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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Pai Nosso e a Ave Maria - São Tomás de Aquino - IV

Publicaremos, em capítulos, este texto sobre o Pai Nosso e a Ave Maria. Hoje publicaremos a introdução e o prólogo do capítulo sobre o Pai Nosso. 


O Pai Nosso e a Ave Maria por São Tomás de Aquino


São Tomás de Aquino,
protetor da Universidade de Cusco
Anônimo da Escola de Cusco
2. A Oração Dominical  

Santificado seja o Vosso Nome

27. — Este é o primeiro pedido, no qual pedimos que o nome de Deus seja manifestado em nós e por nós proclamado.

Ora, o nome de Deus é antes de tudo, admirável, porque em todas as criaturas opera obras maravilhosas. O Senhor declara no Evangelho (Mc 16,17): Em meu nome, expulsarão os demônios, falarão novas línguas, e se beberem algum veneno mortal, este não lhes fará mal algum.

28. — Em segundo lugar, o nome de Deus é amável. “Não existe debaixo do céu, diz São Pedro (At 4, 12) nenhum outro nome, entre os que foram dados aos homens, que possa salvar-nos”. E a salvação deve ser buscada por todos. Santo Inácio dá-nos o exemplo do quanto devemos amar o nome de Cristo. Quando o imperador Trajano exigiu que ele negasse o nome de Cristo, Santo Inácio respondeu: “Não podereis arrancá-lo de minha boca”. O tirano ameaçou cortar-lhe a cabeça e assim tirar o nome de Cristo de seus lábios; replicou o bem-aventurado: “Não o arrancarás jamais de meu coração, pois é lá que está gravado, por isto não posso deixar de invocá-lo”. Ouvindo estas palavras, Trajano, desejoso de verificar-lhes a exatidão, mandou cortar a cabeça do servidor de Deus e extrair-lhe o coração. E no coração encontrou gravado, com letras de ouro o nome de Cristo. O santo possuía este nome como um selo em seu coracão.


29. — Em terceiro lugar, o nome de Deus é venerável. O Apóstolo afirma (Fp 2, 10): Que ao nome de Jesus se dobrem todo joelho no céu, na terra e nos infernos; no céu, no mundo dos anjos e bem-aventurados; na terra, tanto os homens, que querem a glória celeste, como os que, por temerem o castigo, buscam evitá-lo; nos infernos, no mundo dos danados, que estes se prostrem com temor diante de Jesus Cristo.

30. — Em quarto lugar, o nome de Deus é inexprimível, no sentido de que nenhuma língua é capaz de exprimir toda a sua riqueza.

Tenta-se, no entanto, explicá-la pelas criaturas. Assim, dá-se a Deus o nome de rochedo, por causa de sua firmeza. E notemos que se o Senhor deu a Simão, futuro fundamento da Igreja, o nome de Pedra (Mc 3, 16) foi precisamente porque sua fé, na divindade de Jesus, (cf. Mt 16, 18) devia fazê-lo participar de sua firmeza divina.

Designa-se Deus também pelo nome de fogo, em razão de sua virtude purificadora. Assim como o fogo purifica os metais, Deus purifica o coração dos pecadores. Assim está no Deuteronômio (4, 24): Vosso Deus é um fogo que consome.

Deus é também chamado luz, por causa de sua capacidade de iluminar. Como a luz ilumina as trevas, Deus ilumina as trevas do espírito. O Salmista, em sua oração, diz ao Senhor (17, 29): Meu Deus, iluminai as minhas trevas.

31. — Pedimos então que este nome seja manifestado, conhecido e tido por santo.

A palavra santo tem três significações:

Primeiramente, santo que dizer firme, sólido, inabalável. Assim, todos os Bem-aventurados que habitam os céus são chamados santos, porque se tornaram, pela felicidade eterna, inabaláveis. Neste sentido não há santos neste mundo, porque os homens estão, aqui, em constante movimento. “Senhor, dizia Santo Agostinho, afastei-me de vós e andei errante; afastei-me de vossa estabilidade.”

32. — Santo, em segundo lugar, significa: o que não é terrestre. Por isto, os santos que vivem no céu não têm afeição alguma pelas coisas terrestres. Tenho tudo em conta de imundices, para ganhar a Cristo, dizia São Paulo (Fp 3, 8). Pela palavra terra, designam-se os pecadores.

Primeiro porque, se não é cultivada, germinam nela espinhos e cardos, como está escrito no Gênesis (3, 8). Assim, também a alma do pecador, se não é cultivada pela graça, só produzirá os espinhos e os cardos do pecado.

Segundo, a terra é obscura e opaca, símbolo dos pecadores. Diz o Gênesis (1, 2): As trevas cobriram a face do abismo.

Terceiro, a terra, se não é aglutinada pela água, divide-se, desagrega-se, pulveriza-se, torna-se seca, pois o Senhor estabeleceu a terra sobre as águas, como diz o Salmista (Sl 135, 6): Deus firmou a terra sobre as águas. Assim a umidade da água remedeia a aridez da terra. A alma do pecador, privada da água, não passa de uma alma seca e árida, como constata o Salmo 142, 6: Minha alma é como a terra sem água.

33. - Enfim, santo, em terceiro lugar, significa “tinto de sangue”. Também os santos que estão no céu são chamados santos, porque estão tintos de sangue, segundo o Apocalipse (7, 14): Estes são os que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes, no sangue do Cordeiro. Também diz o Apocalipse (1, 5): Jesus Cristo que nos amou e nos lavou dos nossos pecados, no seu sangue.


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Fonte e tradução: http://permanencia.org.br. 

  
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