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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Do batismo de desejo. O Magistério inerrável da Igreja


Do batismo de desejo. 

O Magistério inerrável da Igreja



Acerca do tema do Batismo de desejo ou de fogo, que almas despreparadas (ou heréticas mesmo!) ficam ressuscitando de tempos em tempos, vamos ouvir o Magistério da Igreja. 


Catecismo de São Pio X 


O Catecismo de São Pio X fala claramente sobre isso, na questão 280:
Se o Batismo é necessário para todos, alguém pode se salvar sem o Batismo? 
Sem o Batismo ninguém pode se salvar; no entanto, quando não se possa receber o Batismo de água, basta o Batismo de sangue, isto é, o martírio sofrido por Jesus Cristo, ou o BATISMO DE DESEJO, que é o amor da caridade, desejoso dos meios de salvação instituídos por Deus.

Esta HERESIA de que a Igreja não reconhece o batismo de desejo vem sendo insistentemente propagada pela dupla de irmãos Michael e Peter Dimond, do Mosteiro da Sagrada Família de Fillmore, NY, EUA, com informações falsas ou distorcidas. Neste caso, afirmam três idiotices: 

I. Que o Catecismo da Doutrina Crista de São Pio X, de 1912, não é de São Pio X, mas atribuído a ele. 

II. Que o erro dos que creem no Batismo de Desejo estaria na questão 568 desse catecismo, sendo que esse catecismo só tem 433 questões… 

III, Que a verdade verdadeira estaria na suposta questão 567 do mesmo catecismo que eles dizem ser herético, ou seja, são eles que decidem o que vale e o que não vale no Catecismo de São Pio! 

Bom eles se baseiam no Catecismo de São Pio X de 1905, que, na verdade, foi censurado pelo próprio Papa, o qual, então, escreveu o de 1912. Que é válido.  

Pode se discutir acerca da validade ou não para tooooda a Cristandade, tendo em vista que foi dirigido à diocese e à província eclesiástica de Roma (não à Itália como um todo, como afirmam erroneamente os irmãos Dimonds…), mas, em tempos de crise da Igreja, uma verdadeira batalha espiritual, e não tendo outro catecismo posterior para toda a Cristandade, não é de se negar que, por sua utilidade, serve para toda a Igreja. Outra opção seria reportar-se ao Catecismo Bellarmino ou de Trento. Mas eu questiono aos teólogos de botequim: No que discordam os dois catecismos? Me provem! 

Ainda sobre a dupla de irmãos heréticos, registro que o que lhes falta, além do catecismo básico, é interpretação de texto. Vejamos o que dizem: 

“O Catecismo ATRIBUÍDO ao Papa São Pio X repete para nós o mesmo ensinamento de fide da Igreja Católica sobre a NECESSIDADE ABSOLUTA do batismo de água para a salvação. 
Catecismo do Papa São Pio X, Os Sacramentos, ‘Baptismo’, Q. 567: ‘O Batismo é necessário para a salvação? O Batismo é absolutamente necessário à salvação, porque o Senhor disse expressamente: ‘Quem não renascer na água e no Espírito Santo, não poderá entrar no reino dos céus’.’ (Grifos nossos.)
 
Vejam bem, o catecismo não diz que a ÁGUA é necessidade absoluta para a salvação, mas que o BATISMO é necessidade absoluta para a salvação. O texto não precisa de uma interpretação iluminada, é claro e objetivo.

Essa questão 567 citada por eles, e que menciona as palavras de Nosso Senhor sobre renascer na água, sequer tem uma correspondência no Catecismo de 1912. As duas questões anteriores (278279) tratam da necessidade do batismo e da penitência para a salvação e se são igualmente necessários… 

Acontece que, quando partimos de uma PREMISSA ERRADA, não há a menor possibilidade de chegarmos a uma CONCLUSÃO CORRETA. Há uma falha invencível no raciocínio. 

No mesmo texto, dizem, ainda, que São Pio X afirmou heresias (SIC!!!). Não vou tratar disso aqui, porque o tema é outro. E também porque São Pio X não precisa ser defendido contra as idiotices heréticas de dois NADAS, uma vez que ele já foi canonizado infalivelmente pela Santa Madre Igreja. Roma locuta causa finita. Avante. 

Assim, trago agora à colação outro Magistério da Igreja: a Carta “Debitum pastoralis officii” de S.S. o Papa Inocêncio III (1198-1216), em resposta ao bispo Bertoldo (?-1212) ou Bertram, que foi bispo de Metz, na França, de 1179/1180 a 1212. 


Do ministro do batismo e do batismo de fogo[1]


Da Carta Debitum pastoralis officii, a Bertoldo, bispo de Metz, de 28 de agosto de 1206.

788. Dz 413. Tu nos comunicaste que um certo judeu, estando na iminência de morrer, como se achasse sozinho entre judeus, imergiu a si mesmo na água dizendo: ‘Eu me batizo, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.’

Respondemos que, tendo que haver uma diferença entre o batizante e o batizado, como evidentemente se conclui das palavras do Senhor, quando diz aos seus Apóstolos: Ide […], batizai (todas as gentes), em nome etc. (cf. Mt 28, 19), o judeu em questão deve ser batizado novamente por outra pessoa, para mostrar que um é o batizado e outro é o que batiza. Ainda que tivesse morrido imediatamente, teria voado instantaneamente para a Pátria celeste pela fé no sacramento, mas não pelo sacramento da fé. (Grifos nossos.)


Nota 1: CIC Decr. Greg. III,. 42, 4: Frdbg II 646 s; Rcht II 621 s; Pth 2875; PL 215. 986 A.

Extraído de Dezinger 739, 1963 (traduzida para o espanhol da 31ª edição de 1958), p. 148.  



sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Papa Pio XI e os R&R

Me enviaram este texto, mas não consegui encontrar o autor ou site/blog de publicação. Foi compartilhado através do Telegram. Se alguém souber de quem é, por gentileza me avise, para colocar os devidos créditos.  
Minha ponderação sobre o tema:  
Há duas situações de R&R 
1. A da Neofrat e similares, que reconhecem como Papa a um falso papa e lhe resistem (desobedecem).  
2. A dos que reconhecem um Papa verdadeiro (Pio XII, por exemplo), mas lhe resistem (desobedecem). A obediência absoluta é reservada apenas ao líder que os induz ao erro; e tanto pode ser um padre quanto um dos inúmeros gurus de internet que ensinam sem conhecimento e sem autoridade.
As duas são obviamente erradas: Uma, porque, ao reconhecer um falso papa como Papa católico, estão em cisma com a Igreja de Cristo. Outra, porque, ao reconhecer um Papa Católico e ao escolher o que obedecer ou não de seus documentos, estão em heresia (como explicado abaixo). Então, os R&R ou são cismáticos ou são heréticos, ou ambos.  
Consideração final: esse termo "resistir" remete aos esquerdistas, que se orgulham de chamar de resistência os crimes que praticam... 


Papa Pio XI aniquila a posição de reconhecer e resistir

24 de Março de 2023




Os fiéis podem reconhecer e resistir ao Papa? 


Pio XI, em seus ensinamentos, esmaga por completo a teologia de reconhecer e resistir. Um fiel católico rejeitaria os ensinamentos dos Santos Padres? Por que muitos rejeitam hoje em dia? Por quais argumentos? Abaixo, lemos alguns destaques de trechos relevantes. Dentro do contexto que contradiz o R&R-ismo, recorramos à declaração Mortalium Animos[1] – Sobre a Unidade Religiosa. 

As palavras "reconhecer e obedecer" são exatamente opostas a "reconhecer e resistir". A turma do R&R não obedece àqueles que eles chamam de sucessores legítimos de Pedro. Os ignoram, resistem a eles e rejeitam seus ensinamentos. É claro que esse povo do R&R está correto ao rejeitar o Modernismo dos "papas" do Vaticano II, mas sua justificação para fazê-lo, em oposição ao que é reconhecido como a autoridade papal, é herética e uma blasfêmia. O princípio subjacente de Mortalium Animos é rejeitado pela turma dos R&R. Todo documento papal é uma instância do Romano Pontífice apresentando sua autoridade para que os fiéis obedeçam, não resistam.  

Em 31 de dezembro de 1929, o Papa Pio XI promulgou a Divini Illius Magistri[2] – Sobre a Educação Cristã. Esta declaração trata da importância de obter uma boa, santa e verdadeira educação cristã, que só é possível seguindo e obedecendo aos ensinamentos de um legítimo Romano Pontífice e seguindo suas regras para essa educação.  

Qual é a condição da Igreja Católica se ela está propagando o erro como qualquer outra religião, como os proponentes do R&R essencialmente afirmam? A posição da turma R&R faz da Igreja Católica apenas mais outra organização no mundo, que tem mais ou menos permissão para desviar as pessoas com o erro. Enquanto todas as outras religiões são condenadas pela Igreja Católica por fazerem a mesma coisa. 

Em 31 de dezembro de 1930, o Papa Pio XI promulgou Casti Connubii[3] – Sobre o Casamento Cristão. Mais uma vez, o Papa enfatiza sua autoridade sobre todos os fiéis. 

A mentalidade de reconhecer e resistir é uma grande hipocrisia. Pelas verdades de fé, como já tratamos, hereges não pertencem ao Corpo da Igreja, não lhes cabe serem reconhecidos. Portanto, a resistência encaixa apenas ao ponto de, justamente, afirmarmos que estes membros não fazem parte do Corpo da Igreja.  

Oremos para que o Papa Pio XII tenha um sucessor, e que o Papado seja restabelecido.

Notas 
[1] A Encíclica Mortalium animos, do Papa Pio XI, de 06 de janeiro de 1928. 

 

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

4 de Outubro: São Francisco de Assis

“Arrebate, Vos rogo, ó Senhor,
a ardente e doce força do vosso amor,
a minha mente, de todas as coisas que estão sob o céu,
para que eu morra por amor do amor vosso,
como Vós vos dignastes morrer por amor do amor meu.”

“Absorver”. Oração atribuída a São Francisco de Assis.


São Francisco de Assis


No dia 4 de outubro, a Igreja celebra a grande figura do Santo de Assis, que já durante o Ressurgimento foi muitas vezes considerado o Santo identificante e representativo da cultura italiana, "o mais amável, o mais poético e o mais italiano dos nossos santos", que, em 1939, o Papa Pio XII proclamou Padroeiro da Itália, como recordou o Gioberti. 

A pintura acima — uma obra que parece destinada originalmente à devoção privada — do bolonhês Francesco Francia, data de cerca de 1490 e retrata um jovem São Francisco com os estigmas, em um ambiente intimista e recolhido, tendo como pano de fundo uma paisagem rural tranquila, tipicamente renascentista. A luz clara realça os detalhes, como na pintura flamenga, pela qual o Francia parece ser influenciado (o livro em primeiro plano é um expediente típico da pintura flamenga da época), ainda que a atenção aos detalhes também possa ter vindo da sua atividade como ourives, em que ele trabalhou com sucesso em sua juventude.

Mais sobre São Francisco de Assis, AQUI.
  

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Nossa Senhora Rosa Mística. Esclarecimentos importantes!

A verdadeira e a falsa Rosa Mística



Nossa Senhora Rosa Mística. 

Esclarecimentos importantes!


 

Em primeiro lugar, há um sério esclarecimento a fazer: a Imagem à esquerda da foto acima é uma antiga representação da Rosa Mística, uma das invocações da Ladainha de Nossa Senhora; enquanto a outra, à direita, não apenas é falsa, como foi CONDENADA e PROIBIDA pela Igreja Católica. 

Sobre as Ladainhas de Nossa Senhora, vide AQUI. A Rosa Mística é a 27ª invocação. Vamos ao assunto. 
 
Nossa Senhora teria, supostamente, aparecido a uma “vidente” em dois momentos históricos distintos: primeiro em 1947 e depois em 1966. 

Pierina Gilli, a suposta vidente, nasceu na cidade de Montichiari (Bréscia), aos 03 de agosto de 1911, filha de Pancrazio Gilli e Rosa Bartoli, um humilde casal de camponeses, uma família marcada pela pobreza. O pai morreu em 1918, consumido pelo cativeiro sofrido durante a Primeira Grande Guerra. A mãe se casou novamente para proteger seus filhos. Depois de ser assistente das crianças em uma creche municipal de Montichiari, e tendo recusado uma oferta de casamento, Pierina teve que desistir do sonho de entrar no convento das “Ancilas da Caridade”[1], por problemas de saúde, e foi trabalhar como empregada doméstica do Padre Giuseppe Brochini; depois, trabalhou como enfermeira no Hospital Civil de Desenzano del Garda.[2]  

A jovem mantinha um diário onde anotava as experiências “místicas”: em particular as supostas visões e mensagens. Pelo diário, sabemos que os “encontros” com Maria Rosa Mística foram precedidos e preparados por outro “encontro”, com a fundadora das Ancilas, a então Beata Maria Crucificada Di Rosa

Em 14 de abril de 1944, foi acolhida pelas Ancilas da Caridade, como postulante. Sete meses depois contraiu meningite e beirou a morte. Foi quando lhe teria aparecido a Beata Maria Crucificada Di Rosa, anunciando que ela se curaria, mas viria a ter outras provações. 

Em 02 de novembro de 1946, Pierina, sempre segundo o diário dela, teve uma oclusão intestinal; e vinte dias depois, entre os dias 23 e 24 de novembro, a Beata Maria Crucificada lhe teria aparecido novamente, junto com a Virgem Maria, vestida de roxo, com um véu branco. A Virgem tinha os braços abertos, e em seu peito teria três espadas transpassando o coração. 

Em 12 de março de 1947, após um colapso do coração resultante de cólicas renais, teria visto novamente a Beata Maria Crucificada, curando-se depois de oferecer seu sofrimento pelas pessoas consagradas.[3] 

Em 1947, teriam começado as supostas aparições da Virgem como “Maria Rosa Mística”. O primeiro encontro teria ocorrido na sala do Hospital Civil de Montichiari, onde Pierina prestava seus serviços: em seu diário, a aparência de Maria é descrita como sendo a mesma do dia 02 de novembro de 1946. A Virgem teria dito: “Oração, sacrifício e penitência”. Em maio de 1947, a “mística” teria sofrido assédios diabólicos e tido uma visão do inferno. 

Em 01 de julho de 1947, durante a recitação do Rosário, teria havido outra aparição da Virgem, sempre com três espadas fincadas no coração.

Em 13 de julho de 1947, teria ocorrido a primeira “grande” aparição: Maria apareceria junto com a Beata Maria Crucificada, dizendo: “Eu sou a Mãe de Jesus e a Mãe de todos vós”. Pierina alega ter visto as espadas no chão e, no peito da Virgem, teriam desabrochado, em seu lugar, três rosas: uma branca, uma vermelha e uma de ouro (não amarela!). A Virgem teria exortado a uma nova devoção: “Maria Rosa Mística”, em prol de todos os institutos religiosos e os sacerdotes. Teria, também, pedido que se homenageasse, como um dia mariano, o dia 13 de cada mês e, em particular, o dia 13 de julho, para expiar as ofensas feitas pelas almas consagradas.

Em 22 de outubro de 1947, durante uma reunião de oração, a imagem da Beata Maria Crucificada teria tomado vida e, do crucifixo em suas mãos, teriam caído gotas de sangue, que Pierina teria secado com o purificador do altar (SIC!!!).

As aparições subsequentes ocorreriam na Catedral de Montichiari

Na primeira, em 16 de novembro de 1947, a Virgem teria pedido a Pierina para marcar com a língua uma cruz sobre quatro ladrilhos do pavimento; sobre essa cruz, a Virgem teria pousado, convidando-a à oração e à penitência, em reparação às ofensas dos homens a Deus. 

Na aparição de 22 de novembro de 1947, a Virgem teria anunciado sua próxima visita ao meio-dia de 08 de dezembro de 1947, dia da Imaculada Concepção, para pedir a instituição da Hora da Graça

Em 07 de dezembro de 1947, a Virgem teria aparecido novamente, acompanhada, desta vez, por Francisco e Jacinta, os dois pastorzinhos de Fátima, explicando que eles lhe fariam companhia em toda a sua tribulação. “Eles também sofreram, embora mais novos de ti”.  
Vamos nos situar no tempo. É preciso lembrar que a supérstite dos pastorzinhos, Lúcia, se tornou freira e continuou tendo encontros, embora bastante esporádicos, com a Santíssima Mãe de Deus, e esses encontros foram registrados por ela, e são reconhecidos pela Igreja. Vejam que NUNCA a Irmã Lúcia disse que Nossa Senhora aparecera a esta “vidente” Pierina. Isso é, no mínimo, estranho, uma vez que Ela não teria motivos para esconder de Lúcia essas aparições, e que, ao contrário, dariam credibilidade à “vidente” Pierina... Não é? Fica o questionamento.  

Em 08 de dezembro de 1947, a suposta Virgem teria reaparecido a Pierina, conforme havia anunciado, dizendo: “Eu sou a Conceição Imaculada — Nossa Senhora afirmara isso em Lourdes, à jovem Bernadete Soubirous, em 25 de março de 1858, para confirmar o Dogma definido por Pio IX, através da Bula Ineffabilis Deus, em 08 de dezembro de 1854. Qual a necessidade da Virgem se repeti-lo, se Ela nunca se repete nas aparições reconhecidas pela Igreja? —, sou Maria de Graça, Mãe do Divino Filho Jesus Cristo. Para minha vinda a Montichiari, gostaria de ser chamada de ‘Rosa Mística’…”. A Virgem também teria manifestado o desejo de ver instituída a Hora da Graça Universal, a ser celebrada todo dia 8 de dezembro, para obter graças e conversões; e teria pedido que se fizesse um portãozinho para custodiar os quatro ladrilhos já mencionados, e uma Imagem, que deveria retratá-la como “Rosa Mística”. Em seguida, Pierina teria visto, no peito da Virgem, sob uma luz fulgurante, o Seu Coração Imaculado; ao mesmo tempo, teriam ocorrido curas milagrosas na catedral: uma criança paralítica e uma mulher muda.[4] 

Em 1948, Pierina foi interrogada pelas autoridades eclesiásticas, retirando-se, depois, em convento franciscano de Bréscia, sob a orientação espiritual do padre Giustino Carpin, mas sem ingressar na ordem. As supostas aparições foram poucas por um longo tempo, mas se intensificaram novamente em 1966. Segundo o testemunho de uma carismática[5] de Bréscia, Franca Dal Ri Cornado (1924-1993), que mais tarde que se tornaria amiga de Pierina, as aparições teriam sido retomadas como um sinal pedido pelo padre Giustino, diretor espiritual das duas, para verificar as locuções interiores que Franca teria recebido desde 1958. P. Giustino instou Franca a pedir, sem entrar em detalhes, uma graça ao Senhor, e a graça era precisamente que sua outra filha espiritual, Pierina, voltasse a encontrar a Virgem, a qual teria prometido voltar sem dizer quando. 

E a Virgem teria reaparecido a Pierina em 17 de abril de 1966, um Domingo in Albis, junto a uma fonte de água localizada em Fontanelle, uma vila próxima a Montichiari, onde hoje existe o Santuário do Rosa Mística, dizendo: “O Meu divino Filho Jesus é todo amor. Ele me enviou para tornar essa fonte milagrosa. Como um sinal de penitência e purificação, dê um beijo neste degrau, depois desça alguns degraus, pare, e dê outro beijo e desça. Pela terceira vez, beije o degrau, e, neste último local, se coloque um crucifixo. Os doentes e todos os meus filhos, antes de tomar ou beber água, peçam perdão ao meu Filho divino... Agora sua missão será aqui, entre os doentes e necessitados”.

Na segunda aparição, em 13 de maio de 1966, aniversário da aparição da Virgem em Fátima, Maria teria comunicado a Pierina que a fonte deveria ser chamada a “Fonte da Graça”, convidando a humanidade à oração, ao sacrifício e à penitência para se salvar da ruína (inferno).

A terceira aparição ocorreria em 09 de junho de 1966, solenidade de “Corpus Domini”: a Virgem teria expressado o desejo de que uma parte do trigo dos campos circunstantes fosse transformada em “Pão Eucarístico”, a ser levado a Fátima no dia 13 de outubro. Também teria expressado o desejo de que o povo de Montichiari se consagrasse ao Seu Coração Imaculado.

Na quarta e última aparição de Fontanelle, em 06 de agosto de 1966, festa da Transfiguração de Jesus, a Virgem teria pedido a instituição da “União Mundial da Comunhão Reparadora”, a ser realizada em 13 de outubro. Além disso, teria recordado a sua função de mediadora entre seu Filho e a humanidade, acrescentando: “Eu escolhi este lugar de Montichiari porque, nos meus filhos que trabalham com a terra (agricultores), ainda há humildade, como se fosse uma pobre Belém”.

Pierina levou, a partir daí, uma vida muito retirada, e as aparições e mensagens teriam supostamente continuado. Na última alegada aparição, em 24 de março de 1983, Maria teria expressado o desejo de ver realizado, no local, um santuário com cinco cúpulas, e teria pedido para que fosse criada uma medalha de acordo com suas instruções. Em relação a Montichiari e Fontanelle, conversões e supostas curas milagrosas teriam continuado, acompanhadas por outros sinais sobrenaturais, como as maravilhas solares[6], como em Fátima. A necessidade de atrelar essas “aparições” a fatos históricos comprovados e reconhecidos pela Igreja é comum nas falsas vidências. Nas verdadeiras, isso nunca ocorreu.



AS AVALIAÇÕES DE DOM GIACINTO TREDICI, BISPO DA DIOCESE DE BRÉSCIA DE 1933 A 1964


Dom Giacinto sempre considerou NAO AUTÊNTICAS as supostas aparições marianas de Fontanelle e Montichiari. São duas as tomadas de posição mais importantes. 

I. No semanário diocesano “La Voce del popolo”, de 04 de dezembro de 1948 publicou: “Após uma cuidadosa investigação realizada por sua ordem, S. E. Mons. Bispo acredita poder afirmar que a narração dos acontecimentos que teriam ocorrido em Montichiari nos últimos meses (...) deve ser considerada de NENHUM VALOR. Os fatos antecedentes, a que se refere o periódico ‘Famiglia Cristiana’ de 24 de outubro [1948], ainda estão sendo examinados. O Bispo ainda não pensa em se pronunciar. Portanto, de acordo com as normas dos cânones sagrados, NÃO DEVEM SER DIVULGADAS NOVAS DEVOÇÕES QUE SE REFIRAM A ELAS. Os sacerdotes, especialmente, devem obedecer a essas normas”[7]. 

II. Em uma carta a Mons. Giovanni Battista Bosio (eleito Arcebispo de Chieti-Vasto por Pio XII), de 14 de novembro de 1951, escreveu: “O sujeito [Pierina Gilli] e o ambiente CARECEM DE VALOR do ponto de vista das declarações feitas. Um ambiente SUPERAQUECIDO[8] e, devo dizer, TENDENCIOSO [...]. Assim sendo, eu, no domingo 4 de dezembro, em Montichiari, por ocasião da Visita Pastoral, disse publicamente, na igreja, que, tendo examinado bem as coisas, NÃO ENCONTREI MOTIVOS SUFICIENTES PARA TER POR PROVADAS E SOBRENATURAIS as revelações e aparições que alegam ter ocorrido, e que, por isso, PROIBIA qualquer manifestação de culto público que se referisse a elas[9].



A POSIÇÃO DA IGREJA


Após o episcopado de Dom Giacinto Tredici, subsistem os seguintes pronunciamentos da Diocese de Bréscia: 

I. 1975.Mons. Bispo renova o firme convite aos fiéis e sacerdotes para que, na ACEITAÇÃO OBSEQUIOSA das decisões anteriores, saibam encontrar, em OUTROS santuários e lugares reconhecidos pela Igreja, a melhor forma de expressar a devoção devida e necessária à Mãe de Deus, segundo os conteúdos mais autênticos da fé e espiritualidade católicas”. (Comunicado de Mons. Luigi Morstabilini, de 25 de novembro de 1975).

II. 1984.O Bispo de Bréscia, confortado pelo creditado parecer da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, comunica que: 
a) as chamadas aparições de Nossa Senhora da Rosa Mística em Montichiari NÃO APRESENTAM MOTIVOS DE CREDIBILIDADE
b) o culto a Nossa Senhora da Rosa Mística, portanto, NÃO É APROVADO e NÃO PODE SER PRATICADO OU INCENTIVADO
c) quem insistir em favorecê-lo, distribuindo publicações ou organizando peregrinações, não ajuda, mas PERTURBA A FÉ DOS FIÉIS, INDUZINDO-OS A AGIR CONTRARIAMENTE ÀS DISPOSIÇÕES DA IGREJA”. (Declaração de Mons. Bruno Foresti, de 15 de outubro de 1984). 

III. 1984.O Bispo de Bréscia, tendo em conta os vários pedidos que são continuamente enviados a este respeito, tanto da Itália como do exterior, REAFIRMA o que já foi disposto por ele e por seu antecessor.” (Declaração de Mons. Bruno Foresti, de 19 de fevereiro de 1997). 

IV. 2008. “Em modo particular aos indivíduos e grupos que até agora se dedicaram, mais ou menos diretamente, a promover o culto mariano na localidade de Fontanelle É EXPLICITAMENTE PEDIDO que respeitem todas as indicações do Diretório, que NÃO DIFUNDAM mensagens ou publicações, e NÃO PROMOVAM ATOS DE CULTO, NEM CRIEM ESTRUTURAS que possam, mesmo que indiretamente, induzir os fiéis a reputar que o juízo da Igreja sobre as chamadas aparições ou outros fenômenos extraordinários tenha sido mudado em sentido positivo.” (Juntado ao Decreto nº 229/08 de Mons. Luciano Monari, de 19.03.2008, no ponto 2).

O lugar de culto que, apesar da decisão da Igreja, havia sido construído em Fontanelle di Montichiari, se tornou o Santuário Diocesano Rosa Mística em 2019, sob o episcopado de mons. Pierantonio Tremolada (atual bispo), que decidiu DESOBEDECER ao juízo de Santa Romana Igreja e, como “bom” modernista, afirmou que, o fato de existir um santuário, não significava o automático reconhecimento das aparições, mas, nas melífluas palavras dele: “trata-se de uma passagem histórica que [...] poderá abrir uma fase renovada de desenvolvimento do culto e estudo do complexo fenômeno espiritual e mariano que surgiu nesses lugares ao longo dos anos[10] (SIC!). Para os bispos anteriores, inclusive os modernistas, não havia nada de complexo nisso

O circo pós-conciliar se deixou encantar pelos fenômenos que supostamente ocorreram, não só no passado, como depois, inclusive mundo afora: no Líbano, teriam sido encontrados ícones que exsudariam óleo perfumado, Na América Latina, imagens teriam “chorado” lágrimas e sangue. Na Índia, bispos e cardeais teriam visto uma imagem da Virgem “suar” mel. Além das inúmeras associações laicas e ao menos duas ordens religiosas autorizadas por bispos. Sem falar das conversões e curas milagrosas…[11].

Se Roma fala ou não, a causa não é tida mais por encerrada — Roma locuta causa finita — mas é escrava da liberdade do fiel de acatar ou não o que a Igreja ensina, aconselha ou ordena. “Mérito”, não só do nefasto Concílio Vaticano II e o espúrio protagonismo do leigo, mas do liberalismo que permeia a Cristandade. Então, assim como em tudo que diz respeito a salvação da alma e os perigos que a cercam, esta “aparição” e a relativa devoção também parecem ser de “livre escolha” do fiel (da paróquia ou do padre)... SIC!!! E, então, vemos blogs, sites e perfis de mídias sociais compartilhando essa falsa imagem e divulgando essa falsa devoção sem conhecer a sua origem e, pior, sem saber que foram PROIBIDAS pela Igreja!!! 

Nesses assuntos tão importantes para a saúde de nossas almas, vale a mesma advertência aos motoristas: “na dúvida, não ultrapassem”: NA DÚVIDA, NÃO FAÇAM! NÃO SIGAM! NÃO COMPARTILHEM!!!  

Ok, mas alguém poderia argumentar que “não sabia”. Ora! A ignorância só escusa quando não lhe damos motivo! O mínimo que devo fazer, quando me deparo com algo “novo”, é investigar antes!!! E, digamo-lo!, essa mania do “novo”, de inovar, mostra que não entendemos bem o Catecismo. Vigiai!!! 

Meus caros, nossa alma custou o Sangue de um Deus bom, não devemos expô-la a risco. Ademais, e por fim, muitas vezes não damos conta nem de nossas preces diárias  básicas, por que vamos atrás de outras? A Santíssima Virgem tem centenas de outros títulos reconhecidíssimos pela Igreja dos quais podemos — e devemos — lançar mão para dar-Lhe a devida e amorosa homenagem de nossos corações. Viva Maria Santíssima!!! 

O católico que insiste em propagar essa falsa aparição e essa falsa devoção está DESOBEDECENDO à Igreja, é um revolucionário, e, portanto, está em pecado mortal. 



Pesquisa, tradução e redação: Giulia d’Amore para Pale Ideas.


NOTAS:

1. Instituto religioso fundado pela Madre Maria Crucificada Di Rosa (nome de batismo: Paula Francesca Maria Di Rosa), em 1840, para assistir e educar a juventude e cuidar dos enfermos, sobretudo por causa da epidemia de cólera. O Papa Pio IX e o imperador Ferdinando da Áustria aprovaram o Instituto, que foi erigido canonicamente em 1851. Pio XII canonizou a fundadora em 1954. 
2. “Storia de Maria Rosa Mistica”, in “Santuario Diocesano Rosa Mistica - Madre della Chiesa”: https://www.rosamisticafontanelle.it/it/storia-maria-rosa-mistica-fontanelle
4. Gottfried Hierzenberger e Otto Nedomansky, “Tutte le apparizioni della Madonna in 2000 anni di storia”, Piemme, 1996, pp. 312-323.
5. Já se vê que ligações tem essa vidente…
6. Gottfried Hierzenberger e Otto Nedomansky, idem, p. 322. 
7. M. Lovatti, “Giacinto Tredici vescovo di Brescia in anni difficili”, Brescia, Fondazione Civiltà Bresciana, 2009, p. 229. 
8. No sentido de haver uma excessiva atividade para fazer reconhecer como verdadeira a aparição. 
9. M. Lovatti, idem, pp. 229-230.
10. “Proclamazione canonica ufficiale”, in rosamisticafontanelle.it. URL: https://www.rosamisticafontanelle.it/it/santuario-diocesano-rosa-mistica-della-chiesa-fontanelle-di-montichiari
11. “Maria e il Suo popolo. Svolta storica sul ‘caso Fontanelle’.”, in lanuovabq.it.: https://lanuovabq.it/it/maria-e-il-suo-popolo-svolta-storica-sul-caso-fontanelle


   

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