Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Assis
A Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco foi fundada por volta de 1221 para congregar os leigos que desejavam seguir São Francisco de Assis na via da perfeição cristã. Tem como padroeiros Santa Isabel da Hungria e São Rei Luiz IX de França.
O primeiro casal a seguir a vocação franciscana secular foi o Bem-Aventurado Luquésio Modestini (ou Lucchese, Lucesio, Lucio, Lucchesio – 1182-1250) e sua esposa Bona, filha de Bencivenni de' Segni, comumente chamada de Buonadonna Segni: Luquésio era um jovem guelfo que se tornou o mais rico e poderoso mercante da Toscana, graças também à fortuna da esposa. Ambos se tornaram avaros e continuaram assim por muitos anos, apesar de já terem conhecido o filho do amigo mercante de lã Pietro de Bernardone: Francisco, que costumavam hospedar em sua casa. Em 1212, Luquésio ouviu uma pregação de Francisco em S. Gimignano e se converteu: ressarciu todos os que havia empobrecido com seus negócios, fez penitência, se colocou a serviço dos frades, doou todos os seus bens e com sua esposa transformou sua casa em hospital. O casal perdeu dois filhos pequenos e decidiu dedicar-se a Deus e ao próximo. Com o tempo, eles mesmos pediram a Francisco a Regra que havia dado aos frades e às irmãs de Santa Clara, queriam mais, pois queriam mesmo ser ele frade e ela Clarissa, mas o Santo não permitiu dizendo-lhes: “Sois casados e deveis continuar vivendo juntos. Mas vos darei uma regra de vida para que possais vos tornar perfeitos”, e, em 1221, o próprio Santo os vestiu com a túnica cor de cinzas e os cingiu com o cordão dizendo-lhes: “Vós vivereis no mundo como frades penitentes, mas não pertencei ao mundo: fareis obras pias, jejuareis, pregareis a paz”. Por causa deles, Francisco, que já pensava em uma instituição que agrupasse os leigos que, mesmo vivendo no mundo, queriam consagrar-se a Deus, pôs em ação essa ideia. A tradição de que eles são os primeiros terciários encontra confirmação na pala de altar feita por Filippino Lippi que, da franciscana Igreja de São Salvador em Florença acabou na National Gallery de Washington: nela aparecem, ao redor de Francisco, os Santos Terciários Luiz IX da França, Isabel de Hungria, Luquésio e sua esposa Buonadonna. O casal foi o primeiro a alcançar a “glória dos altares”, uma vez que em Poggibonsi, onde haviam construído uma pequena igreja com o resto de sua fortuna, o culto a eles começou logo após a morte, que se deu no mesmo dia 28 de abril (dia da memória) de 1250: estando ele muito doente, a esposa pediu-lhe: “implore a Deus, que nos deu um ao outro como companheiros de vida, para permitir-nos também a morrer juntos”; Luquésio rezou, e Bona foi acometida de uma febre e morreu pouco antes dele, após receber os Sacramentos. Os milagres começaram em vida ainda, são muitos e comoventes e merecem um artigo a parte. Em 1274, Gregório X autorizou seu culto porque, a caminho do Concílio de Lion, parou em Poggibonsi e quis tirar a prova jogando a cabeça de Luquésio sobre um braseiro aceso, mas a cabeça saltou do braseiro e caiu no colo do Papa, sem danos; depois desse prodígio, o Papa autorizou o culto, e sua veneração como Beatos foi aprovada pelo Papa Pio VI.
Outra versão, faz originar a inspiração da Ordem dos Irmãos e Irmãs da Penitência na pessoa da rica e nobre Giacoma Frangipane de' Settesoli, também conhecida como Jacopa de' Settesoli; era uma viúva muito rica e mãe de dois meninos, que ouviu um dia, pelas ruas de Roma, o sermão do Poverello e, compadecida, pela extrema magreza dele, como mãe, preocupou-se de sua alimentação. Foi ela quem o ajudou a obter uma audiência com o Papa Inocêncio III. Após a morte de Francisco, Jacopa entregou o poder aos filhos e dedicou-se a cuidar dos necessitados em tempo integral.
Em 1220, o Cardeal Ugolino é nomeado o protetor da Ordem. Francisco deu uma espécie de Regra a este grupo de seguidores, a assim chamada "Carta dos Fiéis". A história dessa carta é interessante, pois, de fato, existem duas versões: a primeira redação, outra coisa não é senão uma exortação à penitência (1CtFi). A segunda redação (2CtFi) é acrescida pela recomendação de atitudes fundamentais da vida espiritual e por orientações concretas. As duas cartas são enriquecidas - em sentido teológico e espiritual - por uma impressionante introdução (cf. o prólogo do Evangelho de S. João). O acompanhamento espiritual, ou seja, a cura de almas, foi assumido por Dominicanos, Franciscanos ou outras Ordens.
A primeira Regra foi-lhes dada pelo Papa Honório III, em 1223, o “Memoriale”, o qual foi substituído, em 1289 pela Regra do Papa Nicolau IV, que submeteu todo o Movimento de Penitentes à Ordem franciscana. As relações jurídicas e espirituais com a Primeira Ordem foram reforçadas. Somente a partir desta data é possível falar oficialmente de uma Ordem Terceira propriamente dita. Vale a pena mencionar que outros grupos, que até então tinham obedecido ao "Memoriale" sem se orientar por Francisco, acabaram afiliando-se a outras Ordens, fundando suas próprias "Ordens Terceiras", p.ex., a "Ordem Terceira de São Domingos". A regra de Papa Nicolau IV, com pequenas alterações, existiu até 1883 quando o Papa Leão XIII lhe aplicou grande reforma, que visava ampliar a contribuição dos franciscanos seculares diante dos problemas sociais da época e está contemplada nesta Encíclica. Em 1978, o Papa Paulo VI alterou mais uma vez a Regra.
Muitas pessoas ilustres foram inscritas na Ordem, como:
Santos e Beatos: Santa Catarina de Gênova, São Roque, beata Angela de Foligno, santa Brígida da Suécia, Santa Isabel de Aragão Rainha de Portugal, beato Raimundo Lullo, beato Francesco Faà di Bruno, beata Eurosia Fabris Barban ou Mãe Rosa, beata Paola Gambara Costa, beato Iacopone da Todi, São Tomás More, Santa Angela Merici, Santa Maria Francisca das Cinco Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo (monja de casa, terciária alcantarina, a santa dos bairros espanhóis de Nápoles), Santos Elzéar de Sabran conde de Ariano e Delphine de Signe de Sabran sua esposa, beato João Pelingotto, beato João Saziari, Santo Mártir Mattia Feng De, beato Pedro Pettinaio, beata Catarina Rainha da Bôsnia, beata Lucia de Caltagirone, beata Iolanda Princesa da Polônia, beata Margherita Bays, beata Michelina de Pesaro, beata Salomea de Cracovia Rainha da Hungria, São Carlos Borromeu, São Luis Orione, beato Pio IX, São Pio X, São José Cafasso, São João Bosco, São José Benedito Cottolengo, beato Franz Jägerstätter, Beatos Luigi Beltrame Quattrocchi e Maria Corsini sua esposa, e outros.
Veneráveis: Egidio Bullesi, Francesca Caterina Principessa Savoia, Maria Apollonia Principessa Savoia, Concetta Bertoli, Genoveffa de Troia e muitos outros.
Servos de Deus: Catterina Lucia Bocchino, Marianna Nasi Pullino, Teresa e Giuseppina Comoglio, Carlo Tancredi Falletti Marques de Barolo e a nobre vandeana Juliette Colbert sua esposa, Giulio Salvadori (revisor do Catecismo de São Pio X, a pedido deste), Settimio Manelli e Licia Gualandris sua esposa e mãe de 21 filhos, um dos quais é Fundador dos Frades Franciscanos da Milícia da Imaculada), Sergio Bernardini e Domenica Bedonni sua esposa (tutte le cose mi parlano del Signore e mi portano a Lui. Baciando una rosa, bacio la bellezza di Dio. i miei figli sono la mia corona e i miei tesori. Oh, se potessi spiegarmi e farmi sentire da tutte le mamme del mondo, quale dono, quale grazia grande è l’avere dei figli e delle Vocazioni nella propria famiglia! Ho sempre desiderato che i miei figli facessero del bene al mondo, per la gloria di Dio. Ora chiedo che siate santi. Sono contenta di avere tanti figli, ma ne vorrei altri per avere altri Sacerdoti, altri Missionari. Nella sofferenza: coraggio. Il Signore ha poi tutta l’eternità per farci gioire. Ai figli missionari: Non dubitate, sono più che felice; benedetti figli che andate a fare del bene. Noi siamo con voi e vi aiutiamo tutti i giorni con le preghiere. Quando il Signore mi chiamerà nel suo Regno, dite a tutti la mia felicità con il suono di campane a festa. Devo tanto ringraziare il Signore delle molte grazie che ci ha fatto. Vivo volentieri per i miei figli: prego spesso Gesù che li assista in ogni momento. Me li avete dati, Signore: io ve li ho allevati, ma sono vostri. Benediteli. Gesù, la Mamma celeste e la mamma terrena vi benediciamo. Arrivederci in Cielo), Vincenzo Ronca, Carolina Bellandi Paladini ou Mãe Carolina, Filomena Giovanna Genovese (monja de casa), Anastasia Ilario (monja de casa, terciária dominicana, a “santarella di Posillipo”, em Napoles), Maria de Jesus Landi (monja de casa, fundadora do Templo da Encoroada Mãe do Bom Conselho de Capodimonte), Maria Angela Crocifissa (monja de casa, em Napoles), Maria Maddalena della Passione (monja de casa em Castellammare di Stabia, terciária Serva de Maria), Teresa Gardi, Ludovico Coccapani, e outros.
Muitas outras personalidades religiosas ou não aderiram à Ordem Terceiram entre os mais conhecidos Mons. Marcel Lefebvre e seus pais e irmãos, Maria Clotilde de Borbone-Francia Rainha da Sardenha, Joana de Savoia Rainha da Bulgária, Silvio Pellico (ex-maçom e amigo dos servos de Deus Carlo Tancredi Falletti e Juliette Colbert), Giotto, Lucrécia Borgia, Américo Vespúcio, Luigi Galvani (sacrificou fama e fortuna em defesa da Fé, recusando-se a fazer o juramento à Constituição Republicana), Ettore Thesorieri (pouco antes de morrer: “fu vestito dell'ordine il signore Ettore Tesoriere quale era nel letto infermo et vechio di età di anni 85, fu vestito da fra Salvatore Giovangnoli, ministro, con la assistenza di fra Giovan Camillo Brunori, visitatore dell'Ordine, il quale benedisse li panni, et vi fu presente fra Giorgio Talenti, vicario, fra Girolimo Faccendi, fra Donato di Ceccho, fra Claudio Bernabei, il reverendo don Francesco Angneletti, tutti fratelli del Terzo Hordine. Passò a megliore vita ai 25 novembre 1638, sepelito in San Matteo sua parocia et così si giudicò. Lassò quattro libre di cera, quale diede Anaceto suo figlio in due torce et faccole, li si è fatto reciuto”), Papa Leao XIII, Giovanni Papini, Giosuè Borsi, Eugenio Biamonti, Ulf Gudmarsson (marido de Santa Brígida).
Pesquisa, tradução e organização: Giulia d'Amore di Ugento.
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