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terça-feira, 4 de junho de 2013

CRISE NA FSSPX - CAPÍTULO II

Como prometido, publico a excelente conferência do Rev. Pe. Rioult em capítulos, para seres melhor refletidos e considerados, sobretudo por aqueles que tem preguiça de ler texto longo, ou textos mais complexos. Meus comentários iniciais não são imprescindíveis e, portanto, ficarão no texto completo. Os números em rosa são as notas de tradução; em verde, os comentários da tradutora. 




A crise na Fraternidade


Conferência de Pe. Olivier Rioult, FSSPX[1]
12 de maio de 2013



O texto da conferência foi publicado pelo site francês Avec l'Immaculée.

Os grifos em vermelho, os negritos e as notas são do site francês.

A tradução e o layout são nossos[2].





 

CAPÍTULO II


Comecemos:


“A propósito da resposta que enviei no dia 17 de abril a Roma (...), tenho a impressão que a coisa esteja indo bem. Para os nossos, eu penso que será necessário explica-la devidamente, porque há (neste documento) declarações que são tão em cima do muro que se alguém estiver mal disposto ou se estiver de óculos pretos ou cor-de-rosa, poderá ser lido de um jeito ou de outro. Então, é preciso que se lhes explique que esta carta não muda absolutamente em nada a nossa posição [a vós fiéis e professoras dominicanas que não sabeis que o que ledes não quer dizer o que ledes, mas aquilo que eu quero que penseis]. Mas se alguém quiser lê-la de forma errada, acabará por compreendê-la de forma errada. [É a confissão de que foi preparado um documento ambíguo!!!???]” (Mons. Fellay, Brignoles, 4 de maio de 2012 – in “Nouvelles de Chrétienté”, n. 135[6]).

É triste dizê-lo, mas esta passagem do discurso de Mons. Fellay em Brignoles, no dia 4 de maio de 2012, ilustra bem o drama que vivemos: Mons. Fellay fala ambiguamente! E se o censurarmos por isso, ele se escandaliza e nos acusa de haver posto os óculos pretos, ao invés de por os cor-de-rosa.

Para separar o verdadeiro do falso, vejamos para os textos e apresentemos alguns exemplos.



Recentemente, na Carta aos Amigos e Benfeitores n º 80[7], de março de 2013, Mons. Fellay escreveu:

“(...) no plano doutrinal permanecemos no ponto de partida, tal como estava nos anos 70. Lamentavelmente não podemos fazer mais do que (...)reconhecer a atualidade da análise de Dom Lefebvre, (...), que não variou nas décadas seguintes ao Concílio até a sua morte. (...) mesmo reconhecendo que a crise que sacode a Igreja também tem causas externas; é o próprio Concílio o agente principal de sua autodestruição. (...) Estamos, pois, na Páscoa de 2013 e a situação da Igreja continua praticamente inalterada”.

Está claro, não? Não é preciso temer: Mons. Fellay pensa corretamente!

Não! Esta bela declaração chega um pouco atrasada e de nada vale, porque:


Em junho de 2012: DICI-Lorans publica:
“com a palavra, Mons. Bernard Fellay, para saber do próprio Superior geral (...) como ele considere uma solução canônica que sobreviesse antes de uma solução doutrinária [Dom Lorans não diz “sem”, embora seja esse o caso] (...) As suas respostas, inspiradas pela prudência sobrenatural, dão uma análise da situação enraizada no real(2)[8]. [Dom Alain Lorans: campeão da manipulação midiática de estilo jornalístico da pior espécie: quanto maior mais é crível].

Mons. Fellay:
“O que mudou é que Roma não coloca mais a aceitação total do Vaticano II como uma condição para a solução canônica[9]. Hoje, em Roma, alguns[10] acreditam que (...) a Igreja é mais do que o Concílio. (...) Essa tomada de consciência pode nos ajudar a entender o que realmente acontece: nós somos chamados para ajudar a levar aos outros o tesouro da Tradição[11] (...). O fato é que é a atitude da Igreja oficial que mudou[12], não nós[13]. (...) Podemos até nos perguntar o por que desta mudança. Nós continuamos a discordar doutrinariamente, mas o Papa quer nos reconhecer! Porque? [Por que Mons. Fellay assinou uma declaração inaceitável na qual se aceita, não apenas o Concílio à luz da Tradição, mas também a Tradição à luz do Concílio]. A resposta é: hoje há problemas extremamente importantes na Igreja. É preciso tratar esses problemas. É necessário deixar de lado os problemas secundários[14] e ocupar-se dos problemas maiores[15]. É preciso ler nas entrelinhas para entender [torna-se cada vez mais complicado: cor-de-rosa, preto, ... nas entrelinhas]. (...) As autoridades oficiais não querem reconhecer os erros do Concílio. Elas nunca o dirão explicitamente. No entanto, se lermos nas entrelinhas[16], podemos ver[17] que desejam remediar alguns desses erros”.


Continua... CAPÍTULO III


Fonte: Non Possumus.
Tradução (do Italiano): Giulia d'Amore di Ugento.
Sem revisão final.

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NOTAS (ORIGINAIS)2 – DICI n. 256, 8 de junho de 2012.

NOTAS DE TRADUÇÃO
[6] Aqui o PDF da revista “Nouvelles de Chrétienté” N. 135, pp. 10-15.
[7] A Carta aos Amigos e Benfeitores n. 80, online. O PDF.
[8] DICI 256: Entrevista de Dom Bernard Fellay sobre o estado atual das relações entre Fraternidade São Pio X e Roma. Aqui o PDF em Português.
[9] Como assim? Quem disse isso para dom Fellay? Os “amigos em Roma”? Roma jamais voltou atrás quanto a isso.
[10] Se com “alguns” se referisse ao Papa, poderia até ser, mas sabemos bem que não foi bem assim. Sabemos bem que, mais uma vez, monsenhor foi enganado em sua “ingenuidade”.
[11] Nem sei o que pensar. A “ingenuidade” de monsenhor não tem limites! Vergonha alheia, é o que sinto!
[12] Hummm. Exatamente quando e onde houve essa mudança alvissareira?
[13] Mas que parece que foram vocês que mudaram, parece! Pois o discurso “atual” de Menzingen é bem diferente do discurso de Ecône dos tempos do Fundador.
[14] Agora os dogmas e as heresias, a Doutrina da Igreja como um todo se tornou “problemas secundários”?
[15] Que seriam, Excelência?... Monsenhor é realmente de uma fantasia impressionante.
[16] É um complicado e hercúleo exercício de exegese, ler nas entrelinhas, porque, como no caso dos óculos cor-de-rosa/escuros, dependendo de uma série infindável de variantes, o resultado pode ir do “felizardo” para o “grotesco”.
[17] Exatamente qual expressão de Roma lhe pareceu, nas entrelinhas, que significasse isso, Excelência? Roma nunca mudou o discurso, sempre exigiu a plena “conversão” dos “lefebvrianos” (SIC!) com a plena aceitação de tudo o que significa ser “Igreja Conciliar”. Porque é disso que se trata “aquela” Roma. Não é a Roma Eterna, Católica. Isso até uma criança vê. Mesmo sem envergar óculos algum!






"A verdade pede fundamentalmente uma coisa para ser julgada: é ser ouvida". - Bossuet
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