Da Prática da Caridade pelo exemplo e oração
Pelo contrário, diz Santo Agostinho, que aquele que vê seu próximo se perder, irando-se contra seu irmão ou maltratando-o com injúrias, e deixa de adverti-lo, com seu silêncio torna-se pior do que o outro com suas afrontas.
Não vos escuseis por falta de capacidade. Para corrigir, vos responde São João Crisóstomo, é mais necessária a caridade do que a sabedoria. Fazei a correção no tempo oportuno com caridade e doçura, e vos saireis bem. Se sois superiora [o texto foi dirigido originalmente à orientação espiritual de religiosas], estais obrigada a fazê-la por ofício; se o não sois, estais obrigada por caridade, sempre que houver esperança de bom resultado.
Quem visse um cego caminhar para um precipício, não seria cruel se o não avisasse para livrá-lo da morte temporal? Muito mais cruel é quem, podendo livrar sua irmã da morte eterna, por negligência deixa de fazê-lo.
Quando, pois, julgardes prudentemente que a vossa correção será inútil, procurai, ao menos, advertir secretamente a superiora ou outra que possa remediar o caso. Não insteis em dizer: 'Este não é o meu ofício, não quero ser intrometida'. Esta foi a resposta de Caim, que assim dizia: 'Sou eu, pois, guarda de meu irmão?' Cada um está obrigado a impedir a ruína do próximo, quando pode; pois diz o Sábio: Deus encarregou a cada homem de zelar pelo bem de seu próximo (Ecl 17, 12).
2. São Filipe Nery diz que, quando se trata de socorrer o próximo, principalmente nas suas necessidades espirituais, Deus se compraz de ver-nos, se preciso for, deixar a oração.