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quarta-feira, 12 de junho de 2013

CRISE NA FSSPX - CAPÍTULO VIII

Como prometido, publico a excelente conferência do Rev. Pe. Rioult em capítulos, para seres melhor refletidos e considerados, sobretudo por aqueles que tem preguiça de ler texto longo, ou textos mais complexos. Meus comentários iniciais não são imprescindíveis e, portanto, ficarão no texto completo. Os números em rosa são as notas de tradução; em verde, os comentários da tradutora. 




CAPÍTULO VIII



Aqui também, Cor Unum engana os membros: porque a prova de que a declaração corrigida pelos Romanos fosse substancialmente semelhante à de Mons. Fellay a se tem pelo fato de que, sem a oposição interna, ele a teria assinado: é o próprio Mons. Fellay que o confessa a Bento XVI[86]
Infelizmente, no contexto atual da Fraternidade, a nova declaração não passará[Mas para os membros ele diz que: “nós podemos apenas rejeitar um texto que promove a hermenêutica da continuidade”] (...) “apesar da forte oposição nas fileiras da Fraternidade (...) tenho a intenção de continuar a envidar todos os meus esforços para prosseguir nesse caminho...”. [Não se faz “um incrível processo às intenções”, é ele próprio que exprime o seu pensamento. No jargão militar, isso é chamado de “inteligência com o inimigo[87], e é Alta Traição!]

E as três condições do Capítulo de 2012? Não se sustentam!

Alguns dirão: “Carlo VI está louco, mas sua entourage vigia”.

As condições fixadas pelo último Capítulo Geral de julho de 2012 são insuficientes. Elas não nos protegem de forma alguma, e não nos impedirão de cair como as comunidades que se reintegraram.

O Capítulo geral omitiu as duas condições mais importantes, claramente exigidas por Mons. Lefebvre: a conversão das autoridades oficiais, que se manifestará claramente com a condenação explícita dos erros conciliares, bem como a dispensa do novo Código de Direito Canônico.
1) A primeira condição sine qua non: A Fraternidade que pede aos traidores a permissão de dizer a Verdade! E a permissão de criticar os responsáveis pelos erros do modernismo, do liberalismo e do Vaticano II.
Quando se vê como a Fraternidade denuncia erros e escândalos a partir de 2000, uma condição dessas não empenha mais do que isso. [O Instituto do Bom Pastor teve a liberdade de crítica construtiva e vimos muito bem os resultados.]
2) A segunda condição exige o uso exclusivo da liturgia de 1962. [Le Barroux teve esse uso exclusivo, e também a Abadia de Flavigny; resultado: comercializam as imagens do Beato João Paulo II! Estas Congregações caíram, e nós, ao invés disso, a Fraternidade São Pio X, não tememos nada?[88]]
3) A terceira condição exige a garantia de pelo menos um bispo. Quem vai escolhê-lo? Em 1988, Roma rejeitou os três candidatos propostos por Mons. Lefebvre. [Campos teve o seu bispo, e depois o vimos louvando o Vaticano II e concelebrar!]

O que concluir disso tudo?


Se em 2008 alguém tivesse vaticinado que em 2012 Mons. Fellay estaria pronto a sacrificar “o bem comum da Fraternidade” porque “Roma não vai tolerá-lo mais” [Carta de 14 de abril 2012[89]], ou que, no caso de um acordo com Roma, ele não descartasse que “há uma divisão na Fraternidade” (entrevista a Catholic News Service, de 11 de maio de 2012[90]), este alguém teria sido taxado de louco!

Ora, isso aconteceu; ele o disse e estava pronto para fazê-lo. E ele ousou ainda pior de tudo aquilo que se podia imaginar: com esta declaração doutrinal corrigida pelos Romanos. 


Certo, a aposta na mesa de Mons. Fellay é delicada e difícil. A situação geopolítica é insustentável, e a crise religiosa é desviante, mas isso não pode justificar a linguagem dupla. Quando um chefe está pronto para dizer tudo e o contrário de tudo, não se deve temer que esteja pronto para exercer o seu poder para e contra todos? 

Certo, se deve respeito ao próprio Superior, mas não ao ponto de pisotear a verdade. 

Na semana passada, um confrade me escreveu:
“Entre sua proclamação de inocência e os fatos há uma diferença que às vezes parece aterrorizante. Podemo-nos perguntar se se trata de orgulho, de incapacidade de ver e de entender ou de cegueira que Deus permite, como para o faraó ou o sumo sacerdote, para melhor demonstrar o seu poder e a sua glória em um futuro que nos auguramos seja próximo”.

Quando se constada a dissimulação passada, se pode temer o pior. Mons. Fellay está moralmente morto, e foi ele mesmo quem destruiu a sua legitimidade. Parafraseando Jean Bastien-Thiry, se pode dizer:
“Não é bom, não é moral, não é legal que um tal homem permaneça por longo tempo à frente da Tradição”.

Não é bom: como disse a um confrade um dos nossos três teólogos que falaram com Roma: “A cabeça de Mons. Fellay está podre”; os seus textos, de fato, estão cheios de compromissos.

Não é moral: linguagem ambigua frequente, mentiras oficiais e solenes.

Não é legal: a sua grave desobediência às decisões do Capítulo de 2006, jogando no lixo, em março de 2012, o princípio: nenhum acordo puramente prático.

Essa ideia da demissão do Superior geral não vem de nós, mas de Mons. Lefebvre, que, a propósito dos monges e freiras que entraram a Le Barroux para permanecer na Tradição e escapar da Igreja conciliar, mas que o abade deles havia reconduzido sob a autoridade da Igreja conciliar, enfatizava[91]:
“Foram colocados sob a autoridade da Igreja conciliar. E então se resta estupefatos ao pensar que, não obstante as constatações que deveriam fazer, e eles as conhecem bem... Não, ... permanecem. Não decidem de sair ou de fundar outro mosteiro, ou de pedir a Dom Gerard de se demitir e de ser substituído... Não, nada... Obedecem (...), é doloroso ver com que facilidade um mosteiro que está na Tradição se coloca sob a autoridade conciliar e modernista. E todos ficam. É pecado, e realmente triste constatá-lo... (...). É isto é o que é realmente grave, esta transferência de autoridade. Não basta dizer: na prática, nada mudou... É esta transferência que é gravíssima, porque a intenção dessas autoridades é a de destruir a Tradição”[92](8).

 
Continua... CAPÍTULO IX (13/06/2013).


Fonte: Non Possumus.
Tradução (do Italiano): Giulia d'Amore di Ugento.
Sem revisão final.

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NOTAS (ORIGINAIS)
8 - Conferência em Ecône, La situazione dopo le consacrazioni[99], 8 de outubro de 1988.

NOTAS DE TRADUÇÃO
[86] Cor Unum 104: Carta de Monseñor Fellay al Papa Benedicto XVI el 17 de Junio de 2012. Vide nota 68.
[87] Inteligência, aqui, tem o significado de “ajuste, conluio, relações secretas”.
[88] Segundo o Prior de São Paulo, “não”, porque “no nosso caso é diferente”. Foi o que disseram uma após a outra as Congregações Ecclesia Dei. É o que diz a jovem que abre mão da castidade para aceder aos desejos do namorado e acha que não tem perigo de engravidar. Não ela! Com ela é diferente! Mas será por causa dos nossos belos olhos? Ou, como dizem na Itália, é porque somos filhos da galinha branca?
[89] Carta de Dom Fellay aos outros bispos da Fraternidade São Pio X. Online (em português).
[90] Entrevista (YouTube): parte I e parte II. Texto online (em inglês).
[91] Conferência em Ecône: “A situação após as consagrações”, em 8 de outubro de 1988. Texto não disponível na web.
[92] Qual a dúvida nessas palavras? E eu devo ouvir uma lenda de Le Barroux me dizer que não confia em dom Fellay, mas... obedece! “É pecado, e realmente triste constatá-lo”!!!
[99] “A situação após as consagrações”. 

 




"A verdade pede fundamentalmente uma coisa para ser julgada: é ser ouvida". - Bossuet
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