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quinta-feira, 30 de maio de 2019

30 de maio: Santa Joana d'Arc

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30 de maio 

Santa Joana d'Arc 

a Donzela de Orleans  


Joana nasceu em Domrémy, aos 6 de janeiro de 1412, filha de Jaques d’Arc e de Isabelle Romée; teve tres irmãos e uma irmã: Jacques, Jean, Pierre e Catherine. Morreu em Rouen, no rogo, aos 30 de maio de 1431. Participou da Guerra dos Cem Anos, e das batalhas de Jargeau, Meung-sur-Loire, Beaugency, Patay, Compiègne e do Assédio a Orleans. O armamento: Janan deixara Chino com uma armadura branca, montando um cavalo negro. Trazia consigo uma espada que mandara buscar perto da igreja de Santa Catarina de Fierbois e uma pequeno machado na mão direita, enquanto o seu pajem levava o seu estandarte. Geralmente, levava ela mesma o estandarte porque não queria ferir mortalmente os seus inimigos. Talvez por ter se quebrado a primeira espada, Joana a substituiu por outra tomada a um soldado inimigo que havia feito prisioneiro. 



A 30 de maio de 1431, véspera de “Corpus Christi”, uma jovem era conduzida para a Praça do Mercado Velho, em Rouen. Amarraram-na ao alto da pilha de lenha, onde o fogo deveria ser ateado. Pendia-lhe da cabeça um papel com a inscrição "herética, relapsa, apóstata e idólatra". Numerosa multidão cercava a praça. Seiscentos soldados ingleses montavam a guarda. Chegada ao local da execução, ela pediu uma cruz. Um soldado inglês quebrou a haste da lança em duas partes, amarrou-as em forma de cruz e entregou-lha. De posse do precioso emblema, foi amarrada ao poste. Então, a jovem clamou alto por São Miguel. O algoz chegou o facho à lenha molhada com azeite, e o fogo alastrou-se com fúria, de baixo para cima. Assim que as labaredas a envolveram, a jovem bradou com força, para reafirmar fidelidade à sua missão: "Não me enganei, as vozes eram do Céu". Enquanto as chamas devoravam seu corpo, reafirmou que agira "por ordem de Deus". Por fim, o grito prolongado, enquanto inclinava a cabeça e rendia sua alma a Deus: "Jesus!". Em poucos minutos tudo terminara. As cinzas da fogueira foram varridas para as águas do Rio Sena. Até o coração da donzela, que as chamas haviam poupado, foi lançado ao rio. A donzela não tinha completado 20 anos!


A MISSÃO

A Igreja vivia, então, a profunda crise do Grande Cisma do Ocidente, que durou quase 40 anos. Quando Santa Catarina de Siena faleceu, em 1380, havia um Papa (Urbano VI) e um antipapa (Clemente VII). Quando Joana nasceu, em 1412, havia um Papa (Gregório XII) e dois antipapas (João XXIII e Bento XIII). Ao mesmo tempo em que havia tal laceração no interior da Igreja – quem sabe como consequência desta situação aflitiva em que as almas deviam se sentir perplexas e sem rumo – se davam contínuas guerras fratricidas entre os povos cristãos da Europa, das quais a mais dramática foi a Guerra dos Cem Anos (de 1337 a 1453) entre a França e a Inglaterra.

Deus suscitou esta donzela confiando-lhe um encargo pouco comum: transformada em guerreira, deveria salvar a França! Ela atravessou o território inimigo para ir à Chinon, onde se encontra com o Delfim, Carlos de Valois, futuro Carlos VII, o Vitorioso. Convence-o da missão recebida através das vozes que ouvia. Ela declarou: "Nasci para isto!". Em apenas oito dias (de 1 a 8 de maio de 1429), a donzela libertou Orleans, alcançou sobre os exércitos ingleses a fulminante vitória de Patay e conduziu o Delfim Carlos a Reims para ser coroado rei aos 17 de julho de 1429.

Esta Santa francesa, bem como Santa Catarina de Sena, a padroeira da Itália e da Europa, são talvez as figuras mais emblemáticas das “mulheres fortes” do final da Idade Média. São duas jovens do povo, leigas e consagradas à virgindade; não viviam no claustro, mas no meio das realidades dramáticas da Igreja e do mundo da sua época. 

Joana d'Arc nasceu em Domrémy, na Champagne, em 1412. O pai de Joana, Jaques d’Arc, era um camponês, e Joana nunca aprendeu a ler ou a escrever. Teve a sua primeira experiência mística aos 13 ou 14 anos: ouviu uma voz acompanhada de uma luz que a chamava. Ela recebeu as visões quando cuidava das ovelhas do seu pai. Visões posteriores eram compostas de mais vozes, e ela foi capaz de identificar as vozes como sendo de São Miguel, Santa Catarina de Alexandria (287-305) e Santa Margarida de Antioquia (275-290). 

Em 1428, suas mensagens tinham um fim específico: se apresentar a Robert Baudricourt, Capitão de Vaucouleurs, que comandava o Exército do Delfim Carlos na região. Baudricourt duvidou dela, mas quando chegaram as notícias de sérias derrotas nas batalhas de Herrings, do lado de fora de Orleans, em fevereiro de 1429, exatamente conforme Joana havia predito, mudou de opinião e enviou Joana com uma escolta para falar com o Delfim Carlos. Ela escolheu viajar com roupas de homem para sua própria proteção. Em Chinon, o Delfim Carlos se disfarçara, mas ela o identificou no meio dos cortesãos e o convenceu a acreditar na origem divina das suas visões e da sua missão. Ela pediu uma tropa de soldados para ir a Orleans, mas o seu pedido foi muito questionado na Corte, e ela foi enviada a Poitiers para ser examinada por um grupo de teólogos. Após um exame de três semanas, os teólogos aconselharam o Delfim Carlos a atender os pedidos de Joana. Foi-lhe, então, dada a tropa e um estandarte especial feito para ela, com a inscrição "Jesus - Maria" e o símbolo da Santíssima Trindade, no qual dois Anjos apresentavam a ela uma flor de lis (símbolo da Casa Real francesa). Joana vestia uma armadura branca. Em 29 de abril, sua tropa entrou em Orleans que foi revigorada com sua presença, e em 8 de maio as forças inglesas que cercavam a cidade foram capturadas. Seguiu-se a sagração de Carlos como Rei com o nome de Carlos VII, da qual Joana participou com sua armadura, sua espada e seu estandarte. 

No auge de suas vitórias, Joana foi procurada, em certa ocasião, por seus conterrâneos que lhe perguntaram de onde ela tirava tanta coragem. Ela respondeu: "Só temo a traição". O primeiro grande traidor foi o próprio Rei Carlos VII, que se deixou vencer pela inércia e abandonou a heroína à sua própria sorte na tentativa de reconquistar Paris, bem como em suas outras escaramuças com os inimigos. Daí em diante, sem suporte e sem a presença do rei, Joana sofreu várias derrotas. O ataque a Paris falhou, e ela foi ferida na coxa. Durante a trégua de inverno, Joana ficou na Corte, onde ela continuava sendo vista com ceticismo. 

Quando as hostilidades recomeçaram, ela foi para Compiègne (a mesma cidade onde, séculos depois, as Santas Carmelitas foram martirizadas pela Revolução), onde os franceses estavam resistindo ao cerco dos Borguinhões. Aconteceu que a ponte movediça foi fechada cedo demais, e Joana e suas troas ficaram do lado de fora. Ela foi capturada e levada ao Duque de Burgundy, em 24 de maio, ficando prisioneira até o fim do outono. Carlos VII não fez nenhum esforço para libertá-la. Ela havia previsto que o castelo seria entregue aos ingleses, e assim aconteceu. Ela foi vendida aos líderes ingleses na negociação. Os ingleses estavam determinados a ficarem livres do poder que Joana exercia sobre os soldados franceses. Como os ingleses estavam em guerra, não podiam executá-la. Eles, então, imaginaram uma maneira de julgá-la como herege. 


O JULGAMENTO

Em 21 de fevereiro de 1431, Joana compareceu diante de um tribunal liderado pelo inglês Richard de Beauchamp, 13ºConde de Warwick, e por Pierre Cauchon, bispo de Beauvais. Este bispo, que havia tomado o partido dos ingleses, na Guerra dos Cem Anos, havia sido expulso de sua Diocese na marcha triunfal da Donzela e alimentava um ódio indizível contra ela. Além disso, esperava tornar-se Arcebispo de Rouen com a ajuda dos ingleses. Cauchon acabou sendo excomungado postumamente quando a Igreja, reexaminando o caso de Joana, reverteu o veredito, em 1455. 

Ela, então, foi interrogada sobre as vozes, a sua fé e a sua vestimenta masculina. Sessenta juízes, clérigos e advogados, todos pagos pelo Governo inglês, reuniram-se em Rouen. Um dos juízes, Nicolau de Houppeville –  “verdadeiro servo de Deus e da eterna justiça” (Guido Görres, in “La Pulzella di Orleans”, Milão, 1838), que, durante o primeiro interrogatório, tomado por uma crise de consciência gritou a outro juiz: “É indigno!... Para mim, é uma Santa”, indo prostrar-se aos pés de Joana, com a cabeça entre as mãos (La Passione di Giovanna d’Arco, di Dreyer, in “La Civilità Cattolica”, ed. 3511-3516, p. 46) – que protestou desde início contra o processo, porque apenas inimigos da Donzela iam julgá-la, foi lançado ao cárcere. Outro juiz, que pediu um defensor para Joana d'Arc, fugiu apressadamente da cidade quando os ingleses queimaram uma mulher só porque era favorável à Donzela. 

Apesar de todas as irregularidades, a Donzela lançou por terra todas as argúcias dos juízes durante o processo; às perguntas capciosas, ela dava respostas cheias de sabedoria. Quando lhe perguntaram: "Credes que estais na graça de Deus?" – se dissesse que não, confirmaria que suas revelações não eram do Céu; se dissesse que sim, estaria expressando uma heresia – ela respondeu simplesmente: "Se não estou, que Deus me coloque; e se estou, que Deus me conserve". E acrescentou: "Eu seria a pessoa mais amargurada do mundo se soubesse que não estou na graça de Deus".

Quanto a questões relativas ao segredo que ela compartilhava com Carlos VII, ela disse: "Durante três semanas, em Chinon e Poitiers, fui examinada por pessoas da Igreja. Enviai alguém a Poitiers para procurar os documentos do processo". Cada vez que ela mencionava esse episódio, os juízes mudavam de assunto, pois o fato de a santa ter sido examinada e justificada pelo Tribunal de Poitiers incomodava enormemente a Corte de Rouen. 

Em outra ocasião, propuseram à Donzela um conselheiro. Ela respondeu: "Em relação ao conselheiro que vós me ofereceis, eu vos agradeço, mas eu não tenho a intenção de me afastar do conselho de Nosso Senhor".

Ao lhe perguntarem se Deus detestava os ingleses, a santa observou: "Quanto ao amor ou ódio que Deus sente pelos ingleses, nada sei. Mas o que bem sei é que eles serão expulsos da França, exceto os que aqui morrerem". 

Quando os juízes lhe perguntaram: "quereis vos submeter à nossa Santa Madre Igreja por tudo o que fizestes, quer de bem ou de mal?", Joana respondeu: "Quanto à Igreja eu a amo, e quereria sustentá-la com todas as minhas forças".

Por três meses se prolongou o interrogatório. Os ingleses, temendo que a santa morresse devido aos maus tratos, apressaram o julgamento. Cauchon condenou-a a morrer na fogueira. O testemunho dado por ela na hora da morte, dizendo: "Não me enganei, as vozes eram do céu", era um supremo lance de heroísmo. Ele valia mais do que a entrada triunfal em Reims, ao lado do rei que ia ser coroado, ou a entrada triunfal heroica em Orleans, ou tudo o mais. Ela lançava em face de seus algozes a mensagem de que não morria como herética, mas como vítima do ódio de seus inimigos. Aquele tribunal irregular não era verdadeiro representante da Igreja, essa mesma Igreja que haveria de proceder à reabilitação de Joana d'Arc e elevá-la aos altares. 

Em 1456, sua mãe e dois irmãos apelaram a Calisto III para que o caso fosse reaberto, e o Papa concordou. O julgamento e o veredicto foram, enfim, anulados.

A França encontrou sua identidade e venceu os opositores, graças à ação da Donzela. Após sua morte, a França recuperaria sua identidade, pois ela despertara na alma dos franceses o ideal que fizera da França a “filha primogênita da Igreja”. 

E quão providencial foi sua missão! Caso a França ficasse sob a tutela da Inglaterra, que no século seguinte, com Henrique VIII, se rebelaria contra a Igreja Católica, correria o risco de resvalar também para a heresia anglicana. 


HONRA RESTAURADA. CANONIZAÇÃO

Quatro seculos após sua injusta morte, em 1869, o bispo de Orleans apresentou uma petição pedindo a canonização da jovem. O Papa Leão XIII, aos 27 de janeiro de 1894, a proclamou veneravel e deu início ao processo de beatificação. Assim, popularmente venerada por séculos, Santa Joana d'Arc foi finalmente beatificada em 18 de abril de 1909, por São Pio X, e canonizada em 16 de maio de 1920, pelo Papa Bento V, como virgem e mártir. 

Ela ficou conhecida como “La Pucelle d'Orleans” (“A Virgem de Orleans”) e foi declarada oficialmente padroeira secundária da França em 1922 (em 1944, Papa Pio XIII, declarou também Santa Teresa de Lisieux como padroeira secundária), sendo 

Além de padroeira secundária da França, junto com Santa Teresa de Lisieux – a principal a Santíssima Maria, Mãe de Deus – Santa Joana é venerada também como padroeira da telegrafia e da radiofonia, protetora dos mártires e dos perseguidos por causa da Religião, padroeira das forças armadas e da polícia. 


RELÍQUIAS

Do corpo dela, depois do rogo, sobraram as cinzas, o coração e alguns fragmentos osseos. Segundo o testemunho do frei Isambart de La Pierre, um dos juízes, e do carrasco, o coração de Joana não foi consumado pelo fogo, apesar da quantidade de sulfa, óleo e carvão colocada pelo verdugo. Os restos mortais foram jogados no Rio Sena por ordem do cardeal de Winchester, Henry Beaufort. Apesar da meticulosidade dos carnífices e de as rígidas disposições da autoridade de Burgonha e inglesas terem tornado muito improvável a possibilidade, em 1867 foram encontradas supostas relíquias de Santa Joana na residência parisiense de um farmacêutico. 

Santa Joana d’Arc morreu gritando o nome de Deus. Morte gloriosa. Os que a condenaram fraudulentamente morreram do forma ignóbil. O cardeal Beaufort, que emprestara ao monarca inglês, Henrique V, quantidade considerável de fundos para a guerra contra a França, por exemplo, veio a sofrer de delírio em seu leito de morte e, durante uma alucinação, ofereceu à Morte todo o tesouro da Inglaterra em troca de viver um pouco mais. A honra de Santa Joana d’Arc acabou sendo restaurada. Hoje, é a santa francesa mais venerada, e é conhecida no mundo todo. 



PRECE PELA FRANÇA

Na Real Biblioteca de Paris, se guarda ainda uma prece em latim que, segundo o registro, era recitada nas igrejas, durante as guerras da Donzela, para invocar a ajuda de Deus para a França: 

Antifona. Os nossos inimigos se alinharam e estão se vangloriando de suas forças. Abatei, Senhor, a coragem deles e dispersai-os para que saibam que outros não combate por nós a não ser vós, nosso Deus. 

Resposta. Aterroriza-os e fazei-os empalidecer, e os alcance, de uma vez, a destruição deles. 
Atendei a prece, ó Senhor, etc. etc. 
O Senhor esteja convosco, e rezemos. 


Oração. Deus criador da paz, que sem arco e sem flechas destruís os inimigos daqueles que em Vós confiam, vinde em nosso socorro, vos imploramos, ó Senhor: olhai propício para as nossas misérias e, como salvaste o vosso povo por mão de uma mulher, do mesmo modo fazei com que o rei nosso erga a direita vitoriosa, para que agora vença os inimigos que tanto confiam em seu número e tanto se vangloriam de seus arcos e de suas espadas, e um dia possa com o povo a ele confiado estar na glória conVosco, que sois a via, a verdade e a vida, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim seja. 




Deus, qui beátam ioánnam Virginem ad fidem Ac pátriam tuéndam  mirabíliter suscitásti: da, Quǽsumus, eius intercessióne; ut Eccélsia tua, hóstium superátis insidiis, perpétua pace fruátur. 

Vós suscitastes, ó Deus, a santa virgem Joana, em defesa da fé e da pátria; por sua intercessão fazei que a vossa Igreja, frustradas as emboscadas dos inimigos, desfrute de paz perene. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, Ele que é Deus.


Tradução: Giulia d'Amore 


Pesquisa, tradução e organização: Giulia d'Amore para Pale Ideas. 


      

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