Arte Sacra por Inteligência Artificial
Vou ser breve. Este artigo é um preâmbulo para um estudo maior acerca da Inteligência Artificial, a qual fará parte, inexoravelmente, de nossas vidas. Aqui, tratarei, brevemente, da questão da aplicação da IA na Arte Sacra.
O primeiro exemplo que vi era uma imagem de Cristo esteticamente “aceitável”, mas se via, nitidamente, que fugia de tudo o que eu já havia visto antes. O estilo é peculiar e inconfundível. Eu disse que era esteticamente “aceitável” porque, a primeira vista, não havia nada de errado com ele, embora algo me incomodasse. Eu não sabia naquele momento que era uma imagem feita por uma IA. O que me incomodava é que havia muitos detalhes que pareciam ser outras coisas, talvez símbolos, mas, vistos de perto, não eram nada disso. Ainda assim... algo me incomodava. As aspas em “aceitável” são porque não achei outra palavra melhor.
Depois, começaram a “pipocar” imagens semelhantes, com o mesmo estilo peculiar e inconfundível. Foi quando resolvi pesquisar e constatei que não foram feitas por humanos, mas por essas entidades que chamam de IA. Só que essas imagens posteriores não eram perfeitas, sempre havia algo que não ia bem, como seis dedos em uma das mãos ou a boca torta ou olhos esbugalhados. É... a IA não é tão inteligente assim!
Bom, sobre esse tema é preciso dizer ou lembrar que na Cristandade as coisas não são bagunçadas, e que até a arte deve obedecer a padrões e normas. Pelo menos dois Concílios já se debruçaram sobre o assunto e proibiram alguns temas. Por exemplo, ao retratar a gravidez da Santíssima Virgem, é proibido desenhar um bebê/feto por cima do ventre d’Ela; ou, ao representar a Santíssima Trindade, é proibido fazer as três Pessoas iguais, como no famoso ícone ortodoxo de Andrey Rublev, no qual a Trindade é representada por três anjos iguais, ou naquela outra imagem, de estilo sul-americano, em que aparecem três homens iguais, ou, ainda pior, naquela outra de Gregório Vásquez de Arce y Ceballos, em que retratou a Santíssima Trindade como uma pessoa só com a três faces: um monstro!
Não vou publicar aqui nenhuma das imagens proibidas, por óbvias razões.
O que eu quero dizer é que não basta a boa vontade do artista, nem sua opinião pessoal, ou o modo como ele imagina ou entende o tema do quadro. Mesmo nas artes gráficas é preciso obedecer à Igreja. E é por isso que me preocupa essa produção de “arte” pelas IAs. A que título estão fazendo isso? É boa vontade mesmo ou tem alguma intenção oculta?
Como não temos uma autoridade válida que possa responder a esses questionamentos justos, é prudente evitar esse tipo de “arte”. É melhor manter em nossos lares e capelas as imagens tradicionais.
Na Itália, há um ditado que diz: chi lascia la via vecchia per la via nuova sà quel che lascia, non sà quel che trova: quem deixa o caminho velho pelo caminho novo sabe o que deixa, não sabe o que encontrará... Ou seja, a prudência nunca é demais.
Ilustro este artigo com a Anunciação de Vittore Carpaccio, pintada em 1504. Não é uma belezura?
Giulia d'Amore
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