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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Em defesa de Dom Williamson… mas não da verdade


Dando continuidade às tentativas de combater a confusão gerada por Dom Williamson, ainda que não pretenda esgotar o assunto, espero, pelo menos, ajudar a demonstrar a grande imprudência desse bispo e de seus colaboradores.


Na melhor das hipóteses, e por enquanto prefiro trabalhar com ela, Dom Williamson foi tremendamente imprudente ao escrever seus Comentários. Em primeiro lugar, ao tratar de um assunto totalmente desnecessário, e que poderia gerar confusão, como de fato gerou. Tanto Dom Williamson não estava sobre pressão nenhuma, não foi solicitado por ninguém a responder sobre este assunto, não estava ocorrendo nenhuma disputa sobre o tema antes dos Comentários Eleison. Se o bispo queria levar os fiéis a não desprezarem aqueles que estão sendo enganados pela falsa igreja conciliar, poderia tê-lo feito de outra maneira completamente diferente, lembrando que muitos estão sem culpa no erro, por exemplo.


A imprudência do bispo continua, não somente por ter tocado no assunto, mas, principalmente, pela forma como o fez. Dom Williamson não defende apenas a possibilidade de haver milagres na missa nova. A tese que ele defende é muito mais forte que isto, pois o bispo induz a crer que o caso concreto de Buenos Aires, “segundo sugerem as evidências” (sic), é de fato um milagre. Ele não se deu ao trabalho de analisar as diferentes possibilidades de explicação do fenômeno. E que possibilidades são estas?

Chegamos aqui ao ponto crucial, onde Dom Williamson perverteu a análise do fato, comprometendo a conclusão. Os teólogos ensinam claramente que há de se fazer a distinção entre os verdadeiros e os falsos milagres.
Por exemplo, no livro “A Caminho da Verdade Suprema” do Padre Pedro Cerruti, este distingue os verdadeiros milagres, feitos por Deus, dos falsos milagres, feitos pelo demônio:

1 – Verdade histórica: Se o milagre aconteceu realmente;
2 – Verdade filosófica: Se o milagre é extraordinário, isto é, supera as forças de toda natureza criada;
3 – Verdade teológica: Se o milagre foi produzido por Deus;
4 – Verdade relativa: Se Deus o produziu para confirmar uma revelação;
(…)

[Explicação do item 3]
“A razão vê logo, já a priori, que deve ser possível discernir os verdadeiros milagres divinos dos prodígios do demônio. Deus com efeito: 1) não pode permitir que o homem seja induzido invencivelmente no erro em matéria moral e religiosa e acerca de sua salvação eterna: opõem-se a Veracidade, a Santidade e a Providência divina; seria por a Providência em contradição consigo mesma, guiando os homens para a salvação e juntamente colocando-os em circunstâncias tais, que, apesar de suas diligências e da sua boa vontade, tomariam invencivelmente como verdades que conduzem à salvação, erros que de fato afastam dela. 2) nem pode permitir que o milagre, único critério primário para reconhecer a verdadeira revelação divina, perca seu valor e eficácia, como aconteceria se não se pudesse discernir dos prodígios do demônio: opõe-se a isso a Sabedoria divina.

O padre deixa claro que é possível distinguir os verdadeiros milagres dos falsos, e que estes proveem do demônio. Por exemplo, em Akita, o sangue que jorrava da imagem em várias ocasiões pertencia a diferentes tipos sanguíneos, pelo que não podem ser da mesma pessoa, ou seja, da Santíssima Virgem. E quem foi o famoso imprudente que deu créditos a Akita, inclusive com direito à peregrinação? Claro, Dom Williamson.


Chama-se falso um milagre, ou porque lhe falta a verdadeira razão do fato, ou a verdadeira razão do milagre, ou o devido fim do milagre. (…)

Mas algumas vezes se fazem algumas maravilhas, cujas causas estão ocultas, mas não fora da ordem da natureza; e isto com mais razão o fazem os demônios, que conhecem as virtudes da natureza e tem determinada eficácia para especiais efeitos; e estas fará o Anticristo, mas não as que tem verdadeira razão de milagre, porque não tem poder naquilo que está sobre a natureza.

Mas há mais gente que percebeu esta possibilidade. A seguir, transcrevo o trecho de uma resposta do padre Trincado ao padre Cardozo, na qual o acusava de distorcer suas palavras. Esta resposta, vinda de um padre que defende Dom Williamson, foi divulgada, no dia 29 de Fevereiro de 2016, pelo mesmo professor tomista que, abusando da boa fé de uma pessoa, obteve uma lista de e-mails para um fim de caridade, e acabou por utilizá-la para divulgar seus próprios artigos sem a autorização das pessoas. Felizmente, ao contrário do vídeo do Youtube que eles covardemente podem tirar do ar, não há como apagar o texto que divulgaram, e nós podemos ler as exatas palavras do padre Trincado, estando sob nossa responsabilidade os destaques e a tradução ao português:

1.- Que ha terminado de leer el último Eleison y que lo juzga reprochable. Yo también juzgué reprochable ese primer Eleison de una serie de tres, porque trata de un asunto delicado dejando la respuesta para varios días después, con lo que se iba a generar cierto escándalo. Por eso Non Possumus publicó con comentarios ese Eleison (ver acá).
2.- Que en su opinión, el demonio podría querer obrar un milagro como el referido por Mons. Williamson. Con eso también también estuve de acuerdo.

Tradução para o português:
1- Que terminou de ler o último Eleison e que o julga reprovável. Eu também julguei reprovável esse primeiro Eleison de uma séria de três, porque trata de um assunto delicado deixando a resposta para vários dias depois, com o que se ia gerar certo escândalo. Por isso, Non Possumus publicou com comentários esse Eleison (ver aqui).
2- Que, em sua opinião, o demônio poderia querer realizar um milagre como o referido por Dom Williamson. Com isso também estive de acordo.

Vemos assim que os problemas são tão inegáveis que até os defensores de Dom Williamson foram obrigados a confessar tanto a imprudência do bispo ao tocar no assunto quanto o fato de que não está excluída a possibilidade de que o efeito tenha sido causado por ação diabólica. Apesar disso, continuam cometendo o enorme pecado de apresentar Dom Williamson como inocente e atacando os que dele corretamente discordam.

Pelo que já foi exposto, mesmo que se conseguisse provar cabalmente a possibilidade de milagres fora da Igreja, ainda assim não estaria feita a defesa de Dom Williamson. A imprudência do bispo o levou a atropelar toda a doutrina católica a respeito dos milagres para, afoitamente e sem seriedade alguma em sua análise, tratar os fatos de Buenos Aires como um verdadeiro milagre, realizado por Deus. A possibilidade de se tratar de uma enganação diabólica não foi nem cogitada pelo bispo que alguns querem enxergar com o último bastião da Fé Católica. Possibilidade que até seus defensores reconhecem, mas, por motivos “pouco nobres”, preferem ignorar. Deveriam se corar de vergonha, mas preferem ficar vermelhos de raiva de quem enxerga o óbvio, ou seja, que Dom Williamson disse besteiras.

Mas os erros do bispo não param por aqui, nem a bajulação de seus aduladores. Dom Tomás, que gosta de cantar honra e glória a Dom Williamson, escreveu alguns textos a favor do bispo. Um deles, intitula-se “Em defesa de Williamson – II”. Talvez por tê-lo considerado ruim, o professor tomista se abstive de praticar seu esporte preferido, ou seja, enviar e-mails não solicitados. Mas outros sites, que não perceberam o erro basilar de Dom Tomás, o publicaram:

Os ataques a Dom Williamson se baseiam em seus escritos e em suas palavras. Examinemos alguns escritos. Seus críticos mais tenazes alegam que é preciso ver o conjunto e concluir pela heterodoxia de Dom Williamson. Se eu fosse comentar cada acusação, uma por uma, isto tomaria um tempo do qual não disponho. Examino aqui apenas uma ideia de Dom Williamson. (…)

Pessoas como Gustavo Corção e quase todos os membros da Permanência no Brasil e da “Cité Catholique” na França assistiam ou assistiram à Missa Nova no início dos anos 70 e a maior parte dos membros da Resistência no Brasil já fizeram o mesmo antes de conhecerem a Tradição. Podemos pensar que, entre tantas pessoas, alguns tenham feito comunhões bem feitas e tenham tirado proveito destas comunhões caso tenham assistido missas válidas ainda que fossem no Novus Ordo.”

Felizes os que receberam a graça de compreender a questão da missa. Corção compreendeu sua malignidade desde o início, mas que não devia assisti-la, ele só o compreendeu depois. Ele levou cerca de quatro anos para tomar a decisão de não ir mais a essa missa. Ele só a tomou depois que Jean Madiran veio da França para lhe falar do assunto, pelo que me lembro ter ouvido.

Mas ele entendeu que não devia ir pois este rito conduz à heresia e é um mau exemplo ir à Missa Nova. Então ele não foi mais.

Que concluir disso? Eu concluo que não há porque lançar D. Williamson (e Corção igualmente) na fogueira. Nem um nem outro são hereges. Um demorou a entender que não devia ir à Missa Nova e outro procurou dar uma explicação para este fato. Tanto um como outro me parecem igualmente católicos e igualmente antiliberais pois ambos condenaram a Missa Nova e defenderam a Missa de Sempre.

As palavras de Dom Tomás justificam as ideias de Dom Williamson sobre a missa nova? Então as intervenções de Dom Williamson a este respeito se resumem em “dar uma explicação para alguém que demorar a abandonar a missa nova”?

Se relermos o primeiro parágrafo, notamos que Dom Tomás reconhece que há diversas críticas a Dom Williamson, mas coloca como justificativa para não analisar todas elas apenas a falta de tempo. Mas, ao analisarmos o conjunto, é impossível negar os erros de Dom Williamson. Inclusive respondendo às perguntas que colocamos logo acima e demonstrando o erro primário de Dom Tomás ao elaborar sua conclusão prescindindo de importantes ideias de seu amado bispo a respeito deste assunto.

Apenas alguns meses antes dos Comentários sobre o suposto milagre na missa nova, Dom Williamson respondeu publicamente a uma fiel da Tradição, entre outros absurdos, que ela poderia ir à missa nova caso isso nutrisse sua fé, como se pode ver no seguinte vídeo legendado em português:


(caso não abra, em email, clique aqui: https://youtu.be/lUCttxj0qV4)


Fonte do vídeo: http://stdominic3order.blogspot.com.br/2016/03/dom-williamson-infame-conferencia-missa.html

Uma coisa é a pessoa demorar para entender o quão perversa é a missa nova, e outra coisa totalmente diferente é, depois de entender, continuar indo ou recomendar a alguém que vá. A mulher que disse a Dom Williamson que assistia a missa nova durante a semana morava perto de um centro da Resistência, no qual assistia a Missa Tridentina nos finais de semana. E mesmo assim o bispo lhe diz que ela pode continuar assistindo a missa nova desde que “esteja nutrindo sua fé” e “não cause escândalo” (sic). Ora, o que diz Dom Williamson sobre a missa nova é completamente diferente do que Dom Tomás lhe atribuiu em sua defesa. Será que Dom Tomás não teve tempo de responder a todas as acusações, ou será que preferiu esconder as irrespondíveis? Ele, que assumiu conhecer outras acusações contra Dom Williamson, será que não conhecia esta? Se conhecia, então mentiu ao formular sua defesa do bispo, como se ele estivesse tratando apenas das pessoas que ainda não haviam reconhecido a perversidade da missa nova. E tenta utilizar o nome de Gustavo Corção para justificar as besteiras ditas por Dom Williamson. Como Dom Tomás mesmo reconheceu, Corção entendeu que não deveria ir à missa nova e não foi mais. E, provavelmente, não recomendou a ninguém que fosse, “caso nutrisse sua fé”.

Todos nós passamos pelo que Corção passou. A crise é tão profunda que custa acreditar que haja pessoas com tanta perversidade ao ponto de criar as mentiras propostas pela anti-igreja. Eu também demorei um pouco para entender que não devia ir à missa nova, à missa do motu proprio, à missa da Neo-FSSPX, e também já assumi o meu mea culpa por ter confiado no perverso Ratzinger. Por isso mesmo são inadmissíveis atitudes como a de Dom Williamson que aconselham fiéis da Tradição a ir à missa nova, ou que fica tratando de supostos milagres na missa nova. A nossa caridade para com quem ainda está no erro é dizer a verdade sobre o quão perversa é a seita modernista e todos os seus frutos. Nós, que já superamos as dúvidas, não temos o direito de nelas induzir aqueles que vêm depois de nós. A estes, Deus lhes dará as graças para que enxerguem o mal em que estão, como nós um dia também estivemos. Sim, nós também estivemos no charco e não temos motivos para nos acharmos superiores àqueles que, sem culpa, ainda estão no erro. Sabemos que, se sobrevivemos, foi apesar da missa nova, e não por causa dela. E, por isso, é dever de caridade, e não hipocrisia, alertar sobre os males da falsa igreja e seus frutos, incluindo a missa nova.


De tudo o que foi dito, podemos concluir os aduladores de Dom Williamson tentaram fazer sua defesa às custas da verdade. Tentaram, mas não conseguiram, porque agiram como advogados, e não como apologetas.










     
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