo: todas aquelas grandes coisas que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, faze-as também aqui na tua pátria’.”
24 Ele, porém, disse-lhes: “Na verdade vos digo que nenhum profeta é (bem) recebido na sua pátria”.
25 “Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando foi fechado o céu durante três anos e seis meses, e houve uma grande fome por toda a terra”;
26 “e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma mulher viúva de Sarepta, do território de Sidónia”.
27 “E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado (pelo profeta), senão Naaman Sírio”.
28 Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo isto, encheram-se de ira.
29 E levantaram-se, e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até ao cume do monte, sobre o qual estava edificada a sua cidade, para o precipitarem.
30 Mas Ele, passando pelo meio deles, retirou-se.
31 Foi a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali os ensinava aos sábados.
32 E espantavam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.
33 E estava na sinagoga um homem possesso de um demônio imundo, o qual exclamou em alta voz,
34 dizendo: “Deixa-nos, que tens tu que ver conosco, ó Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem és, o Santo de Deus”.
35 E Jesus o repreendeu, dizendo: “Cala-te, e sai desse (homem)”. E o demônio, depois de o ter lançado por terra no meio (de todos), saiu dele, sem lhe fazer nenhum mal.
36 E todos se atemorizaram, e falavam uns com os outros, dizendo: “Que é isto, Ele manda com autoridade e poder aos espíritos imundos, e estes saem?”.
37 E a sua fama ia-se espalhando por todos os lugares do país.
38 E, saindo Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão. Ora a sogra de Simão estava com febre muito alta; e pediram-lhe por ela.
39 E, inclinando-se para ela, ordenou à febre; e a febre deixou-a. E ela, levantando-se logo, servia-os.
40 Quando foi sol posto, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias, traziam-lhos. E ele, impondo as mãos sobre cada um deles, sarava-os.
41 E de muitos saíam os demônios, gritando e dizendo: “Tu és o Filho de Deus”; mas Ele, repreendendo-os, não lhes permitia dizer que sabiam que ele era o Cristo.
42 E, depois que se fez dia, tendo saído, foi para um lugar deserto, e as multidões O buscavam e foram até onde Ele estava; e O detinham, para que se não afastasse deles.
43 Mas Ele disse-lhes: “É necessário que Eu anuncie também às outras cidades o reino de Deus, pois para isso é que fui enviado”.
44 E andava pregando nas sinagogas da Galileia.
Novo Testamento. Tradução do Padre Matos Soares, 1950, pp. 2156-2159.
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