Infalibilidade Pontifícia para dummies
É inacreditável como certas heresias natimortas se perpetuam. E em ambientes pretensamente tradicionalistas... Hoje, quero vos falar sobre a Infalibilidade Pontifícia, e vou até desenhar para os mentecaptos.
A Infalibilidade Pontifícia (ou Papal) foi longamente discutida e analisada na História do Cristianismo, sendo reafirmada por diversos teólogos e Papas. A primeira menção a esta doutrina ocorre ainda em 90 d.C., quando o Apóstolo João ainda vivia em Éfeso; o Papa Clemente I, ao intervir nos assuntos de Corinto, afirmava estar “falando em nome do Espírito Santo”, ou seja, era infalível. No século XI, a Proposição XXII do “Dictatus Papæ” afirmava que “o PAPA NUNCA ERROU E NÃO ERRARÁ NUNCA, segundo o testemunho das Escrituras”. Na Idade Média e Renascimento, diversos teólogos discutiram a infalibilidade do Papa quando define questões de fé e moral, incluído Santo Tomás de Aquino. Em 1330, o bispo carmelita Guido Terreni descreveu o uso da infalibilidade do Papa em termos muito semelhantes àqueles que seriam utilizados no Concílio Vaticano.
Concílio Vaticano, 1870.
A doutrina da infalibilidade do Papa foi oficialmente colocada em discussão, pela primeira vez, no dia 13 de julho de 1870, durante o Concílio Vaticano, sob Pio IX, quando a ampla maioria dos Padres conciliares (que têm direito a voto) aceitou a definição de infalibilidade. Na quarta sessão pública, a relação de Padres conciliares favoráveis foi ainda maior, embora 57 deles, adversários da definição, tivessem voltado para seus locais de origem antes dessa sessão. Assim, o DOGMA foi declarado em 18 de julho de 1870, através da Constituição Dogmática “Pastor Æternus”, que trata do primado e da infalibilidade do Papa, e que assim diz:
“Portanto Nós, permanecendo fiéis à tradição recebida desde os primórdios da fé cristã, para a glória de Deus nosso Salvador, para a exaltação da religião Católica e para a salvação dos povos cristãos, com a aprovação do sagrado Concílio, proclamamos e definimos como dogma revelado por Deus que o Romano Pontífice, quando fala ex cathedra, isto é, quando exerce seu supremo ofício de Pastor e de Doutor de todos os cristãos, e , em virtude de seu supremo poder Apostólico, define uma doutrina sobre a fé e a moral, vincula toda a Igreja, pela divina assistência a ele prometida na pessoa do bem-aventurado Pedro, goza daquela infalibilidade com a qual o divino Redentor quis que sua Igreja fosse dotada, ao definir a doutrina sobre a fé e a moral: portanto, essas definições do Romano Pontífice são imutáveis por si mesmas, e não pelo consenso da Igreja.
Se, portanto, alguém se atrever a se opor a essa Nossa definição, Deus não queira!: seja anátema.”
O que é, então, a Infalibilidade Papal? É um DOGMA da Igreja Católica que afirma que o Papa NÃO ERRA quando fala, “EX CATHEDRA”, como Pastor de todos os cristãos, em nome da Igreja, SOBRE QUESTÕES DE FÉ E MORAL. Para tanto, o Papa goza de assistência sobrenatural do Espírito Santo, que o preserva de todo o erro. A Infalibilidade Papal é o efeito concreto da promessa de Cristo de preservar a Sua Igreja na verdade, e sua CONSEQUÊNCIA direta é que o que ele decide — ou seja, a definição “ex cathedra” dos Papas — NÃO PODE SER REVOGADA, e é por si mesma IRREFORMÁVEL.
O que são as definições “ex cathedra” (literalmente, “desde ou a partir da cadeira de São Pedro”)? São todos os ensinamentos, ORDINÁRIOS ou SOLENES, nos quais o Papa se pronuncia, “da cátedra de Pedro”, sobre questões de moral ou de fé.
Vale ressaltar que, além do Papa, também goza de infalibilidade o EPISCOPADO CATÓLICO PLENO, em união com o Papa, que é a cabeça do Episcopado, MAS SÓ quando reunido em CONCÍLIO ECUMÊNICO. Quando disperso, o Episcopado ensina e promove uma verdade de fé ou de costumes JÁ professada e sustentada por toda a Igreja Católica.
Qual é, então, a celeuma toda? Acontece que há uma meia dúzia de néscios — “o demônio tem que trabalhar com esses néscios para poder se infiltrar no sedevacantismo e desacreditá-lo” (Rev. Padre Ernesto Cardozo) — que, arvorando-se a Magistério supremo e infalível da Igreja, crê e professa — contra o Dogma — que o Papa só é infalível quando se trata do Magistério solene, e não para as questões ordinárias, como, por exemplo, na reforma da Semana Santa de Pio XII… SIC!
Quero crer que seja apenas por IGNORÂNCIA das coisas da Igreja, por isso faço a caridade de explicar a todos os que estão equivocados. E provo.
Trago à colação o parágrafo 1º do Cânon 1323 do Código de Direito Canônico/1917, ao qual todo católico está obrigado a obedecer, que diz:
§ 1. Devemos crer, com fé divina e católica, tudo o que está contido na Palavra escrita de Deus ou na tradição divina e que a Igreja, OU por definição solene OU POR SEU MAGISTÉRIO ORDINÁRIO E UNIVERSAL, propõe como divinamente revelado.
Sive... sive, em latim: ou... ou. É uma alternativa, não uma exclusividade. Pensem, jovens! Usem o cérebro que vos foi dado!!!
Como está fácil de compreender, a Igreja, quando diz que o Papa não erra ao falar, “ex cathedra”, como Pastor de todos os cristãos, em nome da Igreja, sobre questões de fé e moral, não diz que é EXCLUSIVAMENTE quando fala solenemente.
Friso que esse tipo de pensamento é herético e ligado ao Galicanismo(*). Atentos!!!
Quem não obedece a isso é porque odeia Pio XII, mesmo reconhecendo-o como Papa católico. O que mais explicaria a aversão que eles têm por toda e qualquer decisão desse admirável Papa, como quando criou uma festa que honra o pai putativo de Nosso Senhor Jesus Cristo e que não tem, em si, qualquer mácula de heresia ou blasfêmia? Parece que só aceitam a canonização e a festa de São Pio X que só está no calendário graças a Pio XII…
Pelos frutos se reconhece a árvore, e as árvores que dão esses néscios as conhecemos bem!!!
E alegra-me saber que, graças a Deus, nas Missões Cristo Rei não há tal qualidade de néscios, porque somos muito bem instruídos por nosso Diretor Espiritual, o Reverendo Padre Ernesto Cardozo.
Enfim, assunto encerrado. Estão devidamente esclarecidos, inclusive com a fonte indiscutível do Cânon 1323, § 1º.
Nota: Voltaremos a esse assunto mais tarde.
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