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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Conselhos para todos os religiosos

Para Todos os religiosos
por um indigno filho de Maria


"Deveis, portanto, estimar o vosso estado mais do que todas as grandezas e todos os reinos do mundo.Vosso estado vos preserva dos pecados que cometeríeis no mundo; vos tem continuamente ocupados nos santos exercícios; vos faz merecer cada dia coroas eternas; vos faz esposas de Deus; enfim, depois desta curta vida, vos elevará a um trono de glória no reino eterno do paraíso. Como alcançastes de Deus este favor de preferência a tantas almas que a mereciam mais do que vós? Ah! Serieis ingratos, se, cada dia, não rendêsseis muitas graças ao Senhor de todo o vosso coração".(Santo Afonso Maria de Ligório - A Verdadeira esposa de Jesus Cristo)

Tenham sempre junto da santa regra a qual professaram obediência por toda a vida, um dos melhores tratados de Santo Afonso Maria de Ligório sobre os religiosos, que se chama "A Verdadeira Esposa de Jesus Cristo" - ou a religiosa santificada por meio das virtudes próprias de seu estado.


Abaixo notas do Tradutor:
"Ai encontrarão motivos bastantes para reformar sua vida, tomar resoluções de melhor servir a Deus e santificar o resto de seus dias neste mundo.Esta é uma das mais preciosas obras de Sto. Afonso Maria de Ligório, doutor incomparável na moral, notável no dogma e na controvérsia, um dos principais mestres da vida espiritual.É uma obra cheia de doutrina segura, segura e venerada por todos os que tratam da matéria, excedendo a quase todas as deste gênero pela sua clareza e profundidade.
O Santo Autor a publicou em 1760, tendo já atingido a idade de 64 anos, em pleno desenvolvimento da experiência, ciência e virtudes, para tratar como verdadeiro mestre de matérias tão delicadas e tão sublimes.Esta obra tem sido traduzida em quase todas as línguas do mundo católico, e isto mostra quanto tem sido estimada de todos, não só dos religiosos, senão também dos seculares.Se, como diz o Santo Autor, pode aproveitar a todos, convém maravilhosamente aos eclesiásticos encarregados da direção das almas que aspiram a perfeição."


Notas do Autor (Santo Afonso Maria de ligório):
"Esta obra, como se vê, é destinada propriamente às Monjas; mas cumpre notar que, tirados poucos pontos especiais para as religiosas, todos os outros convém igualmente aos demais religiosos no que respeita a observância dos votos, disciplina regular e perfeição do seu estado; e também aos seculares no que se refere à prática das virtudes cristãs.
Tive o cuidado de concluir cada instrução com orações entremeadas de diversos afetos piedosos, por saber que isto agrada muito às religiosas aplicadas à perfeição; e com razão, porque, no dizer de S. Dionisio Areopagita o amor divino consiste mais nos afetos do coração do que nos conhecimentos do espírito.Nas ciências humanas o conhecimento produz o amor; na ciência dos santos, ao contrário, o amor produz o conhecimento: quanto mais uma pessoa ama a Deus, tanto mais o conhece. Além disso, não são os conhecimentos, mas os afetos, que propriamente nos unem a Deus e nos enriquecem de merecimentos para a vida eterna."


*No Site Oficial dos Redentoristas, você encontrará o Tratado da Verdadeira Esposa de Jesus Cristo, inteiro em português.Baixe o livro pela Internet e estude!*

Fonte: Volta para Casa

Liturgia: O Ciclo do Natal

O ANO LITÚRGICO

A liturgia Católica segue um ritmo anual, durante o qual todo o mistério da vida de Jesus e de nossa Redenção aparece diante de nós, em cada missa, em cada festa, alimentando nossas almas com os textos extraídos das Sagradas Escrituras, trazendo a cada ano um aspecto novo do mesmo mistério, aprofundando assim nosso conhecimento e nossa fé.

Como a Liturgia celebra o Mistério da Encarnação e o Mistério da Redenção, podemos dividir o ano em duas grandes partes:

  1. Ciclo do Natal - corresponde ao Mistério da Encarnação
  2. Ciclo da Páscoa - corresponde ao Mistério da Redenção

O Ciclo do Natal se divide em três Tempos:

  1. Tempo do Advento : preparação do Natal : 4 semanas penitenciais: cor roxa
  2. Tempo do Natal : celebração do Natal : festa do Natal e da Epifania : cor branca
  3. Tempo depois da Epifania: prolongamento: de 3 a 6 semanas antes da Septuagésima: cor verde

terça-feira, 29 de novembro de 2011

In memoriam (2011)

Recordando meu pai





Esvai-se o tempo e mais e mais me lembro do que,
para olvidar, luto com afinco,
de um vinte e nove sinistro de novembro,
- mil novecentos e oitenta e nove!
Não consigo esquecer por um momento,
daquele dia que bem longe vai...
em que um vento de morte e de tormento,
para bem longe transportou meu pai!

Assim é a vida: um báratro profundo,
onde o homem se afoga e,
quase louco, se perde nas mentiras deste mundo,
que tanto nos promete e dá tão pouco!
E neste mundo assim, de falso brilho,
guardo a lembrança que de mim não sai:
- de um homem bom que me chamou de filho e,
enternecido, eu o chamei de Pai!



Desconheço o autor deste poema que eu achei em um papel velho, no meio de outros tantos, enviado para descarte. Tomei a liberdade de mudar a data - está em vermelho - pela do ano em que meu pai faleceu. Quem souber o autor, por favor, me informe!
Por gentileza, leitor que por aqui passa no dia de hoje, 29 de Novembro, reze comigo uma oração (abaixo) pela alma de meu querido e amado pai. Muito obrigada. 

Giulia d'Amore di Ugento



  Rèquiem aetèrnam,
dona eis, Domine,
et lux perpètua lùceat eis.
Requiéscant in pace.
Amen.

(Latim)

L'eterno riposo, 
dona loro, o Signore,
e splenda ad essi la Luce Perpetua.
Riposino in pace.
Amen.
(Italiano)

Dai-lhes, Senhor, 
o descanso eterno
E a luz perpétua os ilumine
Descansem em paz.
Amém.
(Português)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Árvore Genealógica da FSSPX

Desse assunto eu posso falar com propriedade, entendo perfeitamente o que seja e o que signifique ter uma Árvore Genealógica. É um dos principais métodos de representação de uma família e prova de ancestralidade, pois, através das conexões que surgem sabemos exatamente de onde viemos. Fica mais fácil saber também para onde vamos. Depende dos ramos mais novos.
O nome deriva de sua semelhança ao ramificar-se das árvores, com as quais as famílias se assemelham, pois têm raízes, ramos, frutos. Boas raízes, junto com o cuidado do Bom Jardineiro (Nosso Senhor), levam a bons frutos. A árvore se perpetua no tempo e no espaço. 
No caso específico da representação dos descendentes diretos mais próximos é denominado pedigree, ou linhagem. Infelizmente, pedigree tem por vezes denotações pejorativas, provindas de indivíduos brutos e, certamente, invejosos, vez que não têm, por vezes, a mínima ideia de que árvore caíram.
Então, aqui temos, para nosso conhecimento e deleite, a Árvore Genealógica da Família FSSPX, graças às divulgação do site do Distrito Italiano da Fraternidade de Mons. Marcel Lefebvre, nobre de alma e de espírito, descendente de Santos, bom 'agricultor' de santas almas, que lançou sementes boas em bom terreno, eis que sua Obra continua crescendo e multiplicando-se, como Deus manda.  Pelos frutos conhecemos a árvore!!! (Mateus 7,16-20) E esta árvore já mostrou seus frutos: sacerdotes santos, um exército em defesa da Fé e da Igreja, a Esposa de Cristo. 
Certamente, o bom agricultor (Mons. Lefebvre) contou com a ajuda do Bom Jardineiro (Cristo), com sementes boas (obediência), insumos bons (doutrina) e terra boa (sacerdotes), mas também, sem dúvida alguma, teve a ajuda de uma particular pessoa, solícita como todas as boas mães, enternecida por terem dedicado uma árvore toda ao Seu Imaculado Coração: a Beata Virgem Maria e seu Imaculado Coração. Quem poderia derrubar esta árvore? 
Para simplificar as coisas, tomei a liberdade de traduzir não apenas o breve texto - de fácil entendimento - mas também a Árvore em PDF.

Giulia d'Amore di Ugento


Monsegnor Lefebvre, o Sacerdócio e o Coração Imaculado de Maria


Monsenhor Lefebvre e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X são os herdeiros de uma longa tradição ao serviço do sacerdócio e do Coração Imaculado de Maria.

Clicar para ver a Árvore Genealógica da FSSPX (em Português).


Monsignor Lefebvre 

Tradução: Giulia d'Amore di Ugento 


 

Pe. Bouchacourt: Filhos da Igreja

Operação Memória


FILHOS DA IGREJA



Pe. C. Bouchacourt
Os tempos difíceis que a Igreja atravessa por quase 50 anos não devem nos desanimar nem nos fazer duvidar da Igreja Católica, que nos fez nascer para a graça no dia do nosso batismo. Pelo contrário, reavivemos nossa fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Divino Fundador, que prometeu assisti-la até a sua volta: “Eu estou sempre convosco até o fim dos tempos”.(1) Esta Igreja, nascida do seu lado transpassado na Sexta-feira, recebeu a missão de difundir os efeitos da Encarnação e da Redenção do Salvador até o fim dos tempos. À imitação do que Cristo fez durante sua vida terrena, ela ensina, santifica e conduz as almas a Deus, confiante de que nunca abdicará de sua missão, nem perecerá jamais: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e portas do inferno não prevalecerão contra ela”.(2)

Cristo confiou os seus ensinamentos à Igreja. Ela não é sua proprietária, mas sua depositária. No cumprimento do seu mandato, leva-os até os confins da terra para dispor as almas a receberem a vida sobrenatural, para iluminá-las e conduzi-las à vida eterna. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”.(3) Esse é o roteiro que a Igreja recebeu do seu Divino Fundador e que deve seguir até a sua segunda vinda. Sua hierarquia, sua disciplina, sua organização interna, seu direito canônico estão a serviço da doutrina recebida de Cristo para transmitir a fé que ela deve conservar, explicar, explicitar, defender e transmitir em toda sua integridade, para o bem das almas e com a assistência do Espírito Santo. Ninguém, até mesmo o Papa, pode mudar substancialmente este depósito recebido, sem correr o risco de ofender gravemente a Deus e comprometer a Fé dos próprios católicos.

A Igreja cumpre esta missão há dois mil anos, mantendo sua unidade, conservando esta herança contra os ataques do erro, apesar das perseguições que não faltaram desde sua fundação e as traições de certos membros que ela excluiu de seu seio. Fortalecida por esta Assistência Divina, não cessou de se consolidar e se estender por toda a face da Terra, apoiando-se sobre os dois pilares que constituem a Revelação: a Sagrada Escritura e a Tradição. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus posta por escrito sob a inspiração do Espírito Santo e registrada nos 72 livros da Bíblia (45 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento). Quanto à Tradição, ela se reflete na prática da Igreja, nas fórmulas e nos usos litúrgicos, nos escritos dos Padres e dos Doutores da Igreja, nos Credos, nos Concílios, nas encíclicas dos Papas, nos catecismos, nas obras de arte sacra, etc.

Este patrimônio chegou intacto até nossos dias. Estas são as fontes nas quais beberam os filhos da Igreja ao longo de toda sua história. A implementação desta doutrina deu frutos visíveis: a Cristandade. Os homens, as mulheres, as famílias, a sociedade foram transformados por este tesouro, e o céu se encheu de santos, conhecidos e desconhecidos. Nós queremos conhecer esta herança preciosa e ser fiéis a ela, defendê-la e transmiti-la em toda sua pureza para as gerações futuras. Negá-la significaria negar Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como os papas, os mártires e os santos que nos precederam.

Nos últimos cinquenta anos, com o Concílio Vaticano II, os homens da Igreja quiseram adaptar este depósito revelado à mentalidade moderna. Este foi o famoso aggiornamento conciliar. Eles tentaram modificar profundamente estes dois pilares sobre os quais a Igreja se apoia: a Sagrada Escritura e a Tradição. Em conformidade com este funesto espírito foram revisados e corrigidos os textos sagrados da Bíblia e sua interpretação. Também se iniciou uma ruptura com a Tradição bimilenar da Igreja. Por isso, transformou-se a liturgia, o Direito Canônico, o catecismo, a arte católica, para adaptá-los à nova doutrina ensinada. À semelhança da Revolução Francesa, toda referência ao passado devia desaparecer. O ‘ano 1’ da Igreja Conciliar começou, então, com João XXIII e o Concílio Vaticano II. Fez-se tábua rasa do passado. Uma primavera foi anunciada, mas o que chegou foi um inverno! Um inverno glacial que esterilizou a Igreja e suas obras, porque se quis separar a Igreja de seu Esposo, Jesus Cristo, para casá-la com o mundo. Esta família reconstituída recebeu o nome de ‘Igreja conciliar’, segundo as próprias palavras do Cardeal Benelli. Assim se chegou a uma crise sem precedentes, que até esta data ainda não chegou ao fim. A Igreja foi abalada até os seus fundamentos. Para conservar a sua Fé, os filhos da Igreja de sempre, em oposição a este ‘espírito conciliar’, passaram à resistência e sofreram a perseguição de Roma, dos bispos e dos padres. Que mistério insondável! O Padre Calmel, sacerdote dominicano francês, capelão das irmãs dominicanas de Brignoles, grande defensor da Tradição desde os primeiros tempos, escreveu estas magníficas palavras: “De nenhuma maneira formamos uma seita marginal. Somos membros da única Igreja Católica, Apostólica e Romana. Fazemos o possível para preparar o dia abençoado em que, voltando a autoridade a ser o que nunca deveria ter deixado de ser, a Igreja, à vista de todos, finalmente será livrada da neblina sufocante das provações presentes. Ainda que esse dia demore a chegar, buscamos não abandonar de forma nenhuma o nosso dever essencial de nos santificarmos; e fazemos isso guardando a Tradição no mesmo espírito que a recebemos, que é um espírito de santidade”.(4)

Animado por este mesmo espírito, um filho eminente da Igreja e digno sucessor dos Apóstolos, Mons. Lefebvre, viajou incessantemente de Ecône a Roma para tentar convencer o Papa e sua equipe a retornarem à Tradição, sem nunca querer romper com a Sé de Pedro. Eis o que ele pregava em 26 de fevereiro de 1983, no Seminário de Zaitzkofen, antes de ordenar o Padre Ceriani e alguns outros diáconos:
“(...) Alguns membros da Fraternidade, infelizmente, pensaram que não havia nenhuma razão para ir a Roma, que não se deveria mais ter contatos com aqueles que hoje estão no erro, mas que se deveria abandonar àqueles que aderiram ao Concílio Vaticano II e às suas consequências. E por isso mesmo, porque a Fraternidade continuou a manter contatos com Roma e com o Papa, preferiram abandonar a Fraternidade.
A Fraternidade nunca agiu dessa maneira, e nunca pensei ter que dar esse exemplo. Pelo contrário: não deixarei de ir a Roma. Continuo mantendo contatos com o cardeal Ratzinger, a quem já conheceis, com o propósito de que Roma volte à Tradição. Se eu pensasse que o Papa não existisse mais, que não há Papa, para que ir a Roma? E então, como esperar que Roma volte à Tradição? Porque é o Papa que deve fazer que a Igreja volte à Tradição. A ele corresponde essa responsabilidade. Se hoje em dia infelizmente se deixa arrastar pelos erros do Vaticano II, isso não é motivo para abandoná-lo. Muito pelo contrário: devemos colocar todo nosso esforço para fazê-lo refletir sobre a gravidade da situação, para fazer que volte à Tradição e pedir-lhe que faça a Igreja voltar para o caminho seguido por vinte séculos.
Sem dúvida, alguns me dirão (como dizem aqueles que se afastaram de nós): ‘É inútil, está perdendo seu tempo!’
O que acontece é que eles não têm confiança em Deus. Deus pode tudo! Do ponto de vista humano, realmente é decepcionante, mas devemos rezar, rezar o dobro pelo Papa, para que Deus o ilumine, para que finalmente abra os olhos, para que veja os desastres que se expandem na Igreja. Devemos rezar para que os seminários se encham como estão os nossos, para formar novamente padres que celebrem a verdadeira Missa e cantem as glórias de Deus, como Cristo fez na Cruz, e para que continuem o Sacrifício da Cruz.
É por isso que vou a Roma! Esta é a Fraternidade.”

Este é também o caminho seguido por seu sucessor, Dom Fellay, após a morte do nosso fundador. Como somos filhos da Igreja, não podemos resignar-nos a ver que a Tradição seja expatriada de seu seio, como ainda é hoje. Essa foi a finalidade dos recentes discussões doutrinais: mostrar às autoridades romanas que a Igreja não pode ser cortada de suas raízes, como o fez durante o último Concílio e nas décadas seguintes. De fato, a solução da crise que a Igreja atravessa se encontra na restauração da Tradição em todos os seus níveis. Estamos convencidos de que um dia essa restauração irá ocorrer, mesmo que leve tempo... Já é possível ouvir algumas vozes – que não são vozes da Fraternidade – pedindo que se faça uma análise crítica dos textos do último Concílio. Tal atitude era impensável há 10 anos. Não há dúvida de que este movimento ainda é tímido, mas não deixa de ser real e crescerá. A ala progressista se opõe a tal eventualidade e se oporá por todos os meios, como inimigos da Igreja, a esta restauração.

Quanto a nós, filhos da Igreja, é preciso que não percamos o ânimo, que guardemos a Fé e a Esperança iluminadas pela Caridade, que rezemos e façamos penitência pela Igreja e por sua hierarquia.

Façamos nossas as palavras de Nossa Senhora de La Salette: “Chamo os meus filhos, os meus verdadeiros devotos, aqueles que já se consagraram a mim a fim de que vos conduza ao meu Divino Filho; os que, por assim dizer, levo nos meus braços, os que têm vivido do meu Espírito; finalmente, chamo os apóstolos dos últimos tempos, os fiéis discípulos de Jesus Cristo que têm vivido no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e no desconhecimento do mundo. Já é hora que saiam e venham a iluminar a Terra. Ide e mostrai-vos como filhos queridos meus. Eu estou convosco e em vós enquanto a vossa Fé for a luz que vos ilumina nesses dias de infortúnio. Que o vosso zelo vos faça famintos da glória de Deus e da honra de Jesus Cristo. Lutai, filhos da luz, vós que sois em pequeno número e que vedes; porque vem o tempo dos tempos, o fim dos fins”.

Que cada um esteja em seu lugar, ali onde a Providência o colocou, para cumprir fervorosamente o seu dever de estado, rezar o terço e fazer penitência pelas intenções da cruzada que Dom Fellay nos chamou até o Pentecostes de 2012, “para que a Igreja seja libertada dos males que a afligem ou que a ameaçam em um futuro próximo, para que a Rússia seja consagrada e venha logo o triunfo da Imaculada”. Eis o que a Igreja espera dos seus filhos e filhas! Está ao alcance de todos. Ninguém pode se esquivar deste dever sem ser ingrato com Aquela que deu à luz a Graça. Façamos isso com grande confiança pela honra de nossa Mãe, a Santa Igreja, e pela salvação das almas.

Que Deus os abençoe!

Pe. Christian Bouchacourt
Superior do Distrito da América do Sul



(1) Mat. 28, 20.
(2) Mat. 16, 18.
(3) Mc. 16, 15-16.
(4) Pé Calmel, O.P.: “Brève apologie pour l’Eglise de toujours”, anexo 2, pág. 98.



Português revisado por Giulia d'Amore di Ugento.



Revista Jesus Christus n. 136

domingo, 27 de novembro de 2011

Primeiro Domingo do Advento

DOMINICA PRIMA ADVENTUS


Intróito. Sl. 24, 1-3. Para Vós elevei a minha alma; meu Deus, em Vós confio, não fique eu envergonhado nem zombem de mim meus inimigos; pois todos os que em Vós confiam não serão confundidos. Sl. (ibid 4) Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém.
 
Coleta – Excitai, Senhor, o vosso poder e vinde para que, pela vossa proteção, mereçamos ser livres dos perigos iminentes de nossos pecados e, com vosso auxílio, alcancemos a salvação. Vós que viveis e reinais.
 
Leitura da Epístola de S. Paulo Apóstolo aos Romanos 13, 11 -14. Irmãos: Tende em atenção o tempo em que estamos; porque é já hora de nos levantarmos do sono. Por quanto agora está mais perto a nossa salvação, que quando abraçamos a fé. A noite está quase passada e o dia aproxima-se. Deixemos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz. Caminhemos como de dia, honestamente; não em glutonarias e na embriaguez, não em desonestidades e dissoluções, não em contendas e emulações; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.

Três grandes remédios para três grandes males

"O Senhor me fez conhecer os três grandes males que ameaçavam a Espanha, e são: o protestantismo, ou melhor, a descatolização, a república e o comunismo. Para atalhar estes males, me deu a conhecer que se haviam de aplicar três devoções: o Triságio, o Santíssimo Sacramento e o Rosário!"
(Santo Antônio Maria Claret)


sábado, 26 de novembro de 2011

Como a Maçonaria planejou destruir a Esposa de Cristo

O plano Maçônico para a destruição da Igreja Católica Apostólica Romana


Normas do grande Mestre da Maçonaria aos Bispos católicos maçons, efetivas  desde 1962 (Posta em dia pelo Vaticano II).


Todos os confrades maçons terão que referir sobre os progressos destas decisivas disposições. Reelaboradas em outubro de 1993, como plano progressivo para o passo final. Todos os maçons ocupados na Igreja têm que acolhê-la e realizá-las.


Da sessão "Storia" da revista: "Teológica"
n. 14 – Marzo/Aprile 1998 - páginas 22-25
Edizioni Segno – Udine – Itália
1) Removam de uma vez por todas a São Miguel, protetor da Igreja Católica, de todas as orações ao interior e ao exterior da Santa Missa. Remover suas estátuas, afirmando que elas apartam da Adoração de Cristo.

2) Removam os Exercícios Penitenciais da Quaresma como a abstinência de carne as sextas-feiras e também o jejum;impeçam cada ato de abnegação. Em seu lugar devem ser favorecidos os atos de alegria, de felicidade e de amor ao próximo. Digam: "Cristo já mereceu por nós o Paraíso" e "cada esforço humano é inútil". Digam a todos que devem tomar em sério a preocupação por sua saúde. Estimulem o consumo de carne, especialmente de porco.

3) Encarreguem aos pastores protestantes de reexaminar a Santa Missa e de desacralizá-la. Semeiem dúvidas sobre a Real Presença de Cristo na Eucaristia e confirmem que a Eucaristia - com maior aproximação à fé dos protestantes - é somente como pão e vinho e compreendida como um puro símbolo. Disseminem protestantes nos Seminários e nas escolas. Falem de ecumenismo como caminho para a unidade. Acusem a cada um que crê na Presença Real de Jesus o Cristo na Eucaristia como subversivo e desobediente para com a Igreja.

4) Proíbam a Liturgia latina da Missa, Adoração e Cantos, uma vez que eles comunicam um sentimento de mistério e de respeito. Apresentem-no como feitiços de adivinhos. Os homens pararão de crer nos Sacerdotes como homens de inteligência superior, de respeitar como portadores dos Mistérios Divinos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

de Mattei e a sua apologia à Tradição Católica

Mais uma obra de Roberto de Mattei sobre o Concílio Vaticano II. Desta vez é uma apologia escancarada e sem receios de repetir a Verdade: A Tradição é a resposta, desde sempre, aos problemas da Igreja. É quem a mantém sempre a mesma, no tempo e no espaço. Sua salvaguarda. E, por ser tão importante, é dever de todo cristão salvaguardar, por sua vez, a Tradição. Somos todos sentinelas. Resenha da brilhante Cristina Siccardi, que assina também as notas (NdAª. - notas da autora). A tradução e as respectivas notas (NdTª. - notas da tradutora) modestamente são minhas.

Giulia d'Amore di Ugento



‘Apologia da Tradição’, de Roberto de Mattei.





A TRADIÇÃO
É A RESPOSTA, DESDE SEMPRE,
AOS PROBLEMAS DA IGREJA


O Concílio Vaticano II produziu documentos, mas não é, ele mesmo, um documento: como todo Concílio é, antes de tudo, um evento, um momento da história da Igreja que, como tal, se coloca em um nível factual e não veritativo1. Enquanto o dogma formula uma verdade que, uma vez formulada, transcende, por assim dizer, a história, o Concílio, ou melhor, os Concílios nascem e morrem na história, e pelos historiadores podem ser julgados”. (R. de Mattei)


Roberto de Mattei
Na capa do último livro de Roberto de Mattei2 está São Jerônimo3 (347-419/420); trata-se do célebre afresco ‘São Jerônimo em seu estúdio’ (c. 1480), de Domenico Ghirlandaio4 (1449-1494), guardado na Igreja de Todos os Santos, em Florença. Os livros abertos e os pergaminhos, com escritas em grego e hebraico, remetem à sua atividade: foi o primeiro tradutor da Bíblia do grego e do hebraico para o latim, conhecida como Vulgata. Ghirlandaio quis representá-lo absorto em pensamentos, enquanto dirige seu olhar para quem o observa. Este Doutor da Igreja, garante da Tradição Católica, olha para nós, nos perscruta e, com o rosto apoiado na mão esquerda, enquanto a outra mão está em atitude de escrever, parece dizer: “mas o que fizeram da Tradição que vós entregamos?”.

O livro traz um título decididamente interessante: Apologia da Tradição. Pós-escrito a 'O Concílio Vaticano II. Uma história nunca escrita' (Lindau, pp 164, € 16,00). Com base na teologia mais segura, como o é aquela da Escolástica (e de São Tomás de Aquino em particular), da Contrarreforma e da Escola Romana dos séculos XIX e XX, a qual se estende até o XXI graças à extraordinária figura de Monsenhor Brunero Gherardini5, e com base no Magistério dos Sumos Pontífices, de Mattei se faz repetidor da posição da Tradição da Igreja, aquela que a torna Santa e Imaculada. Este estudo é a melhor resposta para aqueles que buscaram confutar, com argumentos pobres e às vezes mesquinhos, a obra O Concílio Vaticano II. Uma história nunca escrita (Lindau), que valeu ao seu autor o Prêmio Acqui Storia 2011.
Podem teólogos sérios e historiadores sérios observar os acontecimentos deletérios da e na Igreja? Ou devem ignorá-los e, por obsequio, não à Verdade, mas à autoridade, aceitar como sendo bom e eficaz tudo o que desta última deriva? “Splendore Veritatis gaudet Ecclesia” (“A Igreja se compraz do refulgir da Verdade”), isto afirmou Leão XIII6 (1810-1903), aos 04 de Maio de 1902, aos representantes de institutos históricos estrangeiros em Roma. A Igreja sempre homenageou, mais cedo ou mais tarde, quem lhe demonstrou amor, contribuindo a mantê-la como a quis o seu Fundador, isto é, pura de todo erro e heresia; até mesmo com a crítica, que o amor torna sempre construtiva.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Caso Thiberville - Tradição x CVII: 1x0

A resistência compensa

O blog Rorate Caeli traz a notícia da conclusão, embora não satisfatória, do caso Thiberville:

Pe. F. Michel
Uma pequena igreja em uma pequena aldeia - mas a apenas alguns km a sudoest de sua velha igreja paroquial. Padre Francis Michel, o heroi de Thiberville, tornar-se-á o reitor da menor igreja de sua diocese, em Le Planquay (5 km de Thiberville  Normandia). A sua resistência compensou - mesmo que não seja uma solução perfeita, o intervento direto da Congregação pelo Clero, por meio de seu mediador designado (o Bispo Mons. Boulanger, de Bayeux/Lisieux), assegurou que o ordinário local, Mons. Nourrichard, não poderia manter o Padre Michel mais do que a uma curta distância do seu caro rebanho.

É mais fácil de dizer do que fazer, o sabemos, mas nós continuamos a crer que os sacerdotes que não têm nada a esconder não devem temer represálias por defender a Tradição: um Bispo hostil pode fazer apenas muito dano  


(Fonte: Perepiscopus ). 


Fonte:Rorate Caeli

terça-feira, 22 de novembro de 2011

FSSPX: Um cordial convite aos sacerdotes diocesanos alemães

Um cordial convite a todos os sacerdotes diocesanos da Alemanha

A Fraternidade de São Pio X do Distrito alemão oferece a todos os sacerdotes diocesanos da Alemanha a oportunidade de ter uma introdução à recitação tradicional do Breviário.

Além da introdução ao Breviário, será discutido o andamento atual de nossas relações com Roma.

Para a reunião no Seminário Zaitzkofen, na segunda-feira, 28 de Novembro de 2011, todos os sacerdotes amigos estão convidados.

O programa:

10:30 “Introdução Espiritual para rezar o Ofício Divino” (P. Matthias Grün);
11:30 “Nossas relações com Roma” (P. Franz Schmidberger);
12:15 Descanso e Almoço
14:00 “Um Guia Prático para rezar o breviário” (P. Matthias Grün).
15:30 Café com debate; término por volta das 16:30.

Por favor, inscreva-se no seminário de Zaitzkofen.
Prazo de inscrição é de 24 novembro
Tradução: Giulia d'Amore di Ugento

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Historias de conversão IV: Um descendente de Maomé

  O PREÇO DE UMA CONVERSÃO

Mohammed al-Sayyid al-Moussaoui, um descendente de Maomé, fala sobre sua conversão ao Cristianismo.


Traduções e Glossário por Giulia d'Amore di Ugento 

Livro de Mohammed Moussaoui
O preço a pagar
Uma fatwa sobre a sua cabeça por ter se convertido ao Cristianismo. A história de um homem que foge por causa de sua Fé. Do autor, fulminado por uma fatwa por ter-se convertido do Islã ao Cristianismo, não sabemos o nome real. Em seu caminho, como para São Paulo em Damasco, o encontro com a Fé cristã torna-se um obstáculo intransponível e dramático, que o leva a uma vida sofrida, de um homem em fuga com sua família, para salvar suas vidas e dar um sentido à nova Fé. A história começa em Basra, no Iraque, em 1987. Mohammed Moussaoui (pseudônimo) narra, em primeira pessoa, o seu aproximar-se da religião cristã e a conversão. Perseguido, agredido por seus próprios irmãos, que chegam a ameaçá-lo de morte com uma arma apontada para sua testa, ele decide fugir e se refugiar na França, onde ainda vive na clandestinidade. Joseph Fadell é o pseudônimo sob o qual se esconde Mohammed, o autor do livro ‘O preço a pagar’, forçado a usar um nome falso também na vida real, para escapar da terrível fatwa. (Edizioni San Paolo)

UM RESUMO DA HISTÓRIA



Mohammed Moussaoui
Mesmo agora não acredito nisso. Não! Não quero crer que os membros de minha família possam realmente ter a intenção de me matar”. Joseph Fadelle chegou à França há alguns anos, como prófugo iraquiano. Se verdadeiro nome: Mohammed al-Sayyid al-Moussaoui. No Iraque, este nome abre as portas da influência, da riqueza e do poder. Moussaoui é uma grande família aristocrática xiita. Partindo por seu pai, Mohammed pode subir até ao califa Ali [Ali ibn Abu Talib], primo e genro de Maomé. Em Bagdá, as pessoas o saudavam e o chamavam de ‘Sayid Malouana’, ou seja, ‘o nosso senhor’. Hoje, Joseph Fadelle é apenas um “sem raízes, um apátrida, um clandestino”, porque se converteu ao Cristianismo. “A tua doença é o Cristo, e não há remédio para ti. Nunca se curará”, dizem seus irmãos. 
A sua conversão data de 1987. Enquanto cumpre o serviço militar, a Basra, vê-se dividindo um quarto com um cristão. Para ele, é uma humilhação: “em meu país, os cristãos são considerados apostadores impuros, gente ruim com a qual precisa de toda forma evitar misturar-se. No Alcorão que eu recito todo dia desde minha primeira infância, são os heréticos que adoram a três Deuses”. Massoud, seu colega de quarto, o convida a simplesmente reler o Alcorão. Esta releitura faz balançar a sua vida. Não reconhece no texto o Deus de amor no qual quer acreditar. “O texto sagrado perdeu para mim sua força de convicção, a ponto de duvidar que seja a palavra de Alá”. O verdadeiro abalo, porém, se opera quando seu colega lhe põe nas mãos a Bíblia; e a partir dai que começa a ler com paixão “por este Cristo de quem falam os Evangelhos”.
 Uma paixão que viverá em sua carne. 
Visto que no Iraque abjurar a religião islâmica é arriscar a morte, por dez anos Mohammed foge à sorte que lhe é prometida, escondendo sua conversão de sua família. Junto com seu pai e seus irmãos, se inclina cinco vezes ao dia em direção à Meca, mas é Jesus quem ele invoca, ao invés de dizer Al-Fâtiha, o prólogo do Alcorão que milhões de muçulmanos recitam todos os dias. 
Por sua grande surpresa, é a Igreja, sobretudo, que o rejeitará. Mohammed quer receber o batismo. Todas as vezes ouve uma negação. Para os cristãos do Iraque, um muçulmano que bate à porta é uma ameaça, seja se trate de um espião, seja que queira se converter. O proselitismo é passível de morte: “Pedindo o batismo, você arrisca sua vida, mas também a dos cristãos que atenderam ao teu pedido”, explica o padre. Outro é ainda mais direto: “Não é possível sacrificar um rebanho inteiro para salvar apenas uma ovelha”. Mesmo sob o presumido regime laico de Saddam Hussein, os cristãos do Iraque viviam em um clima de constante temor e opressão. Eram mais de um milhão nos anos oitenta, devem ser menos da metade hoje. “Foi penoso ver todas aquelas portas fechadas. Mas refletindo sobre o passado, compreendo a situação. Tremem de medo”. Com perseverança, Mohammed acaba conseguindo permissão para ir à Missa. 
Ao saber de sua conversão, a sua família o rejeita. Mais por uma questão de reputação que por uma verdadeira convicção teológica. Seu pai não pode suportar a vergonha que representa ter um filho cristão. Sobretudo porque Mohammed, que tem nove irmãos e dez irmãs, é o herdeiro, o ‘preferido’, designado para suceder ao pai. Sua mãe soltou apenas duas palavras: “Matem-no”. Mas o pai o salva. Contudo, a mais alta autoridade xiita do Iraque, o aiatolá Mohammad Sadeq al-Sadr, pronuncia a condenação à morte que sela a sua sorte: “Se for confirmado que é cristão, então ele deverá ser morto, e Alá recompensará aquele que cumprir esta fatwa”. 
Como advertência, é preso em Hakimieh, onde estão detidos os prisioneiros políticos. Se torna o número 318. Durante três meses, é espancado e torturado por um parente: querem que dê os nomes daqueles que o levaram a abraçar a Fé Cristã. Mohammed nada revela. Passará dezesseis meses na prisão. Pesava 120 quilos quando chegou, pesará somente 50 ao sair. Durante os meses de solidão e privações, um só pensamento o manteve vivo: viver até o batismo e receber a comunhão
Mas arriscaria sua vida permanecendo no Iraque. Um sacerdote o aconselha a deixar o país, com seus dois filhos e a esposa, que também se converteu. Mohammed escolhe ir para a Jordânia, onde é recebido por uma família cristã. Na clandestinidade, recebe o batismo com sua família e muda de nome. O perigo continua onipresente; seus irmãos o procuram, o encontram e querem levá-lo de volta ao Iraque. Diante de sua negativa, seu primo atira nele a queima-roupa. Misteriosamente, a bala não o alcança, enquanto “uma voz feminina interior (lhe sussurra) que corra com todas as suas forças”. Ele desmaia e acorda no hospital, sem saber como chegou lá nem porque não está morto. 
Novamente forçado a se exilar para proteger sua família, obtém com dificuldade o visto para a França. Deixar o Oriente é doloroso, mas ele não tem mais escolha: “O Islã e a sociedade que emana dessa religião me privaram da liberdade mais elementar. Somente ela [liberdade] me permitiria viver em paz nesta terra do oriente que é também a terra dos cristãos (…). Sinto-me arrancado de minha terra, tal como uma folha de arvore caída no chão e levada pelos ventos, esmigalhada”. 
A família Fadelle chega a Paris no dia 15 de agosto de 2001. Joseph, sua mulher e os seus dois filhos participam imediatamente, em solo francês, de uma procissão dedicada à Santa Virgem. Impensável em terras muçulmanas. Joseph Fadelle obteve, em seguida, a nacionalidade francesa. Escreveu o livro ‘Le prix a payer’ [O preço a pagar], para dar seu testemunho de vida: “Este livro corresponde à minha missão: anunciar o perigo do Islã”. Uma religião que deseja impor a todos os seus dogmas e seus costumes. 
Joseph Fadelle não se arrepende de sua conversão. Espera somente ser ouvido por aqueles que o acolheram. E, talvez, um dia, “viver em um Iraque em que os cristãos possam ser cidadãos iguais aos demais”. “Quero que a sociedade mude, ou melhor, que se torne Cristã”, assegura. 



UM TRECHO DA ENTREVISTA DE MOHAMMED AL-SAYYID AL-MOUSSAOUI

À REVISTA CATÓLICA FRANCESA ‘FAMILLE CHRÉTIENNE’


Mohammed Moussaoui com seu livro

Tornando-se José pelo batismo, o iraquiano xiita refugiado na França com sua família publica a incrível história de sua conversão ao Cristianismo em terra do Islã. Um testemunho de coragem na Fé, cuidadosamente recolhido perto da Semana Santa.

Como o xiita que o senhor era se converteu ao Cristianismo?
Graças ao encontro com um cristão durante o meu serviço militar. Foi em Basra (Iraque) em 1987. Eu tinha 23 anos. Coabitar com um cão cristão(1) foi uma provação terrível para um Moussaoui – minha família é descendente direta do Profeta – mas eu não poderia escapar disso, meu pai ainda não tinha conseguido subornar o Chefe do Estado Maior.
No começo, eu desprezava este tal Massoud, um agricultor de 44 anos. Então ele, aos poucos, me amansou com seu saber ouvir e sua benevolência. Eu queria convertê-lo ao Islamismo: precisava tirá-lo de seu erro. Prudentemente – ele não poderia falar sobre sua Fé sem arriscar a morte –, ele me remeteu à minha própria religião: “Você realmente leu o Alcorão? Você entende o significado de cada palavra, de cada verso?”, me perguntou um dia. Eu corei pelo embaraço. Os imãs nos explicam que é a leitura do Alcorão, do princípio ao fim, que será recompensada no Dia do Juízo, mais do que a compreensão do texto. Aproveitei de uma permissão para ir à minha casa para refletir. Foi lá que meus aborrecimentos começaram...

Seus ‘aborrecimentos’, o senhor diz?
Assim que cheguei à segunda sura, tropecei, praticamente, em todos os versos. Eu não entendia porque Alá se rebaixaria a definir as regras do repúdio, dos prazos... Eu não entendia a insistência do Alcorão na superioridade e no poder dos homens sobre as mulheres, consideradas como inferiores e possuidoras da metade do cérebro de um homem etc. 
Fui ver um imã, amigo da família, para apresentar-lhe algumas de minhas dificuldades como esta Sura (2, 223): “Vossas mulheres são como uma terra a ser cultivada para vocês, se aproximem delas quando e como desejarem” – O que significa que os homens podem fazer delas o que eles quiserem, inclusive sexualmente! Ele me respondeu que um homem pode fazer amor em qualquer lugar, mas não na mesquita; a qualquer momento, exceto durante o Ramadã; e de qualquer maneira... Diante de meu ceticismo, ele me aconselhou mergulhar em reflexão na vida do Profeta.

E o senhor realmente mergulhou na vida de Maomé?
Sim. Mas, novamente, fui obrigado a me desiludir quando li que Maomé casou-se com uma menina de sete anos, Aisha; ou ainda que, após ter feito seu filho adotivo Zayd ibn Harith Ibn Char’habil casar com Zaynab, que era, portanto, sua enteada, tomou a esposa dele para torná-la sua sétima esposa. Em suma, após vários dias de intensa reflexão, o comportamento e a vida do Profeta não me pareceram nada exemplares.

Sua Fé vacilou neste momento?
Eu ainda acredito em Deus, cuja bondade é maior do que tudo, mas eu começava a duvidar de que o Alcorão era a Sua palavra. Sobre o que posso basear minha vida se o Islã não é mais o pilar? Eu estava desmoronado. E humilhado, porque eu sabia que, nestas circunstâncias, não tinha chance alguma de convencer Massoud. E mais, como um digno representante dos Moussaoui, eu detestava ser humilhado. Assim, para salvar a honra, ia tentar convencer Massoud que sua religião é igualmente uma ilusão.

O senhor pensou, então, em abalar a Fé de Massoud, o cristão?
Massoud saiu de licença. Naquela noite, eu tive um sonho – e pela primeira vez na minha vida eu me lembro –: eu tento em vão atravessar um riacho, quando um homem muito bonito, do outro lado, tende a mão para mim dizendo: “para atravessar o rio, você deve comer o pão da vida”. Esta frase era incompreensível para mim.
Nisso, Massoud retorna da licença e me entrega um livro: “Eis o Evangelho”. Não seguindo o seu conselho, eu começo imediatamente a ler o Evangelho de São João, o mais difícil, segundo ele. Absorvido pela obra, eu esqueço até de almoçar. Chegado ao Capítulo 6, eu paro, atordoado: acabo de ler exatamente essas palavras ouvidas, há algumas horas, em meu sonho: “o pão da vida”. Eu reli lentamente: “Eu sou o pão da vida, aquele que vem a mim jamais terá fome...”.

Encontrar no Evangelho uma frase que o senhor havia sonhado, isso muda tudo?
Aconteceu em mim algo de extraordinário, como uma explosão, uma luz que ilumina minha vida de uma luz totalmente nova, um relâmpago. Provo no meu coração um sentimento de força inaudita, uma paixão quase que violenta e amorosa por esse Jesus Cristo de que falam os Evangelhos. Ao mesmo tempo, eu compreendo que em meu sonho há mais do que um sonho: um apelo, uma mensagem pessoal. Doravante, eu não vou mais ter que um desejo: poder um dia comer desse ‘pão da vida’, mesmo que eu ainda não compreenda muito bem o que seja. Precisarei esperar treze longos anos.

Como reagiu Massoud quando o senhor confessou sua Fé em Jesus?
Eu imaginei que ele iria pular de alegria e me abraçar diante desta boa notícia. Pelo contrário. Aconteceu o oposto: ele empalideceu, seu rosto permanece fechado, ele começa a pensar. Eu vejo o medo, um medo beirando o pânico, sacudindo o interior deste homem robusto. Eu não entendo mais nada. Quando eu digo a ele que pretendo anunciar à minha família sobre minha Fé nova neste Jesus Cristo, ele explode:
- Você não percebe! Eles vão matá-lo...
- Mas isso não é possível! Minha família me ama, não pode me querer mal...
- Ouça, eu lhe suplico, me diz ele. Você coloca sua vida em perigo e a minha também. Neste país, não podemos mudar de religião assim. É punido com a morte!

O que o senhor faz, então? 
Em primeiro lugar, eu compreendia por que, no início do nosso encontro, Massoud parecia tão relutante em falar comigo sobre sua Fé, da maneira como ele a vivia. Ele sabia dos riscos que ele estava assumindo... Mas, ainda sob o fogo da minha leitura da história trágica de Jesus, eu respondi:
- Cristo também morreu, e seus seguidores conheceram grandes perigos por segui-lo. Por que eu não faria o mesmo, afinal, se amo o Cristo?
- Mas Cristo não quer que você morra!, responde-me ele. Se você crê verdadeiramente nEle, vamos rezar ao seu Espírito para nos iluminar. E eu lhe suplico, novamente, acalme a sua exaltação e me jure que não falará sobre tudo isso quando você voltar para sua família.
Eu não estava certo de realmente ter compreendido a realidade do perigo que Massoud evocava, mas eu confiava nele: era o único cristão que eu conhecia. É por isso que eu concordei, com relutância. Eu coloquei, então, um véu de silêncio sobre aquilo que iria constituir, doravante, eu o sentia, o novo motor – e o coração – da minha vida.


Leia o resto da entrevista com Mohammed Moussaoui e seu retrato “cristãos arriscando sua vida”, no n º 1.680 de Famille Chrétienne, disponível na edição digital.

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Mohammed Moussaoui
Mohammed Moussaoui, agora com o nome cristão de Joseph Fadell, escreveu um livro intitulado ‘O preço a pagar’. Aqui o resumo:

Mohammed Moussaoui, um jovem iraquiano, o filho mais velho de uma família iraquiana xiita e descendente do profeta Maomé, se destinava a levar uma vida de empresário. Seu caminho estava todo traçado. Aos 23 anos, ele não pode evitar o serviço militar imposto pelo então regime de Saddam Hussein. Seu colega de quarto, Massoud, é cristão. Entre os dois inicia-se uma amizade paradoxal, que não exclui o debate ideológico e religioso. Surpreendido pela fé doce e viva de Massoud, Muhammad procura submetê-la à crítica. Mas Massoud é prudente, é Mohammed que vai voltar mudado para casa. Ele deseja se tornar um cristão. 

Forçado a se esconder para viver sua fé, sua família finalmente descobre seu segredo. A fatwa é lançada contra ele. Preso, espancado, banido por sua família, Mohammed deixou o Iraque em direção à Jordânia. Encontrado em Amã por seus irmãos e seu tio, ele escapa milagrosamente da morte. Suas balas, disparadas à queima-roupa, o ferem, mas não o matam.

Ao ler a história de Mohammed que se tornou Joseph arriscando sua vida, não podemos deixar de lembrar desta passagem do Evangelho de Lucas: Sereis traídos até por vossos pais, vossos irmãos, vossa família e vossos amigos, e matarão muitos de vós. Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas nem um só cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança que obtereis a vida. (21,16-19)

Fadell Joseph vive, atualmente, no Val d’Oise(2), com sua família.




1 NdTª.: Os mulçumanos se referem aos não-muçulmanos como infiéis ou, ainda, cães infiéis. Aqui, por se tratar de um cristão: cão cristão
2 NdTª.: Val d'Oise é um departamento francês. 


GLOSSÁRIO


Aiatolá é considerado, sob as leis do Islã xiita, o mais alto dignitário na hierarquia religiosa. Para ser um aiatolá, além de conhecimento e discernimento, ele deve ser descendente direto de Maomé. Aiatolá significa ‘sinais de Alá’, isto é, o aiatolá é o expoente do conhecimento dentro do Islã Xiita.
Aisha (nome próprio que pode ser tanto masculino quanto feminino e significa: a passagem de Adão para Eva) foi a terceira esposa do Profeta Maomé e era filha de Abu Bakr, um dos companheiros de Maomé e primeiro califa do Islã, em 632 d.C. Ela era quarenta e quatro anos mais nova do que Maomé (nasceu em Meca – 614 d.C.); não se sabe ao certo com que idade foi desposada (alguns dizem seis anos, outros sete, outro, ainda, nove), mas o casamento teria sido consumado quando ela tinha cerca de quatorze anos. Quando Maomé morreu, ela tinha cerca de dezoito anos e se distanciou da vida política até ao assassinado de Otman, ou Uthman ibn Affan (570-656, que foi o terceiro califa muçulmano, sucedendo a Omar, que também fora assassinado). Aisha passou a combater o califa Ali ibn Abu Talib, mas, durante a chamada Batalha do Camelo, foi derrotada e feita prisioneira. Libertada, foi viver em Medina, onde morreu (678 d.C.). Aisha é uma figura central nesses primeiros anos do Islã. Inteligente, articulada e dona de uma memória prodigiosa, ela foi a mais querida e respeitada das mulheres do profeta, as quais eram tão assediadas por pessoas em busca de favores e influência que talvez por isso tenham sido as primeiras muçulmanas (e, por algum tempo, as únicas) a usar véu e ficar recolhidas em casa, ainda assim, só nos últimos anos da vida de Maomé.
Alá (ou Allah) é a palavra utilizada no árabe para designar Deus. Os cristãos árabes atuais utilizam termos como Allāh al-ʼAb (Deus, o Pai) para distinguir seu uso daquele feito pelos islâmicos. Existem semelhanças e diferenças entre o conceito de Deus expresso pelo Alcorão e pela Bíblia hebraica. Pensa-se, erroneamente, que Alá seja o nome próprio de um Deus particular dos muçulmanos; no entanto, o termo é utilizado também pelos cristãos e judeus de língua árabe, ao se referirem ao Deus de suas religiões. A palavra é uma contração de Al-ilāh, isto é, ‘O Deus’, e sua tradução correta é ‘Deus’, com maiúscula, porque se refere ao Deus único. A palavra ‘deus’, que se refere a qualquer outra divindade, é ilāh. Diferentemente dos cristãos e dos judeus, os muçulmanos não conferem atributos humanos a Deus, afirmando sua unidade. Dentre esses atributos, existem 99 atributos de Alá mencionados no Alcorão, os quais muitos podem ser também atribuídos a humanos, porém, nota-se que é utilizado o artigo ‘al’ (‘o...’) do árabe, para cada atributo, afirmando novamente a unicidade de Deus, tais como ‘O Clemente’ (Al-Rahmān), ‘O Querido’ (Al-’Azīz), ‘O Criador’ (Al-Khāliq), entre outros. O conjunto desses noventa e nove nomes de Alá recebe em árabe o nome de al-asmā’ al-husnà (os melhores nomes). Algumas tradições afirmam que existe um centésimo nome; dessas, muitas acreditam que o centésimo seja o próprio nome de Deus, ou seja, Alá. Curiosidade: A palavra Alá está na origem de algumas palavras do espanhol e do português como ojala/oxalá (w[a] shā-llāh, ‘queira Deus’), ‘olé’ (w[a]-llāh, ‘por Deus’) e ‘hala’ (yā-llāh, ‘oh, Deus’).
Alcorão (ou Corão) – ‘a recitação’ – é o livro sagrado do Islã. Os muçulmanos creem que o Alcorão é a palavra literal de Alá revelada ao profeta Maomé ao longo de um período de vinte e três anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa declamar ou recitar; é, portanto, uma ‘recitação’ ou algo que deve ser recitado. Os muçulmanos podem-se referir ao Alcorão usando um título que denota respeito, como Al-Karim (‘o Nobre’) ou Al-Azim (‘o Magnífico’). É prática generalizada nas sociedades muçulmanas que o Alcorão não seja vendido, mas dado. O Alcorão está organizado em 114 capítulos (suras – vide nota a respeito), divididas em livros, seções, partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Maomé em Meca, e 22 em Medina. Não surgiu estruturado como um livro, mas foi transcrito, a pedido de Maomé, por jovens letrados que o acompanhavam. Não se tem certeza que de Maomé soubesse ler e escrever fluentemente. O texto era preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira, pedaços de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros seguidores. Durante as noites do Ramadã, Maomé recapitulava as revelações em uma conferência onde estavam presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os hafiz, ou seja, pessoas que conheciam passagens de memória. Após sua morte, foram reunidos os extratos. Os três primeiros Alcorões estariam em três museus (Iraque, Egito e Uzbequistão). Somente em 1694 uma versão completa do Alcorão foi publicada no Ocidente, na cidade de Hamburgo, por Abraham Hinckelmann, um estudioso não-muçulmano. O Alcorão descreve as origens do Universo, o Homem e as suas relações entre ele e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia e muitos outros assuntos. Para os muçulmanos, o Alcorão é a palavra de Deus, sagrada e imutável, que fornece as respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais como materiais. Ele discute Deus e os seus nomes e atributos, os crentes e suas virtudes, e o destino dos não-crentes (kuffar). Além do Alcorão, os muçulmanos seguem a Sunnah (ou Suna, ‘caminho trilhado’, ou seja, os meios pelos quais o Profeta aplicou e ensinou o Islã, para e com seus companheiros) e a Hadith (interpretação do Alcorão contida nos ensinamentos do Profeta). Além do Alcorão, é ensinado aos muçulmanos que Deus enviou também outros livros: o ‘livro de Ibrahim’ (que se perdeu), a ‘lei de Moisés’ (a Torá), os ‘Salmos de David’ (o Zabûr) e o ‘Evangelho de Jesus’ (o Injil). O Alcorão chama os Cristãos e os Judeus como ‘povos do Livro’ (ahl al Kitâb). Os ensinamentos do Islã englobam muitas das personagens do Judaísmo e do Cristianismo, como: Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, sua mãe Maria e João Baptista são mencionados no Alcorão como profetas do Islã. No entanto, os muçulmanos frequentemente se referem a eles por outros nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de pessoas diferentes (exemplos: Alá para Deus, Iblis para Diabo, Ibrahim para Abraão etc.). Normalmente, os muçulmanos guardam o Alcorão numa prateleira alta do quarto, em sinal de respeito pelo livro sagrado; alguns levam consigo pequenas versões para seu uso. Apenas a versão original em árabe é considerada o Alcorão; as traduções são vistas como sombras fracas do significado original. É considerado um pecado gravíssimo modificar, cortar, excluir ou adicionar as palavras do Alcorão.
Al-Fatiha, ‘A Abertura’, é o primeiro capítulo (sura) do livro sagrado dos muçulmanos. Seus sete versos são uma oração por orientação divina e um louvor ao senhorio e à misericórdia de Alá. Este capítulo tem um papel especial nas tradicionais orações diárias, por ser recitado no início de cada unidade de oração, ou rak’ah.
Basra, Baçorá, Bassorá ou Bassora (al-Baṣrah) é uma das três maiores cidades do Iraque. Capital da província de Basra, a cidade é o principal porto do País. Encontra-se às margens do rio Xatalárabe, a 55 km do Golfo Pérsico e a 545 km de Bagdá.
Califa era o líder do mundo muçulmano. O título vem da frase árabe que quer dizer ‘sucessor do Enviado de Alá’. Foi adotado por sucessores do profeta Maomé depois de sua morte, em 632 d.C. O primeiro califa, Abu Bakr, era sogro de Maomé e ordenou as conquistas árabes da Pérsia, Iraque e Oriente Médio, que só seriam alcançadas nos dois seguintes califados. Abu Bakr e seus três sucessores – Omar, Otman e Ali – são conhecidos como os califas ‘perfeitos’ ou ‘corretamente guiados’ (Al-Rashidun). O detentor deste título clama a soberania sobre todos os muçulmanos e era escolhido através de uma eleição na Majlis al Ummah, órgão que congregava as principais lideranças tribais. Com o tempo, o califado se dividiu em dois e, alguns anos depois, em três. E foi se desintegrando, até que, no final do século XII, o sultão do Egito, Saladino, reestruturou o califado através de alianças entre os estados. O título de califa deixou de existir quando a República da Turquia aboliu o Império Otomano, em 1924.
Fatwa é um pronunciamento legal no Islã, emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico.
Imã, imame, imamo ou imam (aquele que guia) é o pregador do culto islâmico e também designa os principais líderes religiosos do Islã que sucederam ao profeta Maomé.
Islamismo, Islão (português europeu) ou Islã (português brasileiro) (em árabe: al-Islām) é uma religião abraâmica monoteísta (cujo calendário começa a ser contado no ano 622 da Era Cristã) articulada pelo Alcorão e pelos ensinamentos e exemplos normativos (Hadith) de Maomé. Um adepto do islamismo é chamado, em português, de muçulmano. Para eles, o Islã é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada em muitas épocas e lugares anteriores, até por meio de Abraão, Moisés e Jesus, que eles consideram profetas. Os conceitos e as práticas religiosas incluem os cinco pilares do Islã [ou seja, os cinco principais atos exigidos pelo Islã: professar e aceitar o Credo (Chahada ou Shahada); orar cinco vezes ao longo do dia (Salá, Salat ou Salah); pagar dádivas rituais (Zakat ou Zakah); observar as obrigações do Ramadã (Saum ou Siyam); e fazer a peregrinação à Meca (Hajj ou Haj)], que são conceitos e atos básicos e obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica, que atinge praticamente todos os aspectos da vida e da sociedade, fornecendo orientação sobre temas variados. Eles estão divididos em Sunitas (ramo maior do Islã, o nome deriva da palavra Suna e se refere aos preceitos estabelecidos no século VIII baseados nos ensinamentos de Maomé e dos três califas ortodoxos) e Xiitas (vide nota a respeito).
Maomé (570 d.C. - Medina), chamado o Profeta, segundo o Islã é o último profeta do Deus de Abraão. Seu nome completo era Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Hachim Bin Abd Manaf Bin Kussay. Para os muçulmanos, Maomé foi precedido em seu papel de profeta por Jesus, Moisés, Davi, Jacob, Isaac, Ismael e Abraão. Como figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um império islâmico que se estendeu da Pérsia até à Península Ibérica. Não é considerado um ser divino, mas um dos mais perfeitos seres humanos. Em 610 d.C., fazendo um de seus retiros espirituais em uma caverna no Monte Hira, teria sido visitado pelo anjo Gabriel, que lhe teria ordenado que recitasse uns versos enviados por Deus, e lhe comunicou que Deus o havia escolhido como o último profeta enviado à Humanidade. Maomé obedeceu e, após sua morte, estes versos foram reunidos e integrados no Alcorão. Maomé não rejeitou completamente o Judaísmo e o Cristianismo, as duas religiões monoteístas já conhecidas pelos árabes, mas esclareceu que tinha sido enviado por Deus para restaurar os ensinamentos originais destas religiões, que tinham sido ‘corrompidos e esquecidos’. A sua morte (632 d.C. - Medina) deu origem a uma grande crise entre os seus seguidores, que originou a Islã nos ramos dos Sunitas e dos Xiitas. Os Xiitas acreditam que o profeta designou Ali ibn Abu Talib como seu sucessor, num sermão público na sua última peregrinação à cidade de Meca, mas os Sunitas discordam. Maomé foi casado dezesseis vezes, na sua maioria com mulheres viúvas, a não ser Aisha (vide nota a respeito) que era ainda uma criança.
Mesquita é um local de culto para os seguidores do Islã.
Mohammad Sadeq al-Sadr (1943-1999), também chamado de Grande Ayatollah Mohammad Sadeq al-Sadr, foi um proeminente clérigo xiita do Iraque. Sua família considera-se Sayyid, termo utilizado pelos Xiitas para designar os descendentes diretos de Maomé. Foi assassinado na cidade iraquiana de Najaf, durante o regime de Saddam Hussein.
Ramadão (português) ou Ramadã (português brasileiro), também grafado Ramadan, é o nono mês do calendário islâmico (que é lunar e, portanto, a celebração pode se dar em qualquer mês do ano, e dura entre 29 e 30 dias. O mês inicia-se com a aparição da lua no final do mês de sha’ban), durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (suam), e é também o quarto dos cinco pilares do Islã (arkan al-Islam – vide nota Islamismo a respeito). Este período é um tempo de renovação da fé, da prática mais intensa da caridade e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Neste período pede-se ao fiel maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correção pessoal e autodomínio. É o único mês mencionado pelo nome, por Alá, no Alcorão.
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti (1937-2006) foi um político e estadista iraquiano e uma das principais lideranças do mundo árabe. Governou o Iraque no período de 1979–2003. Em 1979, o Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, foi derrubado pela Revolução Islâmica, dando lugar a uma república islâmica liderada pelo Aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini. A influência do Islã xiita revolucionário cresceu deste modo de forma abrupta, particularmente em países com grandes populações xiitas, como o Iraque. Saddam receava que as ideias radicais islâmicas, hostis ao seu domínio secular pudessem se alastrar no seu país, entre a população. Iraque e Irã iniciaram, então uma guerra aberta em 22 de Setembro de 1980. Não houve um vencedor declarado. Saddam Hussein foi julgado por um Tribunal Especial iraquiano que o condenou à morte na forca, por crimes de guerra, em 5 de novembro de 2006.
Sura, Surata ou Surat é o nome dado a cada capítulo do Alcorão, que possui 114 suras, por sua vez subdivididas em versículos (ayat). O número de versículos é de 6536 ou 6600, conforme a forma de contá-los. A maior Sura é a segunda, com 286 versículos; as Suras menores possuem apenas três versículos. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação, e são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no início do texto, como, por exemplo: A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, o conteúdo da Sura não está relacionado com o seu título.
Xiitas (do árabe ‘partido de Ali’) são o segundo maior ramo de fieis do Islã, constituindo 30% do total dos muçulmanos (o maior ramo é o dos muçulmanos Sunitas, que são 84% da totalidade dos muçulmanos). Os Xiitas consideram Ali ibn Abu Talib, o genro e primo do profeta Maomé, como o seu sucessor legítimo, e, portanto, consideram ilegítimos os três califas Sunitas que assumiram a liderança da comunidade muçulmana após a morte de Maomé.
Zaynab: Maomé casou-se com dezesseis mulheres, inclusive com uma parente, Zaynab, a esposa de um seu filho adotivo, Zayd ibn Harith Ibn Char’habil, um escravo que Khadija (primeira mulher de Maomé) dera ao Profeta, e que ele adotou como filho.

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