El Rosario Jose Gallegos Y Arnosa |
Sobre o fiel rezar o Rosário durante a Missa
É uma dúvida que alguns neófitos costumam ter: o que faço durante a Missa? Não entendo o latim, não tenho ou não sei usar o Missal/Ordinário da Missa... Posso rezar?
E temos a resposta: pode, sim! Vejamos o que diz o Catecismo de São Pio X:
667) Impede ouvir a Missa com fruto a recitação do Rosário ou de outras orações durante o Santo Sacrifício?
A recitação destas orações não impede ouvir com fruto a Missa, desde que haja um esforço possível de seguir as cerimônias do Santo Sacrifício.
E não somente o Rosário ou Terço, mas outras preces.
668) É coisa boa também rezar pelos outros, quando se assiste à Santa Missa?
É coisa boa rezar também pelos outros, quando se assiste à Santa Missa; e até o tempo da Santa Missa é o mais oportuno para rezar pelos vivos e pelos mortos.
Corrobora esta resposta um trechinho da Encíclica "Mediator Dei", do Papa Pio XII:
Não poucos fiéis, com efeito, são incapazes de usar o Missal Romano ainda quando escrito em língua vulgar; nem todos são capazes de compreender corretamente, como convém, os ritos e as cerimônias litúrgicas. A inteligência, o caráter e a índole dos homens são tão vários e dissemelhantes que nem todos podem igualmente impressionar-se e serem guiados pelas orações, pelos cantos ou pelas ações sagradas feitas em comum. Além disso, as necessidades e as disposições das almas não são iguais em todos, nem ficam sempre as mesmas em cada um. Quem, pois, poderá dizer, levado por tal preconceito, que tantos cristãos não podem participar do sacrifício eucarístico e aproveitar-lhe os benefícios? Certamente que o podem fazer de outra maneira, e para alguns mais fácil: por exemplo, meditando piamente os mistérios de Jesus Cristo ou fazendo exercícios de piedade e outras orações que, embora na forma difiram dos sagrados ritos, a eles todavia correspondem pela sua natureza. (Mediator Dei, n. 98, de 20 de novembro de 1947.)
É tradição antiquíssima de piedade rezar o Rosário durante a Missa. Como sabemos, o protagonismo dos leigos é inovação pós-conciliar, típica da visão protestante de que o leigo é participante ativo da Missa, uma ideia deformada do Sacerdócio. Tenhamos presente que um Padre sozinho pode rezar a Missa sem que ninguém o ajude ou responda às orações, e que, por outro lado, nenhum leigo tem o poder de celebrar uma Missa, de consagrar uma hóstia ou de ministrar a Comunhão...
São Leonardo de Porto Maurício, grande apóstolo da Santa Missa e da Eucaristia, assim se expressou sobre o tema em seu extraordinário “O Tesouro Oculto, Méritos e Excelências da Santa Missa”:
“Eis o meio mais adequado para assistir com fruto à Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos Anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos”.
Ir à Missa é ir ao Calvário. Estar diante do altar é estar diante da Cruz no alto do Gólgota. E quem estava com Nosso Senhor nesses eventos compartilhando o Seu sofrimento? A Corredentora: “Stabat Mater Dolorosa iuxta Crux lacrimosa”... Em prece e lágrimas, Maria meditava.
Recorrer a Ela, para melhor participar dos frutos da Santa Missa, não só é útil, como sábio. Então, pode-se com Ela meditar “piamente os mistérios de Jesus Cristo”, no simples e humilde papel de leigo.
É de se notar, ainda, que a Santa Missa e o Rosário guardam certas semelhanças sutis: ambos contêm repetições que não são as que Nosso Senhor proibia, as vazias de sentido e razão, e que os modernistas pretenderam cortar, por “inúteis” (SIC!).
Na Missa, repetem-se os beijos no altar, o Confiteor, os Kyrie, os “Dominus Vobiscum” sucedidos pelos “Et cum spiritu tuo”, os inúmeros "Amen", o triplo “Domine, non sum dignus” dito pelo Sacerdote e, depois, pelos fiéis, e os diversos sinais da Cruz, e o ajoelhar/sentar/levantar respeitoso, e o Sacerdote que se vira para o povo e para o altar de novo... Há, nessas repetições todas, a solenidade do culto que se deve a Deus. Já no Rosário, as Ave-Marias se sucedem, uma após a outra, e ainda os Padre-Nossos e os Glórias; não mecanicamente, soltando palavras ocas pela boca, mas harmoniosamente, quase como um canto, um hino, uma poesia. Outra semelhança que guardam, a Missa e o Rosário, é a concentração mental e espiritual nos mistérios que estão se desenvolvendo (na Missa) ou meditando (Rosário), mirando em Nosso Senhor e sua Santa Mãe, e não na plateia eventual. Ambos requerem também método e disciplina, do corpo e da alma. São um exercício de virtudes, sobretudo para vencer a distração, arma do diabo para nos desestimular e afastar nosso pensamento e coração de Cristo. Em ambos também há a parte sensível, física: na Missa, temos o pão, o vinho, a água, o missal... No Rosário, temos as contas e continhas que rolam pelos nossos dedos, e nossos olhos eventualmente se fixam em alguma imagem para vencer a distração. A Missa e o Rosário, de igual maneira, atravessaram séculos quase que inalterados, e são de origem sobrenatural: dádivas dos Céus para nosso bem. Em ambos, Nossa Senhora é lembrada e honrada: na Missa, mesmo nos dias que não Lhe são particularmente dedicados, Seu Nome é pronunciado algumas vezes. No Rosário, nem se fala... Na Missa, há inúmeras orações, há uma cadência harmônica, repetida, há pausas, há meditações, como no Rosário. E estas semelhanças não são um motivo a mais para, querendo, se rezar o Rosário durante a Missa?
Não se trata de decretar que seja o melhor modo, mas, certamente, é um modo frutuoso de assistir à Santa Missa. Em diversos devocionários e em alguns missais, os autores listam os métodos ou modos de assistir à Missa, como no Manual do Cristão, do Padre Leonard Goffinè, o qual listou sete métodos proveitosos de "ouvir Missa", e o Rosário é um deles, ou, como disse São Leonardo, o "mais adequado".
Giulia d'Amore
Saudações, Giulia! Protagonismo dos leigos é fonte de dor de cabeça. Eu, que já participei de "pastorais, movimentos, grupos e comunidades" na missa nova, prefiro; hoje em dia; que sejam os padres e ordens religiosas a fazerem as coisas. Leigo deveria levar vida de leigo e não de padre ou de religioso.
ResponderExcluirCaríssimo! Há quanto tempo!! Como estão? Salve Maria!!!
ExcluirSim, fazemos muito quando fazemos o que nos corresponde. E isso agrada a Deus. E quanto menos aparecemos, melhor! Isso agrada a Deus muito mais. Santo Antônio era um doutor formado quando se tornou franciscano, mas chegou humildemente sem revelar isso a ninguém. Mandaram fazer todos os serviços mais humildes, e ele os fez com alegria. Um dia foi incumbido de fazer um sermão, porque não havia mais ninguém para fazê-lo, e logo descobriram toda a ciência que ele possuía, todo o vasto conhecimento, que ele compartilhava com palavras que todos pudessem compreender. O protagonismo usurpado nunca dá bons frutos e não agrada a Deus.
Um feliz e abençoado 2023!!!