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domingo, 19 de janeiro de 2020

Nossa Senhora da Defesa

Festa de Nossa Senhora da Defesa  

19 de janeiro - Cortina d'Ampezzo, (Vêneto, Itália)


Difícil para o imaginário coletivo - sobretudo para aqueles que ou não são cristãos ou não estudaram o Catecismo - juntar a Virgem e a espada, contudo, em uma bucólica igrejinha entre as Dolomites, e em outras partes da Terra agora, esta união existe, e traz à lembrança aqueles célebres versículos do Cântico dos Cânticos: 
"Quem é esta que vai caminhando como a aurora quando se levanta, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército formado em batalha?" (Ct 6,9). 
Um versículo que, conquanto seja tradicionalmente aplicado à Virgem Maria, não é levado muito a sério pelo sentimentaloide homem moderno. Contudo, eis que nesta igrejinha, como em outros lugares do panorama da arte e da fé, uma Virgem verdadeiramente  terrível e com a espada desembainhada.  

A menção à espada não é incomum na Bíblia, e a própria Palavra de Deus é denominada como espada de dois gumes que Lhe sai da boca (Hebreus 4,12). O Cristo do Apocalipse sai de trás das nuvens com uma espada de dois gumes que Lhe sai da boca (Ap 2,12). Assim, Deus, com uma imagem simples e imediata educa o Seu povo à legítima defesa, a qual, como afirma o Catecismo, é um imperativo para o cristão. A legítima defesa, além de um direito, pode ser também um grave dever para quem é responsável pela vida de outros. A defesa do bem comum exige que se coloque o injusto agressor em estado de não causar dano. Mas o homem, se saber - e o afirma repetidas vezes o texto bíblico - é incapaz de conjugar justiça e misericórdia, verdade e amor. Oscila entre um justicialismo exacerbado e um bonismo sem juízo. E o mandamento de dar a outra face às ofensas pessoais não contradiz aquele, ordenado pelo próprio Cristo, que manda ter uma espada ou comprá-la quando não se a tem (Lucas 22,36).   
Veja, na arte, as diferentes representações de Nossa Senhora com a espada em mão, com os títulos de Nossa Senhora da DefesaNossa Senhora da AjudaNossa Senhora da das Milícias... 


NOSSA SENHORA DA DEFESA


Nossa Senhora da Defesa de Cortina d'Ampezzo


O título de Nossa Senhora da Defesa nasceu a partir de um episódio histórico, durante o rigoroso inverno de 572, quando um exército dos Longobardos, vindos do norte da Europa, instalou-se na Bacia de Ampezzano, no Vêneto (norte da Itália), onde se situa a cidade Cortina d'Ampezzo, famosa por sua estação de esqui.  

Os habitantes da região logo começaram a se reunir para organizar uma defesa. Acontece que eram pobres, não tinham armas nem um exército treinado capaz de vencer inimigo tão poderoso. Por isso, começaram a se reunir para rezar, pedindo ajuda a Nossa Senhora. O povo permaneceu unido, em oração, pedindo e esperando auxílio do céu. Quando o exército Longobardo partiu para o ataque, o povo intensificou as orações. De repente, Ela, Nossa Senhora, apareceu sobre as nuvens. Empunhava uma espada de fogo na mão direita, segurando o Menino Jesus no braço esquerdo. Em seguida, Ela desceu sobre o local onde aconteceria o massacre. Nesse momento, nuvens espessas causaram enorme escuridão, de tal forma que os Longobardos nada podiam ver. Atordoados e confundidos, começaram a lutar contra eles mesmos até que, por fim, mataram-se uns aos outros. O povo italiano, emocionado e agradecido, a partir desse momento, passou a chamar a Virgem Maria de Nossa Senhora da Defesa

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

O Milagre de Loreto refutado por Francisco e Sarah

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O Milagre de Loreto refutado por Francisco e Sarah



Um terremoto sacudiu a Cristandade em novembro 2019, quando veio à tona a VERDADE sobre o "Decreto sobre a Celebração da Beata Maria Virgem de Loreto a ser inscrita no Calendário Romano Geral", de 7 de outubro de 2019, da lavra do Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o cardeal Robert Sarah. Justo no dia 7 de outubro!!! Dia da Festa de Nossa Senhora do Rosário. É um escárnio! 

O Decreto, em si, é bonitinho, fofo... Vamos ler: 
A veneração pela Santa Casa de Loreto foi, desta o fim da Idade Média, a origem daquele peculiar santuário frequentado, ainda hoje, por numerosos fiéis peregrinos para alimentar a própria fé no Verbo de Deus feito carne por nós. 
Aquele santuário recorda o mistério da Encarnação e empurra todos os que o visitam a considerar a plenitude do tempo, quando Deus mandou o seu Filho, nascido de mulher, e a meditar seja as palavras do Anjos anunciador do Evangelho, seja as palavras da Virgem que respondeu ao divino chamado. À sombra do Espírito Santo, a humilde serva do Senhor se tornou casa da divindade, imagem puríssima da Santa Igreja. 
O mencionado santuário, estritamente vinculado à Sé Apostólica, louvado pelos Sumos Pontífices e universalmente conhecido, soube ilustrar em modo excelente, no decorrer do tempo, não menos de Nazaré[1] na Terra Santa, as virtudes evangélicas da Santa Família. 
Na Santa Casa, diante da efígie da Mãe do Redentor e da Igreja, Santos e Beatos responderam à própria vocação, os enfermos invocaram consolação no sofrimento, o povo de Deus iniciou a louvar e suplicar Santa Maria com as Litanias lauretanas, conhecidas no mundo todo. Em modo particular todos os que viajam de avião encontraram nela a celestial padroeira. 
À luz de tudo isso, o Sumo Pontífice Francisco decretou com a sua autoridade que a memória facultativa da Beata Maria Virgem de Loreto seja inscrita no Calendário Romano aos 10 de dezembro, dia em que ocorre a festa em Loreto, e celebrada todo ano. Tal celebração ajudará a todos, especialmente as famílias, os jovens, os religiosos, a imitar as virtudes da perfeita discípula do Evangelho, a Virgem Mãe que concebendo o Chefe da Igreja acolheu consigo a nós também. 
nova memória deverá, portanto, aparecer em todos os Calendários e Livros litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas; os relativos textos litúrgicos estão anexados a este decreto e as suas traduções, aprovadas pelas Conferências Episcopais, serão publicadas após a confirmação deste Dicastério. 
Não obstante qualquer coisa em contrário. 
Desde a Sé da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 7 de outubro de 2019, memória da Beata Maria Virgem do Rosário. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

O último não-me-toque de Francisco...

Em razão do mais recente comportamento destemperado de Francisco, sites e a mídia católica e não católica se dedicaram a escrever a respeito, recordando episódios escandalosos anteriores similares, assim como outros totalmente opostos, como no tratamento amigável dispensado a abortistas, terroristas, genocidas etc. Escolhi este texto porque resume bem tudo isso e porque tem um estilo peculiar que se assemelha ao de meus escritores italianos preferidos, e ao meu. 




“ET DABAT EI ALAPAS”[1]  – UM COMENTÁRIO SOBRE AS REAÇÕES DESTEMPERADAS DE BERGOGLIO 


Saindo da Basílica Vaticana, após o “Te Deum” do final de ano, a exuberância de uma fiel[2] suscitou uma reação bastante destemperada em seu augusto destinatário. E talvez o fato de ter se tratado de um motus primo primus – como é designado em termos Escolásticos[3] um gesto instintivo e não filtrado pela vontade – evidencia a sua gravidade, não no ato em si, mas naquele que o praticou. 

Nenhum de nós é tão tolo ao ponto de pretender que uma pessoa tenha um comportamento sempre comedido e composto[4]: eu mesmo percebo que sou frequentemente alvo da ira ou da impaciência que, olhando friamente, condenaria sem pestanejar. E quem precisa lidar com o trânsito caótico da Cidade Eterna – incluindo os báratros[5] que se abrem nas ruas ou pelas calçadas – sabe bem que certos epítetos irrefreáveis brotam quase espontaneamente nos lábios, mas que, como tais, podem ser deixados de lado sem precisar correr ao Confessionário. Imagino, inclusive, que o fiaccheraio[6] e o médico ortopedista adotem terminologias diferentes, mais ou menos coloridas; assim como o verdureiro de Campo de’Fiori e o Oficial da Cúria recorrem a um enlóquio diferente quando estão a comentar sobre os horrores que o inquilino de Santa Marta[7] cotidianamente nos reserva. Digamos que, nessas situações, a natureza da pessoa se revela, em parte por exasperação e em parte porque certas situações provocam reações que fogem ao nosso controle. E certamente a fadiga também pode contribuir para afrouxar certos freios. 

Não quero, portanto, me fingir escandalizado pelo ato em si, embora este seja obviamente inoportuno. O que me desconcerta não são os dois tapas solapados na fiel, nem a reação similar que testemunhamos anos atrás[8], quando o infeliz se viu merecedor inclusive de uma reprimenda verbal nada apropriada para um pontífice. Duvido que o “Pastor Angelicus[9] tivesse reagido dessa maneira, embora eu não saiba dizer se outros Papas de temperamento mais sanguíneo teriam se distinguido de Bergoglio. Certamente – e isso eu creio que possa ser percebido por todos, especialmente por quem conhece pessoalmente o tipo – espanta o motivo da ação, ou seja, a afronta pessoal. Digo isso com muita tranquilidade, e após ter me interrogado como eu mesmo teria reagido em seu lugar.

A história (pouco ecumênica) do Menino Jesus de Praga

A história (pouco ecumênica) do Menino Jesus de Praga


De gesubambino.org [e de RadioSpada], retomamos a história da conhecidíssima e prodigiosíssima efigie de Jesus Menino guardada em Praga, na igreja carmelita de Santa Maria da Vitória. 

A fundação do convento de Praga está conexa com a batalha na Montanha Branca (uma localidade às portas de Praga), combatida em 1620 [8 de novembro] entre o exército do Imperador católico e as armadas protestantes da Boemia. Ferdinando II, encontrando-se em sérias dificuldades pelas condições do exército, havia pedido ao Sumo Pontífice Paulo V que lhe enviasse, como seu Legado, o Padre carmelita Domenico de Jesus Maria, “célebre por santidade e válido auxílio”. Com as suas preces, ele obteria certamente a vitória. Padre Domenico, chegando na Boemia, havia encontrado um pequeno quadro retratando o nascimento de Jesus. Os protestantes o haviam profanado perfurando os olhos da Virgem. Padre Domenico o tomou e o pôs sobre o seu peito, convidando os soldados a rezarem com ele; depois, montando em um cavalo, se moveu à testa das tropas, que o seguiram combatendo com inacreditável valor. A vitória foi além de qualquer expectativa: cantando os louvores a Maria, o exército católico entrou em Praga. Voltando a Roma, Padre Domenico levou consigo o pequeno quadro que, em lembrança da vitória, foi solenemente transferido para a igreja dos Carmelitas Descalços, que a partir de então passou a se chamar “Santa Maria da Vitória”. A intervenção favorável do Padre Domenico, sugeriu ao Imperador que chamasse os Carmelitas para levar adiante, em Praga e no Império, a obra da (Contra)Reforma Católica. Estes, justamente para recordar a vitória conseguida na Montanha Branca, deram à igreja deles em Praga o título de Santa Maria da Vitória […]. O Imperador Ferdinando II ofereceu ao Carmelo uma igreja que havia sido dos protestantes, com os edifícios anexos, a igreja da Santíssima Trindade. Em 1624 [29 de agosto] os Carmelitas Descalços tomaram posse da casa e, depois de ter consagrado a igreja, com o novo título de Santa Maria da Vitória, nela celebraram a primeira Missa solene. A situação se apresentava bastante difícil. Praga ainda era em grande parte luterana e, desde o levante do partido protestante na Boemia (que marcou o início da guerra de religião, dita Guerra dos Trinta anos), haviam passado apenas seis anos.  

A estátua do Menino Jesus foi um presente [em 1628] da Princesa Polissena de Lobkowicz, filha de Doña Maria Manriquez de Lara, condessa espanhola. A princesa havia recebido a preciosa estatueta da mãe, que a havia trazido consigo da Espanha como preciosa relíquia familiar. A história desta imagem começou no sul da Espanha, por obra de um escultor desconhecido. Diz-se que provém de um convento entre Córdoba e Sevilha, no qual ainda hoje se venera uma cópia em madeira. Reza a legenda que quem a modelou foi um frade carmelita que teria procurado reproduzir na estátua as feições do Jesus Menino que lhe aparecera, e que depois teria morrido em êxtase diante da imagem pronta.  

[…] A armada protestante, guiada pelo príncipe eleitor de Saxônia, chegou na Boemia e, em novembro de 1631, cercou Praga. Na sequência, desceram da Saxônia os propagandistas protestantes, que entraram prepotentemente na igreja de Santa Maria da Vitória. Todos os Carmelitas haviam fugido, à exceção do Mestre dos noviços e de um irmão laico, mas era impossível se opor à violência que havia irrompido. Os heréticos saquearam a igreja e o convento, aprisionando os dois corajosos Carmelitas, e profanaram a estátua de Jesus Menino cortando-lhe as mãos […]. Após longas buscas [em 1637] a estatueta foi encontrada atrás de um altar, toda suja. Padre Cirilo [o Venerável Padre Cirilo da Mãe de Deus] pediu ao Prior que pudesse colocar o pequeno Jesus novamente em seu lugar, no oratório, confiando-Lhe o bem do convento, da cidade e de todo o país. E eis que o Santo Menino atendeu à sua prece: Praga permaneceu imune a uma nova incursão inimiga; no convento, voltou a benção de Deus e, com ela, a tranquilidade e a paz. Confortado por esses fatos, o Padre Cirilo sentia em seu coração uma profunda gratidão e se propôs de honrar cada vez mais o querido Jesus Menino. Assim, enquanto um dia estava mergulhado em profunda oração diante do pequeno Rei, ouviu uma voz interior: “Tende piedade de Mim, e Eu terei piedade de vós. Dai-me as minhas mãos, e eu vos darei a paz. Quanto mais vós me honrardes, tanto mais Eu vos favorecerei”. O Padre Cirilo se ofereceu de fazer restaurar a estatueta mutilada e, com a ajuda de generosos benfeitores, conseguiu reavê-la bela como dantes. E o Menino recomeçou a atender às preces e a fazer milagres.

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