Bispo Santo Agostinho de Hipona |
"É difícil julgar os homens"
Mas ao lado de delitos, crimes e muitas outras iniquidades, há também as faltas daqueles que avançam no caminho do bem, censurados pelos que julgam retamente segundo as normas de perfeição e louvados pela esperança dos bons frutos que revelam, tal como a verdura dos campos anuncia a colheita.
Há certos atos que se assemelham a pecados e crimes; contudo, não o são, porque não ofendem nem a ti, Senhor nosso Deus, nem à sociedade humana. Tal é o caso de quem procura alcançar algum bem para usá-lo na vida em tempo oportuno, sem que se possa afirmar se é por desejo desregrado de possuir; ou o caso da legítima autoridade, quando pune com intuito de corrigir o culpado, e não se sabe se ela sentiu prazer em fazê-lo sofrer.
Portanto, muitas ações que aos homens pareciam reprováveis, na realidade são aprovadas por ti, enquanto outras que os homens elogiam, tu as condenas. De fato, sucede muitas vezes que a aparência de um ato corresponde à intenção de quem o pratica ou às circunstâncias desconhecidas no momento.
Mas quando subitamente ordenas alguma ação inesperada e inusitada, mesmo que a tenhas proibida anteriormente, quem duvidará da obrigação de obedecer, ainda que não reveles na ocasião o motivo de tal imposição e que esta contrarie as convenções de determinados indivíduos, visto que só é justa a sociedade humana que te obedece? Felizes os que compreendem tratar-se de preceitos teus, pois, quem serve a ti, ou faz o que é necessário no presente ou preanuncia o que sucederá no futuro.
Confissões, Agostinho de Hipona
Visto em: http://deus-sacramentado.blogspot.com.br/2013/03/e-dificil-julgar-os-homens.html
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