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terça-feira, 26 de junho de 2012

A Selva - PRIMEIRA INSTRUÇÃO: Sobre a celebração da Missa

      Santo Afonso Maria de Ligório
(27/09/1696 - 02/08/1787)
Bispo de Santa Àgata
Confessor
Doutor Zelosíssimo da Igreja
Fundador dos Missionários Redentoristas

A Selva



SEGUNDA PARTE - MATERIAIS PARA AS INSTRUÇÕES
PRIMEIRA INSTRUÇÃO
(Vide Cân. 802 e seguintes)



Sobre a celebração da Missa


I - Importância do santo Sacrifício e cuidado que ele exige do padre

Todo o pontífice eleito dentre os homens é estabelecido a favor dos homens, para desempenhar as funções do culto divino, e oferecer dons e sacrifícios em expiação dos pecados 1. Oferecer sacrifícios, eis pois o fim para que Deus colocou o padre na sua Igreja; é propriamente a função dos sacerdotes da lei da graça, aos 1uais foi dado o poder de oferecer o grande sacrifício do Corpo e Sangue do próprio Filho de Deus; sacrifício supremo e perfeito, infinitamente acima dos sacrifícios antigos, que outro mérito não tinha outrora senão o de serem desse a sombra e figura. As vítimas que então se imolavam eram novilhos e bodes; hoje a nossa Vítima é o Verbo eterno feito homem.Por isso mesmo, os sacrifícios da lei antiga não tinham poder algum; também o apóstolo os chama observâncias defeituosas e incapazes 2; o nosso, ao contrário, tem o poder de operar a remissão das penas temporais devidas ao pecado, e além disso — ao menos mediatamente, — de aumentar a graça e obter socorros mais abundantes àqueles por quem é oferecido.

O padre que não está compenetrado da grandeza do sacrifício da missa, jamais o oferecerá como deve. Nada fez de maior na terra Jesus Cristo. É a missa a ação mais santa e mais agradável a Deus que se pode realizar, tanto em razão da Vítima oferecida, que é Jesus Cristo, Vítima duma dignidade infinita, como em razão do sacrificador principal, que é o mesmo Jesus Cristo, a oferecer-se pela mão dos sacerdotes, como no-lo ensina o Concílio de Trento 3. E S. João Crisóstomo diz paralelamente: Quando virdes o sacerdote a oferecer o sacrifício, não penseis no padre, representai-vos antes a mão de Jesus Cristo que obra dum modo invisível 4.

Todas as honras que têm prestado a Deus os anjos com as suas homenagens, e os homens com as suas virtudes, austeridades, martírios e santas obras, não podem render a Deus tanta glória como uma só missa; porque todas as homenagens das criaturas são finitas, ao passo que a que se presta a Deus com o sacrifício dos nossos altares, é dum valor infinito, por lhe ser prestada por uma pessoa divina. Necessário é pois reconhecer com o Concílio de Trento que a missa é de toda as obras a mais santa e divina 5.

É pois o sacrifício da missa a obra mais santa e agradável a Deus, como acabamos de ver; é a obra mais capaz de aplacar a cólera de Deus contra os pecadores e abater as forças do inferno; é a obra que obtém graças mais abundantes para os homens na terra, e maior alívio para as almas do Purgatório; é finalmente a obra a que está ligada a salvação do mundo inteiro, segundo o pensamento de Sto. Odon, abade de Cluni 6. E Timóteo de Jerusalém diz que é à missa que a terra deve a sua conservação; a não ser ela, os pecados dos homens a teriam há muito aniquilado 7.

Segundo S. Boaventura, em cada missa faz o Senhor ao gênero humano um benefício não inferior ao que lhes dispensou, fazendo-se homem 8. O que é conforme com a célebre exclamação de Sto. Agostinho: Ó dignidade venerável a dos sacerdotes, entre cujas mãos o Filho de Deus encarna, como encarnou no seio da Virgem! 9 De mais, não sendo o sacrifício do altar senão a aplicação e renovação do sacrifício da cruz, Sto. Tomás ensina que, para o bem e salvação dos homens, tem cada missa toda a eficácia do sacrifício da cruz 10. E S. João Crisóstomo escreveu: A celebração da missa tem o mesmo valor que a morte de Jesus Cristo na cruz 11. A Igreja plenamente confirma esta verdade, quando diz nas suas orações: Cada vez que se celebra no altar a memória deste sacrifício, renova-se a obra da nossa redenção 12. De fato, ajunta o Concílio de Trento, o mesmo Redentor, que se ofereceu por nós na cruz, é quem se oferece no altar por ministério dos sacerdotes 13.

Numa palavra, segundo a expressão do profeta Zacarias, é a missa o que há de mais excelente e belo na Igreja: Que há de bom, que há de belo, senão o pão dos escolhidos e o vinho que gera virgens? 14 No sacrifício da missa, dá-se Jesus Cristo a nós, mediante o sacramento do altar, que é o fim e consumação de todos os outros sacramentos, como ensina o Doutor angélico 15. Razão tem pois S. Boaventura em chamar à missa o resumo de todo o amor divino e de todos os benefícios de que o Senhor há cumulado os homens 16. Eis por que o demônio sempre se tem esforçado por arrebatar ao mundo a santa missa por meio dos hereges, como por tantos outros precursores do Anticristo que, antes de tudo, cuidará de abolir e de fato abolirá, em punição dos pecados dos homens, o sacrifício do altar, segundo esta profecia de Daniel: Por causa dos pecados, ser-lhe-á dada força contra o sacrifício perpétuo 17.

Grande razão tem pois o Concílio de Trento para exigir que os padres ponham todo o seu cuidado, em celebrar a missa com a máxima devoção e pureza de coração que seja possível 18. Como não menos razão adverte no mesmo lugar, que é precisamente sobre os padres, que celebram com negligência e sem devoção, que recai a maldição anunciada por Jeremias: Maldito o que faz indignamente a obra do Senhor! 19 Segundo S. Boaventura, celebra-se ou comunga-se indignamente, quando se chega ao altar com pouco respeito e consideração 20. Assim, para evitarmos essa maldição, examinemos o que deve fazer o padre antes, durante e depois da celebração da missa: preparação, antes de celebrar; respeito e devoção, enquanto celebra; ação de graças, depois de celebrar. São obrigações indispensáveis para o sacerdote. Segundo o pensamento dum servo de Deus, deveria a vida dum padre ser apenas uma preparação para a missa e uma ação de graças.

II - Preparação para a Missa

Em primeiro lugar, deve o padre fazer a sua preparação antes de subir ao altar.

Antes de mais nada, pergunto a mim mesmo como é que, havendo no mundo tantos padres, haja tão poucos santos? A missa é chamada por S. Francisco de Sales 21 um mistério inefável, que encerra um abismo de caridade divina. Além disto, S. João Crisóstomo dizia que o sacramento do altar contém o tesouro inteiro da bondade de Deus 22. Sem dúvida a sagrada Eucaristia foi instituída para todos os fiéis, mas é um dom especialmente feito aos padres. Não vades, diz o Senhor aos padres, dar a coisa santa aos cães, nem lançar as vossas pérolas a suínos 23. Notem-se estas palavras: As nossas pérolas. Dá-se em grego o nome de pérolas às espécies sacramentais; e essas pérolas são apontadas aqui como pertença própria dos ministros do altar: Margaritas vestras. Sendo assim, todos os padres deveriam, segundo S. João Crisóstomo, descer do altar com um coração todo abrasado do amor divino, a ponto de serem um objeto de terror para o inferno 24. Mas não é isso o que se vê: observa-se que a maior parte descem do altar sempre mais tíbios, mais impacientes, mais soberbos, mais invejosos, mais apegados às honras, ao interesse e aos prazeres terrenos. Não é por falta do alimento que tomam no altar, nota o cardeal Bona 25, porque, no dizer de Santa Maria Madalena de Pazi, bastaria recebê-lo uma só vez para ficar santo; é pela falta de preparação para celebrar a missa.

Há duas espécies de preparação: uma remota e outra próxima.A preparação remota consiste na vida pura e virtuosa, que deve ter o padre para celebrar dignamente. Se dos sacerdotes antigos Deus exigia a pureza, só porque deviam transportar os vasos sagrados26, — quanto não deverá ser mais puro e santo, observa Pedro de Blois, o padre que deve trazer nas suas mãos e no seu coração o Verbo encarnado!27 Mas, para ser puro e santo, não lhe basta estar livre das cadeias do pecado mortal, é necessário que esteja isento de pecados veniais (plenamente deliberados, entende-se); de contrário, Jesus Cristo não o admitirá a ter parte consigo.

Guardemo-nos, diz S. Bernardo, de fazer pouco caso dessas faltas; pois, como foi dito a Pedro, se não formos purificados por Jesus Cristo, não teremos parte com ele28. Necessário é portanto que todas as ações e todas as palavras do padre, que quer celebrar missa, sejam bastante santas, para lhe servirem de preparação.

A preparação próxima exige primeiramente a oração mental. Como quereis que celebre com devoção a santa missa o sacerdote, que sobe ao altar sem primeiro ter feito a sua meditação? Dizia o venerável João de Ávila que o padre deve fazer ao menos hora e meia de oração mental antes da missa. Eu me contentaria com meia hora e, para alguns até com um quarto de hora, ainda que um quarto de hora é muitíssimo pouco.

Há tão belos livros de meditações29 preparatórias para a santa missa! A missa é uma representação da paixão de Jesus Cristo. Por isso com razão o papa Alexandre I disse que sempre nela se deve comemorar a paixão do Salvador30. E foi o que prescreveu o Apóstolo: Todas as vezes que comerdes esse pão e beberdes esse cálice, anunciareis a morte do Senhor31. Segundo Sto. Tomás32, o Redentor instituiu o sacramento do altar, para conservar sempre viva em nós a lembrança do amor que nos testemunhou, e do grande benefício que nos alcançou a sua imolação na cruz. Ora, se todos os homens se devem lembrar continuamente da paixão de Jesus Cristo, — com quanta mais razão o padre, quando vai renovar, ainda que dum modo diferente, o mesmo sacrifício no altar!

Ao padre não lhe basta ter feito a sua meditação; importa-lhe que antes de celebrar se recolha sempre ao menos alguns instantes e considere bem o que vai fazer; foi o que ordenou a todos os padres o primeiro Concílio de Milão, no tempo de S. Carlos Borromeu 33.

Ao entrar na sacristia, deve o celebrante despedir-se de todos os pensamentos do mundo e dizer com S. Bernardo: Cuidados, negócios, esperai por mim aqui; eu e o meu servo, isto é a minha razão com a minha indigência, vamos ali adorar a Deus, e logo voltaremos a ter convosco; pois voltaremos, ai!, e demasiado cedo34. S. Francisco de Sales escrevia a Sta. Joana de Chantal: “Quando me volto para o altar para começar a missa, perco de vista todas as coisas da terra”. Postos de parte pois todos os pensamentos do mundo, não deve o padre ocupar-se então senão da grande obra, que vai fazer e do pão celeste, de que vai alimentar-se a essa mesa divina: Quando estiveres sentado à mesa do príncipe, considera atentamente as iguarias que te são servidas35. Pense o padre que vai chamar do Céu à terra o Verbo feito homem, para se entreter familiarmente com ele no altar, para o oferecer de novo ao Padre eterno, e para enfim se alimentar da sua carne sagrada. O venerável João de Ávila, antes de subir ao altar, procurava excitar-se ao fervor, dizendo: “Eis que vou consagrar o Filho de Deus, tê-lo nas minhas mãos, falar-lhe, tratar com ele e recebê-lo no meio seio”.

Deve também o padre considerar que sobe ao altar na qualidade de mediador, para interceder por todos os pecadores, como diz S. Lourenço Justiniano36. Se está colocado entre Deus e os homens, de Deus obterá para estes as graças de que necessitam37. É por essa razão, observa Sto. Tomás, que se dá o nome de missa ao sacrifício do altar38. Na Lei antiga, só ao sumo sacerdote era permitido entrar no Santo dos Santos, e isso uma só vez por ano; mas hoje, diz S. Lourenço Justiniano, a todos os padres é dado oferecer cada dia o Cordeiro divino, para obterem para si próprios e para todo o povo as graças de Deus39. Donde S. Boaventura conclui que o celebrante se deve propor três fins: honrar a Deus, comemorar a paixão do Salvador, e obter graças para toda a Igreja 40.

III - Respeito e devoção com que se deve celebrar

Em segundo lugar, é necessário que o sacerdote celebre a missa com respeito e devoção. Sabe-se que o uso do manípulo foi introduzido, para que o padre enxugasse as lágrimas; porque outrora tais sentimentos de devoção experimentavam os sacerdotes, ao celebrarem, que não faziam senão chorar.

Já dissemos que o padre ao altar é o representante do próprio Jesus Cristo, como escreveu S. Cipriano41. É nesta qualidade que diz: Hoc est corpus meum; hic est calix sanguinis mei. Mas, ó Céu! Que lágrimas, que lágrimas de sangue se deveriam chorar, quando se pensa no modo como a máxima parte dos padres celebram a missa! Causa pena, digamo-lo, ver o desprezo com que Jesus Cristo é tratado por tantos padres, até religiosos, e pertencentes a Ordens reformadas! Ao ver-se a negligência com que esses padres de ordinário dizem a missa, bem se lhes poderia fazer a censura que Clemente de Alexandria dirigia aos sacerdotes pagãos: que faziam do Céu um teatro, e de Deus o objeto da sua comédia42. E que direi? Uma comédia! Ó, se eles tivessem um papel a representar no teatro, que cuidado empregariam!Ao contrário, que fazem eles ao altar? Truncam palavras, fazem genuflexões que mais parecem atos de desprezo e faltas de respeito; traçam bênçãos que não se sabe o que são; esboçam gestos ridículos; falam às rubricas, antecipando cerimônias e misturando-lhes palavras. E no entanto a verdade é que essas rubricas todas são de preceito, por isso que S. Pio V, na bula que pôs à frente do missal, manda districte, in virtute sanctae obedientiae, que a missa seja celebrada segundo as rubricas do missal43. Donde resulta que quem transgride as rubricas não pode eximir-se de pecado, que será grave desde que a matéria o seja.

Tudo isso procede do desejo de chegar de pressa ao fim da missa. Celebram-na como se a igreja estivesse a desabar, ou como se os bandidos se avizinhasse e não restasse tempo para a fuga.

Eis um padre que, depois de ter dado horas inteiras a uma vida inútil, ou a negócios mundanos, lá vai a celebrar a missa todo apressado! Começa com precipitação, prossegue do mesmo modo; chega à Consagração, toma Jesus Cristo nas suas mãos, e comunga-o com tanta irreverência como se ali só houvesse um bocado de pão! Seria necessário que tais padres sempre tivessem ao seu lado alguém, para lhes dizer o que um dia o venerável João de Ávila, chegando-se ao altar em que celebrava um desses, lhe disse: “Por piedade tratai-o melhor, que é o filho dum pai respeitável”.

Queria o Senhor que os sacerdotes da Lei antiga tremessem de santo respeito ao aproximarem-se do santuário44. E um sacerdote da Lei nova, achando-se ao altar, em presença do próprio Jesus Cristo, a falar-lhe, a tomá-lo nas suas mãos, a oferecê-lo a Deus-Pai, a alimentar-se dele, — mostra-se tão irreverente! Na Lei antiga, ameaçou o Senhor com muitas maldições os sacerdotes que fossem negligentes nas cerimônias desses sacrifícios, que eram apenas uma mera figura do nosso: Se cerrares os ouvidos à voz do Senhor teu Deus, que te manda guardar as cerimônias, virão sobre ti todas estas maldições... Serás maldito na cidade e maldito nos campos45. Dizia Sta.Teresa: “Pela mínima cerimônia da Igreja, daria eu mil vezes a minha vida”46.

E o padre as despreza!47 Ensina o Pe. Suarez que a omissão de qualquer cerimônia, na missa, não pode escusar-se de pecado. Muitos doutores ajuntam que uma negligência notável nas cerimônias pode chegar a pecado mortal.Na nossa Teologia48 moral demonstramos, com a autoridade de muitos doutores, que o que celebra em menos de um quarto de hora não pode escusar-se de falta grave, e isto por duas razões: primeira, por causa da irreverência contra o sacrifício, resultante da sua precipitação; segunda, por causa do escândalo que dá ao povo.

Quanto ao respeito devido ao divino sacrifício, já citamos o que diz o Concílio de Trento: que a missa deve ser celebrada com a máxima devoção possível. E ajunta que a falta de respeito, mesmo exterior, constitui uma irreverência, que de algum modo chega a ser impiedade 49. Assim como as cerimônias, quando são bem feitas, infundem e significam respeito; também quando são mal executadas denotam irreverência que, em matéria grave, é um pecado mortal. Deve-se notar além disto que, para nas cerimônias haver o testemunho de respeito, que convém a um tão grande sacrifício, não basta fazê-las; porque uma pessoa qualquer poderia ter a língua assás desembaraçada e os movimentos bastante livres para expedir tudo isso em menos de um quarto de hora; mas é preciso que sempre sejam feitas com a gravidade conveniente, que pertence também intrinsecamente ao respeito que se deve ter pela missa.

Por outro lado, celebrar a missa em tão pouco tempo é falta grave, em razão do escândalo que se dá aos fiéis que assistem a ela. Sobre este ponto, é necessário considerar ainda o que noutro lugar diz o Concílio de Trento: que as cerimônias da missa foram instituídas pela Igreja, para inspirar aos fiéis uma alta idéia deste augusto sacrifício, e toda a veneração devida aos divinos mistérios que encerra50. Ora, quando estas cerimônias são feitas muito à pressa, nenhuma veneração inculcam ao povo, antes lhe fazem perder o respeito que merece um mistério tão santo. Observa Pedro de Blois que os padres que celebram com pouco respeito, dão ocasião a que os fiéis façam pouco caso do Santíssimo Sacramento 51. Não se pode dar um tal escândalo sem se incorrer em pecado mortal. Também o Concílio de Tours, em 1583, mandou que os sacerdotes fossem bem instruídos nas cerimônias da missa, para não destruírem a devoção no coração das suas ovelhas, em vez de as levarem à veneração pelos ministérios sagrados 52.

Celebrando sem devoção, — como querem esses padres obter de Deus graças, sendo certo que ao oferecerem o santo sacrifício, o ofendam e, quanto deles depende, mais o desonram do que o honram? O padre que não acreditasse no Sacramento do altar, sem dúvida ofenderia a Deus; mas quanto mais o ofende o que nele crê e não só lhe recusa o respeito que lhe é devido, senão que ainda é causa de que outros, à vista da sua conduta, lhe percam igualmente o respeito? Os judeus a princípio respeitaram Jesus Cristo, mas, quando o viram desprezado pelos sacerdotes, perderam então a alta idéia que tinham dele, e acabaram por gritar com os sacerdotes: Tolle, tolle, crucifige eum! Do mesmo modo, para não sairmos do nosso assunto, os seculares que hoje vêem os padres a celebrar com tanta irreverência, perdem toda a estima e veneração por este divino mistério.

Uma missa, celebrada com recolhimento, inspira devoção aos assistentes; pelo contrário, faz-lhes perder a devoção e quase a fé também, quando celebrada sem piedade. Eis um fato passado em Roma e que me foi contado por um religioso de todo o crédito. Tinha um herege resolvido renunciar aos seus erros; mas, tendo visto celebrar a missa sem devoção, foi ter com o papa e disse-lhe que não queria abjurar, porque estava persuadido de que nem os padres nem o papa tinha na Igreja católica uma fé verdadeira: “Se eu fosse papa, dizia ele, e soubesse que um padre celebrava a missa com tão pouco respeito, mandava-o queimar vivo; ao ver porém que os padres dizem assim a missa e não são castigados, persuado-me de que nem o próprio papa acredita nela”. Dito isto, retirou-se, e não consentiu que lhe falassem mais em abjuração.

Mas objetam certos padres que os leigos se queixam, quando a missa se prolonga. — O quê! Então, lhes respondo eu de pronto, a pouca devoção dos seculares há de ser a regra do respeito devido ao santo sacrifício! Ouçam mais: se os padres celebrassem a missa com o devido respeito e gravidade, os seculares se compenetrariam da veneração a prestar a tão grande mistério, e não lamentariam a meia hora que lhe devessem consagrar. Como porém, de ordinário, a missa é tão breve e nenhuma devoção inspira, os seculares à imitação dos padres, assistem a ela sem devoção, e com pouca fé; quando vêem que ela dura mais de um quarto de hora, aborrecem-se e queixam-se, em razão do mau hábito contraído. Assim, os mesmos que sem dificuldade passam muitas horas a uma mesa de jogo, ou numa praça pública, desperdiçando o tempo, não podem sem tédio gastar uma meia hora a ouvir missa! A causa de tudo isso são os padres: É convosco que falo, ó sacerdotes, que desonrais o meu nome e dizeis: Como desonramos nós o vosso nome? Nisso que dizeis: A mesa do Senhor é de pouca importância 53.O pouco que os padres se importam do respeito devido à missa, faz que também os outros a desprezem.

Pobres padres! Ao saber que um sacerdote acabava de morrer após a sua primeira missa, o venerável João de Ávila exclamou: “Ó que terrível conta esse padre tem de prestar a Deus, por essa primeira missa!” À vista disso, que se deverá dizer dos padres que, no decurso de trinta ou quarenta anos, cada dia deram ao altar o escândalo de que vimos falando! E, repito, — como poderão tais padres tornar o Senhor propício e obter graças da sua misericórdia, celebrando a missa de modo antes a ultrajá-lo que a honrá-lo? Todos os crimes são expiados pelo sacrifício, diz o papa Júlio, mas por que oferenda se há de reparar a ofensa feita ao Senhor, se é na mesma oblação do sacrifício que se peca?54 Pobres padres! E pobres bispos que permitem a tais padres celebrarem! Segundo o decreto do Concílio de Trento, são os bispos obrigados a impedir as missas celebradas com irreverência55. Notem-se estas expressões: Prohibere curent ac teneantur; significam elas que os bispos estão obrigados a suspender os que celebram sem respeito conveniente; e esta obrigação tanto abrange os sacerdotes regulares como os outros, visto que os bispos a esse respeito são constituídos pelo Concílio legados apostólicos, e por isso obrigados a vigiar pelas missas que se dizem nas suas dioceses.

E nós, padres, irmãos meus, cuidemos de nos corrigir: se no passado temos celebrado o santo sacrifício com pouca devoção e respeito, atalhemos ao mal, ao menos daqui para o futuro. Antes de celebrar, pensemos no que vamos fazer: é a ação maior e mais santa que um homem pode realizar.

Demais, que grande bem é uma missa celebrada com devoção, grande bem para o celebrante, e para os ouvintes! — Eis como João Herolt, de sobrenome o Discípulo, fala aos que assistem à missa: Quando fazeis a vossa oração na igreja, na presença de Deus, mais seguramente ela é ouvida... porque todo o sacerdote está obrigado a orar pelos assistentes em cada missa 56.Ora, se a oração dum secular, quando feita em união com a do celebrante, é mais prontamente ouvida de Deus, quanto mais ainda a do próprio sacerdote, se celebra com devoção! Um padre que oferece todos os dias o santo sacrifício com alguma devoção, há de receber sempre de Deus novas luzes e novas forças. Jesus Cristo o instruirá, o consolará, o animará cada vez mais, e lhe concederá as graças que deseja.

É sobretudo depois da consagração que o padre pode estar seguro de conseguir do Senhor todas as graças que pede. O venerável Pe. Antônio Colelis dizia: “Quando celebro e tenho o meu Jesus nas minhas mãos, consigo dele quanto quero”. O celebrante obtém o que quer para si e para os que assistem à missa. Lê-se na Vida de S. Pedro de Alcântara que as missas fervorosas que celebrava produziam mais fruto, que todos os sermões dos pregadores da província em que estava. Quer o Concílio de Rodez que os padres pronunciem as palavras e façam as cerimônias com uma devoção, que dê testemunho da sua fé e amor para com Jesus Cristo, presente no altar57. A compostura exterior, diz S. Boaventura, manifesta as disposições interiores do celebrante58. Recorde-se aqui de passagem o que ordenou Inocêncio III: Nós ordenamos também que os oratórios, os vasos, corporais e alfaias sagradas se conservem em perfeita limpeza; porque é de todo o ponto contrário ao bom senso abandonar as coisas santas a uma imundícia, que não se sofria nem mesmo nas coisas profanas59. Ai! Tinha o papa toda a razão para assim falar, porque se encontram padres que não se envergonham de celebrar com corporais, sanguinhos e cálices, de que não quereriam servir-se à sua mesa.

IV - Ação de graças

Em terceiro lugar, depois da celebração do santo sacrifício, é necessário render graças a Deus. Esta ação de graças deve estender-se ao dia inteiro.Exigem os homens que lhes sejamos reconhecidos e correspondamos aos mínimos favores que nos fazem, nota S. Crisóstomo; quanto pois não devemos ser reconhecidos a Deus, que de nós espera, não uma retribuição, mas um ato de agradecimento, e isso somente para nosso bem!60 Se não podemos, ajunta ele, agradecer-lhe na medida da sua dignidade, agradeçamos-lhe ao menos quanto pudermos.

Mas que pena, que desordem ver tantos padres que, depois da missa, apenas recitam algumas breves orações na sacristia, sem atenção nem devoção, e logo falam de coisas inúteis ou de negócios mundanos, ou até saiem da Igreja e vão levar Jesus Cristo ao meio das ruas! Seria necessário proceder sempre com eles, como um dia o venerável João de Ávila: ao ver que um padre saia da Igreja logo depois de celebrar, fê-lo acompanhar de dois clérigos com círios acessos. Perguntou-lhes o padre o que significava aquilo, e eles responderam: “Acompanhamos o Santíssimo Sacramento, que levais ao vosso peito”. Bem se podia dizer a tais padres o que S. Bernardo um dia escreveu ao arcedíago Foulques: Ai! Como tão depressa vos enfastiais da companhia de Jesus Cristo, que tendes dentro de vós? 61

Há muitos livros de piedade que recomendam a ação de graças depois da missa, mas quantos são os padres que cumprem este dever? Poderiam apontar-se ao dedo. Fazem alguns a oração mental, e recitam ainda muitas orações vocais; mas depois da missa poucos instantes se entretém com Jesus Cristo, ou até se dispensam disso por completo. Se ao menos o fizessem enquanto as espécies consagradas se conservam no seu estômago! Dizia o venerável João de Ávila que se deve considerar comi infinitamente precioso o tempo que se segue à missa; por isso ele de ordinário, a seguir à missa, passava duas horas recolhido em piedosos entretenimentos com Deus.

Depois da comunhão, dispensa o Senhor as suas graças em mais abundância.Dizia Santa Teresa que Jesus Cristo está então na alma como num trono de graça e lhe diz: Quid vis ut tibi faciam? Recordemos também o que ensinam Suarez62, Gonet63 e outros doutores, — que a alma aufere da comunhão tanto maior fruto, quanto melhor se dispuser por atos de piedade, durante a permanência das espécies sacramentais. A razão é que este divino Sacramento, tendo sido instituído à maneira de alimento, declara o Concílio de Florença 64 que, assim como os alimentos corpóreos sustentam o corpo segundo o tempo que permanecem no estômago, também o Pão celestial continua a alimentar de graças a alma, enquanto permanece no corpo, contanto que as boas disposições do comungante prossigam. Além disto, os atos de virtude têm então mais valor e merecimento, em razão da alma estar mais unida com Jesus Cristo, que assim o declara: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim, e eu permaneço nele 65.

Então, diz S. João Crisóstomo, o comungante forma uma só e mesma coisa com Jesus Cristo66. Deste modo, são mais meritórios os atos, por serem praticados por uma alma unida a Jesus Cristo.

Mas, por outro lado, não quer o Senhor que as suas graças se percam, prodigalizando-as a ingratos, segundo a expressão de S. Bernardo 67. Tenhamos pois cuidado de nos entretermos com Jesus Cristo depois da missa, ao menos durante uma meia hora, ou o mínimo um quarto de hora; mas, ai!, um quarto de hora é muitíssimo pouco. Devemos considerar que o padre, desde o dia da sua ordenação, não é de si próprio, mas de Deus68. E o próprio Senhor disse: Hão de oferecer ao Senhor, seu Deus, o incenso e o pão; e por conseqüência serão santos 69.

V - O padre que se abstém de celebrar

Há padres que se abstém de celebrar por humildade; uma palavra sobre este assunto. Abster-se de celebrar por humildade é bom, mas não é o que há de melhor: os atos de humildade prestam a Deus uma honra finita, o sacrifício da missa rende-lhe uma honra infinita, que lhe é prestada por uma Pessoa divina. Ouçamos o que diz S. Boaventura: Quando o padre deixa de celebrar, sem impedimento legítimo, faz quanto pode para privar a santíssima Trindade da glória que lhe é devida, os anjos de uma grande alegria, os pecadores do perdão, os justos de auxílios, as almas do Purgatório de alívio, a Igreja de um grande bem e a si próprio de remédio 70.

Achava-se S. Caetano em Nápoles, quando soube que em Roma, um seu amigo cardeal, que costumava celebrar todos os dias, impedido por certos negócios, começava a descurar este dever. Era na força do calor do estio, mas o santo, com risco da própria vida, deu-se pressa em ir a Roma instar com o seu amigo, para que retomasse o antigo costume; e só depois de conseguido o que desejava voltou para Nápoles. Eis o que se lê na Vida do venerável João de Avila. Indo um dia a caminho para celebrar num ermitério, sentiu-se tão enfraquecido, que temeu não chegar ao lugar, donde estava ainda bastante distanciado; pensava já em suspender o passo e desistir de celebrar, quando Jesus Cristo lhe apareceu em figura de viageiro e, mostrando-lhe o seu peito, lhe fez ver as chagas, sobretudo a do sagrado lado e lhe disse: “Quando eu estava coberto destas chagas, encontrava-se mais fatigado e enfraquecido que tu”; e desapareceu. Reanimando com esta visão, o servo de Deus retomou a marcha e teve a felicidade de oferecer o santo sacrifício..
 
Notas:
1. Omnis namque Pontifex, ex hominibus assumptus, pro hominibus constituitur in iis quae sunt ad Deum, ut offerat dona et sacrificia pro peccatis (Hebr. 5, 1).
2. Infirma et egena elementa (Gal. 4, 9).
3. Idem nunc offerens, sacerdotum ministerio, qui seipsum tunc in cruce obtulit (Sess. 22.cap. 2).
4. Cum videris sacerdotem offerentem, ne ut sacerdotem esse putes, sed Christi manum invisibiliter extensam (Ad pop. Ant. hom. 60).
5. Necessario fatemur nullum aliud opus adeo sanctum ac divinum a Christi fidelibus tractari posse, quam tremendum mysterium (Sess. 22. Decret. de obs. in cel. M.).
6. Hoc beneficium majus est inter omnia bona quae hominibus concessa sunt, et hoc est quod Deus majori charitate mortalibus indulsit, quia in hoc mysterio salus mundi tota consistit (Collat. l. 2. c. 28).
7. Per quam orbis terrae consistit (Or. de proph. sim.).
8. Non minus videtur facere Deus in hoc quod quotidie dignatur descendere de coelo super altare, quam cum naturam humani generis assumpsit (De Instit. Novit. p. 1. c. 11).
9. O veneranda sacerdotum dignitas, in quorum manibus, velut in utero Virginis, Filius Dei incarnatur (Molina. Instr. Sacerd. tr. 1. c. 5).
10. In qualibet missa invenitur omnis fructus quem Christus operatus est in cruce (I. Herolt. De Sanct. s. 48). — Quidquid est effectus Dominicae passionis, est effectus hujus Sacramenti (In Jo. 6, lect. 60).
11. Tantum valet celebratio missae, quantum mors Christi in cruce (I. Herolt. De Sanct. s. 48).
12. Quoties hujus hostiae commemoratio celebratur, opus nostrae redemptionis exercetur (Mis. Dom. 9. p. Pent.).
13. Una enim eademque est Hostia, idem nunc offerens sacerdotum ministerio, qui seipsum tunc in cruce obtulit, sola offerendi ratione diversa (Sess. 22. cap. 2).
14. Quid enim bonum ejus est, et quid pulchrum ejus, nisi frumentum electorum, et vinum germinans virgines? (Zach. 9, 17).
15. Sacramenta in Eucharistia consummantur (P. 3. q. 65. a. 3).
16. Et ideo hoc est memoriale totius dilectionis suae et quasi compendium quoddam omnium beneficiorum (De Inst. Novit. p. 1. c. 11).
17. Robur autem datum est ei contra juge sacrificium propter peccata (Dan. 8, 12).
18. Satis apparet omnem operam et diligentiam in eo ponendam esse, ut quanta maxima fieri potest interiori cordis munditia peragatur (Sess. 22. Decret. de obs. in cel. M.).
19. Maledictus, qui facit opus Domini fraudulenter! (Jer. 48, 10).
20. Cave ne nimis tepidus accedas; quia indigne sumis, si non accedis reverenter et considerate (De Praep. ad M. c. 5).
21. Introd. p. 2. chap. 14.
22. Dicendo Eucharistiam, omnem benegnitatis Dei thesaurum aperio (In 1. Cor. hom. 24).
23. Nolite dare sanctum canibus, neque mittatis margaritas vestras ante porcos (Matth. 7, 6).
24. Tamquam leones ignem spirantes ab illa mensa recedamus, facti diabolo terribiles (Ad pop. Ant. hom. 61).
25. Defectus non in cibo est, sed in edentis dispositione (De Sacr. M. c. 6 § 6).
26. Mundamini, qui fertis vasa Domini (Is. 52, 11).
27. Quanto mundiores esse oportet, qui in manibus et in corpore portant Christum (Epist.123).
28. Haec nemo contemnat, quoniam, ut audivit Petrus, nisi laverit ea Christus, non habebimus partem cum eo (S. in Coena Dom.).
29. N. do T. — O melhor que conhecemos é de Barcuez: Du Divin Sacrifice et du Prête qui le célèbre.
30. Inter missarum solemnia, semper passio Domini miscenda est, ut ejus, cujus corpus et sanguis conficitur, passio celebretur (Ep. 1).
31. Quotiescumque enim manducabitis panem hunc, et calicem bibetis mortem Domini annuntiabitis (1. Cor. 11, 26).
32. Offic. Corp. Chr.
33. Antequam celebrent, se colligant, et orantes mentem in tanti ministerii cogitatione defigant (Const. p. 2. n. 5).
34. Curae, sollicitudines, servitutes, exspectate me hic, donec ego cum puero, ratio scilicet cum intelligentia, usque illuc properantes, postquam adoraverimus, revertamur ad vos; revertemur enin, et, heu! revertemur quam citissime (De Amore Dei, c. 1).
35. Quando sederis ut comedas cum principe, diligenter attende quae apposita sunt ante faciem tuam (Prov. 23, 1).
36. Mediatoris gerit officium; propterea delinquentium omnium debet esse precator (Serm. de Euchar.).
37. Medius stat sacerdos inter Deum et naturam humanam, illinc venientia beneficia ad nos deferens (In Isaiam, hom. 5).
38. Propter hoc missa nominatur, quia per angelum sacerdos preces ad Deum mittit, sicut populus ad sacerdotem (P. 3. q. 83 a. 4).
39. Ipsis profecto sacerdotibus licet, non tantum semel in anno, ut olim, sed diebus singulis introire sancta Sanctorum, et tam pro ipsis quam pro populi reconciliatione, offerre hostiam (De Inst. proel. c. 10).
40. Tria sunt, quae celebraturus intendere debet, scilicet: Deum colere, Christi mortem memorari, et totam Ecclesiam juvare (De Praep. ad M. c. 9).
41. Sacerdos vice Christi vere fungitur (Epist. ad Coecil).
42. O impietatem! scenam coelum fecistis, et Deus vobis factus est actus! (Or. ad Gent.).
43. Juxta ritum, modum, ac normam, quae per missale hoc a nobis nunc traditur.
44. Pavete ad sanctuarium meum (Lev. 26, 2).
45. Quod si audire nolueris vocem Domini Dei tui, ut custodias... caerimonias... venient super te omnes maledictiones istae... Maledictus eris in civitate, maledictus in agro (Deut. 28, 15).
46. Vie, ch. 43.
47. De Sacram. d. 84. s. 2.
48. Theol. mor. l. 6. n. 400.
49. Omnem operam ponendam esse, ut quanta maxima fieri potest exteriori devotionis ac pietatis specie peragatur. — Irreverentia quae ab impietate vix sejuncta esse potest (Sess.22. Decr. de obser. in M.).
50. Ecclesia caerimonias adhibuit, quo et majestas tanti Sacrificii commendaretur, et mentes fidelium, per haec visibilia religionis signa ad rerum altissimarum, quae in hoc Sacrificio latent, contemplationem excitarentur (Sess. 22. De Sacrif. M. c. 5).
51. Ex inordinata et indisciplinata multitudine sacerdotum, hodie datur ostentui nostrae redemptionis venerabile sacramentum (Epist. 123).
52. Ne populum sibi commissum a devotione potius revocent, quam ad sacrorum mysteriorum venerati onem invitent.
53. Ad vos, o sacerdotes, qui despicitis nomen meum, et dixistis: In quo despeximus nomen tuum?... In eo quod dicitis: Mensa Domini despecta est (Mal. 1, 6).
54. Cum omne crimen sacrificiis deleatur, quid pro delictorum expiatione Domino dabitur, quando in ipsa sacrificii oblatione erratur? (Cap. Cum omne, de Consecr. dist. 2).
55. Discernit sancta synodus, ut ordinarii locorum ea omnia prohibere sedulo curent ac teneantur, quae irreverentia (quae ab impietate vix sejuncta esse potest) induxit (Sess. 22.Decr. de obs. in M.).
56. Oratio tua citius exauditur in ecclesia in praesentia Dei, et etiam oratio sacerdotis celebrantis; quia quilibet sacerdos in qualibet missa tenetur orare pro circumstantibus.
57. Actio et pronuntiatio ostendat fidem et intentionem quam (sacerdos) habere debet de Christi et angelorum in sacrificio praesentia.
58. Intrinsecus motus gestus exterior attestatur (Spec. disc. p. 2. c. 1).
59. Praecipimus quoque ut oratora, vasa, corporalia, et vestimenta, munda et nitida conserventur; nimis enim videtur absurdum in sacris sordes negligere, quae dedecerent etiam in profanis (Tit. 44. can. 1. Relinqui).
60. Si homines parvum beneficium praestiterint, exspectant a nobis gratitudinem; quanto magis id nobis faciendum in iis quae a Deo accipimus, qui hoc solum ad nostram utilitatem vult fieri (In Gen. hom. 26).
61. Heu! quomodo Christum tam cito fastiditis? (Epist. 2).
62. De Sacram. disp. 63. sect. 7.
63. Man. Thom. p. 3. tr. 4.c. 9.
64. Decr. ad Arm.
65. Qui manducat meam carnem, et bibit meum sanguinem, in me manet, et ego in illo (Jo. 6, 57).
66. Ipsa re nos suum efficit corpus (Ad pop. Ant. hom. 60).
67. Numquid non perit, quod donatur ingrato? (In Cant. s. 51).
68. Verus minister altaris, Deo, non sibi, natus est (In Ps. 118, s. 8).
69. Incensum enim Domini et panes Dei sui offerunt, et ideo sancti erunt (Lev. 21, 6).
70. Cum sacertos, non habens legitimum impedimentum, celebrare omittit, quantum in se est, privat Trinitatem gloria, angelos laetitia, peccatores venia, justos subsidio, in purgatorio existentes refrigerio, Ecclesia beneficio, et seipsum medicina (De Praep. ad m. c. 5).


Fonte: Volta para Casa
PDF do livro: www.redemptor.com.br
CONTINUA...

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