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segunda-feira, 20 de março de 2023

Normas, documentos e pronunciamentos da Igreja acerca da modéstia feminina

Estava “devendo” este artigo há algum tempo. Muitas são as solicitações a respeito, mas o tempo é pouco. Hoje, me propus a fazê-lo, graças a mais uma solicitação, ontem, de uma senhora que acaba de conhecer a Tradição e quer muito compreender bem as coisas para fazer bem as coisas. Sua solicitude me comoveu e me impeliu a trabalha nisso hoje, apesar de todas as outras incumbências já programadas. Então, que tudo o mais me perdoe, afinal, pôr em ordem as coisas, só levou a parte da manhã. E, de antemão, me perdoem algum erro de digitação, pois quero publicar isso agora mesmo! 

Modesty, 1902 - William Adolphe Bouguereau

Normas, documentos e pronunciamentos da Igreja acerca da modéstia feminina 


Bom, para quem acha, equivocadamente, que não há documentos da Igreja a respeito da modéstia no vestir, aqui vão algumas normas oficiais da Santa Madre Igreja, além de informações e considerações úteis às almas. Comecemos com as normas.


I. Carta à Congregação para os Religiosos de 1928


Aos Ordinários da Itália: a respeito da cruzada contra modas indecentes, especialmente nas escolas dirigidas por Religiosas.

Ilustríssimo e Revmo. Senhor, 

Bem conhecida por vós são as graves palavras de condenação que o Santo Padre emitiu, em várias ocasiões, com autoridade apostólica, contra a forma indecente de se vestir das mulheres que prevalece hoje, em detrimento da boa educação.

Basta recordar as palavras muito graves, carregadas de tristeza e admoestação, com que no discurso de agosto corrente 15, na Câmara Consistorial, promulgando o decreto sobre as virtudes heroicas do Venerável Paola Frassinetti, Sua Santidade denunciou mais uma vez o perigo que, por sua fascinação sedutora, ameaça tantas almas incautas que professam pertencer ao rebanho de Jesus Cristo e à Sua Santa Igreja.

É doloroso lembrar, a este respeito, que o costume deplorável tende a insinuar-se entre as jovens que frequentam, como alunas externas, algumas das escolas dirigidas por Irmãs e as aulas das escolas dominicais que são realizadas nas instituições religiosas femininas.

A fim de enfrentar um perigo que, por propagação, torna-se cada vez mais grave, esta Congregação, por ordem do Santo Padre, exorta os Ordinários da Itália para que possam comunicar aos Superiores das Casas de Religiosas, em suas respectivas dioceses, as liminares seguintes, desta Sagrada Congregação, confirmadas por Sua Santidade em audiência neste dia:

a) Em todas as escolas, academias, centros de recreação, escolas dominicais e os laboratórios dirigidos por Religiosas não serão admitidas, a partir de agora, as meninas que não observarem em seus trajes as regras da modéstia e decência cristã.

b) Para este fim, os superiores serão obrigados a exercer uma supervisão estreita e a excluir, peremptoriamente, das escolas e projetos de suas instituições as alunas que não estejam em conformidade com essas prescrições.

c) Não devem ser influenciadas por qualquer respeito humano, seja por considerações materiais ou em razão do prestígio social e das famílias de suas alunas, mesmo que o corpo discente deva diminuir em número.

d) Além disso, as Irmãs, no cumprimento de suas atividades de ensino, devem se esforçar para inculcar, doce e fortemente, em suas alunas, o amor e o prazer em relação à santa modéstia; o sinal e o guardião da pureza e da ornamentação delicada da mulher.

Vossas Reverências estarão vigilantes para que essas liminares sejam observadas com exatidão e para que haja uma perfeita conformidade de conduta entre todos os institutos de Religiosas da diocese.

Vós devereis chamar severamente à incumbência quem falhar nisso, e, se qualquer abuso for prolongado, irão notificar isto a Sagrada Congregação.

Com a mais profunda estima, eu permaneço,

Devotadamente seu,

Cardeal G. Laurenti, Prefeito
Sagrada Congregação para os Religiosos
Vincent La Puma, Secretário
Roma, 23 de agosto de 1928

 
Para quem quisesse aduzir que essas ordens se limitassem às dioceses italianas, a resposta não tardou a vir. 


II. Carta da Congregação do Concílio, de 1930(*)


Por força do Apostolado supremo que Ele exerce sobre a Igreja Universal por vontade divina, o nosso Santo Padre, Papa Pio XI, nunca deixou de inculcar, tanto verbalmente quanto por seus escritos, as palavras de São Paulo (1 Tm II., 9 -10), ou seja, "Mulheres ... adornando-se com modéstia e sobriedade ... e professando piedade com boas obras ".

Muitas vezes, quando a oportunidade surgiu, o mesmo Sumo Pontífice condenou enfaticamente a forma indecente de se vestir aprovada por mulheres e meninas católicas — cuja moda não só ofende a dignidade das mulheres e vai contra o seu adorno, mas conduz à ruína mundana das mulheres e meninas, e, o que é ainda pior, a sua ruína eterna, arrastando outros miseravelmente em sua queda.

Não é de surpreender, portanto, que todos os bispos e outros ordinários, como é dever dos Ministros de Cristo, devem, em suas próprias dioceses, por unanimidade, oporem-se a sua licenciosidade depravada e promiscuidade dos costumes, muitas vezes suportando com firmeza o escárnio e a zombaria levantados contra eles por esta causa.

Portanto, este Sagrado Concílio, que vigia a disciplina do clero e do povo, enquanto cordialmente elogia a ação dos Veneráveis Bispos, mais enfaticamente, exorta-os a perseverarem na sua atitude e a aumentar as suas atividades, na medida em que permitam suas forças, a fim de que esta doença insalubre seja definitivamente desenraizada da sociedade humana.

A fim de facilitar o efeito desejado, esta Congregação, pelo mandato do Santíssimo Padre, decretou o seguinte:

Exortação àqueles com autoridade

1. O Padre da paróquia e, especialmente, o pregador, quando a oportunidade surgir, deverá, segundo as palavras do Apóstolo São Paulo (I Tim 2,9), insistir, argumentar, exortar e ordenar que o traje feminino seja baseado na modéstia e que o adorno feminino seja uma defesa da virtude. Deixá-los, igualmente, advertir aos pais para fazer com que suas filhas deixem de vestir trajes indecorosos.

2. Os pais, conscientes das suas sérias obrigações com relação à educação, principalmente religiosa e moral, da sua prole, devem fazer com que suas filhas estejam solidamente instruídas, desde a mais tenra infância, na doutrina cristã, e eles próprios devem assiduamente inculcar em suas almas, pela palavra e pelo exemplo, o amor pelas virtudes da modéstia e da castidade; a partir do momento em que sua família deve seguir o exemplo da Sagrada Família, eles devem administrar sua casa de tal maneira que todos os seus membros encontrem razão e incentivo para amar e preservar a modéstia.

3. Que os pais mantenham suas filhas longe do público de jogos e competições de ginástica, mas, se as suas filhas são obrigadas a frequentar essas exposições, deixá-los ver que elas estejam totalmente e modestamente vestidas. Que eles nunca permitam que suas filhas usem trajes indecentes.

4. Superioras e professores nas escolas para as meninas devem fazer o possível para incutir o amor à modéstia nos corações das donzelas confiadas aos seus cuidados e exortá-las a se vestirem modestamente.

5. As Superioras mencionadas e professores não devem receber, em suas faculdades e escolas, meninas vestidas indecentemente, e não devem nem mesmo abrir uma exceção, no caso das mães dos alunos. Se, após a admissão, as meninas insistirem em vestir-se indecentemente, as alunas devem ser rejeitadas.

6. Freiras, em conformidade com a Carta de 23 de agosto de 1928, pela Sagrada Congregação dos Religiosos, não devem receber em seus colégios, escolas, oratórios ou recreativos, ou, no caso, uma vez admitido, não devem tolerar meninas que não estejam vestidas com modéstia cristã; As Freiras mencionadas, além disso, devem fazer o máximo para que o amor à santa castidade e à modéstia cristã possa tornar-se profundamente enraizado no coração de seus alunos.

7. É desejável que sejam fundadas organizações piedosas de mulheres, que, por seus conselhos, exemplo e propaganda combatam o uso de vestuário inadequado à modéstia cristã, e promovam a pureza dos costumes e a modéstia no vestir.

8. Nas associações de mulheres piedosas, aquelas que se vestem sem modéstia não devem ser admitidas como membros; mas, se, por acaso, elas forem recebidas e, depois de terem sido admitidas, vierem a cair novamente no erro, devem ser demitidas imediatamente.

9. Donzelas e mulheres vestidas indecentemente devem ser impedidas de receber a Comunhão e de atuar como madrinhas dos sacramentos do Batismo e da Confirmação, e, além disso, se o delito for extremo, podem mesmo ser proibidas de entrar na igreja.

Cardeal Donato Sbaretti, Prefeito
Congregação do Conselho
Roma, 12 de janeiro de 1930.

(*) Esta carta foi publicada nos “Acta Apostolicae Sedis” de 1930 (vol. 22, pp. 26-28). Os “Acta” ou AAS são o Diário Oficial da Igreja Católica, onde se tornam públicas e oficiais as normas da Igreja. 



III. Notificação concernente às mulheres que vestem roupas de homem


Giuseppe Cardial Siri
Genova, 12 junho de 1960

Ao Reverendo Clero,
A todas as Religiosas professoras
Aos queridos filhos da Ação Católica,
Aos educadores que desejam seguir verdadeiramente a Doutrina Cristã

1. O primeiro sinal da nossa primavera tardia indica certo aumento, este ano, do uso das vestes masculinas por mulheres, jovens e até mesmo por mães de família. Até 1959, em Genova, este tipo de veste significava que a pessoa era uma turista, mas agora parece que há um número significativo de garotas e mulheres da mesma Genova que escolhem, ao menos em viagens de lazer, vestir calças de homem.

A evolução deste comportamento nos obriga a refletir seriamente, e nós pedimos a quem esta notificação vai dirigida, dar toda a atenção que este problema merece, como é próprio das pessoas que estão conscientes de ser responsáveis frente a Deus.

Nós pretendemos, acima de tudo, fazer um juízo moral equilibrado sobre o uso de roupas masculinas pelas mulheres. De fato, nossa reflexão só pode estar fundamentada sobre a questão moral.

Em primeiro lugar, quando a questão é cobrir o corpo feminino, não se pode dizer que o uso de roupas masculinas pelas mulheres seja uma grave ofensa contra a modéstia, pois as calças certamente cobrem mais do corpo da mulher que as saias das mulheres modernas. No entanto, as vestes para serem modestas, não necessitam apenas cobrir o corpo, e tampouco devem estar coladas ao corpo. É verdade que muitas roupas femininas colam mais do que muitas calças, mas as calças podem ser feitas para apertarem mais, e de fato geralmente apertam. Por isso, este tipo de roupa, colada ao corpo, nos dão a mesma preocupação quanto às roupas que expõem o corpo. Então a imodéstia das calças masculinas no corpo feminino é um aspecto do problema que não pode ser deixado sem uma observação geral sobre elas, ainda que não deva ser superficialmente exagerado também.

2. No entanto, outro aspecto das mulheres vestindo calças nos parece ser o mais grave[1] . O uso de vestes masculinas por parte das mulheres afeta primeiramente à própria mulher, causado pela mudança da psicologia feminina própria da mulher; em segundo lugar, afeta a mulher como esposa do seu marido, por tender a viciar a relação entres os sexos; e, em terceiro lugar, como mãe de suas crianças, ferindo sua dignidade ante seus olhos. Cada um destes pontos deverá ser cuidadosamente considerado:

A. A roupa masculina muda a psicologia da mulher

Na verdade, o motivo que leva a mulher a usar roupa de homem é o de imitar, e não somente isso, mas o de competir com o homem, que é considerado o mais forte, mais livre, mais independente[2] . Esta motivação mostra claramente que a roupa masculina é a ajuda visível para trazer uma atitude mental de ser “igual ao homem”. Em segundo lugar, desde que o ser humano existe, a roupa que uma pessoa usa modifica seus gestos, atitudes e o comportamento, a tal ponto que, só pelo fato de se usar uma determinada roupa, o vestir chega a impor um estado de ânimo especial em seu interior.

Permita-nos acrescentar que, uma mulher que sempre veste roupas de homem, indica que ela está reagindo à sua feminilidade como se fosse algo inferior, quando na verdade é só diversidade[3] . A perversão de sua psicologia é claramente evidente.

Estas razões, somadas com muitas outras, são suficientes para nos alertar o quão equivocado elas são conduzidas a pensar ao se vestirem com roupas de homens.

B. A roupa masculina tende a corromper as relações entre as mulheres e os homens

Na verdade, com o passar dos anos, e conforme as relações entre os sexos se desenvolvem, um instinto mútuo de atração predomina. A base essencial desta atração é a diversidade entre os sexos[4] , que é possível somente pela sua complementaridade, ou completando um ao outro. Se esta diversidade se torna menos óbvia, porque um de seus maiores sinais externos é eliminado, e porque a estrutura psicológica normal é enfraquecida, o que resulta é a alteração de um fator fundamental na relação.

O problema é ainda mais profundo. A atração mútua entre os sexos é precedida tanto naturalmente, quanto em relação ao tempo, por um sentido de pudor que freia os instintos que surgem, lhes impõe respeito e tende a elevar o nível de mútua estima e temor saudável, impedindo que todos aqueles instintos possam levar a atos descontrolados. Mudar a roupa, que por sua diversidade revela e assegura os limites da natureza e da defesa, é anular a distinção e ajudar a destruir o trabalho de defesa vital do sentido de vergonha. É, no mínimo, impedir este sentido. E quando o sentido de vergonha é impedido de colocar os freios, as relações entre homem e mulher se afundam em degradação e puro sensualismo, separadas de todo respeito mútuo ou estima. A experiência está aí para nos dizer que quando a mulher é “desfeminilizada”, as defesas são destruídas e as fraquezas aumentadas.

C. A roupa masculina fere a dignidade da mãe ante os olhos de suas crianças

Toda criança têm um instinto pelo sentido de dignidade e decoro de sua mãe. Uma análise da primeira crise interior das crianças, quando elas despertam para a vida ao seu redor, mesmo antes de elas entrarem na adolescência, mostra o quanto vale para elas o sentido de suas mães. As crianças são sumamente sensíveis a esta idade. Os adultos, geralmente, deixaram isso de lado e não pensam mais sobre isso. Mas fazemos bem em recordar as demandas severas que as crianças instintivamente fazem a sua própria mãe, e a profundas e até terríveis reações que nelas se afloram pela observação dos seus maus comportamentos. Grande parte do futuro é traçada aqui – e não para melhor – nestes precoces dramas durante a infância. A criança pode não saber a definição de exposição, de frivolidade ou infidelidade, mas possui um sentido instintivo que reconhece quando essas coisas acontecem, sofre com elas, e é amargamente ferida por elas em suas almas.

3. Vamos pensar seriamente em tudo o que foi dito até agora, mesmo que a aparência da mulher com roupas masculinas não faça surgir imediatamente tudo aquilo causado por uma grave imodéstia.

A mudança da psicologia feminina gera um dano crucial e, ao longo dos anos, torna-se irreparável à família, à fidelidade conjugal, às afeições e à sociedade humana. É verdade que os resultados de se vestir roupas impróprias não podem ser vistos todos a curto prazo. Mas devemos pensar no que está sendo devagar e articuladamente destruído, despedaçado, pervertido.[5] 

Se a psicologia feminina é mudada, existe alguma reciprocidade imaginável mudada entre marido e mulher? Ou existe alguma autêntica educação de crianças imaginável, que é tão delicada no seu proceder, entrelaçada de fatores imponderáveis, na qual a intuição e instinto da mãe cumpram um papel decisivo nessa idade tão delicada? O que estas mulheres serão capazes de dar a suas crianças, tendo usado calças durante tanto tempo e com sua alta-estima determinada mais por sua competição com os homens do que por seu papel como mulher?

Perguntamo-nos por quê, desde que o homem existe – ou melhor, desde que ele se tornou civilizado: por quê tem sido o homem, em todos os tempos e lugares, irresistivelmente levado a fazer a diferenciada divisão entre as funções dos dois sexos? Não temos aqui um testemunho exato para o reconhecimento, por toda a humanidade, de uma verdade e de uma lei acima do homem? 

Para resumir, quando uma mulher veste roupas de homem, deve ser considerado um fator, a longo prazo, da desintegração da ordem humana.

4. A consequência lógica de tudo o que foi apresentado aqui é que qualquer pessoa, em uma posição de responsabilidade, deveria estar possuída por um sentido de alarme no significado verdadeiro e próprio da palavra, um severo e decisivo alarme.

Nós dirigimos uma grave advertência aos Sacerdotes das paróquias, a todos os Sacerdotes em geral e a Confessores em particular, aos membros de qualquer tipo de associação, a todos os Religiosos, a todas as Irmãs, especialmente as Irmãs educadoras. Nós os convidamos a que tomem plena consciência deste problema de forma que atuem em seguida. Essa conscientização é o que importa. Ela irá sugerir a ação adequada no tempo certo. Mas não permitamos que nos aconselhe a ceder ante uma inevitável mudança, como se estivéssemos confrontados por uma evolução natural da Humanidade, e daí por diante!

Pessoas vêm e vão, porque Deus deixou espaço suficiente para o início e fim do livre arbítrio do homem. No entanto, as linhas essenciais da natureza e as não menos substanciais linhas da Eterna Lei nunca mudaram, não estão mudando agora e nunca irão mudar[6] . Existem limites além dos quais uma pessoa pode ir tão longe o quanto queira, mas fazê-lo resulta em morte; há limites os quais fantasias filosóficas vazias menosprezam ou não levam a sério, mas que constituem uma aliança de fatos sólidos e da natureza que punem qualquer um que os ultrapassa. E a história já ensinou suficientemente — com assustadoras provas advindas da vida e da morte de Nações — que a consequência para todos os violadores deste esquema da “Humanidade” é sempre, mais cedo ou mais tarde, uma catástrofe.

A partir da dialética de Hegel em diante, nós temos escutado repetitivamente coisas que não passam de fábulas, e pela força de escutá-las tão frequentemente, muitas pessoas acabam por se acostumar a elas, mesmo escutando passivamente. Mas a verdade da questão é que Natureza e Verdade, e a Lei baseada em ambas, vão por seu caminho imperturbável e destroem aos pedaços a ideia dos tolos que, sem justificativa alguma, creem em mudanças radicais e de longo alcance nessa mesma estrutura do homem. As consequências de tais violações não são um novo desenho do homem, mas desordens, instabilidades prejudiciais de todos os tipos, a assustadora secura das almas humanas, o grande aumento no número de seres humanos abandonados, levados há muito tempo para longe da vista e da mente humana para viver seu declínio no ócio, na tristeza e na rejeição. Neste naufrágio de eternas regras se encontram famílias destruídas, vidas terminadas antes da hora, corações e casas que se esfriaram, idosos jogados para um lado, jovens intencionalmente depravados, e, em última instância, almas em desespero tirando suas próprias vidas. Todas estas ruínas humanas dão testemunho do fato de que a “linha de Deus” não dá espaço, nem admite qualquer adaptação com os sonhos delirantes dos assim chamados filósofos!

5. Já temos dito que aqueles que se dirigem esta Notificação são convidados a tomar o problema que tem adiante como um sério alarme. 

Eles sabem o que devem dizer, começando com os bebês no colo de suas mães. 

Eles sabem que, sem exagerar ou tornar-se fanáticas, elas precisarão limitar estritamente o quanto elas podem tolerar que as mulheres se vistam como homens com uma regra geral.

Eles sabem que não podem ser tão fracas a ponto de deixar qualquer um fechar os olhos para um costume que está tomando conta e destruindo a base moral de todas as instituições.

Os sacerdotes sabem da direção que devem ter no confessionário; mesmo não tomando toda veste masculina usada por mulher como uma falta grave, devem ser precisos e decisivos.

Todos, caridosamente, refletirão sobre a necessidade de ter uma frente de ação unida, reforçado por todos os lados, por todos os homens de boa vontade e todas as mentes iluminadas, de forma a criar uma barreira verdadeira para conter a inundação.

Cada um de vocês, responsável pelas almas em qualquer situação, entende o quão útil é ter como aliados, nesta campanha defensiva, homens intelectuais e da mídia aliados nesta campanha. A posição tomada pelas indústrias desenhistas de roupa, seus brilhantes estilistas têm uma importância crucial em toda essa questão. O sentido artístico, a elegância e o bom gosto juntos podem encontrar uma solução apropriada e digna para a roupa que a mulher deve usar quando for andar de moto, ou estiver nessa ou naquela atividade física, ou no trabalho. O que importa é preservar a modéstia, junto com o eterno sentido de feminilidade, aquela feminilidade que, mais do que qualquer outra coisa, todas as crianças continuarão a associar com a face de sua mãe. 

Nós não negamos que a vida moderna traga problemas e faça solicitações desconhecidas por nossos avós. Mas afirmamos que existem valores que precisam ser mais protegidos do que experiências passageiras, e que, para todas as pessoas inteligentes, há sempre bom senso e bom gosto o bastante para encontrar soluções dignas e aceitáveis para os problemas que surjam.

Comovidos pela caridade, nós estamos lutando contra uma degradação do homem, contra o ataque sobre aquelas diferenças nas quais descansa a complementaridade entre o homem e a mulher.

Quando vemos uma mulher de calça, nós deveríamos pensar não tanto nela, mas em toda a Humanidade, de como será quando todas as mulheres se masculinizem. Ninguém ganhará, ao tratar de levar a cabo uma futura época de imprecisão, ambiguidade, imperfeição, e, em uma palavra, monstruosidades. 

Esta nossa carta não é dirigida ao público[7] , mas àqueles responsáveis pelas almas, pela educação, por Associações Católicas. Que façam seu dever, e que não sejam como sentinelas que foram apanhadas dormindo no seu posto enquanto o mal penetrava sorrateiramente.

Giuseppe Cardinal Siri
Arcebispo de Genova



CONSIDERAÇÕES A SABER E REFLETIR



O Papa Pio XII (1939-1958) continuou a Cruzada Pela Modéstia de Pio XI durante seu pontificado. Em uma Alocução para as meninas católicas, de 22 de maio de 1941, durante a II Guerra Mundial, lhes pediu para não cair em modismos que tinham sido, até então, usados somente por “mulheres de virtude duvidosa”. Suas palavras são um lembrete de que a Igreja é sempre consciente da salvação das almas: “O número de fiéis e mulheres piedosas (…) aceitando seguir certas modas ousadas, quebram, pelo seu exemplo, a resistência de muitas outras mulheres a tais modas, que poderão ser a causa da ruína espiritual para elas. Enquanto estes estilos provocativos permanecem identificados com as mulheres de virtude duvidosa, boas mulheres não se atrevem a segui-los, mas, uma vez que estes estilos são aceitos por mulheres de boa reputação, mulheres decentes logo seguem o seu exemplo, e são arrastadas pela maré até um possível desastre”.

Instruções detalhadas sobre a modéstia no vestuário das mulheres já haviam sido emitidas, em 24 de setembro de 1928, pelo Cardeal-Vigário (Vigário Geral), do Papa Pio XI, em Roma, o Cardeal Basilio Pompili: “Recordamos que um vestido não pode ser chamado de decente se é cortado mais que a largura de dois dedos sob a cova da garganta, se não cobre os braços pelo menos até os cotovelos, e se mal chega até um pouco abaixo dos joelhos. Além disso, os vestidos de materiais transparentes são impróprios…”. 

Então, medidas modestas há! Me lembrem de trazer este documento à colação o mais breve possível!!

Nessa mudança do próprio sentido de “modéstia”, há um autor específico? Há, bem anterior ao feminismo — que não passa de manipulação masculina[8]  da massa feminina para fins políticos — apareceu a mão da maçonaria, inimiga moderna suscitada para combater a Igreja e o próprio Deus. 

Na “Humanum Genus” (1884), o Papa Leão XIII já afirmava que os maçons têm simplesmente determinado e proposto que, engenhosamente e de propósito estabelecido, a multidão deveria ser saciada com uma licença ilimitada de vícios, como quando isso fosse feito, ela iria facilmente cair sob seu poder e autoridade para quaisquer atos de ousadia”. 

Eles mesmo o confessam: “A fim de destruir o Catolicismo, é necessário começar por suprimir a mulher… Mas já que nós não podemos suprimir a mulher, vamos corrompê-las com a Igreja…” (Carta de Vindez para Nubius, nomes de guerra de dois líderes da Alta Vendita, a maior loja da Carbonária italiana, os revolucionários maçons, de 9 de agosto de 1838). 

Os maçons haviam entendido que as mulheres são as bússolas morais da sociedade. A serpente sabia disso quando se aproximou de Eva. Assim, os maçons também planejaram se infiltrar no mundo da moda para influenciar as tendências da moda e do estilo das mulheres e crianças, começando por envolver seu próprio pessoal na indústria da moda. Era também plano “Illuminati” formar e controlar a opinião pública através da mídia e do entretenimento. Essa tríplice aliança maligna — moda, mídia e cinema/TV — serviu para criar, defender e difundir a imoralidade, a começar pela imodéstia do vestir e do comportamento. 

No início do século 20, vemos grandes mudanças na moda feminina. Por causa disso, em 1910, o Arcebispo de Paris liderou uma campanha contra a moda das mulheres sem recato. E, vejam, estamos falando de 1910!!! O que poderia ter de imodesto naquela época? Cinco anos depois, a Igreja precisou publicar uma “Diretiva Pastoral Geral”, determinando que as mulheres se vestissem decentemente na Missa, e que o padre lhes podia recusar a entrada na Igreja se elas não estivessem vestidas adequadamente. A coisa começou bem antes do que imaginamos!!! 

Em 13 de maio de 1917, ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora disse à menina Jacinta Marto que “mais almas vão para o inferno por causa dos pecados da carne, do que por qualquer outra razão”. Obviamente, essa menina inocente podia não entender plenamente o sentido de “pecados da carne”, mas nós sabemos que o Catecismo ensina que esses pecados são do âmbito do Sexto e Nono Mandamentos. Nossa Senhora também disse que seriam introduzidas certas modas “que ofenderiam muito Nosso Senhor”. Jacinta comentou mais tarde que as pessoas que servem a Deus não devem seguir as tendências da moda atual e que a Igreja não tem modas e que “Nosso Senhor é sempre o mesmo” (Vide Lema dos Cartuxos na nota n. 6). 

As calças apareceram nas passarelas da moda de Paris em 1920. No ano seguinte, o Papa Bento XV expressou seu choque por causa daquelas mulheres que abraçam as tendências da moda contemporânea e os novos estilos de dança indecente: “Não se pode deplorar suficientemente a cegueira de tantas mulheres de qualquer idade e posição. Feitas de bobas por um desejo de agradar, elas não veem em que medida a indecência de suas roupas choca a cada homem honesto e ofende a Deus. A maioria delas ficaria enrubescida por causa deste tipo de vestuário, como por uma falta grave contra a modéstia cristã. Agora não basta exibir-se em vias públicas, elas não temem cruzar o limiar de igrejas para assistir ao Santo Sacrifício da Missa, e até mesmo carregar o alimento sedutor das paixões vergonhosas para a mesa eucarística, onde se recebe o Autor da Pureza Celestial. E nem vamos falar das danças exóticas e bárbaras recentemente importadas para os círculos da moda, uma mais chocante que a outra; não se pode imaginar nada mais adequado para banir todos os resquícios de modéstia” (Carta Encíclica “Sacra Propediem”, 6 de janeiro de 1921).

No verão de 1946, o primeiro biquíni se fez presente nas passarelas de Paris. Coco Chanel voltou à cena fashion em 1954, e reintroduziu suas criações da década de 1930. No verão daquele ano, o Papa Pio XII alertava: “Agora, muitas meninas não veem nada de errado em seguir certos estilos desavergonhados, assim como muitas ovelhas. Elas, certamente, enrubesceriam se pudessem adivinhar a impressão que elas causam e os sentimentos que despertam em quem as vê”. (“Alocução às Filhas de Maria Imaculada”, 17 de julho de 1954). 

O Papa já havia advertido às meninas católicas, anos antes, que, se determinados estilos eram uma ocasião de pecado para os outros, era o seu dever não os usar. Ele também alertou às mães para ter certeza que seus filhos estavam vestidos modestamente: “O bem da nossa alma é mais importante do que o nosso corpo, e nós temos que preferir o bem-estar espiritual de nosso próximo ao nosso conforto corporal… Se certo tipo de vestimenta constitui uma ocasião grave e imediata de pecado, e põe em perigo a salvação de sua alma e de outros, é seu dever desistir de usá-lo” (...) ”Ó mães cristãs, se vocês soubessem o que um futuro de ansiedades e perigos, de dúvidas depressivas, de mal suprimida vergonha vocês preparam para seus filhos e filhas, deixando-os imprudentemente acostumados a viver escassamente vestidos e fazê-los perder o senso de pudor, vocês teriam vergonha e temeriam o dano que vocês estão causando a vocês mesmas, os danos que vocês estão causando a essas crianças que o Céu confiou a vocês para serem educadas como cristãs” (“Alocução às Meninas da Ação Católica”, 22 de maio de 1941). 

Em 1959, o Cardeal Pla y Daniel, arcebispo de Toledo, Espanha, alertava: “Um perigo especial para a moral é representado por banhos públicos nas praias (…). O banho misto entre homens e mulheres, que é quase sempre uma ocasião próxima de pecado e um escândalo, deve ser evitado”. O cardeal foi simplesmente ecoando e reforçando o que sabiam os imperadores romanos há dois mil anos: natação mista leva à promiscuidade. (Vide sobre o tema praia/piscina/esporte, nos links abaixo.) 

Padre Pio recusava às mulheres o acesso ao confessionário (de uma forma que hoje achariam não caridosa) se os seus vestidos fossem muito curtos. Na porta da igreja estava esta mensagem: “Por desejo explícito do Padre Pio, a mulher deve entrar no confessionário vestindo saias, pelo menos vinte centímetros abaixo do joelho. É proibido emprestar um vestido longo na igreja para usá-lo no confessionário”. Como certo autor comentou, enquanto os estilistas tinham saias subindo para mais de vinte centímetros acima do joelho, o Padre Pio alertou as mulheres para manter suas saias vinte centímetros abaixo do joelho. 

Os liberais e os progressistas podem aduzir que os tempos mudaram, mas... Deus não muda, nem a lei d’Ele. Leis morais não são modismos: 

Sempre há uma norma absoluta a ser preservada, não importa quão amplos e mutáveis possam ser os costumes morais de plantão” (Papa Pio XII, 8 de novembro de 1957).

O inimigo não dorme!!! 

A religião não teme a ponta da adaga, mas pode desaparecer sob a corrupção. Não vamos nos cansar de corrupção: nós podemos usar um pretexto, como o esporte, a higiene, os recursos da saúde. É necessário corromper, que nossos meninos e meninas pratiquem o nudismo no vestuário. Para evitar muita reação, se teria que avançar de forma metódica: primeiro, despir-se até ao cotovelo e, depois, até os joelhos, depois braços e pernas completamente descobertos, mais tarde, a parte superior do tórax, os ombros etc. etc.” (International Review on Freemasonry, 1928).

Bom, aqui estão as normas da Igreja e outras informações essenciais e insofismáveis a respeito da modéstia do vestir para aqueles que se professam católicos. Não se trata, ao menos no caso das encíclicas e das leis, de opiniões às quais os católicos podem ou não aderir, mas de normas a obedecer, pelo bem das nossas almas e daquelas pelas quais somos responsáveis e das quais Deus nos pedirá conta um dia. 

Se isso agrada ou não, queixem-se a quem de direito, não a mim. Não sou eu quem faz as regras, eu apenas as divulgo. 

Lembremo-nos de que há sempre um jeito de fazer as coisas do mundo de uma forma católica. Se não tem como evitar o uso de calças, por exemplos, há modelos que são modestos de alguma forma. Papa Pio XII mesmo dizia que, diante dos desafios dos novos tempos, o engenho humano católico deve trabalhar para achar as soluções católicas para cada caso. 

Mas lembre-se que, quem começa dizendo, “mas que mal tem”, já é um liberal. E, um liberal, como dizia o canônico Roque, um conhecido maçom do século XVIII, “é um maçom sem avental”, ou seja, é um maçom de fato, que não precisa de iniciação formal. Um liberal não pode ser católico, assim como um católico não pode ser um liberal. Há uma impossibilidade intransponível. São como agua e óleo. 

Giulia d’Amore 



Mais sobre modéstia do vestir, do olhar e no comportamento no Pale Idea (em ordem cronológica):  



Fontes:  
https://www.apostolichrist.com/regras-no-vestir.
http://modaemodestia.com.br/igreja/igreja-modestia-e-maconaria.
http://modaemodestia.com.br/moda-modestia/a-corrupcao-da-moral-atraves-da-moda-imodesta.
http://modaemodestia.com.br/igreja/autoridades-eclesiasticas/notificacao-cardeal-siri.
E os documentos dos Papas no site do Vaticano e na web. 


Notas:
1  Calças são piores que minissaias, disse o Bispo de Castro Mayer, porque, enquanto as minissaias atacam os sentidos, as calças atacam a mais alta faculdade do homem, a mente
2  Nisso, há um forte traço feminista inculcado na mulher aos poucos, para que ela se sentisse inferior ao homem e buscasse se “libertar”. Na prática, a mulher, com a revolução sexual dos anos setenta, se “libertou” do marido para se “escravizar”, voluntariamente, fora de casa, a outro homem: o patrão. 
3  Aqui, o termo é usado em sua acepção verdadeira, não como sinônimo e justificativa para aberrações morais.
4  Mais uma vez, o termo é usado em sua acepção verdadeira e original. A diversidade de sexos é uma só: há o homem e a mulher. E só. 
5  Bom, isto está bem claro hoje. Está bem diante de nossos olhos: a destruição da família não se deu da noite para o dia, foi programada e executada lentamente, e passou também pela imodéstia dos trajes e do comportamento. 
6  “O mundo gira, mas Deus permanecem o mesmo”. Lema dos Cartuxos. 
7  Hoje, ela é dirigida a todos os que são responsáveis por almas inocentes. Inclusive e sobretudos os professores nas escolas e os catequistas na Igreja. Embora a educação moral seja de responsabilidade dos pais e não do Estado ou de estranhos ao núcleo familiar, fato é que um católico que tenha sob seus cuidados uma criança – seja ele professor, babá, catequista etc. – ele é responsável moralmente por aquela criança e, se perceber que há uma falha na educação moral dela, deve, por dever de caridade, suprir a responsabilidade de quem de direito. Ou, no mínimo, advertir os responsáveis. 
8  Se procurar honestamente, na origem do feminismo há apenas homens. Depois, apareceram mulheres colocadas como “precursoras”, mas eram meras marionetes. Todas as grandes “conquistas” feministas foram concedidas pelos homens, como o direito ao voto, por exemplo: foram os parlamentos masculinos que votaram leis que concederam às mulheres o “direito” de votar!!! 
       

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