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terça-feira, 30 de abril de 2019

Missas do mês de Maio 2019


Agenda de Missas de Maio 2019

Rev. Padre. Ernesto Cardozo




POUSO ALEGRE 
01/05 – quarta-feira – às 8:30 – Festa de São José Trabalhador

02/05 – quinta-feira – A CONFIRMAR

IPATINGA 
03/05 – sexta-feira – às 20h
04/05 – sábado – às 20h 
05/05 – domingo – às 10:30

CONTAGEM
05/05 – domingo – às 19:30
06/06 – segunda-feira – às 20h 

BARBACENA
07/05 – terça-feira – às 19:30
08/05 – quarta-feira – às 19:30

CONTAGEM
09/05 – quinta-feira – às 20h 
10/05 – sexta-feira – às 20h
11/05 – sábado – às 20h 
12/05 – domingo – às 11h  festa do Dia das Mães 


Do dia 13/05 ao dia 14/06 em México



 






sexta-feira, 26 de abril de 2019

Para a salvação é necessário o sacrifício da vontade própria

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Para a salvação é necessário o sacrifício da vontade própria



Qui facit voluntatem Patris mei, qui in coelis est, ipse intrabit in regnum coelorum — «O que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse entrará no reino dos céus» (Mat 7, 21)


Sumário. O que faz a vontade de Deus, entrará no céu;  o que não a faz, não entrará. Se portanto quisermos ser salvos, renunciemos à nossa vontade própria, e entregando-a sem reserva a Deus, digamos frequentes vezes cada dia: Senhor, ensinai-me a cumprir a vossa vontade santíssima; protesto não querer senão o que quereis Vós. Para que estejamos sempre dispostos a cumprir a vontade divina, é utilíssimo que desde de manhã nos representemos as contrariedades que nos possam suceder durante o dia.


I. O que faz a vontade de Deus, entrará no céu; o que não a faz, nele não entrará. Alguns fazem depender a sua salvação de certas devoções, de certas obras exteriores de piedade, e entretanto não cumprem a vontade de Deus. Jesus Cristo, porém, diz: «Não todos aqueles que me dizem: Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus; mas entrará somente o que faz a vontade de meu Pai» — Qui facit voluntatem Patris mei, qui in coelis est, intrabit in regnum coelorum.

Portanto, se nos quisermos salvar e chegar à união perfeita com Deus, habituemo-nos a rogar-lhe sempre com Davi: Doce me, Domine, facere voluntatem tuam (Sl 142, 10) — «Senhor, ensinai-nos a fazer a vossa santa vontade». Ao mesmo tempo desfaçamo-nos da vontade própria e entreguemo-la toda inteira e sem reserva a Deus. — Quando damos a Deus os nossos bens pela esmola, o alimento pelo jejum, o sangue pela disciplina, damos-lhe coisas nossas; mas quando lhe damos a vontade, damos-lhe a nossa própria pessoa. Eis porque o sacrifício da vontade própria é o sacrifício mais aceito que possamos fazer a Deus; e Deus enriquece de graças ao que o faz.

Porém, para que tal sacrifício seja perfeito, deve ter duas qualidades: deve ser feito sem reserva e constantemente. Alguns dão a Deus a sua vontade, mas com reserva, e semelhante dádiva pouco agrada a Deus. Outros dão a Deus a sua vontade, mas logo em seguida tornam a retomá-la, e estes se expõem a grande risco de serem abandonados de Deus. Por isso todos os nossos esforços, desejos e orações devem ser dirigidos ao fim de obtermos de Deus a perseverança em não queremos senão o que Deus quer. Habituemo-nos a antever desde de manhã, no tempo da meditação, as tribulações que nos passam suceder no correr do dia e a fazermos continuamente atos de resignação à vontade divina. diz São Gregório: Minus iacula feriunt, quae praevidentur — «São menos dolorosas as feridas antevistas».

II. Meu Jesus, cada vez que eu disser: Louvado seja Deus, ou Seja feita a vontade de Deus, tenho intenção de aceitar todas as vossas disposições a meu respeito, no tempo e na eternidade. — Só quero o emprego, a habitação, os vestuários, o nutrimento, a saúde que me tendes destinado. Se quereis que meus negócios não surtam feliz êxito, meus projetos se esvaeçam, meus processos se percam, tudo quanto possuo seja roubado, eu também o quero. Se quereis que eu seja desprezado, odiado, posposto aos outros, difamado e maltratado, até por aqueles a quem mais amo, eu também o quero. Se quereis que eu fique privado de tudo, banido de minha pátria, encerrado numa prisão, e viva em penas e angústias contínuas, eu também o quero. Se quereis que esteja sempre enfermo, coberto de chagas, estropiado, estendido sobre um leito, abandonado de todos, eu também o quero; tudo seja como Vos agradar e por quanto tempo quiserdes.

Minha vida mesma ponho nas vossas mãos, e aceito a morte que me destinais; aceito igualmente a morte de meus parentes e amigos e tudo o que quiserdes. Quero também tudo o que quereis no que diz respeito ao meu bem espiritual. Desejo Vos amar com todas as minhas forças nesta vida e ir Vos amar no paraíso como Vos amam os Serafins; mas contente fico com o que bem quiserdes conceder-me. Se não quereis dar-me senão um só grau de amor, graça e glória, não quero mais do que isto, porque Vós assim o quereis. Prefiro o cumprimento de vossa vontade a todos os bens.

Numa palavra, ó meu Deus, de mim e de tudo o que me pertence, disponde como for vossa vontade; com a minha não tenhais consideração alguma, pois só quero o que Vós quereis. Qualquer que seja o tratamento que me deis, amargo ou doce, agradável ou penoso, aceito-o e abraço-o, porque tanto um como outro me virá de vossa mão. — Aceito, meu Jesus, de maneira especial a morte que me espera e todas as penas que devem acompanhá-la, no lugar e momento que for da vossa vontade. Unindo-as à vossa santa morte, ó meu Salvador, Vo-las ofereço em testemunho de meu amor a Vós. Quero morrer para Vos agradar e cumprir vossa divina vontade. — Ó Maria, Mãe de Deus, obtende-me a santa perseverança. (*II 279) 



quarta-feira, 24 de abril de 2019

Como escolher uma esposa


Como escolher uma esposa 

São João Crisóstomo 



Portanto, quando fordes escolher uma esposa, não examineis somente as leis do Estado, mas, antes, examineis as leis da Igreja. Deus não vos julgará no último dia segundo as leis do Estado, mas segundo Suas leis. Não é mesmo uma tolice? Quando estamos sob ameaça de perder dinheiro, tomamos todos os cuidados possíveis, mas quando nossa alma está sob risco de ser eternamente punida, nem ao menos prestamos atenção. Tu sabes que tem duas escolhas. Se tu escolheres uma má esposa, terás de enfrentar aborrecimentos. Se não aceitares enfrentá-los, serás culpado de adultério por divorciar-te dela. Se tivesses investigado as leis do Senhor e as conhecesse bem antes de te casares, terias tomado muito cuidado e escolhido uma esposa decente e compatível com teu caráter desde o início. Se tivesses te casado com uma esposa assim, terias ganhado não apenas o benefício de não te divorciares dela como o benefício de amá-la intensamente, conforme Paulo ordenou. Pois quando ele diz "Maridos, amem vossas esposas", ele não pára por aí, mas fornece a medida deste amor, "como Cristo amou a Igreja".

Vejamos, porém, se a beleza e a virtude da alma da noiva atraiu o Noivo. Não, ela não era atraente nem pura, conforme estas palavras de Paulo: "Ele se entregou por ela para a santificar, purificando-a com a lavagem da água" (Efésios 5:25-26). [...] Apesar disso, Ele não abominou sua feiura, mas neutralizou sua repulsividade, remoldando-a, reformando-a e remitindo seus pecados. Tu deves imitá-Lo. Mesmo que tua esposa peque contra ti mais vezes do que podes contar, tu deves perdoá-la em tudo. Quando surge uma infecção em nossos corpos, não cortamos o membro fora, mas tentamos curar a doença. Devemos fazer o mesmo com uma esposa. Mesmo que ela não apresente melhoras em função de nossos ensinamentos, assim mesmo receberemos uma grande recompensa de Deus pela nossa paciência e por termos mostrado tanto auto-domínio em temor a Ele. Nós conseguimos suportar as maldades dela com nobreza, sem cortar o membro fora. Pois uma esposa é como se fosse um membro nosso, e por causa disso devemos amá-la. É precisamente isto que ensina Paulo: "Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos […] Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Cristo à Igreja; porque somos membros do Seu corpo, da Sua carne, e dos Seus ossos" (Efésios 5:28-30).

terça-feira, 23 de abril de 2019

A VOCAÇÃO PARA UM ESTADO DE VIDA


A VOCAÇÃO PARA UM ESTADO DE VIDA



A vida é um grande campo para o qual Deus chama operários. Tem ela muitas quadras, diversas no tamanho e várias na qualidade. Cada cristão, ao nascer, recebe do Senhor uma nesga desse campo. Assim, pois, a leitora também há de ter a sua porção determinada. 

É quase infinita a variação quanto à qualidade e quanto à cultura do campo. Para uns o terreno é fértil, bem situado, favorecido com aguadas. Já outros o recebem arenoso, exposto aos ventos, ressecado. Uns têm a ordem de ará-lo, deitar-lhe a semente e depois esperar pacientemente pela colheita. Outros, porém, hão de convertê-lo, digamos, num pomar frondoso. Por fim, não faltam os que recebem a incumbência de formar um belo jardim sobre o campo entregue. Cada um recebe, pois, de Deus uma tarefa especial na vida, tem um estado de vida designado por Ele.

Nós conhecemos na vida três estados particulares e para um deles está destinada a leitora. Esses três estados formam a terceira vocação.              

O primeiro consiste no casamento. Em si, sob o ponto de vista religioso, está ele abaixo dos outros, mas é ao mesmo tempo o mais indispensável à obra de Deus. Sobejam vocações para o claustro e para a virgindade no mundo, porque, pelo casamento, há fiéis na Terra. Não deixa de ser nobre a vocação do casamento, já pelos deveres que impõe, como pelos heroísmos que exige e pelas virtudes que pode formar. Nobilíssima é a finalidade que Deus lhe deu: a de povoar o céu com os eleitos da graça.

Vem em seguida o celibato, que livra a criatura dos cuidados da família. Pode assim a moça consagrar-se ao serviço de Deus, à caridade para com o próximo, com um coração mais desafogado e mais leve. Também o celibato lhe põe, em geral, muito tempo à disposição e muitas forças às ordens.

O terceiro estado é o da religião. Por ele fica o cristão todo entregue a Deus, a cuja glória consagra seu espírito, seu coração, seu corpo e todos os instantes de sua vida. A vocação religiosa é mais nobre, tanto por suas grandezas como por seus benefícios. Acima dela só há o estado sacerdotal, como exigência da religião, como consequência do culto público devido ao Altíssimo. A estrada que a moça na vida religiosa trilha é a da perfeição, pela observância dos conselhos evangélicos.

Uma grande verdade vale a respeito destes estados. É que Deus tem para cada cristã uma escolha feita. Determina para cada uma o lugar, a vocação, o gênero de vida. Que assim seja no-lo garantem a sabedoria, a providência e a bondade de Deus. O Criador tem no Seu mundo uma ordem admirável. Para cada coisa reserva um lugar, e quer cada ser no seu posto. A harmonia desta ordem O preocupa, e na sua execução mete Deus Seu bondoso coração. Um grãozinho de areia no mar, a flor sorrindo numa rocha, o inseto que baila e zumbe aos raios do sol estão na Sua mente ordenadora. 

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Preparação para a morte: Da perseverança

  

Preparação para a morte: Da perseverança


PONTO III

Consideremos o terceiro inimigo, a carne, que é o pior de todos, e vejamos como deveremos combatê-la. Em primeiro lugar por meio da oração, conforme já vimos acima. Em segundo lugar, evitando as ocasiões, como iremos ver e ponderar atentamente. Disse São Bernardino de Sena que o conselho mais excelente (que é para bem dizer a base e o fundamento da vida religiosa) consiste em evitar sempre as ocasiões do pecado. Constrangido pelos exorcismos, confessou certa vez o demônio que, entre todos os sermões, o que mais detesta é aquele em que se exortam os fiéis a fugirem das más ocasiões. E, com efeito, o demônio se ri de todas as promessas e propósitos que formule o pecador arrependido, se este não evitar tais ocasiões.

Em matéria de prazeres sensuais, a ocasião é como uma venda posta diante dos olhos e que não permite ver nem propósitos, nem instruções, nem verdades eternas; numa palavra, cega o homem e o faz esquecer-se de tudo. Tal foi a perdição de nossos primeiros Pais: não fugiram da ocasião. Deus lhes havia dito que não colhessem o fruto proibido.

Ordenou Deus — disse Eva à serpente — que não o comêssemos nem tocássemos” (Gn 3,3)

Mas o imprudente “o viu, o tomou e comeu”. Começou a admirar a maçã, colheu-a depois com a mão, até que por fim comeu dela. Quem voluntariamente se expõe ao perigo, nele perecerá (Ecl 3,27). Adverte São Pedro que o demônio anda ao redor de nós, procurando a quem devorar. Para tornar a entrar numa alma donde foi expulso, diz São Cipriano, somente aguarda a ocasião oportuna. Quando a alma se deixa seduzir pela ocasião do pecado, o inimigo se apoderará novamente dela e a devorará irremediavelmente.

O abade Guerico diz que Lázaro ressuscitou com as mãos e pés atados, e por isso ficou sujeito à morte. Infeliz daquele que ressuscitar e ficar preso nos laços das ocasiões do pecado! Apesar de sua ressurreição, tornará a morrer. Quem quiser salvar-se, precisa renunciar, não somente ao pecado, mas também às ocasiões de pecado, isto é, deve afastar-se deste companheiro, daquela casa, de certas relações de amizade

Poderá alguém objetar que, ao mudar de vida, abandonou inteiramente o fim ilícito em suas relações com determinadas pessoas e que, portanto, já não há receio de tentações. A propósito, recordarei o que se conta de certa espécie de ursos da Mauritânia, que vão à caça de macacos. Estes animais, ao ver o inimigo, sobrem para o alto das árvores. O urso estende-se junto ao tronco, fingindo-se morto, e quando os macacos, confiados, descem ao solo, levanta-se, apanha-os e os devora.

Aparição de Jesus ressuscitado a sua Mãe Maria Santíssima

Aparição de Jesus ressuscitado a sua Mãe Maria Santíssima


Secundum multitudinem dolorum meorum in corde meo, consolationes tuae laetificaverunt animam meam - "Segundo as muitas dores que provou o meu coração, as tuas consolações alegraram a minha alma" (Ps. 93, 19).


Sumário. Era de justiça que Maria Santíssima, que mais do que qualquer outro tomou parte na Paixão de Jesus Cristo, fosse também a primeira a gozar da alegria da sua ressurreição. Imaginemos vê-la no momento em que lhe aparece o divino Redentor glorificado, acompanhado de grande multidão de Santos, entre os quais São José, São Joaquim e Santa Ana. Oh! Que ternos abraços! Que doces colóquios! Alegremo-nos com a nossa querida Mãe e digamos-lhe: Regina coeli, laetare, alleluia – "Rainha dos céus, alegrai-vos, aleluia!".

I. Entre as muitas coisas que Jesus Cristo fez e os Evangelistas passaram em silêncio, deve, com certeza, ser contada a sua aparição a Maria Santíssima logo em seguida à sua ressurreição. Nem necessidade havia de referi-la, porquanto é evidente que o Senhor, que mandou honrar pais e mães, foi o primeiro a dar o exemplo, honrando sua Mãe com a sua presença visível. Demais, era de inteira justiça que o divino Redentor glorificado fosse, antes de mais ninguém, visitar a Santíssima Virgem; afim de que, antes dos outros e mais do que estes, participasse da alegria da ressurreição quem mais do que os outros participara da paixão.

Um dia e duas noites a divina Mãe ficou entregue à dor pela morte do Filho, mas firme e imóvel na fé da ressurreição; e quando começou a alvorecer o terceiro dia, posta em altíssima contemplação, começou com ardentes suspiros a suplicar ao Filho que abrevia-se a sua vinda.

Enquanto está assim absorta nos seus veementísimos desejos, eis que o seu divino Filho se lhe manifesta em toda a sua glória e claridade; fortalecendo-lhe a vista, tanto a do corpo como a da alma, para que fosse capaz de ver e de gozar a divindade. Oh! Com tão bela aparição como não devia sentir-se satisfeita e contente! Quão ternamente não deviam abraçar-se Filho e Mãe! Quão doces e sublimes não devia ser os colóquios que trocavam!

Avizinhemo-nos, em espírito, de Nossa Senhora, que é também nossa Mãe, e roguemos-lhe que nos permita beijar as chagas glorificadas de Jesus Cristo. – Colhamos deste mistério, como são recompensados por Deus aqueles que acompanham Jesus até ao Calvário, quer dizer, que lhe são fiéis nas tribulações. Cada um pode fazer suas as palavras da Bem-aventurada Virgem: Secundum multitudinem dolorum meorum, consolationes tuae laetificaverunt animam meam – "Segundo as minhas muitas dores, as tuas consolações alegraram a minha alma".

II. Em companhia de Jesus, seu Filho, a divina Mãe viu grande número de Santos, entre os quais o seu Esposo São José, e os seu santos pais, Joaquim e Ana. – Alegraram-se todos com ela, reconhecendo-a por verdadeira Mãe de Deus e agradecendo-lhe os trabalhos e dores sofridas pela Redenção de todos. – Oh! Que satisfação não devia sentir a Virgem, vendo o fruto da Paixão do Filho em tantas almas resgatadas do limbo. Enquanto ela se regozija com Jesus Cristo por tão grande conquista, os anjos ali presentes, ledos e jubilosos, solenizam o dia cantando com melodia celeste: Regina Coeli, laetare, alleluia - "Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia". Unamo-nos aos coros dos anjos, unamo-nos com todos os fiéis da Igreja, para nos congratularmos com a divina Mãe, e cantemos também: Regina Coeli, laetare, alleluia.

"Rainha do céu, alegrai-vos; porque o que merecestes trazer em vosso puríssimo seio, ressuscitou como disse. Alegrai-vos, mas ao mesmo tempo, rogai por nós, para que sejamos dignos de ir cantar um dia no reino da glória o eterno alleluia.

"É o que vos peço também, ó Eterno Pai. Sim, meu Deus, Vós que Vos dignastes alegrar o mundo com a ressurreição do Vosso Filho e Senhor nosso Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, que pela Virgem Maria, sua Mãe, alcancemos os prazeres da vida eterna. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo." (1)

sábado, 20 de abril de 2019

RAINHA DOS MÁRTIRES




RAINHA DOS MÁRTIRES



Maria foi Rainha dos Mártires por causa da duração e intensidade de suas dores.

Quem poderia ouvir sem comoção a história mais triste que jamais houve no mundo? Uma nobre e santa Senhora tinha um único Filho, o mais amável que se possa imaginar. Era inocente, virtuoso e belo. Ternamente retribuía o amor de sua Mãe. Nunca lhe havia dado o mínimo desgosto, mas sempre lhe havia testemunhado todo respeito toda obediência, todo afeto. Nele, por isso, a Mãe tinha posto todo o seu amor, aqui na Terra. Ora, que aconteceu? Pela inveja de seus inimigos, foi esse Filho acusado injustamente. O juiz reconheceu, é verdade, a inocência do acusado e proclamou-a publicamente. Mas, para não desgostar os acusadores, condenou-O a uma morte infame, como lhe haviam pedido. E a pobre Mãe, para sua maior pena, teve de ver como aquele tão amante e amado Filho lhe era barbaramente arrancado, na flor dos anos. Fizeram-No morrer diante de seus olhos maternos, à força de torturas e esvaído em sangue num patíbulo infamante. Que dizeis, piedoso leitor? Não vos excita à compaixão a história dessa aflita Mãe? Já sabeis de quem estou falando? Esse Filho, tão cruelmente suplicado, foi Jesus, nosso amoroso Redentor. E essa Mãe foi a bem-aventurada Virgem Maria, que por nosso amor se resignou a vê-Lo sacrificado à Justiça divina pela crueldade dos homens. Portanto, é digna de nossa piedade e gratidão essa dor imensa que Maria sofre por nosso amor. Mais Lhe custou sofrê-la, do que suportar mil mortes. E se não podemos corresponder dignamente a tanto amor, demoremo-nos hoje, ao menos por algum tempo, na consideração de suas acerbíssimas dores.

Digo, por isso: Maria é Rainha dos mártires, porque as dores de seu martírio excederam às dos mártires: 1° em duração; 2° em intensidade.  


1. Maria é realmente uma Mártir

Jesus é chamado Rei das dores e Rei dos mártires, porque em Sua vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires. Assim também é Maria chamada com razão Rainha dos mártires, visto ter suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores de seu Filho. Mártir dos mártires é por isso o nome que lhe dá Ricardo de S. Lourenço. E bem lhe se pode aplicar o texto do profeta Isaías: "Ele te há de coroar com uma coroa de amargura" (22, 18). A coroa, com a qual foi constituída Rainha dos mártires, foi justamente sua dor tão acerba, que excedeu à de todos os mártires reunidos. É fora de dúvida o real martírio de Maria, como assaz o provam Dionísio Cartuxo, Pelbarto, Catarino e outros. Pois, conforme uma sentença incontestada, para ser mártir é suficiente sofrer uma dor capaz de dar a morte, ainda que em realidade se não venha a morrer. S. João Evangelista é reverenciado como mártir, embora não tenha morrido na caldeira de azeite fervendo, mas tenha saído dela mais robustecido, como diz o Breviário. Para a glória do martírio, segundo Tomás, basta que uma pessoa leve a obediência ao ponto de oferecer-se à morte. Maria, no sentir do Abade Oger, foi mártir não pelas mãos dos algozes, mas sim pela acerba dor de sua alma. Se não Lhe foi o corpo dilacerado pelos golpes do algoz, foi Seu bendito Coração transpassado pela Paixão de Seu Filho. E essa dor foi suficiente para dar-Lhe não uma, porém mil mortes. Vemos por aí que Maria não só foi verdadeiramente mártir, mas que seu martírio excedeu a todos os outros por sua duração. Pois o que foi sua vida senão um longo e lento martírio? 

Sábado Santo - Sto. Afonso Ligório

A SEMANA SANTA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO: SÁBADO





Sétima dor de Maria Santíssima - Sepultura de Jesus

“Involvit sindome, et posuit eum in monumento - Amortalhou-O no sudário, e depositou-O no sepulcro” (Marc. 15, 46).

Sumário - Consideremos como a Mãe dolorosa quis acompanhar os Discípulos que levaram Jesus morto à sepultura. Depois de O ter acomodado com Suas próprias mãos, diz um último adeus ao Filho e ao Sepulcro, e volta para casa, deixando o Coração sepultado com Jesus. Nós também, à imitação de Maria, encerremos o nosso coração no Santo Tabernáculo, onde reside Jesus, já não morto, mas vivo e verdadeiro como está no Céu. Para isso, é mister que o nosso coração esteja desapegado de todas as cousas da Terra.

I. Quando uma mãe assiste a seu filho que padece e morre, sem dúvida ela sente e sofre todas as penas do filho; mas quando o filho atormentado, já morto, deve ser sepultado e a aflita mãe deve despedir-se dele, ó Deus! O pensamento de o não tornar a ver é uma dor que excede todas as outras dores. Esta foi a última espada que traspassou o Coração aflito de Maria.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

RELÓGIO DA PAIXÃO



RELÓGIO DA PAIXÃO


Hora 1. Apartando-se de Maria, faz a ceia.
Hora 2. Lava os pés aos Apóstolos e institui o SS. Sacramento.
Hora 3. Faz o sermão e vai ao Horto.
Hora 4. Faz oração no Horto.
Hora 5. Põe-se em agonia.
Hora 6. Sua sangue.
Hora 7. É traído por Judas, e é preso.
Hora 8. É conduzido a Anás.
Hora 9. É levado a Caifás e recebe o tapa.
Hora 10. É atado, golpeado e caçoado.
Hora 11. É conduzido ao Conselho e considerado réu de morte.
Hora 12. É levado a Pilatos e acusado.
Hora 13. É caçoado por Herodes.
Hora 14. É reconduzido a Pilatos e posposto a Barrabás.
Hora 15. É flagelado na coluna.
Hora 16. É coroado de espinhos e mostrado ao povo.
Hora 17. É condenado à morte e vai ao Calvário.
Hora 18. É despido e crucificado.
Hora 19. Reza pelos crucificadores.
Hora 20. Entrega o espírito ao Pai.
Hora 21. Morre.
Hora 22. É ferido com a lança.
Hora 23. É despregado e entregue à Mãe.
Hora 24. É sepultado e deixado no sepulcro.

(O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório)       


Quanto agrada a Jesus a lembrança da Sua Paixão

Quanto agrada a Jesus a lembrança da Sua Paixão


Gratiam fideiussoris ne obliviscaris; dedit enim pro te animam suam – "Não te esqueças da graça que te fez teu fiador, pois ele expos sua alma para te valer" (Ecclus. 29, 20).

Sumário. Quão agradável é a Jesus que nos lembremos da sua Paixão, conclui-se de que o Santíssimo Sacramento foi instituído exatamente para conservar em nós a memória dela. Eis porque todos os santos meditavam continuamente nos sofrimentos e desprezos que o Redentor padeceu em toda a sua vida e particularmente na morte. Procuremos dar esta satisfação ao Coração amabilíssimo de Jesus; contemplemo-lo muitas vezes, mormente na sexta-feira, moribundo por nós, lembrando-nos as penas que com tamanho amor sofreu por nós.

I. Quão agradável é a Jesus Cristo que nos lembremos freqüentemente da sua paixão e da morte ignominiosa que por nós sofreu, conclui-se da instituição do Santíssimo Sacramento do altar, a qual foi feita exatamente para guardar sempre viva a lembrança do amor que nos mostrou Jesus, sacrificando-se sobre a cruz pela nossa salvação. – Já sabemos que Jesus instituiu este Sacramento de amor na véspera da sua morte e que depois de ter dado seu corpo aos discípulos, lhes disse, e na pessoa deles também a nós, que quando tomassem a santa comunhão, anunciassem a morte do Senhor (1), quer dizer, que se lembrassem do muito que por nosso amor sofreu. Por isso, a Igreja ordena que na missa o celebrante diga depois da consagração, em nome de Jesus Cristo: Haec quotiescumque feceritis, in mei memoriam facietis – "Todas as vezes que fizerdes estas coisas, as fareis em memória de mim".

Se alguém padecesse pelo seu amigo injúrias e açoites e depois lhe contassem que o amigo, ouvindo falar disso, nem quer escutar dizendo: Falemos em outra coisa, que pena não havia de sentir de tamanha ingratidão? Que consolação teria, ao contrário, sabendo que o amigo proclama a sua gratidão eterna e dele sempre se lembra e fala com lágrimas de ternura? – Eis porque os santos, sabendo quanto agrada a Jesus Cristo a lembrança freqüente da sua Paixão, se tem aplicado sempre a meditar nas dores e nos desprezos que o amantíssimo Redentor sofreu em toda a sua vida e especialmente em sua morte.

Refere-se na vida do Bem-aventurado Bernardo de Corlione, capuchinho, que, quando os religiosos, seus irmãos, queriam ensiná-lo a ler, foi primeiro tomar conselho com Jesus crucificado. Respondeu-lhe o Senhor: Que leitura! Que livros! Eu, o crucificado, quero ser teu livro, no qual poderás ler o amor que te hei consagrado. – Jesus crucificado foi também o livro predileto de São Filipe Benício. No leito da morte pediu o Santo lhe dessem seu livro. Os assistentes não sabiam qual era o livro que desejava, mas frei Ubaldo, seu confidente, deu-lhe a imagem de Jesus crucificado e então disse o Santo: "É este o meu livro"; e, beijando as chagas sagradas, exalou a sua alma bendita.

II. Visto que Jesus deseja tanto que nos lembremos da sua Paixão, procuremos, ó almas devotas, imitar a Esposa dos Cânticos que dizia: Eu me assentei debaixo da sombra daquele que é o objeto dos meus desejos (2). Representemo-nos muitas vezes, particularmente nas sextas-feiras, Jesus moribundo sobre a cruz. Detenhamo-nos com ternura na consideração prolongada das suas chagas e do amor que nos tinha quando estava agonizando sobre aquele leito de dor: Não te esqueças da graça que te fez teu fiador, porque Ele expos por ti sua alma.

Ó Salvador do mundo, ó amor das almas, ó Senhor, objeto mais digno de todo o amor! É pela vossa Paixão que quisestes ganhar nossos corações, mostrando-nos o amor imenso que nos tendes e consumando uma Redenção que nos trouxe a nós um mar de bênçãos e a Vós Vos custou um mar de dores e de opróbrios. Com tantos prodígios de amor alcançastes que muitas almas santas, abrasadas pelas chamas do vosso amor, renunciassem a todos os bens da terra, para se consagrarem inteiramente a vosso amor, ó Senhor amabilíssimo! – Suplico-Vos, meu Jesus: fazei com que eu me lembre sempre da vossa Paixão, e que, miserável como sou, mas vencido, afinal, por tantas finezas do vosso amor, me renda a Vos amar e a dar-Vos com o meu amor alguma prova de gratidão pelo amor excessivo que Vós, meu Deus e meu Salvador, me haveis tido.

Lembrai-Vos, meu Jesus, que sou uma dessas ovelhas, por cuja salvação viestes à terra sacrificar a vossa vida. Sei que, depois de me haverdes remido pela vossa morte, não deixastes de me amar e que ainda me tendes o mesmo amor que me quisestes ter morrendo por mim. Não permitais que eu viva ainda ingrato para convosco, meu Deus, que tanto mereceis meu amor e tanto haveis feito para ser amado por mim. – É esta a graça que vos peço também, ó Maria, pelos merecimentos da dor que sentistes na Paixão de vosso Filho Jesus. (*I 642.)

Sexta-feira Santa - Sto. Afonso Ligório

A SEMANA SANTA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO: SEXTA-FEIRA





Morte de Jesus

Et inclinato capite, tradit spiritum - E inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (Jo. 19, 30).

Sumário - Contempla como, depois de três horas de agonia, pela veemência das dores, as forças faltam a Jesus; entrega o Corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira... Alma cristã, diz-me: não merece porventura todo o nosso amor um Deus que, para nos salvar da morte eterna, quis morrer no meio dos mais atrozes tormentos? Todavia, como são poucos os que O amam e muitos os que, em vez de O amarem, Lhe pagam com injúrias e ultrajes.

I. Considera que o Nosso amável Redentor é chegado ao fim da Sua vida. Amortecem-se-Lhe os olhos, o Seu belo rosto empalidece, o Coração palpita debilmente, e todo o Sagrado Corpo é lentamente invadido pela morte. Vinde, Anjos do Céu, vinde assistir à morte do Vosso Deus. E Vós, ó Mãe dolorosa, Maria, chegai-Vos mais próxima à Cruz, levantai os olhos para Vosso Filho, e contemplai-O atentamente, porque está prestes a expirar.

Pater, in manus tuas commendo spiritum meum - Pai, em vossas mãos encomendo o meu espírito”. É esta a última palavra que Jesus profere com confiança filial e perfeita resignação com a Vontade divina. Foi como se dissesse: “Meu Pai, não tenho vontade própria; não quero nem viver nem morrer. Se é Vossa Vontade que Eu continue a padecer sobre a Cruz, eis-Me aqui, estou pronto para obedecer sobre esta Cruz; em Vossas mãos entrego o Meu Espírito; fazei de Mim segundo a Vossa vontade. - Tomara que nós disséssemos o mesmo quando temos alguma Cruz, deixando-nos guiar pelo Senhor, conforme o Seu agrado. Tomara que o repetíssemos especialmente no momento da morte! Mas para bem o fazermos, então, devemos praticá-lo muitas vezes em nossa vida.

Entretanto, Jesus chama a Morte que, por deferência, não ousava aproximar-se do Autor da vida, e Lhe dá licença para Lhe tirar a vida. E eis que, finalmente, enquanto treme a Terra, se abrem os túmulos e se rasga o véu do Templo, eis que, pela veemência da dor natural, falha a respiração, Jesus abandona o Corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira: “Et inclinato capite, tradidit spiritum” - Parti, ó bela Alma do Meu Salvador, parti e ide nos abrir o Paraíso, fechado até agora, ide apresentar-Vos à Majestade divina, e alcançai-nos o perdão e a salvação.

As pessoas presentes, voltadas para Jesus Cristo, por causa da força com que proferiu as Suas últimas palavras, contemplamo-No com atenção silenciosa, vêem-No expirar e, notando que não se move mais, dizem: “Morreu, morreu”. Maria ouve que todos o dizem, e Ela também exclama: “Ah, Filho meu, já morrestes; estais morto”.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Quinta-feira Santa - Sto. Afonso Ligório

A SEMANA SANTA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO: QUINTA-FEIRA





O dia do Amor

Sciens Iesus quia venit hora eius, ut transeat ex hoc mundo as Patrem, cum dilexisset suos, qui erant in mundo, in finem dilexit eos - Sabendo Jesus que era hora de passar deste mundo ao Pai, como tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Io. 13, I).

Sumário - Embora Jesus Cristo em todo o curso de sua vida mortal nos tivesse amado ardentemente e nos tivesse dado mil provas do Seu amor infinito, todavia, quando chegou ao termo dos Seus dias, quis dar-nos a prova mais patente, pela instituição do Santíssimo Sacramento. Aí o Senhor Se faz, não só nosso constante companheiro, mas ainda nosso sustento e Se nos dá todo inteiro. Com muita razão, portanto, Santa Maria Magdalena de Pazzi chamava a Quinta-feira Santa o “dia do Amor”.

I. Um pai amoroso nunca patenteia melhor a sua ternura e o seu afeto para com os filhos do que no fim da sua vida, quando os vê em torno ao seu leito, aflitos e com os olhos em pranto, e pensa que em breve deve abandoná-los. Tira do seu coração e põe sobre os seus lábios o resto de sua vida prestes a extinguir-se, abraça aqueles queridos do seu amor, exorta-os a serem sempre bons, imprime-lhes no rosto os mais ternos beijos, e, misturando as suas lágrimas com as dos filhos, lança-lhes a bênção. Depois, manda trazer o que de mais precioso possui e, dando a cada um uma última lembrança: “Tomai”, diz, “e lembrai-vos sempre do amor que vos tenho dedicado”.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Quarta-Feira Santa - Sto. Afonso Ligório

A SEMANA SANTA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO: QUARTA-FEIRA



Quarta Dor de Maria Santíssima – Encontro com Jesus, que carrega a Cruz.

Vidimus eum, et non erat aspectus, et desideravimus eum – Vimo-lo, e não havia nele formosura, e por isso nós o estranhámos” (Is. 53, 2).

Sumário - Consideremos o encontro que no caminho do Calvário teve o Filho com Sua Mãe. Jesus e Maria olham-Se mutuamente, e estes olhares são como outras tantas setas que Lhes trespassam o Coração amante. Se víssemos uma leoa que vai após seu filho conduzido à morte, aquela fera havia de inspirar-nos compaixão. E não nos moverá à ternura ver Maria que vai após o Seu Cordeiro Imaculado, enquanto O conduzem à Morte por nós? Tenhamos compaixão d’Ela, e procuremos também acompanhar a Seu Filho e a Ela, levando com paciência a Cruz que nos dá o Senhor.

I. Medita São Boaventura que a Bem-aventurada Virgem passou a noite que precedera a Paixão de Seu Filho sem tomar descanso e em dolorosa vigília. Chegada a manhã, os discípulos de Jesus Cristo vieram a esta aflita Mãe: um a referir-Lhe os maus tratamentos feitos e Seu Filho na casa de Caifás, outro os desprezos que recebeu de Herodes, mais outro a flagelação ou a coroação de espinhos. Em suma, cada um dava a Maria uma nova informação, cada qual mais dolorosa, verificando-se n’Ela o que Jeremias tinha predito: “Non est qui consoletur eam ex omnibus caris eius – Não há quem a console entre todos os seus queridos”.

Veio finalmente São João e lhe disse: “Ah, Mãe dolorosa! Teu Filho já foi condenado à morte e já saiu, levando Ele mesmo a Sua Cruz para ir ao Calvário. Vem, se O queres ver e dar-Lhe o último adeus, em alguma rua, por onde tenha de passar”.

Ao ouvir isto Maria parte com João; e pelo Sangue de que estava a terra borrifada conhece que o Filho já por ali tinha passado. A Mãe aflita toma por uma estrada mais breve e coloca-Se na estrada de uma rua para Se encontrar com o aflito Filho, nada se Lhe dando das palavras insultuosas dos Judeus, que A conheciam como mãe do Condenado. – Ó Deus, que causa de dor foi para Ela a vista dos cravos, dos martelos, das cordas e dos outros instrumentos funestos da morte de Seu Filho! Como que uma espada foi ao Seu Coração o ouvir a trombeta que andava publicando a sentença pronunciada contra o Seu Jesus.

Mas eis que já, depois de terem passado os instrumentos e os ministros da justiça, levanta os olhos e vê, ó Deus!, um Homem todo cheio de sangue e de chagas, dos pés até à cabeça, com um feixe de espinhos na cabeça e dois pesados madeiros sobre os ombros. Olha para Ele, e quase não O conhece, dizendo então Isaías: “Vidimus eum, et non erat aspectus – Nós o vimos e não havia nele formosura”. Mas finalmente o amor Lho faz reconhecer; e o Filho, tirando um grumo de sangue dos olhos, como foi revelado a Santa Brígida, encarou a Mãe, e a Mãe encarou o Filho. Ó olhares dolorosos com que, como tantas frechas, foram então trespassadas aquelas almas amantes!

II. Queria a divina Mãe abraçar a Jesus, como diz Santo Anselmo; mas os insolentes servos A repelem com injúrias, e empurram para diante o Senhor aflitíssimo. Maria, porém, segue – muito embora preveja que a vista de seu Jesus moribundo Lhe causaria uma dor tão acerba que A tornaria Rainha dos Mártires. O Filho vai adiante, e a Mãe, tomando também a sua Cruz, no dizer de São Guilherme, vai após Ele, para ser crucificada com Ele.

Se víssemos uma leoa que vai após seu filho conduzido à morte, aquela fera nos causaria compaixão. E não nos inspirará compaixão o ver Maria que vai após o Seu Cordeiro Imaculado, enquanto O levam a morrer por nós? Tenhamos compaixão por Ela, e procuremos também acompanhar o Filho e a Mãe, levando com paciência a Cruz que nos envia o Senhor. – Pergunta São João Crisóstomo: porque nas outras penas Jesus Cristo quis ser só, mas ao levar a Cruz quis ser ajudado pelo Cireneu? E responde: “Ut intelligas, Christi crucem non sufficere sine tua: Não basta para nos salvar só a Cruz de Jesus Cristo, se nós não levamos com resignação até à morte também a nossa.”

Minha dolorosa Mãe, pelo merecimento da dor que sentistes ao ver o vosso amado Filho levado à morte, impetrai-me a graça de levar também com paciência as Cruzes que Deus me envia. Feliz de mim se souber acompanhar-Vos com a minha Cruz até à morte! Vós e Jesus, sendo inocentes, levastes uma Cruz muito pesada, e eu pecador, que tenho merecido o Inferno, recusarei a minha? Ah, Virgem Imaculada, de Vós espero socorro, para sofrer com paciência as Cruzes.



MEDITAÇÃO DA TARDE



Jesus é crucificado entre dois ladrões.

Crucifixerunt eum, et cum eoa lios duos, hinc et hinc, médium autem Iesum – Crucificaram-no e com ele outros dois, um de uma parte, e outro da outra, e no meio Jesus” (Io. 19, 18).

Sumário. Imaginemos que junto com a divina Mãe presenciamos a crucifixão de Jesus Cristo. Eis que, plantada já a Cruz, o Filho de Deus está neste patíbulo infame, suspenso em suas próprias feridas, e sofre tantas mortes quantos momentos durou aquela longa agonia. Ó Deus! Jesus pensou então em cada um de nós, e a previsão de nossas culpas tornava-Lhe a morte mais dolorosa. Unamo-nos em espírito com a Santíssima Virgem, e aproximemo-nos para beijar a preciosa Cruz com coração contrito e amante.

I. Logo que Jesus chegou ao Calvário, todo exausto de dores e de cansaço, deram-Lhe a beber o vinho misturado com fel, que era costume dar aos condenados à Cruz, para diminuir neles o sentimento da dor. Jesus, porém, querendo morrer sem alívio, provou-o apenas e não quis beber. Depois, tendo-se a multidão colocado em círculo ao redor de Nosso Senhor, os soldados arrancaram-Lhe as vestes, pegadas ao Corpo todo chagado e dilacerado, e com as vestes lhe arrancaram também pedaços da carne. Em seguida, deitaram-No sobre a Cruz. Jesus estende as sagradas mãos e oferece ao Eterno Pai o grande sacrifício de Si mesmo e pede-Lhe que o aceite, pela nossa salvação.

Os soldados furiosos tomam os pregos e os martelos e, trespassando as mãos e os pés de Nosso Salvador, pregam-No na Cruz. Afirma São Bernardo que na crucifixão de Jesus os algozes se serviam de pregos sem ponta para que causassem dor mais violenta. O som das marteladas ressoa pelo monte e chega aos ouvidos de Maria, que se achava perto, acompanhando o Filho. – Ó Mãos sagradas que com Vosso tacto curastes tantos enfermos, porque Vos trespassam agora sobre a Cruz? Ó Pés sacrossantos que Vos cansastes tantas vezes na busca das ovelhas perdidas, que somos nós, porque Vos pregam com tanta dor nesse patíbulo?

Quando se toca apenas num nervo do corpo humano, é tão aguda a dor que causa desmaios e convulsões mortais. Quão grande não terá sido, pois, a dor de Jesus, quando Lhe traspassaram com cravos as mãos e os pés, partes cheias de ossos e nervos? – Ó meu dulcíssimo Salvador, quanto Vos custou a minha salvação e o desejo de ser amado por mim, miserável verme! E, ingrato como sou, tantas vezes Vos tenho recusado o meu amor e virado as costas!

II. Eis que levantam a Cruz com o Crucificado, e a deixam cair com força no buraco aberto no rochedo. Enchem-no em seguida com pedras e paus, e Jesus fica suspenso na Cruz entre dois ladrões até deixar a vida, como havia predito Isaías: “Et cum sceleratis reputatus est – Ele foi posto no número dos malfeitores”. Ó Deus, quanto padece na Cruz o Nosso Salvador moribundo! Cada parte de Seu Corpo tem as suas dores; e uma não pode aliviar a outra, porque as mãos e os pés estão pregados fortemente. Ó Céus!, a cada instante Ele sofre dores mortais. Ora faz firmeza nas mãos, ora nos pés, mas em qualquer parte que seja, sempre se Lhe aumenta a dor, porque o sacrossanto Corpo de Jesus Se apoiava nas próprias feridas.

Se, ao menos, no meio de tantas dores, os presentes se compadecessem de Jesus e o acompanhassem com as lágrimas na Sua agonia amargosa! Não; ao contrário, os Escribas e os Fariseus injuriaram-No e prorrompem em escárnios e blasfémias. E os algozes, feita a partilha das vestes de Jesus e tirada a sorte sobre a túnica, sentam-se indiferentes debaixo do patíbulo, esperando a morte do Salvador.

Minh’alma, no meio de Suas convulsões e de tantos opróbrios o Senhor pensava em ti e via que tu também um dia te havias de juntar a seus inimigos para Lhe tornar a morte mais dolorosa. Mas não desanimes por isso; chega-te humilhada e enternecida à Cruz, junta-te a Tua Mãe Maria e beija o altar no qual morre o Teu amantíssimo Redentor. Coloca-te a Seus pés e faz que aquele divino Sangue corra sobre ti. Roga ao Eterno Pai dizendo, mas em sentido diferente daquele com que o disseram os Judeus: “Sanguis eius super nos – O seu sangue caia sobre nós”. Senhor, venha sobre nós este Sangue, e lave-nos dos nossos pecados! Este Sangue não Vos pede vingança, como o sangue de Abel, mas pede para nós misericórdia e perdão. – Ó Mãe de dores, Maria, rogai a vosso Filho por nós



 


Amanhã, publicamos a meditação da Quinta-feira Santa. Acompanhe. 


       

terça-feira, 16 de abril de 2019

Terça-feira Santa - Sto. Afonso Ligório

A SEMANA SANTA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO: TERÇA-FEIRA



Jesus é coroado de espinhos e apresentado ao povo

Et plectentes coronam de spinis, posuerunt super caput eius – E entrançando uma coroa de espinhos lha puseram na cabeça" (Math. 27,29).

Sumário - Depois de terem açoitado a Jesus, os algozes, tratando-o como rei de comédia, atiram-Lhe sobre os ombros um manto de púrpura, colocam-Lhe um caniço na mão, e põem-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos, na qual batem fortemente com o caniço, afim de que penetre mais. O Senhor ficou reduzido a tão triste estado que Pilatos julgou que comoveria de compaixão os próprios inimigos só com apresentá-Lo. Contemplemo-Lo, também, e, pensando que foi tão maltratado por nosso amor, não tenhamos a crueldade de dizer com os Judeus: “Crucifigatur - Seja crucificado". 

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Segunda-feira Santa - Sto. Afonso Ligório

A SEMANA SANTA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO: SEGUNDA-FEIRA



Jesus é levado a Pilatos, e a Herodes e posposto a Barrabás

Et vinctum adducerunt eum, et tradiderunt Pontio Pilato pracsidi E preso conduziram e entregaram ao governador Poncio Pilatos” (Math 27,2).

Sumário - Imaginemos ver Jesus Cristo que, em meio de uma multidão de gentalha insolente, é conduzido ao Tribunal de Pilatos, depois ao de Herodes e, afinal, novamente ao de Pilatos. Este, para livrá-lo, apresenta-O ao povo, juntamente com um ladrão e assassino; mas o povo responde: “Seja livre Barrabás, e Jesus seja crucificado”. Ó céus! Todas as vezes que pecamos fizemos o mesmo, pospondo nosso Deus a um vil interesse, a um pouco de fumo, a um vil prazer.

I. Ao amanhecer, os príncipes dos sacerdotes novamente declaram Jesus réu de morte, e depois conduzem-no a Pilatos, afim de que este o condene a morrer crucificado. Pilatos, tendo interrogado diversas vezes, tanto os Judeus como Nosso Salvador, reconhece que Jesus é inocente e que todas as acusações são calúnias. Sai, pois, para fora e declara que não acha em Jesus culpa alguma para condená-lo. Vendo, porém, que os Judeus se empenhavam sumamente em fazê-lo morrer, e ouvindo que Jesus era da Galileia, para tirar-se dos apuros “remisit eum ad Herodem” — “Devolveu-O a Herodes”. 

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