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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

HUGO DE SÃO VÍTOR: Aos Sacerdotes reunidos em Sínodo

OS MAIS BELOS SERMÕES DE HUGO DE SÃO VÍTOR

Hugo de São Vitor
(1096 - 11 fev. 1141)

SERMONES CENTUM


Prólogo

Irmãos caríssimos, a Escritura nos testemunha que a palavra de Deus é "lâmpada para os nossos passos e luz para os nossos caminhos". Salmo 118, 105.

Devemos, pois, entregar-nos todos ao estudo das Sagradas Escrituras por todos os meios que nos forem possíveis, pela leitura, pela meditação, pela escuta, pelo ensino e pela escrita, e isto principalmente nós, que somos companheiros de claustro, que renunciamos ao tumulto dos negócios e para cá viemos para atender apenas à tranquilidade da contemplação. De sua virtude a bem aventurada Maria, irmã de Marta, nos oferece um exemplo muitíssimo evidente, pois dela, sentada aos pés do Senhor com os ouvidos atentos, bem diversamente de sua irmã muito ocupada com uma diversidade de afazeres, lemos que, em sua sede pelas palavras que lhe dizia, o próprio Senhor foi testemunha de haver escolhido a melhor parte, exemplo louvável e admirável de virtude que muitos desprezam. Entre estes encontramos alguns que em outro tempo foram capazes de compreender a alegria que emana das Escrituras por um entendimento que lhes havia sido dado do Céu; no entanto, agora ouvimos terem caído em uma tal enormidade de vícios e imundície de costumes que as suas almas desgostaram-se da Palavra de Deus a ponto de abominar este alimento espiritual, aproximando-se assim das portas da morte. Estes devem ser considerados hoje mais como estando entre os Egípcios do que entre os Israelitas, e mais entre os cidadãos de Babilônia do que entre os de Jerusalém. Vemos, porém, a outros que, pelo empenho de seu estudo, com o auxílio da graça de Cristo, abandonaram uma vida de depravação e alcançaram tanta bondade na virtude e tão grande honestidade nos costumes que em sua luz podemos conhecer mais claramente ter sido realizado o que estava escrito no Salmo: "Enviou o Senhor a sua Palavra,  e os curou,  e os livrou de sua ruína". Salmo 106, 20.

Que todos nós, portanto, sejamos exortados ao estudo da Palavra de Deus. Sejam exortados também, aqueles que a conhecem mais profundamente, ao seu ensino. Aqueles que a conhecem menos sejam exortados à sua escuta, mas que em todos nós se verifique o que havia sido profetizado por Isaías, quando disse: "Será varejada a oliveira, e ficarão umas poucas azeitonas, e alguns rabiscos. Estes, porém, levantarão a sua voz, e cantarão louvores. Por isto, glorificai ao Senhor em sua doutrina". Is. 24, 13-15.

Em outra ocasião já tive a oportunidade de reunir para vós alguns dos ensinamentos que florescem no verdejante campo das divinas escrituras. Nos sermões que se seguem desejo agora propor-vos algo através do que possais exercitar o vosso entendimento. Deveis, porém, saber que não devemos entregar-nos em todo o nosso tempo apenas ao estudo, pois, segundo Salomão, "Todas as coisas tem o seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada uma foi prescrito". Ec. 3,1.

Há, portanto, um tempo para estudar, e há um tempo para meditar. Há um tempo para investigar a verdade para que se enriqueça o entendimento, há um tempo para exercitar a virtude para sanar os nossos afetos, e há também um tempo para praticar a boa obra para que se auxilie o próximo. Há um tempo para orar e um tempo para cantar, há um tempo para assistir ao ofício divino e um tempo para dedicarmos a qualquer outra coisa necessária. De todas estas coisas, como uma abelha que retira o seu mel de flores diversas, devemos colher para nós a doçura de uma suavidade interior, para que possamos consumar, através de uma vida santa, o favo de uma melíflua justiça. 



SERMO XXIII

Aos Sacerdotes reunidos em Sínodo.


"Ide, anjos velozes,
a uma gente desolada e dilacerada,
a um povo terrível,
após o qual não há outro,
uma gente que espera e é pisada,
cujos rios destroçaram sua terra".

Is. 18, 2


Eis, irmãos caríssimos, o divino ofício que nos foi confiado. Eis o cuidado, a solicitude e o trabalho dos sacerdotes. Eis a piedosa, mas perigosa responsabilidade que lhes foi imposta: "Ide, anjos velozes".

A palavra profética, ou melhor, a palavra divina, nos admoesta nesta passagem que não desprezemos o ministério que nos foi divinamente confiado, nem que abandonemos esta santa responsabilidade, para que não ocorra que os homens, formados à imagem e semelhança de Deus, redimidos pelo precioso sangue de Cristo, por nossa negligência deslizem para a condenação eterna por suas culpas temporais. E que não venha a ocorrer que não somente neles se encontre o pecado por causa de seus próprios delitos, mas que também em nós, além dos nossos próprios, se acrescentem os pecados alheios. Haveremos, efetivamente, de dar conta não somente de nós, mas também das almas que nos tiverem sido confiadas, a não ser que lhes tivermos anunciado insistentemente a palavra da salvação.

Ouçamos, pois, mais atentamente o que nos é divinamente ensinado: "Ide, anjos velozes, a uma gente desolada".

Os sacerdotes são anjos, como se depreende de uma passagem da Escritura em que se afirma que "Os lábios do sacerdote são os guardas da sabedoria, e pela sua boca se há de buscar a lei, porque ele é o anjo do Senhor dos exércitos". Mal. 2, 7

Se somos, portanto, sacerdotes do Senhor, também somos, pelo mesmo ofício, seus anjos, isto é, seus mensageiros, e devemos anunciar ao povo as coisas que são de Deus.

"Ide, anjos velozes, a uma gente desolada".

Demonstra-se de dois modos que a natureza humana provém de Deus e que nEle possui suas raízes, conforme já o dissemos em outro lugar. Primeiramente, por ter sido criada à imagem de Deus, na medida em que pode conhecer a verdade; depois, por ter sido criada à Sua semelhança, na medida em que pode amar o bem. Segundo estes dois modos pode ser reconhecida como unida a Deus não apenas a criatura humana, como também a angélica, na medida em que pelo conhecimento contempla a Sua sabedoria e pelo amor frui de Sua felicidade. Por estes dois modos evita o mal, pois pelo conhecimento da verdade que possui desde a origem na divina imagem que lhe foi enxertada repele o erro e pelo amor da virtude que possui na semelhança divina odeia a iniquidade. Pela sugestão diabólica, porém, entrando a ignorância na natureza humana, e desarraigou-se no homem a raiz do conhecimento divino; sobrevindo também a concupiscência, arrancou-se a planta do amor.

Qualquer gente ímpia, portanto, afastada pela culpa dos bens divinos e celestes, plantada primeiramente no bem pelos dois bens precedentes, sobrevindo-lhe os dois males seguintes é corretamente apresentada e chamada de desolada do bem: "Ide, anjos velozes, a uma gente desolada".

E, deve-se notar, a palavra divina não diz apenas desolada, como também acrescenta "dilacerada", desolada por ter sido afastada do bem, dilacerada por ter mergulhado no mal. A natureza humana, efetivamente, depois que é afastada do bem, é imediatamente e de múltiplas maneiras dilacerada pelo mal, conduzida por diversos vícios e pecados à condenação. Alguns pelo orgulho, outros pela inveja, outros pela ira, outros pela acédia, outros pela avareza, outros pela gula, outros pela luxúria, outros pela usura, outros pela rapina, outros pelo furto, outros pelo falso testemunho, outros pelo perjúrio, outros pelo homicídio, outros contemplando a mulher para desejá-la, outros chamando `louco' a seu irmão, e por tantos outros vícios ou pecados, interiores e exteriores, os quais pela brevidade do presente não queremos nem podemos enumerar.

"Ide", portanto, "anjos velozes, a uma gente desolada e dilacerada", para que, pelo vosso ensino, torneis a unir o que foi dilacerado pelo mal, e replanteis o que foi desenraizado do bem. "Ide, anjos", ide "velozes", ide "a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro".

Todas as vezes, irmãos caríssimos, que o homem pela justiça conserva a nobreza, a elegância e a beleza de sua condição, verificamo-lo possuir uma aparência formosa. Quando, porém, pela culpa mancha em si mesmo o decoro da beleza, encontramo-lo imediatamente deforme e horrível, dessemelhante de Deus, tornado semelhante ao demônio.

E então? Nos dias de domingo e nas solenidades festivas o povo confiado aos vossos cuidados aflui à igreja, ajusta sua forma corporal, reveste-se com roupas mais ornamentadas e tingidas de diversas cores. Vós, talvez, contemplando homens e mulheres trajados de modo tão fulgurante, vos gloriareis de terdes tais súditos e de serdes seus prelados. Não é boa, porém, esta vossa glória se é nisto que vos gloriais e se o povo a vós confiado for encontrado desolado e afastado do bem, dilacerado pelo mal e terrível pelos diversos vícios e pecados. Prestai diligentemente atenção em suas vidas, considerai seus costumes, julgai a sua beleza segundo as coisas que pertencem ao homem interior e não segundo as que pertencem ao exterior, enrubescei e compadecei-vos deste povo que é vosso súdito, se tal o virdes como aqui ouvis, isto é, "uma gente desolada e dilacerada, um povo terrível, após o qual não há outro", porque talvez vossa seja a culpa, vossa a negligência, vossa a preguiça, por ele ser tal porque não lhe anunciastes os seus pecados e as suas impiedades.

"Ide", portanto, "anjos velozes, a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro".

"Ide, anjos", porque é o vosso ofício. "Ide, velozes", para que a vossa demora não cause perigo.

"Ide a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro", para que pelo vosso ensino se alcance o remédio: "Não queirais sentar-vos no conselho da vaidade, nem associar-vos com os que planejam a iniquidade. Odiai a sociedade dos malfeitores, e não queirais sentar-vos com os ímpios". Salmo 25, 4-5

Alguém de vós poderá pensar silenciosa ou mesmo responder abertamente, dizendo: "Tu nos proíbes, pelo exemplo que nos colocas do Salmista, de nos dirigirmos a estes, mas é a estes que o Senhor nos encaminha quando nos diz: `Ide, anjos velozes, a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro'".

Entendei, porém, que onde o Senhor diz: "Ide, anjos velozes, a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro", Ele vos impõe aqui um ofício, e vos dá o preceito de ensinar aos ímpios; ali, porém, onde dissemos: "Não queirais sentar-vos no conselho da vaidade, nem associar-vos com os que planejam a iniquidade; odiai a sociedade dos malfeitores, e não queirais sentar-vos com os ímpios", aqui, digo, vos é continuamente negada a permissão para pecar com os ímpios.

"Ide", portanto, "anjos", para ensinar; não queirais ir para pecar. "Ide a um povo terrível", para que pela palavra da salvação o torneis de formosa aparência; não queirais ir, para que pela deformidade de seu pecado vos torneis a vós mesmos semelhantes a eles. Cristo comeu com os pecadores para associá-los consigo mesmo no bem, mas não comeu com eles para que se associasse com eles no mal. "Assim como Cristo o fêz, assim fazei-o vós também; assim como Ele não fêz, assim não o queirais vós fazer".

"Ide, anjos velozes".

Quão velozes? Tão velozes que "pelo caminho não saudeis a ninguém" (Luc. 10, 4), e, "se alguém vos saudar", "não lhe respondais". 2 Reis 4, 29.

Não que a salvação não deva ser anunciada a todos; por estas palavras o Espírito Santo quer dar a entender quão velozes e pressurosos importa que sejam os sacerdotes no anúncio da salvação, como se dissesse: "Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina", 2 Tim. 4, 2 e "não queirais adiar a palavra dia após dia, de domingo a domingo, de solenidade a solenidade, mas que, ao menos nos domingos e nas solenidades festivas não vos seja suficiente celebrar somente as missas para o povo reunido na igreja segundo o costume. Não seja suficiente para o homem apostólico e para cada uma das ordens fazer um discurso genérico ou anunciar a festa da semana seguinte. Antes, castigai o povo sobre o mal, ensinai-o e formai-o no bem, declarai-lhes a pena que há de vir sobre os pecadores e a glória reservada aos justos".

"Ide, anjos; ide velozes". Se adiais de domingo a domingo pregar ao povo a palavra da salvação, quem saberá dizer se então estareis vivos, sãos ou presentes? E ainda que ocorra que estejais vivos, sãos ou presentes, quem saberá se alguém que antes estava presente estará então ausente e não mais ouvindo o bom conselho para a sua alma, surpreendido por uma morte inesperada e súbita, seja arrebatado para a pena eterna sem se ter lavado da sua culpa? Porventura de vossas mãos Deus não pedirá com justiça contas do sangue deste homem?

"Ide", pois, "anjos velozes, a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro".

O que significa: `Depois do qual não há outro'? Porventura depois deste povo não haverá mais de nascer ou de viver quem faça o bem ou quem faça o mal? Certamente que não. O que significa, então, o `após o qual não haverá outro'? Significa que não haverá, diante do supremo juiz, ninguém pior, mais torpe pela culpa, mais terrível do que este. Três são os povos: o cristão, o judeu, e o pagão. Aqueles que no povo cristão são cristãos segundo o nome, mas que pela injustiça servem ao demônio, são mais terríveis que os judeus ou os pagãos, já que são piores pela iniquidade. De fato, quanto mais facilmente, ajudados pela graça, se quiserem, podem permanecer na justiça, tanto mais gravemente ofendem não querendo abster-se da culpa. Aquele a quem mais foi confiado, mais lhe será exigido. Quanto mais alto for o degrau, tanto maior será a queda, e mais pecou o demônio no céu, do que o homem no paraíso. Conforme no-lo ensina a Escritura, "Aquele servo, que conheceu a vontade de seu Senhor, e não se preparou, e não precedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoites. O servo, porém, que não a conheceu, e fêz coisas dignas de castigo, levará poucos açoites". Luc. 12, 47-8

Assim como no-lo é manifestado por esta sentença, assim também o Senhor repreendeu as cidades em que havia feito vários prodígios, pelo fato de não haverem feito penitência, dizendo: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidônia tivessem sido feitos os milagres que se realizaram em vós, há muito tempo eles teriam feito penitência em cilício e em cinza. Por isso eu vos digo que haverá menor rigor para Tiro e Sidônia no dia do Juízo do que para vós. E tu, Cafarnaum, elevar-te-ás porventura até o céu? Não, hás de ser abatida até o inferno. Se em Sodoma tivessem sido feitos os milagres que se fizeram em ti, ainda hoje existiria. Por isso vos digo que no dia do Juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma que para ti". Mat. 11, 21-24

Deste mesmo modo pode-se repreender também este povo de falsos cristãos, depravado por diversas impiedades, feito terrível, distante da divina semelhança da qual se afastou segundo a sua iniquidade: "Ai de ti, povo iníquo, povo mentiroso, povo apóstata, que pela tua má vida conculcas o Filho de Deus, que manchaste o sangue do Testamento em que foste santificado e fazes injúria ao Espírito da graça! Melhor seria para estes `não conhecer o caminho da justiça do que, depois de o terem conhecido, tornarem para trás daquele mandamento que lhes foi dado. De fato realizou-se neles aquele provérbio verdadeiro: `Voltou o cão para o seu vômito e a porca lavada tornou a revolver-se no lamaçal''(2 Pe. 2, 21-22)".

Como não vemos, portanto, que este povo não poderá ser pior do que si mesmo e que nenhum outro povo mau haverá de vir depois dele? Neste o peso dos males manifestado pela palavra profética já parece ter-se espalhado, pelo que se diz: "Ai de vós, os que ao mal chamais bem, e ao bem mal, que tomais as trevas por luz, e a luz por trevas, que tendes o amargo por doce, e o doce por amargo! Ai de vós, os que sois sábios a vossos olhos e, segundo vós mesmos, prudentes! Ai de vós os que sois poderosos por beber vinho, e fortes para fazer misturas inebriantes! Vós os que justificais o ímpio pelas dádivas, e ao justo tirais o seu direito!". Is. 5, 20-23

De todas estas coisas, irmão caríssimos, há muito mais que poderia ser dito, as quais temos que omití-las por causa da brevidade.

"Ide, anjos velozes, a um povo terrível, após o qual não há outro, a uma gente que espera e é pisada".

O que ela espera? A vossa palavra, o vosso exemplo, o vosso amparo e, pela vossa solicitude e pelo vosso serviço, o auxílio e o dom divino. Espera a vossa palavra, para que possa aprender; o vosso exemplo, para que dele receba a forma; o vosso amparo, para que seja defendido; por vossa solicitude e serviço, o auxílio e o dom divino para que possa ser libertado do mal e justificado no bem.

"E é pisada".

Quem a pisou? Todos os demônios, que continuamente dizem à sua alma: "Curva-te, para que passemos por ti". De fato, os maus, os que desprezam as coisas celestes, e se curvam para as terrenas, oferecem aos demônios o caminho para serem por eles pisados e atravessados.

Segue-se: "Cujos rios destroçaram sua terra".

Quem são estes rios que destroçam a terra dos que vivem mal? Onde os vícios fluem com impetuosidade, carregam consigo os maus aos tormentos. O que é a destruição da terra, senão a dissipação de qualquer virtude? Os rios, portanto, destroçam a terra dos maus quando os vícios lhes removem as virtudes. A soberba, de fato, remove a humildade, a ira remove a paz, a inveja a caridade, a acédia a exultação espiritual, a avareza a liberalidade, a luxúria a continência.

"Ide, anjos velozes, a uma gente desolada e dilacerada, a um povo terrível, após o qual não há outro, uma gente que espera e é pisada, cujos rios destroçaram sua terra".

"Naquele tempo", acrescenta logo em seguida Isaías, "será levada uma oferta ao Senhor dos exércitos por um povo desolado e dilacerado, por um povo terrível, após o qual não houve outro, por uma gente que espera e é pisada, cujos rios destroçaram a sua terra". Is. 18, 7

De que tempo nos fala o profeta? Daquele tempo em que tiverdes ido a este povo ao qual sois enviados e, pelo vosso ensino, o tiverdes curado dos males que já mencionamos. Que oferta então será levada ao Senhor? Uma oferta de gratidão, um holocausto entranhado e medular, um voto interior, que será levado ao lugar do nome do Senhor, ao monte Sião, isto é, à Santa Igreja.

Ide, pois, anjos velozes, e ensinai ao povo terrível, cumpri o vosso ministério. Se assim o fizerdes, alcançareis para vós um bom lugar. Que a vós e a nós conceda esta graça aquele que nos promete também a glória, Jesus Cristo, Nosso Senhor, o qual vive e reina, por todos os séculos dos séculos
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CONTINUA NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA

HUGO DE SÃO VÍTOR
Traduzidos do original latino da obra `Sermones Centum' constante na Patrologia Latina de Migne vol. 177 pgs. 899-1210

Índice
Prólogo
Sermo 4 - Sobre a Natividade da Virgem Maria.
Sermo 23 - Aos Sacerdotes reunidos em Sínodo.
Sermo 39 - Sobre a Cidade Santa de Jerusalém, segundo o sentido moral.
Sermo 56 - Sobre a Alma Obediente, segundo a história do Livro de Rute.
Sermo 57 - Sobre os Prelados e os Doutores da Igreja, segundo o mesmo Livro de Rute.
Sermo 60 - Sobre todos os Santos.
Sermo 61 - Sobre a Obra dos Seis Dias.
Sermo 70 - Sobre o dia de Pentecostes.
Sermo 84 - Sobre a perfeição e as alegrias da Igreja militante e triunfante, por ocasião da festa de Santo Agostinho.
Sermo 88 - Sobre o Mandamento do Amor.
Sermo 95 - Sobre a Mesa da Proposição descrita em Êxodo, em louvor das Sagradas Escrituras.
Sermo 100 - Por ocasião da festa da Santa Cruz.

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