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segunda-feira, 10 de junho de 2013

CRISE NA FSSPX - CAPÍTULO VI

Como prometido, publico a excelente conferência do Rev. Pe. Rioult em capítulos, para seres melhor refletidos e considerados, sobretudo por aqueles que tem preguiça de ler texto longo, ou textos mais complexos. Meus comentários iniciais não são imprescindíveis e, portanto, ficarão no texto completo. Os números em rosa são as notas de tradução; em verde, os comentários da tradutora. 





CAPÍTULO VI


Mas para Mons. Fellay, para os Assistentes e para outros não é secundária! É de tal forma importante que se permitiram trabalhar em um acordo prático sem acordo doutrinal, contrariando, assim, aquilo que Mons. Lefebvre havia explicitamente declarado, especialmente depois de 1988, e que o Capítulo Geral, que tem mais autoridade do que o Superior, havia decidido em 2006[58].

E esses sofismas são expressos sob a aparência de um bem maior [tática clássica para fazer perder o verdadeiro bem]: “Na Igreja visível[59], se poderia converter a Igreja conciliar à Tradição[60].

Aqui, também, mais uma vez, se contradiz Mons. Lefebvre:
“Colocar-se dentro da Igreja... o que é que isso significa? E, antes de tudo, de que Igreja se está falando? Se da Igreja conciliar: nós, que lutamos contra ela por vinte anos porque queremos a Igreja Católica, devemos reingressa nessa Igreja conciliar para, como se costuma dizer, torná-la católica? É uma ilusão total[61]! Não são os súditos que mudam os superiores, mas os superiores que mudam os súditos” (Fideliter, n. 70[62], julho-agosto de 1989).

Todos esses graves erros e esses sofismas foram mantidos à custa de uma linguagem ambígua e contra toda prudência, e são justificados por novos sofismas: é culpa das autoridades romanas se nos enganamos!
“Como sabeis, a Fraternidade se encontrou em uma posição delicada durante a maior parte de 2012, após a última tentativa de Bento XVI para tentar normalizar a nossa situação. As dificuldades vieram (...) de uma falta de clareza por parte da Santa Sé, que não permitia saber com precisão a vontade do Santo Padre, nem o que ele estava disposto a nos conceder[63]. A confusão causada por essas incertezas se dissipou a partir de 13 de junho de 2012” (Carta aos Amigos e Benfeitores n. 80, de março de 2013[64]).

Mais uma vez, Mons. Fellay engana o seu mundo[65].


Último Cor Unum

Mons. Fellay acusa certos sacerdotes de serem subversivos e revolucionários sob o  pretexto de “preservar a Fraternidade de um assim chamado acordo suicida com a Igreja conciliar”. [66]
 
“Por detrás dessa cortina de fumaça, se estabeleceu que o escopo a ser perseguido é a demissão do Superior geral [não o escopo, mas a consequência; foi ele mesmo quem, com essas contradições, reduziu a zero a sua autoridade], e parece que a ele tudo seja permitido para atingir esse escopo [mas para promover o seu acordo, Mons. Fellay chegou a falsificar comunicados, a desobedecer as decisões do Capítulo de 2006, a considerar sem escrúpulos uma divisão interna...]. Pouco importam as declarações, os sermões e as conferências que afirmam o contrário [sim, porque outras declarações, sermões, conferências... dizem o contrário do contrário], se procura com o microscópio tudo o que é suscetível de ser compreendido ao contrário, para desacreditar a autoridade [que se desacreditou por si própria], com um incrível processo às intenções [as palavras são palavras que têm um significado que exprime uma intenção!] e fazê-la passar por dissimulada e mentirosa [e todavia se mentiu aos Priores da França, dizendo-lhes que no dia 13 de junho não se ia assinar]” [67].

Ora, no mesmo Cor Unum se encontra a prova da intenção de Mons. Fellay: a carta de Mons. Fellay a Bento XVI, de 17 de junho de 2012[68].

Leio sem um microscópio:
“De fato, na quarta-feira à noite, 13 de junho, o Cardeal Levada, durante uma reunião que foi amigável, me entregou uma declaração doutrinária que eu não posso assinar. Não levando em conta a súplica de não retocar a proposta que eu havia enviado, por causa das consequências que isso teria implicado, o novo texto retoma quase todos os pontos do Preâmbulo de setembro de 2011, que apresentavam algumas dificuldades e que eu me esforcei para descartar [não de corrigir! [69]].
Infelizmente, no contexto atual da Fraternidade, a nova declaração não passará. [Que se leia em cor-de-rosa ou em preto: tem o mesmo significado! Quem é o ardiloso? Quem esconde e dissimula?]
“Eu confesso que não sei mais o que pensar. Eu acreditava ter entendido[70] que Vós estivésseis disposto a deixar para mais tarde a solução das diferenças [eufemismo![71]] ainda em curso sobre determinados pontos do Concílio e da reforma litúrgica (...) a fim de chegar à união, e eu[72] me empenhei muito nesta óptica [acordo prático sem acordo doutrinário], apesar da forte oposição nas fileiras da Fraternidade e a preço de importantes desordens[73]. E eu tenho a intenção de continuar a envidar todos os meus esforços para prosseguir nesse caminho, a fim de chegar aos os esclarecimentos necessários. [Que se leia em cor-de-rosa ou em preto: tem o mesmo significado! Nada de microscópio, nem de incrível processo às intenções: a sua intenção está lá, escrita preto no branco!]”.
Continua... CAPÍTULO VII (11/06/2013).


Fonte: Non Possumus.
Tradução (do Italiano): Giulia d'Amore di Ugento.
Sem revisão final.

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NOTAS (ORIGINAIS)
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NOTAS DE TRADUÇÃO
[58] E nem se chame em causa o Capítulo de 2012 porque é nulo de pleno direito. É uma vergonha na história da FSSPX e para sua missão. Tal como o Vaticano II, tal deverá ser declarado por alguém de bom senso e de fé católica. Em breve, se Deus quiser!
[60] Sim, e as fadas existem! De qualquer maneira, isso seria tão possível quanto limpar um chiqueiro por dentro e sem se sujar! Além do mais, porque parar ai? Vamos nos “reintegrar” à Igreja Luterana para convertê-la à Tradição. E porque discriminar a Igreja Anglicana? Não estaríamos sendo injustos? E toda a infinidade de seitas e crenças que se auto-intitulam cristãs? Nossos “irmãos separados”? Porque deixá-los de fora? E porque parar aí? Vamos ampliar nossa caridade e nos “reintegrar” ao Budismo, ao Hinduísmo, ao Islamismo e ao sem-número de falsas religiões que surgem a cada dia! Sem esquecermos do Judaísmo e seu upgrade o Sionismo!!! E seriamos mais úteis e caridosos ainda se nos “reintegrássemos” ao ateísmo... porque, assim, aplicando a teoria de dom Fellay, eles poderiam passar a crer em Deus... porque estaríamos juntos, na mesma barca, lado a lado, fazendo a experiência da Tradição. Aí dirão os dormidos de dom Fellay: mas nós nunca fomos luteranos, nem anglicanos, nem de qualquer seita ou crença pretensamente cristã, nem budistas, nem hinduístas, nem muçulmanos ou qualquer outra falsa religião, nem judeus nem sionista e muito menos ainda ateus! Deeer! E quando foi que nos fomos da Igreja Conciliar para querermos agora nos reintegrar a ela?
[61] Caros “seguidores fieis” de dom Fellay, aqui está a verdade! Monsenhor Lefebvre já disse isso claramente: dom Fellay se ilude! E disso nós temos absoluta certeza, tendo em vista a quantidade de vezes que ele se queixou de ter sido enganado... sua “ingenuidade” é antológica! Ele vive no mundo da fantasia... O que é uma ilusão, então?
[62] “One year after the Consecrations: An Interview with Archbishop Lefebvre”, Fideliter n. 70, de julho-agosto de 1989. Em Inglês.
[63] Só se for para Sua Excelência! Bento XVI sempre deixou bem claro, desde que era o cardeal responsável pelos colóquios doutrinários com Monsenhor Lefebvre, o que pretendia “nos conceder”! Devemos reconhecer que ele nunca mudou o discurso! Quanto a isso ele nunca foi ambíguo! O que ele queria daquela época até o último dia do seu pontificado era que nos tornássemos conciliares, como ele.
[64] Oras, se isso é verdade, porque dom Fellay continuou reverenciando Bento XVI e, depois, Bergoglio I? Porque o DICI se tornou o novo Osservatore Romano, noticiando, em sua maioria, fatos e atos dos Papas (os dois vivos), como a relevantíssima notícia sobre os selos com a efigie do novo papa? PDF da carta aqui.
[65] E a pergunta se impõe: Porque motivo? A que título? A mando de quem? Com que fim?
[66] Cor Unum 104: Introdução de Mons. Bernard Fellay à edição de março reservada aos membros: Online (em italiano). Em espanhol.
[67] Idem.
[68] Cor Unum 104: Carta de Monseñor Fellay al Papa Benedicto XVI el 17 de Junio de 2012. Online (em espanhol).
[69] Que surpresa! Mas ele já declarou que pretendia fazer como foi feito com os Ortodoxos, em cujo caso se deixaram de fora as questões polêmicas. Seja como for, os ortodoxos, ao que parece, apesar do tempo passado, ainda não assinaram. E por óbvias razões. Só um tolo não vê. Leia aqui.
[70] Arriecola! A fada da eterna ilusão! Caindo das nuvens, como sói acontecer!
[71] Nisso, são tão bons quanto os modernistas, basta ver os epítetos que inventaram para apelidar o acordo prático de forma que não chocasse os mais “sensíveis”, quando começaram a “cozinhar o sapo”!
[72] Aqui se denota indiscutivelmente o orgulho ferido, o “eu” que se impõe, o “eu” contrariado, decepcionado, desiludido... Causa e motivo da (tentada) ruína da obra de Monsenhor Lefebvre e da própria defesa da fé. Há vanglória oculta e ao mesmo tempo gritante por trás desse “eu”. A vaidade falando mais alto: “eu consegui onde Monsenhor Lefebvre falhou!”. Bom, se estivéssemos falando de uma Roma previamente convertida... pode até ser! Mas estamos falando de uma Roma que dom Fellay sabe que ainda não se converteu e nem pretende fazê-lo de vontade própria. E que o tem “enganado ardilosamente”, dia após dia, colóquio após colóquio, e que, mesmo assim, ele continua querendo sair correndo se ela o chamar! SIC!
[73] Agora o legítimo questionamento em defesa das diretrizes do Fundador – claríssimas – se chama “desordem”? 






"A verdade pede fundamentalmente uma coisa para ser julgada: é ser ouvida". - Bossuet
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